Latossolo: diferenças entre revisões
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⚫ | O Latossolo é a ordem de maior representação geográfica do Brasil em relação aos demais tipos de solos. No mundo, estendem-se por cerca de 750 milhões de hectares, sendo que 300 milhões de hectares estão em território brasileiro. Segundo dados da Embrapa correspondem a 31,49% dos solos brasileiros, numa área de aproximadamente 2.681.588,69 km<sup>2</sup>.<ref name=":1" /> |
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⚫ | O Latossolo é a ordem de maior representação geográfica do Brasil em relação aos demais tipos de solos. No mundo, estendem-se por cerca de 750 milhões de hectares, sendo que 300 milhões de hectares estão em território brasileiro. Segundo dados da Embrapa correspondem a 31,49% dos solos brasileiros, numa área de aproximadamente 2.681.588,69 km<sup>2</sup>.<ref name=":1" /> |
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Revisão das 16h12min de 14 de maio de 2020
Latossolo é uma ordem que reúne solos caracterizados por seu avançado estádio de intemperismo, serem constituídos de argilas oxídicas e silicatadas do tipo 1:1 (caulinita), estrutura granular, alta condutividade hidráulica (bem drenável), baixo teor de sílica (SiO2), alta acidez, alto teor de alumina (Al2O3), e usualmente baixo teor de cátions trocáveis (Ca, Mg, K).[1][2][3]
Critérios
Para que um solo seja enquadrado na ordem Latossolo é obrigatório a existência no pedon de um horizonte diagnóstico B latossólico (Bw), e este horizonte deve atender aos seguintes critérios:[1]
- 1. Estrutura fraca, moderada ou forte; muito pequena ou pequena granular; ou em bloco-subangular de grau fraco ou moderado.
- 2. Espessura maior que 50 cm.
- 3. Volume do solo com menos de 5% de existência da estrutura da rocha original, a exemplo de estratificações finas, saprólito ou fragmentos de rocha semi-intemperizada ou não intemperizada.
- 4. Textura francoarenosa ou mais fina.
- 5. Relação molecular SiO2/Al2O3 (Ki) igual ou inferior a 2,2; sendo normalmente menor que 2,0.
- 6. Existência menor que 4% de minerais primários alteráveis; ou menor que 6% quando se trata de muscovita na fração areia; não conter além de traços de argilo-minerais do grupo das esmectitas, ilitas, ou de argilo-minerais interestratificados.
- 7. Capacidade de troca de cátions menor que 17 cmolc kg-1 de argila.
Além dos critérios para o horizonte Bw, é necessário também que no pedon as seguintes exigências sejam atendidas:
- 8. Horizonte B latossólico (Bw) pode estar abaixo de qualquer horizonte A.
- 9. Presença de horizonte diagnóstico Bw dentro de 200 cm a partir da superfície; ou dentro de 300 cm, se o horizonte A conter espessura maior que 150 cm.
Caracterização
Latossolos foram formados em ambientes de intenso e prolongado intemperismo, que condicionou a forte desintegração da matriz rochosa e quase total decomposição dos minerais primários. Por essa razão, são solos com pedon mui profundo (não raro contendo dezenas de metros); com quase ausência de minerais primários (a exemplo de feldspato, muscovita, plagiocásio, etc), embora encontre-se alguns resquícios, como de vermiculita-hidróxi-Al, ilita, e esmectitas.[4][5]
A predominância de sesquióxidos de ferro, sesquióxidos de alumínio, e argilas 1:1, todos com reduzida área específica, é a causa da baixa capacidade de retenção de cátions (CTC) dos latossolos, inferior a 17 cmolc/kg argila.
Conquanto usualmente detenham baixa saturação de cátions trocáveis (Ca, Mg, K), ainda sim são capazes de sustentar exuberantes florestas, a exemplo da Amazônica e da Mata Atlântica. Essa capacidade reside em 3 fatores: exibem excelente estrutura física, profunda que propicia robustez no enraizamento, bem drenável que favorece a aeração e percolação de água (essencial à respiração das raízes), e razóavel retenção de água na superfície dos argilo-minerais (essencial à provisão para plantas).[2]
Por sustentarem rica fauna e flora, os latossolos foram sujeitos a um forte processo de bioturbação, na qual a massa de solo ao longo de milênios foi misturada e homogeneizada por agentes bióticos, sobretudo animais subterrâneos (como cupins, formigas, colêmbolas, insetos, etc).
O avançado intemperismo, que causou intensa remoção de materiais, associado com a bioturbação são a razão dos latossolos apresentarem no seu pedon horizontes (camadas) pouco diferenciados e comumente de transição difusa.
Esses solos exibem 3 padrões de coloração principais:[1]
- 1. Vermelho (devido à predominância de hematita), formado em regiões ou posições no relevo sujeitos à menor umidade.
- 2. Amarelo (devido à predominância de goethita), formado em regiões ou posições no relevo sujeitos à maior umidade.
- 3. Brunados, solos de cor vermelho ou amarelo, porém escurecidos devido ao sobretom negro causado pelo elevado teor de matéria orgânica; são formados em regiões de clima frio e com boa pluviosidade, a exemplo da região Sul do Brasil ou de regiões de clima tropical de altitude.
Aptidão Agrícola
Até algumas décadas atrás, os latossolos eram considerados inapropriados para a atividade agrícola, em razão de sua acidez e baixa fertilidade. Contudo, mediante os avanços no conhecimento, esses reveses foram superados. A acidez, e consequente alto teor de alumínio trocável (tóxico às plantas), foi corrigida pela aplicação de calcário; enquanto a baixa fertilidade foi corrigida pelo advento dos fertilizantes químicos. No atual momento, a baixa capacidade de retenção de cátions (CTC menor que 17 cmolc/kg argila) tem sido solucionada pela implantação de Sistema de Plantio Direto, nele o acúmulo de matéria orgânica é impulsionado (ao contrário do Sistema Convencional de Plantio), e por deter uma CTC altíssima (em geral entre 200-300 cmolc/kg) contribui para elevar a CTC média da camada superficial (0 - 20cm) e aumentar a retenção dos nutrientes no solo.[6][7]
Distribuição
Os latossolos tendem a ser encontrados em segmentos do relevo mais estáveis e velhos, usualmente distróficos, nos quais o fluxo vertical de água é preponderante, intensificando a intemperização e homogeneização do material pedológico. Os segmentos em questão correspondem ao interflúvio (divisor de água) e a convexidade da vertente, ou seja, no topo dos montes. Em contraste, nos segmentos mais instáveis e portanto mais jovens, usualmente eutróficos, com predominância de processos erosivos (como em declives retilíneos e convexos, isto é, encostas) ou deposicionais (segmentos côncavos e taludes coluviais/aluviais), os solos tendem as ser mais jovens e variados, como Cambissolo, e Argissolo/Gleissolo, respectivamente, dentre outras ordens de solo. [8][9]
O Latossolo é a ordem de maior representação geográfica do Brasil em relação aos demais tipos de solos. No mundo, estendem-se por cerca de 750 milhões de hectares, sendo que 300 milhões de hectares estão em território brasileiro. Segundo dados da Embrapa correspondem a 31,49% dos solos brasileiros, numa área de aproximadamente 2.681.588,69 km2.[2]
Subordens
- 1. Latossolo Bruno
- Solos com caráter retrátil, e horizonte A húmico ou conteúdo de carbono orgânico superior a 10 g kg-1 até 70 cm de profundidade, apresentando na parte superior do horizonte B, coloração brunada predominantemente no matiz laranja claro (7,5 YR) ou mais amarelo.
- 2. Latossolo Vermelho
- Solos com matiz laranja escuro 2,5YR ou mais vermelho na maior parte dos primeiros 100 cm do horizonte B.
- 4. Latossolo Amarelo
- Solos com matiz laranja claro (7,5 YR) ou mais amarelo na maior parte dos primeiros 100 cm do horizonte B que não se enquadram na classe Bruno.
- 3. Latossolo Vermelho-Amarelo
- Outros solos de cores vermelho-amareladas e/ou amarelo-avermelhadas que não se enquadram nas classes anteriores.
Galeria
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Latossolo Vermelho (SiBCS, 2018)
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Latossolo Amarelo (SiBCS, 2018)
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Latossolo Bruno (SiBCS, 2018)
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Latossolo Vermelho-Amarelo (SiBCS, 2018)
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Vídeo da micro-tomografia do bloco indeformado de um Latossolo coletado na margem da Lagoa do Sumidouro.
Referências
- ↑ a b c Santos, Humberto Gonçalves dos, et al. (2018)
SISTEMA BRASILEIRO DE CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS.
5. ed. rev. e ampl. Brasília, DF : Embrapa. Acessar - ↑ a b c Lepsch, Igo Fernado. (2010)
FORMAÇÃO E CONSERVAÇÃO DOS SOLOS.
2ª edição. Oficina de Textos. Acessar - ↑ United States Department of Agriculture (USDA).
EXAMINATION AND DESCRIPTION OF SOIL PROFILES.
Natural Resources Conservation Service Soils. - ↑ Brady, Nyle C. (2013).
ELEMENTOS DA NATUREZA E PROPRIEDADES DOS SOLOS.
Editora Bookman, 3ª edição, p. 72. Acessar - ↑ United States Department Of Agriculture (2014).
KEYS TO SOIL TAXONOMY.
Natural Resources Conservation Service, 14th edition. «Acessar» - ↑ Júnior, Caramo Có (2011).
MATÉRIA ORGÂNICA, CAPACIDADE DE TROCA CATIÔNICA E ACIDEZ POTENCIAL NO SOLO COM DEZOITO CULTIVARES DE CANA-DE-AÇÚCAR.
Dissertação (Doutor em Agronomia). Unv. E. Paulista "Julio Mesquita Filho". «Acessar» (PDF) - ↑ Ciotta, Marlise Nara; et al (2003).
MATÉRIA ORGÂNICA E AUMENTO DA CAPACIDADE DE TROCA DE CÁTIONS EM SOLO COM ARGILA DE ATIVIDADE BAIXA SOB PLANTIO DIRETO.
Ciência Rural, Santa Maria, v. 33, n.6, p.1161-1164. Acessar - ↑ Teramoto, Edson Roberto; et al (2001).
RELAÇÕES SOLO, SUPERFÍCIE GEOMÓRFICA E SUBSTRATO GEOLÓGICO NA MICROBACIA DO RIBEIRÃO MARINS.
Scietia Agricola, v. 58, n. 2. Acessar - ↑ Campos, Milton C. Costa; et al (2006).
MODELOS DE PAISAGEM E SUA UTILIZAÇÃO EM LEVANTAMENTOS PEDOLÓGICOS.
Revista de Biologia e Ciências da Terra, v. 6, n. 1. Acessar