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Complexo de espécies crípticas: diferenças entre revisões

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Levando em conta o '''[[conceito biológico de espécie]]''', temos que um complexo de espécies é obtido através de um grupo de organismos que possuem características morfológicas em comum e dividem os mesmos hábitos. Muitas das vezes, esse complexo de espécie pode ser formado por duas ou mais espécies se estudados a fundo. Essas espécies englobadas em apenas um complexo são chamadas também de '''espécies crípticas'''.
'''Complexo de espécies crípticas''' é um grupo de espécies que satisfazem a definição biológica de [[espécie]], isto é, são isoladas [[reprodução|reprodutivamente]] entre si, mas são [[morfologia (biologia)|morfologicamente]] idênticas. Os indivíduos das espécies dentro do complexo somente podem ser separados quando se utiliza dados que não provenham da morfologia, como da análise da [[sequência de DNA]], [[bioacústica]] ou estudos sobre o seu [[ciclo de vida]]. Elas podem ser espécies [[especiação parapátrica|parapátricas]], muito frequentemente são [[especiação simpátrica|simpátricas]] e às vezes [[especiação alopátrica|alopátricas]].


Espécies crípticas são duas ou mais espécies que morfologicamente falando são, frequentemente, indistinguíveis. Porém, geneticamente possuem uma grande diferença, sendo assim consideradas espécies diferentes. Podem ser diferenciadas também, ecologicamente, através de alguns comportamentos distintos.  
''Exemplos:''
*''[[Anopheles albitarsis]]'' é composto de espécies que ainda não estão devidamente separados, com exceção do ''[[Anopheles deaneorum]]'' Rosa-Freitas, 1989.
*''[[Anopheles aquasalis]]''
* Complexo ''Miniopterus manavi'' de [[Madagascar]] e das [[ilhas Comoros]] que foi analisado em 2007, 2008 e 2009 e dividido em cinco espécies distintas: ''[[Miniopterus manavi|M. manavi]]'', ''[[Miniopterus griveaudi|M. griveaudi]]'', ''[[Miniopterus mahafaliensis|M. mahafaliensis]]'', ''[[Miniopterus brachytragos|M. brachytragus]]'' e ''[[Miniopterus aelleni|M. aelleni]]''.<ref>{{citar periódico |autor=JUSTE, J.; FERRÁNDEZ, A.; FA, J.E.; MASEFIELD, W.; IBÁÑEZ, C. |ano=2007 |título=Taxonomy of little bent-winged bats (''Miniopterus'', Miniopteridae) from the African islands of São Tomé, Grand Comoro and Madagascar, based on mtDNA |periódico=Acta Chiropterologica |volume=9 |número=1 |páginas=27-37}}</ref><ref>{{citar periódico |autor=GOODMAN, S.M.; MAMINIRINA, C.P.; WEYENETH, N.; BRADMAN, H.M.; CHRISTIDIS, L.; RUEDI, M.; APPLETON, B. |ano=2009a |título=The use of molecular and morphological characters to resolve the taxonomic identity of cryptic species: the case of ''Miniopterus manavi'' (Chiroptera: Miniopteridae) |periódico=Zoologica Scripta |volume=38 |páginas=339–363}}</ref><ref>{{citar periódico |autor=GOODMAN, S.M.; MAMINIRINA, C.P.; BRADMAN, H.M.; CHRISTIDIS, L.; APPLETON, B. |ano=2009 |título=The use of molecular phylogenetic and morphological tools to identify cryptic and paraphyletic species: examples from the diminutive long-fingered bats (Chiroptera: Miniopteridae: ''Miniopterus'') on Madagascar |periódico=American Museum Novitates |volume=3669 |páginas=1-34}}</ref><ref>{{citar periódico |autor=WEYENETH, N.; GOODMAN, S.M.; STANLEY, W.T.; RUEDI, M. |ano=2008 |título=The biogeography of ''Miniopterus'' bats (Chiroptera: Miniopteridae) from the Comoro Archipelago inferred from mitochondrial DNA |periódico=Molecular Ecology |volume=17 |páginas=5205–5219}}</ref><ref>{{citar periódico |autor=GOODMAN, S.M.; MAMINIRINA, C.P.; WEYENETH, N.; BRADMAN, H.M.; CHRISTIDIS, L.; RUEDI, M.; APPLETON, B. |ano=2009 |título=The use of molecular and morphological characters to resolve the taxonomic identity of cryptic species: the case of ''Miniopterus manavi'' (Chiroptera: Miniopteridae) |periódico=Zoologica Scripta |volume=38 |páginas=339-363}}</ref>


Em termos de taxonomia, espécies crípticas tiveram sua origem de um ancestral comum e passaram por um processo de [[Especiação|'''especiação''']] relativamente recente, possuindo hábitos semelhantes e muitas das vezes compartilhando '''[[Nicho ecológico|nichos]]''', além da semelhança morfológica.

De acordo com o artigo<ref>{{Citar periódico|ultimo=Janzen|primeiro=Daniel H.|ultimo2=Burns|primeiro2=John M.|ultimo3=Cong|primeiro3=Qian|ultimo4=Hallwachs|primeiro4=Winnie|ultimo5=Dapkey|primeiro5=Tanya|ultimo6=Manjunath|primeiro6=Ramya|ultimo7=Hajibabaei|primeiro7=Mehrdad|ultimo8=Hebert|primeiro8=Paul D. N.|ultimo9=Grishin|primeiro9=Nick V.|data=2017-08-01|titulo=Nuclear genomes distinguish cryptic species suggested by their DNA barcodes and ecology|url=https://www.pnas.org/content/114/31/8313|jornal=Proceedings of the National Academy of Sciences|lingua=en|volume=114|numero=31|paginas=8313–8318|doi=10.1073/pnas.1621504114|issn=0027-8424|pmid=28716927}}</ref>, temos que 10 a 20% das espécies tradicionais definidas morfologicamente, podem se tornar duas ou mais, elevando a diversidade genética das espécies, um importante mecanismo evolutivo.

* Exemplos: - Três espécies de [[Lepidoptera]] (''Papilionidae)'': ''P. protesilaus nigricornis'' (Staudinger, 1884), ''P. stenodesmus'' (Rothschild y Jordan, 1906) e ''P. helios'' (Rothschild y Jordan, 1906); - Cinco espécies de [[Diptera]] (''Ceratitis''): ''Ceratitis (Pterandrus) quilicii, Ceratitis (Ceratalaspis) pallidula, Ceratitis (Ceratalaspis) taitaensis, Ceratitis (Ceratalaspis) sawahilensis e Ceratitis (Ceratalaspis) flavipennata'' (Meyer, 2016); - Duas espécies de Hemíptera (''Pseudococcidae''): ''Planococcus minor'' (Maskell) e ''Planococcus citri'' (Risso).<ref>{{Citar periódico|ultimo=Meyer|primeiro=Marc De|ultimo2=Mwatawala|primeiro2=Maulid|ultimo3=Copeland|primeiro3=Robert S.|ultimo4=Virgilio|primeiro4=Massimiliano|data=2016-09-26|titulo=Description of new Ceratitis species (Diptera: Tephritidae) from Africa, or how morphological and DNA data are complementary in discovering unknown species and matching sexes|url=https://europeanjournaloftaxonomy.eu/index.php/ejt/article/view/357|jornal=European Journal of Taxonomy|lingua=en|volume=0|numero=233|doi=10.5852/ejt.2016.233|issn=2118-9773}}</ref><ref>{{Citar periódico|ultimo=Murillo-Hiller|primeiro=Luis Ricardo|data=2007-06|titulo=Un método para la identificación de tres especies crípticas de Protesilaus, (Lepidoptera: Papilionidae) del sur de Brasil, basado en su morfología genital|url=http://www.scielo.sa.cr/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S0034-77442007000200028&lng=en&nrm=iso&tlng=es|jornal=Revista de Biología Tropical|lingua=es|volume=55|numero=2|paginas=665–671|issn=0034-7744}}</ref><ref>{{Citar periódico|ultimo=Sousa|primeiro=Ana Luiza Viana de|ultimo2=Souza|primeiro2=Brígida|ultimo3=Santa-Cecília|primeiro3=Lenira Viana Costa|ultimo4=Prado|primeiro4=Ernesto|data=2012-09|titulo=Especificidade alimentar: em busca de um caráter taxonômico para a diferenciação de duas espécies crípticas de cochonilhas do gênero Planococcus (Hemíptera: Pseudococcidae)|url=http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S0100-29452012000300013&lng=en&nrm=iso&tlng=pt|jornal=Revista Brasileira de Fruticultura|lingua=pt|volume=34|numero=3|paginas=744–749|doi=10.1590/S0100-29452012000300013|issn=0100-2945}}</ref>
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Revisão das 03h48min de 6 de fevereiro de 2020

Levando em conta o conceito biológico de espécie, temos que um complexo de espécies é obtido através de um grupo de organismos que possuem características morfológicas em comum e dividem os mesmos hábitos. Muitas das vezes, esse complexo de espécie pode ser formado por duas ou mais espécies se estudados a fundo. Essas espécies englobadas em apenas um complexo são chamadas também de espécies crípticas.

Espécies crípticas são duas ou mais espécies que morfologicamente falando são, frequentemente, indistinguíveis. Porém, geneticamente possuem uma grande diferença, sendo assim consideradas espécies diferentes. Podem ser diferenciadas também, ecologicamente, através de alguns comportamentos distintos.  

Em termos de taxonomia, espécies crípticas tiveram sua origem de um ancestral comum e passaram por um processo de especiação relativamente recente, possuindo hábitos semelhantes e muitas das vezes compartilhando nichos, além da semelhança morfológica.

De acordo com o artigo[1], temos que 10 a 20% das espécies tradicionais definidas morfologicamente, podem se tornar duas ou mais, elevando a diversidade genética das espécies, um importante mecanismo evolutivo.

  • Exemplos: - Três espécies de Lepidoptera (Papilionidae): P. protesilaus nigricornis (Staudinger, 1884), P. stenodesmus (Rothschild y Jordan, 1906) e P. helios (Rothschild y Jordan, 1906); - Cinco espécies de Diptera (Ceratitis): Ceratitis (Pterandrus) quilicii, Ceratitis (Ceratalaspis) pallidula, Ceratitis (Ceratalaspis) taitaensis, Ceratitis (Ceratalaspis) sawahilensis e Ceratitis (Ceratalaspis) flavipennata (Meyer, 2016); - Duas espécies de Hemíptera (Pseudococcidae): Planococcus minor (Maskell) e Planococcus citri (Risso).[2][3][4]

Referências

  1. Janzen, Daniel H.; Burns, John M.; Cong, Qian; Hallwachs, Winnie; Dapkey, Tanya; Manjunath, Ramya; Hajibabaei, Mehrdad; Hebert, Paul D. N.; Grishin, Nick V. (1 de agosto de 2017). «Nuclear genomes distinguish cryptic species suggested by their DNA barcodes and ecology». Proceedings of the National Academy of Sciences (em inglês). 114 (31): 8313–8318. ISSN 0027-8424. PMID 28716927. doi:10.1073/pnas.1621504114 
  2. Meyer, Marc De; Mwatawala, Maulid; Copeland, Robert S.; Virgilio, Massimiliano (26 de setembro de 2016). «Description of new Ceratitis species (Diptera: Tephritidae) from Africa, or how morphological and DNA data are complementary in discovering unknown species and matching sexes». European Journal of Taxonomy (em inglês). 0 (233). ISSN 2118-9773. doi:10.5852/ejt.2016.233 
  3. Murillo-Hiller, Luis Ricardo (junho de 2007). «Un método para la identificación de tres especies crípticas de Protesilaus, (Lepidoptera: Papilionidae) del sur de Brasil, basado en su morfología genital». Revista de Biología Tropical (em espanhol). 55 (2): 665–671. ISSN 0034-7744 
  4. Sousa, Ana Luiza Viana de; Souza, Brígida; Santa-Cecília, Lenira Viana Costa; Prado, Ernesto (setembro de 2012). «Especificidade alimentar: em busca de um caráter taxonômico para a diferenciação de duas espécies crípticas de cochonilhas do gênero Planococcus (Hemíptera: Pseudococcidae)». Revista Brasileira de Fruticultura. 34 (3): 744–749. ISSN 0100-2945. doi:10.1590/S0100-29452012000300013 
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