Hospital da Candelária: diferenças entre revisões

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[[Imagem:Vista Interior de Enfermaria do Hospital Candelária, entre Santo Antonio e Porto Velho, Acervo do Museu Paulista da USP (cropped).jpg|thumb|direita|270px|Vista de uma das enfermarias do Hospital da Candelária.]]
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'''Hospital da Candelária''' foi uma unidade de saúde criada para atender os trabalhadores durante a construção da [[Estrada de Ferro Madeira Mamoré]]. O local ficava próximo do centro da cidade de [[Porto Velho]].<ref name="Aleks" >{{citar web|URL=https://alekspalitot.com.br/candelaria-luz-no-fim-do-tune/|título=Candelária! A luz no fim do túnel|autor=Aleks Palitot|data=1 de maio de 2013|publicado=Aleks Palito|acessodata=29 de novembro de 2018}}</ref>
'''Hospital da Candelária''' foi uma unidade de saúde criada para atender os trabalhadores durante a construção da [[Estrada de Ferro Madeira Mamoré]]. O local ficava próximo do centro da cidade de [[Porto Velho]], [[Rondônia]].<ref name="Aleks" >{{citar web|URL=https://alekspalitot.com.br/candelaria-luz-no-fim-do-tune/|título=Candelária! A luz no fim do túnel|autor=Aleks Palitot|data=1 de maio de 2013|publicado=Aleks Palito|acessodata=29 de novembro de 2018}}</ref>


O local contava com seis grandes enfermarias e uma sala cirúrgica. As instalações acomodavam 250 leitos. O hospital funcionou entre 1° de janeiro de 1908, até 31 de dezembro de 1911, tendo atendido no período 30.430 pessoas.<ref name="Aleks" />
O local contava com seis grandes enfermarias e uma sala cirúrgica. As instalações acomodavam 250 leitos. O hospital funcionou entre 1° de janeiro de 1908, até 31 de dezembro de 1911, tendo atendido no período 30.430 pessoas.<ref name="Aleks" />


== História ==
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Entre outras coisas, ele destaca a capacidade de diagnóstico do hospital:

"''Os diagnósticos são sempre secundados pelos recursos de laboratório e, em Candelária, o microscópio tem, nas enfermarias o mesmo curso que a escuta e percussão. Fazem-se exames quasi systematicos de sangue, urinas e fezes nos entrados, de accordo com as indicações fornecidas pela clínica. Nos casos em que se suspeita a existência de suppurações o estudo da forma leucocytaria do sangre entra como elemento constante na balança do diagnóstico e nas indicações e na determinação da opportunidade das intervenções cirúrgicas. Na verificação da malaria não se limitam ao diagnóstico da entidade mórbida, ao até ao diagnóstico da espécie do parasita. O diagnóstico de tuberculose é sempre verificado ao microscópio" <ref name=":2" />'' apud ''<ref name=":0" />''


Oswaldo Cruz ainda menciona que a equipe do hospital contava com 8 enfermeiros "diplomados e bem conhecedores de seus misteres", além de um farmacêutico que administrava a farmácia do hospital''<ref name=":2" />''. As drogas eram provenientes da companhia estadounidense Schieffelin & Co''<ref name=":2" />'', companhia que na época existia há pelo menos 100 anos<ref>{{Citar periódico|ultimo=Raubenheimer|primeiro=Otto|data=1927-11|titulo=Schieffelin & Co.—The oldest wholesale drug house in New York City*|url=http://dx.doi.org/10.1002/jps.3080161113|jornal=The Journal of the American Pharmaceutical Association (1912)|volume=16|numero=11|paginas=1071–1073|doi=10.1002/jps.3080161113|issn=0898-140X}}</ref>.

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== Cultura popular ==
O Hospital da Candelária é cenário importante no romance Diaruí, de Antônio Candido. <ref name=":0" /><ref>{{Citar livro|url=http://worldcat.org/oclc/931077886|título=Diaruí|ultimo=Silva, Antônio Cândido da|data=2010|editora=Editora Schoba|oclc=931077886}}</ref>{{referências|col=2}}


==Ligações externas==
==Ligações externas==
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* {{Link||2=http://g1.globo.com/ro/rondonia/rondonia-tv/videos/v/conheca-a-historia-do-hospital-da-candelaria/5937087/|3=Conheça a história do Hospital da Candelária, G1.}}
* {{Link||2=http://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/314731/complemento_1.htm?sequence=2|3=Número de mortos nunca pôde ser calculado , O Estado de São Paulo.}}
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[[Categoria:Hospitais de Rondônia|Candelaria]]
[[Categoria:Fundações no Brasil em 1908]]
[[Categoria:Hospitais fundados em 1908]]
[[Categoria:Geografia de Porto Velho]]
[[Categoria:!GLAM:Museu Paulista]]

Revisão das 11h24min de 29 de abril de 2020

Vista de uma das enfermarias do Hospital da Candelária.

Hospital da Candelária foi uma unidade de saúde criada para atender os trabalhadores durante a construção da Estrada de Ferro Madeira Mamoré. O local ficava próximo do centro da cidade de Porto Velho, Rondônia.[1]

O local contava com seis grandes enfermarias e uma sala cirúrgica. As instalações acomodavam 250 leitos. O hospital funcionou entre 1° de janeiro de 1908, até 31 de dezembro de 1911, tendo atendido no período 30.430 pessoas.[1]

História

O hospital iniciou-se no ano de 1907, tendo sido concluída em 1908.[2] No primeiros anos, o hospital foi chefiado pelo médico estadounidense H. P. Belt, que retornou aos Estados Unidos em abril de 1908.[3] Em julho do mesmo ano, a coordenação foi transferida para Carl Lovelace.[3] Carl Lovelace, também estadounidense, do estado do Missouri foi contratado por Percival Farquhar para o projeto.[2]

Em 1910, o hospital recebeu a visita de Oswaldo Cruz e Belisário Penna, que lá ficaram por 28 dias. Em carta a Salles Guerra, Oswaldo Cruz escreve sobre a região: Meu caro, isto aqui é de impressionar. A cifra de impaludismo é colossal, mas isto não assusta: só cede a doses cavalares de quinina, mas cede […] Mas de todas as moléstias, a que zomba de tudo e de todos é a pneumonia lombar que grassa com intensidade, matando 60% dos atacados que, em regra, são rapazes vigorosos e fortes".[2]

Oswaldo Cruz descreveu em detalhes sua visita à região no artigo Madeira-Mamoré Railway Company: Considerações gerais sobre as condições sanitárias do rio Madeira.[4] Oswaldo Cruz descreve que o complexo hospitalar possuía 15 edificações vásicas, incluindo enfermarias de primeira classe (para doentes de elite) e enfermarias menores, além das residências médias. As enfermarias tinham capacidade de 28 leitos. [4]


Entre outras coisas, ele destaca a capacidade de diagnóstico do hospital:

"Os diagnósticos são sempre secundados pelos recursos de laboratório e, em Candelária, o microscópio tem, nas enfermarias o mesmo curso que a escuta e percussão. Fazem-se exames quasi systematicos de sangue, urinas e fezes nos entrados, de accordo com as indicações fornecidas pela clínica. Nos casos em que se suspeita a existência de suppurações o estudo da forma leucocytaria do sangre entra como elemento constante na balança do diagnóstico e nas indicações e na determinação da opportunidade das intervenções cirúrgicas. Na verificação da malaria não se limitam ao diagnóstico da entidade mórbida, ao até ao diagnóstico da espécie do parasita. O diagnóstico de tuberculose é sempre verificado ao microscópio" [4] apud [2]


Oswaldo Cruz ainda menciona que a equipe do hospital contava com 8 enfermeiros "diplomados e bem conhecedores de seus misteres", além de um farmacêutico que administrava a farmácia do hospital[4]. As drogas eram provenientes da companhia estadounidense Schieffelin & Co[4], companhia que na época existia há pelo menos 100 anos[5].

Devido à situação de extrema insalubridade o hospital foi descrito por Francisco Foot Hardman como “santuário e túmulo, monumento do progresso científico e preâmbulo da escuridão”[2][6]

A crise econômica acarretada pela queda do preço da borracha marcou o fim do primeiro ciclo da borracha em 1912. Com a baixa econômia da região, as condições do hospital se deterioraram ao longo dos anos e sua operação se encerrou oficialmente em 12 de agosto de 1930.[2]


Cultura popular

O Hospital da Candelária é cenário importante no romance Diaruí, de Antônio Candido. [2][7]

Referências

  1. a b Aleks Palitot (1 de maio de 2013). «Candelária! A luz no fim do túnel». Aleks Palito. Consultado em 29 de novembro de 2018 
  2. a b c d e f g SOARES, DIRSON DRESLE ALVES. DIARUÍ NO COMPLEXO HOSPITALAR DA CANDELÁRIA COMO CHAVE INTERPRETATIVA DA HISTÓRIA DA MADEIRA–MAMORÉ EM RONDÔNIA. [S.l.]: Universidade Federal de Rondônia  line feed character character in |título= at position 55 (ajuda)
  3. a b Benchimol, Jaime Larry; Silva, André Felipe Cândido da (setembro de 2008). «Railroads, disease, and tropical medicine in Brazil under the First Republic». História, Ciências, Saúde-Manguinhos (em inglês). 15 (3): 719–762. ISSN 0104-5970. doi:10.1590/S0104-59702008000300009 
  4. a b c d e Cruz, Oswaldo (1910). Madeira-Mamoré Railway Company: Considerações gerais sobre as condições sanitárias do rio Madeira. Rio de Janeiro: Papelaria Americana 
  5. Raubenheimer, Otto (novembro de 1927). «Schieffelin & Co.—The oldest wholesale drug house in New York City*». The Journal of the American Pharmaceutical Association (1912). 16 (11): 1071–1073. ISSN 0898-140X. doi:10.1002/jps.3080161113 
  6. Foot, Francisco, 1952- (2005). Trem-fantasma : a ferrovia Madeira-Mamoré e a modernidade na selva. [S.l.]: Companhia das Letras. OCLC 61266794 
  7. Silva, Antônio Cândido da (2010). Diaruí. [S.l.]: Editora Schoba. OCLC 931077886 

Ligações externas

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