Mapa de Céspedes Xeria: diferenças entre revisões

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'''''Mapa de Céspedes Xeria''''' (ou ''Mapa del río Ayembí y del Paraná, con sus afluentes, que recorrió Luis de Céspedes Jería, gobernador del Paraguay, al entrar en su jurisdicción desde Brasil'') é um mapa produzido por [[Luis de Céspedes García Xería|D. Luis de Céspedes Xeria]], em [[8 de novembro]] de [[1628]], retratando a trajeto que percorreu entre a então vila de [[São Paulo de Piratininga]] até a [[Ciudad Real del Guahyrá|Ciudad Real de Guayrá]], no [[Paraguai]], através rios [[Rio Tietê|Tietê]] e [[Rio Paraná|Paraná]]. Suas dimensões são 118 cm x 79 cm.<ref name=":0">{{citar periódico|ultimo=Cintra|primeiro=Jorge Pimentel|ultimo2=Beier|primeiro2=José Rogério|ultimo3=Montalvão Rabelo|primeiro3=Lucas|data=2018|titulo=Affonso de Taunay e as duas versões do mapa de D. Luis de Céspedes Xeria (1628)|url=https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-47142018000100422&lng=pt&tlng=pt|jornal=Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material|acessodata=6 de julho de 2020}}</ref>
'''''Mapa de Céspedes Xeria''''' (ou ''Mapa del río Ayembí y del Paraná, con sus afluentes, que recorrió Luis de Céspedes Jería, gobernador del Paraguay, al entrar en su jurisdicción desde Brasil'') é um mapa produzido por [[Luis de Céspedes García Xería|D. Luis de Céspedes Xeria]], em [[8 de novembro]] de [[1628]], retratando a trajeto que percorreu entre a então vila de [[São Paulo de Piratininga]] até a [[Ciudad Real del Guahyrá|Ciudad Real de Guayrá]], no [[Paraguai]], através rios [[Rio Tietê|Tietê]] e [[Rio Paraná|Paraná]]. Suas dimensões são 118 cm x 79 cm.<ref name=":0">{{citar periódico|ultimo=Cintra|primeiro=Jorge Pimentel|ultimo2=Beier|primeiro2=José Rogério|ultimo3=Montalvão Rabelo|primeiro3=Lucas|data=2018|titulo=Affonso de Taunay e as duas versões do mapa de D. Luis de Céspedes Xeria (1628)|url=https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-47142018000100422&lng=pt&tlng=pt|jornal=Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material|acessodata=6 de julho de 2020}}</ref><ref name=":2">{{Citar periódico|ultimo=Cintra|primeiro=Jorge Pimentel|ultimo2=Cintra|primeiro2=Jorge Pimentel|ultimo3=Beier|primeiro3=José Rogério|ultimo4=Beier|primeiro4=José Rogério|ultimo5=Rabelo|primeiro5=Lucas Montalvão|ultimo6=Rabelo|primeiro6=Lucas Montalvão|data=2018-01-01|titulo=Affonso de Taunay e as duas versões do mapa de D. Luis de Céspedes Xeria (1628)|url=https://www.wikidata.org/wiki/Q92685282|jornal=Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material|lingua=Portuguese|volume=26|doi=10.1590/1982-02672018V26E33}}</ref>


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Em 1917, o [[Museu do Ipiranga|Museu Paulista]] adquiriu uma cópia do mapa, um [[fac-símile]] do documento original, que foi importante para o estabelecimento de uma narrativa e memória historiográfica paulista, além de ajudar a compreender a formação do território do que seria o [[São Paulo (estado)|estado de São Paulo]].<ref name=":0" /><ref name=":1">{{citar periódico|ultimo=Cavenagui|primeiro=Airton José|data=2011|titulo=A construção da memória historiográfica paulista: Dom Luiz de Céspedes Xeria e o mapa de sua expedição de 1628|url=https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-47142011000100003&script=sci_abstract&tlng=pt|jornal=Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material|acessodata=6 de julho de 2020}}</ref>
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== Descrição ==
== Descrição ==
O Mapa de Céspedes Xeria foi produzido para acompanhar uma carta de Céspedes Xería a [[Filipe IV de Espanha|D. Felipe IV da Espanha]] e provavelmente tinha o intuito de ilustrar o trajeto e facilitar o entendimento do rei.<ref name=":0" />
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No documento, a representação cartográfica do trajeto é feita por uma linha vermelha, acompanhada de ilustrações de cidades, vilas e aldeias indígenas. Há pouca natureza representada, exceto pela margem dos próprios rios e algumas ilhas.<ref name=":0" />
No documento, a representação cartográfica do trajeto é feita por uma linha vermelha, acompanhada de ilustrações de cidades, vilas e aldeias indígenas. Há pouca natureza representada, exceto pela margem dos próprios rios e algumas ilhas.<ref name=":0" /><ref name=":2" />


O mapa não conta com coordenadas fidedignas, [[rosa dos ventos]], indicação para o norte e nem preocupa-se com a projeção, escala e precisão geométrica.<ref name=":0" /><ref name=":1" />
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Em termos de representação, o rio Tietê encontra-se nos quadrantes superiores esquerdos do mapa, junto com a Vila de São Paulo.<ref name=":1" /> Já o rio Paraná aparece nos quadrantes inferiores esquerdos. Os assentamentos nos quadrantes inferiores direitos. A legenda aparece dividida em três colunas e as cruzes ao longo do trajeto representam os locais de pouso.<ref name=":0" />
Em termos de representação, o rio Tietê encontra-se nos quadrantes superiores esquerdos do mapa, junto com a Vila de São Paulo.<ref name=":1" /> Já o rio Paraná aparece nos quadrantes inferiores esquerdos. Os assentamentos nos quadrantes inferiores direitos. A legenda aparece dividida em três colunas e as cruzes ao longo do trajeto representam os locais de pouso.<ref name=":0" /><ref name=":2" />


== Versões do mapa ==
== Versões do mapa ==


Existem duas versões do mapa: a primeira chamada de “Mapa 17 de Céspedes Xeria” e, uma segunda, intitulada “Mapa 17bis de Céspedes Xeria”. Ambas do [[Arquivo Geral das Índias|Archivo General de Indias]], na cidade de [[Sevilha]], na [[Espanha]].<ref name=":0" />
Existem duas versões do mapa: a primeira chamada de “Mapa 17 de Céspedes Xeria” e, uma segunda, intitulada “Mapa 17bis de Céspedes Xeria”. Ambas do [[Arquivo Geral das Índias|Archivo General de Indias]], na cidade de [[Sevilha]], na [[Espanha]].<ref name=":0" /><ref name=":2" />


Apesar de Céspedes Xeria ser um militar, estudos apontam que foi ele mesmo quem colheu os dados e e realizou o desenho. O seu intuito era enviar o mapa a Felipe IV, sendo acompanhado, inclusive, com um texto seu, em primeira pessoa. Entretanto, Céspedes Xeria utilizou-se de copistas para produzir outras reproduções do documento. É por esta razão que as duas versões do mapa contam com caligrafias diferentes.<ref name=":0" />
Apesar de Céspedes Xeria ser um militar, estudos apontam que foi ele mesmo quem colheu os dados e e realizou o desenho. O seu intuito era enviar o mapa a Felipe IV, sendo acompanhado, inclusive, com um texto seu, em primeira pessoa. Entretanto, Céspedes Xeria utilizou-se de copistas para produzir outras reproduções do documento. É por esta razão que as duas versões do mapa contam com caligrafias diferentes.<ref name=":0" /><ref name=":2" />


== Fac-símile no Museu Paulista ==
== Fac-símile no Museu Paulista ==
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[[Afonso d'Escragnolle Taunay|Affonso d’Escragnolle Taunay]] historiador e diretor do [[Museu do Ipiranga|Museu Paulista]] entre [[1917]] e [[1946]] teve contato com o mapa durante as pesquisas que realizava na instituição. Tinha grande interesse por [[História do Brasil]] e, no cargo que ocupou, tratou sobretudo de remontar o papel de São Paulo na formação do território nacional, principalmente para situar a atuação paulista como central no centenário da [[Independência do Brasil]], que aconteceria em [[1922]].<ref>{{citar livro|título=O Museu Paulista: Affonso de Taunay e a memória nacional.|ultimo=BREFE|primeiro=Ana Claudia Fonseca|editora=Editora Unesp|ano=2005|local=São Paulo|página=|páginas=}}</ref><ref name=":1" />
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Taunay teve o primeiro contato com o mapa em 1917, ano que tornou-se diretor do museu. Neste período, realizou diversas mudanças estruturais na instituição, para transformá-la em um museu de [[História]] e, entre as suas realizações, inaugurou uma sala dedicada somente à História do Brasil e de São Paulo, a [[Sala da Cartografia Colonial e Documentos Antigos]] (Sala A-10), na qual os mapas tinham uma posição importante de representação e cronologia da história brasileira.<ref name=":0" /><ref name=":2" /><ref name=":1" />


Para montar esta sala, Taunay trocava e encomendava [[Fac-símile|fac-similares]] de diversas instituições de guarda pelo mundo, com o intuito de montar a história nacional. Entre as cópias que Taunay mais se esforçou para obter estava a do Mapa de Céspedes Xeria, que encontrava-se no Archivo General de Indias, em Sevilha, na Espanha.<ref name=":0" /> <blockquote>“Quando em 1917, o eminente Pablo Pastells me assinalou a presença do mapa de Céspedes no Archivo General de Indias, em Sevilha, e mo descreveu, sofregamente o fiz copiar fac-similarmente. Dei-me logo pressa em divulgar esse documento preciosíssimo.”<ref name=":0" /></blockquote>O fac-símile do mapa de Céspedes Xeria foi detalhadamente produzida, a pedido de Taunay, pelo copista [[Santiago Montero Díaz]].<ref name=":1" /> Ele copiou o documento original, assim como o resto das documentação relacionada, como algumas cartas de Céspedes Xeria a Felipe IV. Em outubro de 1917, Montero Díaz termina e cobra 200 pesetas (178 mil réis) pelo trabalho.<ref name=":0" />
Para montar esta sala, Taunay trocava e encomendava [[Fac-símile|fac-similares]] de diversas instituições de guarda pelo mundo, com o intuito de montar a história nacional. Entre as cópias que Taunay mais se esforçou para obter estava a do Mapa de Céspedes Xeria, que encontrava-se no Archivo General de Indias, em Sevilha, na Espanha.<ref name=":0" /><ref name=":2" /> <blockquote>“Quando em 1917, o eminente Pablo Pastells me assinalou a presença do mapa de Céspedes no Archivo General de Indias, em Sevilha, e mo descreveu, sofregamente o fiz copiar fac-similarmente. Dei-me logo pressa em divulgar esse documento preciosíssimo.”<ref name=":0" /></blockquote>O fac-símile do mapa de Céspedes Xeria foi detalhadamente produzida, a pedido de Taunay, pelo copista [[Santiago Montero Díaz]].<ref name=":1" /> Ele copiou o documento original, assim como o resto das documentação relacionada, como algumas cartas de Céspedes Xeria a Felipe IV. Em outubro de 1917, Montero Díaz termina e cobra 200 pesetas (178 mil réis) pelo trabalho.<ref name=":0" /><ref name=":2" />


Após receber a cópia, Taunay inaugurou a Sala A-10 e inseriu o mapa com grande destaque, emoldurado e junto com o restante da documentação copiada. Também utilizou o fac-similar em artigos que publicou no [[Correio Paulistano]], na [[Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro]] e nos [[Anais do Museu Paulista]].<ref name=":0" />
Após receber a cópia, Taunay inaugurou a Sala A-10 e inseriu o mapa com grande destaque, emoldurado e junto com o restante da documentação copiada. Também utilizou o fac-similar em artigos que publicou no [[Correio Paulistano]], na [[Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro]] e nos [[Anais do Museu Paulista]].<ref name=":0" /><ref name=":2" />


De acordo com artigos publicados, existem uma discussão sobre a originalidade do fac-símile requisitado por Taunay.<ref name=":1" /> Porém, análises comparativas entre o mapa original e o fac-símile, não há provas que Taunay tenha pedido para Montero Díaz realizar alterações no documento.<ref name=":0" />
De acordo com artigos publicados, existem uma discussão sobre a originalidade do fac-símile requisitado por Taunay.<ref name=":1" /> Porém, análises comparativas entre o mapa original e o fac-símile, não há provas que Taunay tenha pedido para Montero Díaz realizar alterações no documento.<ref name=":0" /><ref name=":2" />


== Ver também ==
== Ver também ==

Revisão das 19h26min de 10 de julho de 2020

Mapa de Céspedes Xeria
Mapa de Céspedes Xeria
Autor Luis de Céspedes García Xería
Data 1628
Dimensões 79 centímetro x 118 centímetro
Localização Arquivo Geral das Índias

Mapa de Céspedes Xeria (ou Mapa del río Ayembí y del Paraná, con sus afluentes, que recorrió Luis de Céspedes Jería, gobernador del Paraguay, al entrar en su jurisdicción desde Brasil) é um mapa produzido por D. Luis de Céspedes Xeria, em 8 de novembro de 1628, retratando a trajeto que percorreu entre a então vila de São Paulo de Piratininga até a Ciudad Real de Guayrá, no Paraguai, através rios Tietê e Paraná. Suas dimensões são 118 cm x 79 cm.[1][2]

O trajeto representado acontece entre 16 de julho e 18 de setembro de 1628.[1][2] O mapa é considerado o primeiro do sertão paulista feito já com os Europeus na região e é importante para estabelecer uma primeira identidade visual paulistana.[3]

Em 1917, o Museu Paulista adquiriu uma cópia do mapa, um fac-símile do documento original, que foi importante para o estabelecimento de uma narrativa e memória historiográfica paulista, além de ajudar a compreender a formação do território do que seria o estado de São Paulo.[1][2][3]

Descrição

O Mapa de Céspedes Xeria foi produzido para acompanhar uma carta de Céspedes Xería a D. Felipe IV da Espanha e provavelmente tinha o intuito de ilustrar o trajeto e facilitar o entendimento do rei.[1][2]

No documento, a representação cartográfica do trajeto é feita por uma linha vermelha, acompanhada de ilustrações de cidades, vilas e aldeias indígenas. Há pouca natureza representada, exceto pela margem dos próprios rios e algumas ilhas.[1][2]

O mapa não conta com coordenadas fidedignas, rosa dos ventos, indicação para o norte e nem preocupa-se com a projeção, escala e precisão geométrica.[1][2][3]

Em termos de representação, o rio Tietê encontra-se nos quadrantes superiores esquerdos do mapa, junto com a Vila de São Paulo.[3] Já o rio Paraná aparece nos quadrantes inferiores esquerdos. Os assentamentos nos quadrantes inferiores direitos. A legenda aparece dividida em três colunas e as cruzes ao longo do trajeto representam os locais de pouso.[1][2]

Versões do mapa

Existem duas versões do mapa: a primeira chamada de “Mapa 17 de Céspedes Xeria” e, uma segunda, intitulada “Mapa 17bis de Céspedes Xeria”. Ambas do Archivo General de Indias, na cidade de Sevilha, na Espanha.[1][2]

Apesar de Céspedes Xeria ser um militar, estudos apontam que foi ele mesmo quem colheu os dados e e realizou o desenho. O seu intuito era enviar o mapa a Felipe IV, sendo acompanhado, inclusive, com um texto seu, em primeira pessoa. Entretanto, Céspedes Xeria utilizou-se de copistas para produzir outras reproduções do documento. É por esta razão que as duas versões do mapa contam com caligrafias diferentes.[1][2]

Fac-símile no Museu Paulista

Fac-símile do Mapa de Céspedes Xeria presente no acervo do Museu Paulista

Affonso d’Escragnolle Taunay historiador e diretor do Museu Paulista entre 1917 e 1946 teve contato com o mapa durante as pesquisas que realizava na instituição. Tinha grande interesse por História do Brasil e, no cargo que ocupou, tratou sobretudo de remontar o papel de São Paulo na formação do território nacional, principalmente para situar a atuação paulista como central no centenário da Independência do Brasil, que aconteceria em 1922.[4][3]

Taunay teve o primeiro contato com o mapa em 1917, ano que tornou-se diretor do museu. Neste período, realizou diversas mudanças estruturais na instituição, para transformá-la em um museu de História e, entre as suas realizações, inaugurou uma sala dedicada somente à História do Brasil e de São Paulo, a Sala da Cartografia Colonial e Documentos Antigos (Sala A-10), na qual os mapas tinham uma posição importante de representação e cronologia da história brasileira.[1][2][3]

Para montar esta sala, Taunay trocava e encomendava fac-similares de diversas instituições de guarda pelo mundo, com o intuito de montar a história nacional. Entre as cópias que Taunay mais se esforçou para obter estava a do Mapa de Céspedes Xeria, que encontrava-se no Archivo General de Indias, em Sevilha, na Espanha.[1][2]

“Quando em 1917, o eminente Pablo Pastells me assinalou a presença do mapa de Céspedes no Archivo General de Indias, em Sevilha, e mo descreveu, sofregamente o fiz copiar fac-similarmente. Dei-me logo pressa em divulgar esse documento preciosíssimo.”[1]

O fac-símile do mapa de Céspedes Xeria foi detalhadamente produzida, a pedido de Taunay, pelo copista Santiago Montero Díaz.[3] Ele copiou o documento original, assim como o resto das documentação relacionada, como algumas cartas de Céspedes Xeria a Felipe IV. Em outubro de 1917, Montero Díaz termina e cobra 200 pesetas (178 mil réis) pelo trabalho.[1][2]

Após receber a cópia, Taunay inaugurou a Sala A-10 e inseriu o mapa com grande destaque, emoldurado e junto com o restante da documentação copiada. Também utilizou o fac-similar em artigos que publicou no Correio Paulistano, na Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e nos Anais do Museu Paulista.[1][2]

De acordo com artigos publicados, existem uma discussão sobre a originalidade do fac-símile requisitado por Taunay.[3] Porém, análises comparativas entre o mapa original e o fac-símile, não há provas que Taunay tenha pedido para Montero Díaz realizar alterações no documento.[1][2]

Ver também

Referências

  1. a b c d e f g h i j k l m n o Cintra, Jorge Pimentel; Beier, José Rogério; Montalvão Rabelo, Lucas (2018). «Affonso de Taunay e as duas versões do mapa de D. Luis de Céspedes Xeria (1628)». Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material. Consultado em 6 de julho de 2020 
  2. a b c d e f g h i j k l m n Cintra, Jorge Pimentel; Cintra, Jorge Pimentel; Beier, José Rogério; Beier, José Rogério; Rabelo, Lucas Montalvão; Rabelo, Lucas Montalvão (1 de janeiro de 2018). «Affonso de Taunay e as duas versões do mapa de D. Luis de Céspedes Xeria (1628)». Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material (em Portuguese). 26. doi:10.1590/1982-02672018V26E33 
  3. a b c d e f g h Cavenagui, Airton José (2011). «A construção da memória historiográfica paulista: Dom Luiz de Céspedes Xeria e o mapa de sua expedição de 1628». Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material. Consultado em 6 de julho de 2020 
  4. BREFE, Ana Claudia Fonseca (2005). O Museu Paulista: Affonso de Taunay e a memória nacional. São Paulo: Editora Unesp