Superorganismo: diferenças entre revisões
m Bot: Corrigido duplo redirecionamento |
Criado ao traduzir a página "Superorganism" Etiquetas: Redirecionamento removido Tradução de Conteúdo Tradução de Conteúdo 2 |
||
Linha 1: | Linha 1: | ||
#REDIRECT [[Hipótese de Gaia]] |
|||
[[Ficheiro:Termite_Cathedral_DSC03570.jpg|direita|miniaturadaimagem|320x320px| Um monte de [[Isoptera|térmitas]] feito pelo cupim catedral ]] |
|||
[[Ficheiro:Reef0484.jpg|direita|miniaturadaimagem|340x340px| Uma colônia de [[coral]] ]] |
|||
Um '''superorganismo''' ou '''supraorganismo''' (este último é menos frequentemente usado, mas mais [[Etimologia|etimologicamente]] correto)<ref>Lüttge, Ulrich (ed.); Cánovas, Francisco M. (ed.); Matyssek, Rainer (ed.). [https://books.google.co.uk/books?id=3mNBDAAAQBAJ&pg=PA223 Progress in Botany 77]. Springer, 2016, p. 223. “Note that etymologically, the Latin word ‘supra’ means ‘higher’ in the sense of ordination, whereas ‘super’ implies a spatial order. Thus, in contrast to the mainly used notion of ‘superorganism’, we prefer to stay with the notion of a ‘supraorganism’.”</ref> é um grupo de organismos [[Sinergia|sinergeticamente]] interativos da mesma [[espécie]]. Uma [[Comunidade (ecologia)|comunidade]] de organismos sinergeticamente interativos de diferentes espécies é chamada de [[holobionte]]. |
|||
== Conceito == |
|||
O termo superorganismo é usado com mais frequência para descrever uma [[Nível de análise|unidade social]] de animais [[Eussocialidade|eusociais]], onde a [[divisão do trabalho]] é altamente especializada e onde os indivíduos não são capazes de sobreviver sozinhos por longos períodos. As [[Formiga|formigas]] são o exemplo mais conhecido desse superorganismo. Um superorganismo pode ser definido como "uma coleção de agentes que podem atuar em conjunto para produzir fenômenos governados pelo coletivo",<ref>{{Citar livro|título=Out of control: the new biology of machines, social systems and the economic world|ultimo=Kelly|primeiro=Kevin|editora=Addison-Wesley|ano=1994|local=Boston|página=98|páginas=|lingua=en-US|doi=|isbn=978-0-201-48340-6|oclc=|acessodata=}}</ref> sendo qualquer fenômeno "a colmeia quer", como formigas coletando comida e [[Defesa contra predadores|evitando predadores]],<ref>{{Citar periódico|ultimo=|primeiro=|data=|ano=1989|titulo=The Self-Organizing Exploratory Pattern of the Argentine Ant|url=|jornal=[[Journal of lnsect Behavior]]|lingua=en|volume=3|numero=2|paginas=159-168|citeseerx=10.1.1.382.9846|doi=10.1007/BF01417909|acessodata=}}</ref><ref>{{Citar periódico|ultimo=|primeiro=|data=|ano=2015|titulo=Differentiated Anti-Predation Responses in a Superorganism|url=|jornal=[[PLOS ONE]]|lingua=en|volume=10|numero=11|pagina=e0141012|doi=10.1371/journal.pone.0141012|pmc=4641648|pmid=26558385|acessodata=}}</ref> ou abelhas escolhendo um novo local de nidificação.<ref>{{Citar periódico|ultimo=|primeiro=|data=|ano=2002|titulo=Deciding on a new home: how do honeybees agree?|url=|jornal=[[Proceedings of the Royal Society B]]|lingua=en|volume=269|numero=1498|paginas=1383-1388|doi=10.1098/rspb.2002.2001|pmc=1691030|pmid=12079662|acessodata=}}</ref> Superorganismos tendem a exibir [[homeostase]], escalonamento da [[lei de potência]], desequilíbrio persistente e comportamentos emergentes.<ref>{{Citar web|titulo=Kevin Kelly: Technium Unbound - The Long Now|url=http://longnow.org/seminars/02014/nov/12/technium-unbound/|obra=longnow.org|acessodata=2019-08-12|data=|publicado=|ultimo=|primeiro=|urlmorta=não|arquivourl=https://web.archive.org/web/20190812185221/http://longnow.org/seminars/02014/nov/12/technium-unbound/|arquivodata=2019-08-12}}</ref> |
|||
O termo foi cunhado em 1789 por [[James Hutton]], o "pai da geologia", para se referir à [[Terra]] no contexto da [[Hipótese de Gaia|geofisiologia]]. A [[hipótese de Gaia]] de [[James Lovelock]]<ref>''Gaia: A New Look at Life on Earth'', James Lovelock, Oxford University Press, 1979</ref> e [[Lynn Margulis]], bem como o trabalho de Hutton, [[Vladimir Vernadsky]] e [[ Guy Murchie |Guy Murchie]], sugeriram que a própria [[biosfera]] pode ser considerada um superorganismo, embora isso tenha sido contestado.<ref name=":0">{{Citar livro|url=https://press.princeton.edu/titles/9959.html|título=On Gaia: A Critical Investigation of the Relationship between Life and Earth|ultimo=Tyrrell|primeiro=Toby|editora=Princeton University Press|ano=2013|local=Princeton|página=209|páginas=|lingua=en-US|isbn=9780691121581|acessodata=}}</ref> Esta visão refere-se à [[Teoria geral de sistemas|teoria de sistemas]] e à dinâmica de um [[Sistemas complexos|sistema complexo]] . |
|||
O conceito de superorganismo levanta a questão do que deve ser considerado um [[Individualismo|indivíduo]]. A crítica de Toby Tyrrell à hipótese de Gaia argumenta que o sistema climático da Terra não se parece com o sistema fisiológico de um animal. As biosferas planetárias não são rigidamente reguladas da mesma maneira que os corpos animais são: "os planetas, diferentemente dos animais, não são produtos da evolução. Portanto, temos o direito de ser altamente céticos (ou até mesmo desdenhosos) sobre esperar algo semelhante a um 'superorganismo'". Ele conclui que "a analogia do superorganismo é injustificada".<ref name=":0" /> |
|||
Alguns cientistas sugeriram que seres humanos individuais podem ser considerados "superorganismos";<ref>{{Citar periódico|ultimo=Kramer|primeiro=Peter|ultimo2=Bressan|primeiro2=Paola|data=2015|titulo=Humans as Superorganisms: How Microbes, Viruses, Imprinted Genes, and Other Selfish Entities Shape Our Behavior|url=https://zenodo.org/record/894598|jornal=Perspectives on Psychological Science|lingua=en|volume=10|numero=4|paginas=464-481|doi=10.1177/1745691615583131|issn=1745-6916|pmid=26177948|acessodata=}}</ref> como um sistema digestivo humano típico contém 10<sup>13</sup> a 10<sup>14</sup> de microrganismos cujo [[genoma]] coletivo, o [[Microbiota|microbioma]] estudado pelo [[ Projeto Microbioma Humano |Projeto Microbioma Humano]], contém pelo menos 100 vezes mais genes do que o próprio genoma humano.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Gill|primeiro=S. R.|ultimo2=Pop|primeiro2=M.|ultimo3=Deboy|primeiro3=R. T.|ultimo4=Eckburg|primeiro4=P. B.|ultimo5=Turnbaugh|primeiro5=P. J.|ultimo6=Samuel|primeiro6=B. S.|ultimo7=Gordon|primeiro7=J. I.|ultimo8=Relman|primeiro8=D. A.|ultimo9=Fraser-Liggett|primeiro9=C. M.|numero-autores=8|data=2006-06-02|titulo=Metagenomic Analysis of the Human Distal Gut Microbiome|url=|jornal=Science|lingua=en|volume=312|numero=5778|paginas=1355-1359|doi=10.1126/science.1124234|pmc=3027896|pmid=16741115|acessodata=}}</ref><ref>{{Citar periódico|ultimo=Salvucci|primeiro=E.|data=2012-05-01|titulo=Selfishness, warfare, and economics; or integration, cooperation, and biology|url=|jornal=Frontiers in Cellular and Infection Microbiology|lingua=en|volume=2|pagina=54|doi=10.3389/fcimb.2012.00054|pmc=3417387|pmid=22919645|acessodata=}}</ref> Salvucci escreveu que o superorganismo é outro nível de integração que é observado na natureza. Esses níveis incluem os níveis genômico, orgânico e ecológico. A estrutura genômica do organismo revela o papel fundamental da integração e do rearranjo genético ao longo da evolução.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Salvucci|primeiro=E.|data=Maio de 2016|titulo=Microbiome, Holobiont and the net of life|url=|jornal=Crit Rev Microbiol|lingua=en|volume=42|numero=3|paginas=485-494|doi=10.3109/1040841X.2014.962478|pmid=25430522|acessodata=}}</ref> |
|||
== Na teoria social == |
|||
O pensador do século XIX, [[Herbert Spencer|Herbert Spencer,]] cunhou o termo ''super-orgânico'' para se concentrar na organização social (o primeiro capítulo dos ''Princípios de [[Sociologia]]'' é intitulado "Evolução Super-orgânica"<ref>''The Principles of Sociology'', Vol. 1, Part 1. "The Data of Sociology", Herbert Spencer, 1876</ref>), embora aparentemente fosse uma distinção entre o orgânico e o social, não uma identidade: Spencer explorou a natureza [[ Holismo na ciência |holística]] da sociedade como um [[ Organismo social |organismo social,]] enquanto distinguia as maneiras pelas quais a sociedade não se comportava como um organismo.<ref>''The Principles of Sociology'', Vol. 1, Part 2, Chapter II, "A Society Is an Organism" (sections 222 and 223), Herbert Spencer, 1876</ref> Para Spencer, o super-orgânico era uma propriedade [[Emergentismo|emergente]] de organismos interagentes, isto é, seres humanos. E, como foi argumentado por D. C. Phillips, existe uma "diferença entre emergência e reducionismo".<ref>''Holistic Thought in Social Science'', D. C. Phillips, Stanford University Press, 1976, p. 123</ref> |
|||
O economista [[Carl Menger]] expandiu a natureza evolutiva de grande parte do crescimento social, mas sem nunca abandonar o [[individualismo metodológico]]. Muitas instituições sociais surgiram, argumentou Menger, não como "o resultado de causas socialmente teleológicas, mas o resultado não intencional de inúmeros esforços de sujeitos econômicos perseguindo interesses 'individuais'".<ref>''Investigations into the Method of the Social Sciences with Special Reference to Economics'', Carl Menger, Louis Schneider (translator), New York University Press, 1985</ref> |
|||
Spencer e Menger argumentaram que, por serem indivíduos que escolhem e agem, qualquer todo social deve ser considerado menos que um organismo, embora Menger tenha enfatizado isso mais enfaticamente. Spencer usou a ideia organística para se envolver em uma análise ampliada da [[estrutura social]], admitindo que era principalmente uma analogia. Assim, para Spencer, a ideia do super-orgânico melhor designava um nível distinto de [[ Realidade social |realidade social]] acima da biologia e da psicologia, e não uma identidade de um-para-um com um organismo. No entanto, Spencer afirmava que "todo organismo de tamanho apreciável é uma sociedade", sugerindo a alguns que a questão pode ser terminológica.<ref>''The Political Philosophy of Herbert Spencer'', Tim S. Gray, 1996, p. 211</ref> |
|||
O termo ''superorgânico'' foi adotado pelo antropólogo [[Alfred Louis Kroeber|Alfred L. Kroeber]] em 1917.<ref>''Patterns of Culture'', Ruth Benedict, Houghton Mifflin, 1934, p. 231</ref> Os aspectos sociais do conceito de superorganismo são analisados em Marshall (2002).<ref>{{Citar web|url=http://www.icpress.co.uk/books/histsci/p268.html|titulo=THE UNITY OF NATURE: Wholeness and Disintegration in Ecology and Science|data=|acessodata=2019-08-12|publicado=Imperial College Press|ultimo=Marshall|primeiro=Alan|ano=2002|urlmorta=sim|arquivourl=https://web.archive.org/web/20070706184310/http://www.icpress.co.uk/books/histsci/p268.html|arquivodata=2007-07-06|lingua=en|local=Londres}}</ref> Por fim, trabalhos recentes em psicologia social ofereceram a metáfora do superorganismo como uma estrutura unificadora para compreender diversos aspectos da sociabilidade humana, como religião, conformidade e processos de identidade social.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Kesebir|primeiro=Selin|data=2011-09-26|titulo=The Superorganism Account of Human Sociality: How and When Human Groups are Like Beehives|url=https://papers.ssrn.com/abstract=1933734|jornal=Personality and Social Psychology Review|lingua=en|local=Rochester, NY|numero=16|paginas=233-261|acessodata=2019-08-12}}</ref> |
|||
== Na cibernética == |
|||
Os superorganismos são importantes na [[cibernética]], particularmente na [[ Biocibernética |biocibernética]]. Eles exibem uma forma de "inteligência distribuída", um sistema no qual muitos agentes individuais com inteligência e informações limitadas são capazes de reunir recursos para atingir uma meta além das capacidades dos indivíduos. A existência de tal [[comportamento]] nos organismos tem muitas implicações para aplicações militares e de gestão, e está sendo ativamente pesquisada.<ref>{{Citar livro|título=Out of control: the new biology of machines, social systems and the economic world|ultimo=Kelly|primeiro=Kevin|editora=Addison-Wesley|ano=1994|local=Boston|página=251|páginas=|lingua=en-US|doi=|isbn=978-0-201-48340-6|oclc=|citacao=If Col. Thorpe [of the US DARPA] has his way, the four divisions of the US military and hundreds of industrial subcontractors will become a single interconnected superorganism. The immediate step to this world of distributed intelligence is an engineering protocol developed by a consortium of defense simulation centers in Orlando Florida ...|acessodata=}}<br /><br /></ref> |
|||
== Ver também == |
|||
* [[Inteligência coletiva]] |
|||
* [[Mente coletiva]] |
|||
* [[Holobionte]] |
|||
* [[ Computação Organismica |Computação Organismica]] |
|||
* [[Percepção de quórum|Quorum sensing]], comportamento coletivo de bactérias |
|||
* [[Estigmergia]] |
|||
{{Referências}} |
|||
== Literatura == |
|||
* Jürgen Tautz, Helga R. Heilmann: ''The Buzz about Bees - Biology of a Superorganism'', Springer-Verlag 2008. {{ISBN|978-3-540-78727-3}} [[International Standard Book Number|ISBN]] [[Special:BookSources/978-3-540-78727-3|978-3-540-78727-3]] |
|||
* [[Bert Hölldobler]], [[Edward Osborne Wilson|EO Wilson]] : "''The Superorganism: The Beauty, Elegance, and Strangeness of Insect Societies''", W. W. Norton, 2008. {{ISBN|978-0-393-06704-0}} [[International Standard Book Number|ISBN]] [[Special:BookSources/978-0-393-06704-0|978-0-393-06704-0]] |
|||
* {{Citar periódico|ultimo=Kesebir|primeiro=Selin|data=|ano=2012|titulo=The Superorganism Account of Human Sociality How and When Human Groups Are Like Beehives|url=|jornal=Personality and Social Psychology Review|volume=16|numero=3|paginas=233-261|doi=10.1177/1088868311430834|pmid=22202149|ssrn=1933734|acessodata=}} |
|||
== Ligações externas == |
|||
* [http://archive.wired.com/medtech/health/news/2004/10/65252 People Are Human-Bacteria Hybrid, Revista Wired, 11 de outubro de 2004] |
|||
[[Categoria:Classificação biológica]] |
|||
[[Categoria:Cibernética]] |
|||
[[Categoria:Inteligência coletiva]] |
|||
[[Categoria:Superorganismos]] |
Revisão das 19h28min de 12 de agosto de 2019
Um superorganismo ou supraorganismo (este último é menos frequentemente usado, mas mais etimologicamente correto)[1] é um grupo de organismos sinergeticamente interativos da mesma espécie. Uma comunidade de organismos sinergeticamente interativos de diferentes espécies é chamada de holobionte.
Conceito
O termo superorganismo é usado com mais frequência para descrever uma unidade social de animais eusociais, onde a divisão do trabalho é altamente especializada e onde os indivíduos não são capazes de sobreviver sozinhos por longos períodos. As formigas são o exemplo mais conhecido desse superorganismo. Um superorganismo pode ser definido como "uma coleção de agentes que podem atuar em conjunto para produzir fenômenos governados pelo coletivo",[2] sendo qualquer fenômeno "a colmeia quer", como formigas coletando comida e evitando predadores,[3][4] ou abelhas escolhendo um novo local de nidificação.[5] Superorganismos tendem a exibir homeostase, escalonamento da lei de potência, desequilíbrio persistente e comportamentos emergentes.[6]
O termo foi cunhado em 1789 por James Hutton, o "pai da geologia", para se referir à Terra no contexto da geofisiologia. A hipótese de Gaia de James Lovelock[7] e Lynn Margulis, bem como o trabalho de Hutton, Vladimir Vernadsky e Guy Murchie, sugeriram que a própria biosfera pode ser considerada um superorganismo, embora isso tenha sido contestado.[8] Esta visão refere-se à teoria de sistemas e à dinâmica de um sistema complexo .
O conceito de superorganismo levanta a questão do que deve ser considerado um indivíduo. A crítica de Toby Tyrrell à hipótese de Gaia argumenta que o sistema climático da Terra não se parece com o sistema fisiológico de um animal. As biosferas planetárias não são rigidamente reguladas da mesma maneira que os corpos animais são: "os planetas, diferentemente dos animais, não são produtos da evolução. Portanto, temos o direito de ser altamente céticos (ou até mesmo desdenhosos) sobre esperar algo semelhante a um 'superorganismo'". Ele conclui que "a analogia do superorganismo é injustificada".[8]
Alguns cientistas sugeriram que seres humanos individuais podem ser considerados "superorganismos";[9] como um sistema digestivo humano típico contém 1013 a 1014 de microrganismos cujo genoma coletivo, o microbioma estudado pelo Projeto Microbioma Humano, contém pelo menos 100 vezes mais genes do que o próprio genoma humano.[10][11] Salvucci escreveu que o superorganismo é outro nível de integração que é observado na natureza. Esses níveis incluem os níveis genômico, orgânico e ecológico. A estrutura genômica do organismo revela o papel fundamental da integração e do rearranjo genético ao longo da evolução.[12]
Na teoria social
O pensador do século XIX, Herbert Spencer, cunhou o termo super-orgânico para se concentrar na organização social (o primeiro capítulo dos Princípios de Sociologia é intitulado "Evolução Super-orgânica"[13]), embora aparentemente fosse uma distinção entre o orgânico e o social, não uma identidade: Spencer explorou a natureza holística da sociedade como um organismo social, enquanto distinguia as maneiras pelas quais a sociedade não se comportava como um organismo.[14] Para Spencer, o super-orgânico era uma propriedade emergente de organismos interagentes, isto é, seres humanos. E, como foi argumentado por D. C. Phillips, existe uma "diferença entre emergência e reducionismo".[15]
O economista Carl Menger expandiu a natureza evolutiva de grande parte do crescimento social, mas sem nunca abandonar o individualismo metodológico. Muitas instituições sociais surgiram, argumentou Menger, não como "o resultado de causas socialmente teleológicas, mas o resultado não intencional de inúmeros esforços de sujeitos econômicos perseguindo interesses 'individuais'".[16]
Spencer e Menger argumentaram que, por serem indivíduos que escolhem e agem, qualquer todo social deve ser considerado menos que um organismo, embora Menger tenha enfatizado isso mais enfaticamente. Spencer usou a ideia organística para se envolver em uma análise ampliada da estrutura social, admitindo que era principalmente uma analogia. Assim, para Spencer, a ideia do super-orgânico melhor designava um nível distinto de realidade social acima da biologia e da psicologia, e não uma identidade de um-para-um com um organismo. No entanto, Spencer afirmava que "todo organismo de tamanho apreciável é uma sociedade", sugerindo a alguns que a questão pode ser terminológica.[17]
O termo superorgânico foi adotado pelo antropólogo Alfred L. Kroeber em 1917.[18] Os aspectos sociais do conceito de superorganismo são analisados em Marshall (2002).[19] Por fim, trabalhos recentes em psicologia social ofereceram a metáfora do superorganismo como uma estrutura unificadora para compreender diversos aspectos da sociabilidade humana, como religião, conformidade e processos de identidade social.[20]
Na cibernética
Os superorganismos são importantes na cibernética, particularmente na biocibernética. Eles exibem uma forma de "inteligência distribuída", um sistema no qual muitos agentes individuais com inteligência e informações limitadas são capazes de reunir recursos para atingir uma meta além das capacidades dos indivíduos. A existência de tal comportamento nos organismos tem muitas implicações para aplicações militares e de gestão, e está sendo ativamente pesquisada.[21]
Ver também
- Inteligência coletiva
- Mente coletiva
- Holobionte
- Computação Organismica
- Quorum sensing, comportamento coletivo de bactérias
- Estigmergia
Referências
- ↑ Lüttge, Ulrich (ed.); Cánovas, Francisco M. (ed.); Matyssek, Rainer (ed.). Progress in Botany 77. Springer, 2016, p. 223. “Note that etymologically, the Latin word ‘supra’ means ‘higher’ in the sense of ordination, whereas ‘super’ implies a spatial order. Thus, in contrast to the mainly used notion of ‘superorganism’, we prefer to stay with the notion of a ‘supraorganism’.”
- ↑ Kelly, Kevin (1994). Out of control: the new biology of machines, social systems and the economic world (em inglês). Boston: Addison-Wesley. p. 98. ISBN 978-0-201-48340-6
- ↑ «The Self-Organizing Exploratory Pattern of the Argentine Ant». Journal of lnsect Behavior (em inglês). 3 (2): 159-168. 1989. CiteSeerX 10.1.1.382.9846. doi:10.1007/BF01417909
- ↑ «Differentiated Anti-Predation Responses in a Superorganism». PLOS ONE (em inglês). 10 (11): e0141012. 2015. PMC 4641648. PMID 26558385. doi:10.1371/journal.pone.0141012
- ↑ «Deciding on a new home: how do honeybees agree?». Proceedings of the Royal Society B (em inglês). 269 (1498): 1383-1388. 2002. PMC 1691030. PMID 12079662. doi:10.1098/rspb.2002.2001
- ↑ «Kevin Kelly: Technium Unbound - The Long Now». longnow.org. Consultado em 12 de agosto de 2019. Cópia arquivada em 12 de agosto de 2019
- ↑ Gaia: A New Look at Life on Earth, James Lovelock, Oxford University Press, 1979
- ↑ a b Tyrrell, Toby (2013). On Gaia: A Critical Investigation of the Relationship between Life and Earth (em inglês). Princeton: Princeton University Press. p. 209. ISBN 9780691121581
- ↑ Kramer, Peter; Bressan, Paola (2015). «Humans as Superorganisms: How Microbes, Viruses, Imprinted Genes, and Other Selfish Entities Shape Our Behavior». Perspectives on Psychological Science (em inglês). 10 (4): 464-481. ISSN 1745-6916. PMID 26177948. doi:10.1177/1745691615583131
- ↑ Gill, S. R.; Pop, M.; Deboy, R. T.; Eckburg, P. B.; Turnbaugh, P. J.; Samuel, B. S.; Gordon, J. I.; Relman, D. A.; et al. (2 de junho de 2006). «Metagenomic Analysis of the Human Distal Gut Microbiome». Science (em inglês). 312 (5778): 1355-1359. PMC 3027896. PMID 16741115. doi:10.1126/science.1124234
- ↑ Salvucci, E. (1 de maio de 2012). «Selfishness, warfare, and economics; or integration, cooperation, and biology». Frontiers in Cellular and Infection Microbiology (em inglês). 2: 54. PMC 3417387. PMID 22919645. doi:10.3389/fcimb.2012.00054
- ↑ Salvucci, E. (Maio de 2016). «Microbiome, Holobiont and the net of life». Crit Rev Microbiol (em inglês). 42 (3): 485-494. PMID 25430522. doi:10.3109/1040841X.2014.962478
- ↑ The Principles of Sociology, Vol. 1, Part 1. "The Data of Sociology", Herbert Spencer, 1876
- ↑ The Principles of Sociology, Vol. 1, Part 2, Chapter II, "A Society Is an Organism" (sections 222 and 223), Herbert Spencer, 1876
- ↑ Holistic Thought in Social Science, D. C. Phillips, Stanford University Press, 1976, p. 123
- ↑ Investigations into the Method of the Social Sciences with Special Reference to Economics, Carl Menger, Louis Schneider (translator), New York University Press, 1985
- ↑ The Political Philosophy of Herbert Spencer, Tim S. Gray, 1996, p. 211
- ↑ Patterns of Culture, Ruth Benedict, Houghton Mifflin, 1934, p. 231
- ↑ Marshall, Alan (2002). «THE UNITY OF NATURE: Wholeness and Disintegration in Ecology and Science» (em inglês). Londres: Imperial College Press. Consultado em 12 de agosto de 2019. Arquivado do original em 6 de julho de 2007
- ↑ Kesebir, Selin (26 de setembro de 2011). «The Superorganism Account of Human Sociality: How and When Human Groups are Like Beehives». Rochester, NY. Personality and Social Psychology Review (em inglês) (16): 233-261. Consultado em 12 de agosto de 2019
- ↑ Kelly, Kevin (1994). Out of control: the new biology of machines, social systems and the economic world (em inglês). Boston: Addison-Wesley. p. 251. ISBN 978-0-201-48340-6.
If Col. Thorpe [of the US DARPA] has his way, the four divisions of the US military and hundreds of industrial subcontractors will become a single interconnected superorganism. The immediate step to this world of distributed intelligence is an engineering protocol developed by a consortium of defense simulation centers in Orlando Florida ...
Literatura
- Jürgen Tautz, Helga R. Heilmann: The Buzz about Bees - Biology of a Superorganism, Springer-Verlag 2008. ISBN 978-3-540-78727-3 ISBN 978-3-540-78727-3
- Bert Hölldobler, EO Wilson : "The Superorganism: The Beauty, Elegance, and Strangeness of Insect Societies", W. W. Norton, 2008. ISBN 978-0-393-06704-0 ISBN 978-0-393-06704-0
- Kesebir, Selin (2012). «The Superorganism Account of Human Sociality How and When Human Groups Are Like Beehives». Personality and Social Psychology Review. 16 (3): 233-261. PMID 22202149. SSRN 1933734. doi:10.1177/1088868311430834