Teiú-comum: diferenças entre revisões

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Foi realizado uma revisão de literatura completa da espécie, de modo a colaborar com a divulgação cientifica e a complementação dos dados que estavam escritos no verbete.
Etiquetas: Expressão problemática Inserção do elemento "nowiki", possivelmente errônea Possível conteúdo ofensivo Provável parcialidade Remoção considerável de conteúdo Editor Visual
Linha 16: Linha 16:
| binomial = ''Salvator merianae''
| binomial = ''Salvator merianae''
| binomial_autoridade = [[AM.C. Duméril & Bibron]], 1839
| binomial_autoridade = [[AM.C. Duméril & Bibron]], 1839
}}
}}O '''teiú-gigante''' (''Salvator merianae'', anteriormente chamado ''Tupinambis merianae''), ou '''teiú-comum''', também conhecido como '''teju''' e '''lagarto-marau''', é uma espécie de [[Lagartos|lagarto]] que habita grande parte do Brasil (com exceção da [[Amazônia|floresta amazônica]]) e norte da [[Argentina]] e [[Uruguai]]. Habita desde [[floresta|florestas]] até [[Cerrado|cerrados]] e a [[caatinga|caatinga nordestina]]. Tais [[répteis]] chegam a medir até 1,4 metro de comprimento e pesar quase 5 quilos.<ref>[http://www.revistapesquisa.fapesp.br/index.php?art=3927&bd=1&pg=1&lg= Revista FAPESP: Lagarto e esquilo lidam de modo diferente com as variações de oxigênio da hibernação]</ref> Os machos são maiores que as fêmeas. É um animal [[Omnívoro|onívoro]]. Os lagartos, assim como todos (excetuando-se as aves), apresentam como padrão a ectotermia, ou seja, incapacidade de regular a temperatura corporal internamente. Porém, o ''S. merianae'' possui a capacidade de aumentar a sua taxa metabólica durante o período reprodutivo a níveis próximos ao de mamíferos e aves, gerando calor e mantendo sua temperatura mais elevada do que a do ambiente. Essa característica dessa espécie configura um padrão de endotermia sazonal reprodutiva.

[[Ficheiro:Tupinambis-merianae-BA-Zoo.JPG|left|thumb|Teiú]]

O '''teiú-gigante''' (''Salvator merianae'', anteriormente chamado ''Tupinambis merianae''), ou '''teiú-comum''', também conhecido como '''teju''' e '''lagarto-marau''', é uma espécie de [[Lagartos|lagarto]] que habita grande parte do Brasil (com exceção da [[Amazônia|floresta amazônica]]) e norte da [[Argentina]] e [[Uruguai]]. Habita desde [[Floresta|florestas]] até [[Cerrado|cerrados]] e a [[Caatinga|caatinga nordestina]]. Tais [[répteis]] chegam a medir até 1,4 metro de comprimento e pesar quase 5 quilos. Os machos são maiores que as fêmeas. É um animal [[Omnívoro|onívoro]]. Os lagartos, assim como todos (excetuando-se as aves), apresentam como padrão a ectotermia, ou seja, incapacidade de regular a temperatura corporal internamente. Porém, o ''S. merianae'' possui a capacidade de aumentar a sua taxa metabólica durante o período reprodutivo a níveis próximos ao de mamíferos e aves, gerando calor e mantendo sua temperatura mais elevada do que a do ambiente. Essa característica dessa espécie configura um padrão de endotermia sazonal reprodutiva.

Teiú

'''Nomes vernáculos'''

* [[Língua kwazá]]: hãkoɁɛ

'''Referências'''

1.      [[Salvator merianae#cite%20ref-1|↑]] Revista FAPESP: Lagarto e esquilo lidam de modo diferente com as variações de oxigênio da hibernação

2.      [[Salvator merianae#cite%20ref-:0%202-0|↑]] Manso, Laura Vicuña Pereira. 2013. ''Dicionário da língua Kwazá''. Dissertação de mestrado. [[Guajará-Mirim]]: [[Universidade Federal de Rondônia]]. (PDF).

* Science Advances: Seasonal reproductive endothermy in tegu lizards

= Etmologia =
A origem do nome “Teiú” deriva-se da língua Guarani da palavra “Teju”, que se remete a lagarto. Já o nome do gênero origina-se do nome de Jesus Cristo, que também é chamado de Salvador.

= Taxonomia e Sistemática =
O Teiú-comum (''Salvator merianae'') pertence à família [[Teiidae]], grupo popularmente conhecido como Teiídeos. Esta família é conhecida por possuir espécies morfologicamente semelhantes, dificultando sua fácil diferenciação. Teiidae é um grupo irmão de [[Gymnophthalmidae]], sendo que ambas possuem sua origem no período cretáceo médio. Hoje em dia a família dos Teiídeos conta com 16 gêneros viventes e 151 espécies.

A taxonomia e sistemática dos gêneros dessa família possui diversas imperfeições, isto é, existem problemas na classificação adequada das espécies em seus respectivos gêneros, passando por alguns rearranjos sistemáticos.

Dessa forma, a família passou por uma reorganização por meio de um estudo taxonômico que adotou características morfológicas e moleculares para sua reestruturação, originando novos gêneros e mudanças em determinados.

Antes desse rearranjo o Teiú era inserido no gênero ''Tupinambis'', sendo denominado ''Tupinambis merianae''. Entretanto percebeu-se que este gênero possui espécies com notórias diferenciações e decidiu dividi-lo em dois gêneros: ''Salvator'' e ''Tupinambi''s. Dessa forma, o Teiú passou a pertencer ao gênero ''Salvator'', sendo designado ''Salvator merianae.''

Rearranjos como este são importantes para evitar erros em cascata, isto é, quando pequenas falhas taxonômicas interferem gradualmente em estudos ecológicos, biogeográficos, e a medida que se acumulam, resultam em grandes equívocos, que podem até impactar a elaboração de estratégias de conservação.

O gênero ''Salvator'' abrange algumas das maiores espécies de lagarto do continente americano, e é caracterizado por possuir características exclusivas, como a combinação de dois loreais ventrais lisos e uma calda subcilíndrica com dois anéis caudais completos. Visivelmente semelhante ao gênero ''Tupinambis'' e S''alvator'' distingue-se por possuir uma pupila reniforme, linha completa de grânulos supraoculares ausentes, e por fim um sulco intertimpânico incompleto ou ausente

Além disso as espécies do gênero ''Salvator'' são mais aparentadas com o gênero Dracenas, sendo relacionadas a uma distribuição ao sul da Amazônia. Já ''Tupinambis'' assemelha-se mais ao gênero ''Crocodilurus'', distribuindo-se majoritariamente na região [[Amazônia|Amazônica]].

Neste momento o gênero ''Salvator'' detém 3 espécies: ''Salvator duseni'' (Lönnberg, 1910), ''Salvator merianae'' (Duméril & Bibron, 1839) e ''Salvator rufescens'' (Günther, 1871).

= Distribuição Geográfica =
Os teiús são encontrados na américa do sul indo do leste dos Andes até o sul do [[rio Amazonas]], mais especificamente em países como Paraguai, Bolívia, Argentina, Uruguai e o Brasil, onde possui registros seus em grande partes dos biomas como o [[Pampa]], [[Mata Atlântica]], [[Cerrado]] e [[Caatinga]], sendo que não foi possível identificá-lo na literatura seu registro no Bioma [[Amazônia|Amazônic]]<nowiki/>o, há registros desta espécie desde o norte da Argentina até o norte do Brasil. Muitas dessas espécies estão sendo utilizadas como animais chave para a recuperação de ambientes degradados como a mata atlântica, sendo um ótimo indicador de qualidade do meio (Santos, Fagundes; 2015) (Bomfim, Tinôco; 2019) (Harvey et al., 2012).

Um mapa foi elaborado para elucidar a relação dos [[Biomas do Brasil|biomas brasileiros]] com os registros dessas espécies, se mostrando uma espécie generalista que habita diferentes habitats.

= Biologia e História Natural =

=== Ciclo de vida ===
No que diz respeito ao ciclo de vida, pode-se notar que em outras espécies da família Teiidae como por exemplo nas espécies ''Tupinambis'', apresentam um número de ninhada (prole) alta, às configurando como “R estrategistas” as quais produzem um grande número de descendentes visando o sucesso dos nascimentos dos mesmos. O período médio para se atingir a maturidade sexual é de quatro anos, tendo em vista que o crescimento populacional dessa família ocorre de forma lenta, por outro lado se mostram muito resistentes à mudanças significativas do seu meio (mudanças de curta duração), quando já adultos o período de reprodução ocorre durante longos períodos e em dias mais quentes (Fitzgerald et al, 1994). A duração da vida da espécie ''S. meriane'' foi relatada em cativeiro, variando entre 17 e 20 anos (Brito et al., 2001), apresentando uma longevidade alta.

De acordo com os dados supracitados, foi exemplificado a família da espécie em questão ''Salvatori meriane'', de forma a demonstrar como o ciclo de vida ocorre nesta espécie, sendo necessário desta forma, estudos mais detalhados e específicos no que diz respeito ao ciclo de vida da espécie em questão.  

=== Reprodução ===
A reprodução do teiú é predominantemente ovípara, com grandes ninhadas, associada ao tamanho corporal das fêmeas, que podem variar entre 24 a 49 ovos no ambiente natural e de 26 a 37 ovos em cativeiro (MANES et al., 2003; LOPES; ABE, 1999; CHANI et al, 1993; YANOSKY; MERCOLLI, 1995; SILVA; ARAÚJO, 2008). Durante o período de reprodução, os machos e fêmeas apresentam alterações na demanda de temperatura, uma vez que os machos necessitam de maiores temperaturas em relação às fêmeas, entretanto as fêmeas reprodutivas possuem temperaturas maiores que as não reprodutivas (CECCHETTO; NARETTO, 2015). Geralmente, as fêmeas realizam a nidificação em arbustos ou próximo a construções (LOPES; ABE, 1999).

Ainda sobre a reprodução, podemos destacar um ato peculiar por parte dos machos, onde que no Brasil, obteve-se o registro de  uma tentativa de acasalamento com uma fêmea morta, ato que configura uma necrofilia. O macho mordia o pescoço da fêmea e se preparava para copular durante dois dias seguidos, mesmo com o cheiro de putrefação e decomposição. Tal comportamento pode ser explicado pelo fator temperatura, que nos dias em questão a estava entre 29º C a 33º C, influenciando na temperatura do cadáver da fêmea exposta ao sol e ao clima quente (SAZIMA, 2015).

=== Alimentação ===
O hábito alimentar do lagarto é caracterizado por ser amplamente diverso, variando entre animais (invertebrados e vertebrados, carcaças, ovos e frutas, sendo esta última associada a dispersão de sementes, importante função ecológica para o ambiente (CASTRO; GALETTI 2004). Desta forma, o ''Salvator merianae'', é considerado um onívoro, com uma estratégia generalista e oportunista, de modo que se alimenta de acordo com os recursos disponíveis no local (KIEFER; SAZIMA, 2002; PÉRES JÚNIOR, 2003; CASTRO; GALETTI, 2004).

=== Regulação Corpórea ===
Os teiús ''Salvator merianae'', são répteis de hábitos diurnos (ativos durante o dia) podendo ser facilmente visto em dias chuvosos ou quentes (nos meses entre agosto de abril), quando a mudança de clima chega, buscam abrigo em tocas cavadas na terra em períodos de seca ou frio , desta forma, o período de inatividade em que os animais se mantêm nos seus abrigos é entre maio e julho, havendo queda metabólica ou depressão metabólica, deixando a temperatura corpórea se equilibrar com  a do seu abrigo, dispensando deste modo a termorregulação comportamental  (OLIVEIRA, 2016)

Foi observado que durantes a estação reprodutiva, alguns lagartos teiús conseguiram manter uma temperatura acima do ambiente o qual estava inserido (10ºC), levando a constatação que alguns destes indivíduos tem a capacidade de conservar o calor bem como aprimorá-la, se demonstrando um indivíduo que em certas ocasiões possui hábitos de endotérmico e em outras ectodérmico (TATTERSALL et al, 2016).

Os endotérmicos possuem altas taxas de metabolismo bem como sua temperatura corpórea elevada, o qual pode ser atingida por meio da atividade locomotora, por outro lado os ectotérmicos necessitam do meio em que está inserido para a termorregulação corpórea, e ajustes cardiovasculares os quais carecem de algumas substâncias químicas e celulares para sustentar sozinho o metabolismo<ref>{{Citar periódico |url=https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0944200616300137 |titulo=Reptile thermogenesis and the origins of endothermy |data=2016-10-01 |acessodata=2021-05-04 |jornal=Zoology |número=5 |paginas=403–405 |lingua=en |doi=10.1016/j.zool.2016.03.001 |issn=0944-2006}}</ref>

=== Comportamento e ecologia ===
Os teiús possuem hábitos diurnos, terrestres e são forrageadores, ou seja, buscam ativamente seus recursos alimentares <ref>{{Citar periódico |url=https://bioone.org/journals/journal-of-herpetology/volume-40/issue-2/123-05A.1/At-the-Waters-Edge--Ecology-of-Semiaquatic-Teiids-in/10.1670/123-05A.1.full |titulo=At the Water's Edge: Ecology of Semiaquatic Teiids in Brazilian Amazon |data=2006/06 |acessodata=2021-05-04 |jornal=Journal of Herpetology |número=2 |ultimo=Mesquita |primeiro=Daniel O. |ultimo2=Colli |primeiro2=Guarino R. |paginas=221–229 |doi=10.1670/123-05A.1 |issn=0022-1511 |ultimo3=Costa |primeiro3=Gabriel C. |ultimo4=França |primeiro4=Frederico G. R. |ultimo5=Garda |primeiro5=Adrian A. |ultimo6=Péres |primeiro6=Ayrton K.}}</ref>. Além disso, o teiú se apresenta mais ativo durante as variações sazonais, que são aproximadamente durante os meses de novembro e dezembro (VAN SLUYS; ROCHA, 1999; WINCK et al., 2011).

Por ser considerado uma espécie ectotérmica, o teiú possui necessidade de hibernar nas regiões subtropicais e temperadas (WINCK; CECHIN, 2008). As populações de teiú são conhecidas por se defenderem através de fuga para locais protegidos como tocas e ninhos. Além disso, eles apresentam comportamentos fisiológicos com o objetivo de defesa contra predadores, sendo assim, o ato de inflar e levantar o corpo, emitir sons, morder, e realizar ataques com a cauda, assim como a autotomia caudal podem ser comumente demonstradas pela espécie quando a mesma se sente em perigo (SAZIMA; HADDAD, 1992; MARTINS, 1996). A mordida da espécie para os seres humanos pode resultar em dores, inflamações, infecções, fratura, hemorragia e até mesmo perda de tecido (HADDAD, 2008). A espécie apresenta comportamentos de territorialismo por parte dos machos. Além disso, apresenta potencial invasor que pode ocasionar em desequilíbrios ambientais (PÉRES JÚNIOR, 2003). O comportamento do teiú só pode ser acompanhado durante a noite (WINCK et al., 2011).

=== Dispersão de sementes ===
O Teiú também pode atuar como dispersor de sementes de diversas espécies vegetais, visto seu hábito alimentar generalista e oportunista, incluindo a frugivoria. Visto que a maioria dos lagartos são carnívoros, alguns elementos podem ter colaborado para o desenvolvimento dessa relação mutualística ao longo da história, como a escassez de recursos alimentares somado com a alta densidade populacional.

Entretanto, pouco se conhece a respeito da qualidade do serviço de dispersão. Alguns estudos já indicam que a dispersão feita pela Teiú não otimiza a porcentagem ou a velocidade de germinação das sementes, como é visto no processo feito por animais tradicionalmente dispersores, como aves e mamíferos. Isso acontece pois a dispersão feita por lagartos trata-se de uma relação de mutualismo recente, quando comparada aos outros animais supracitados.

Apesar da dispersão de sementes feita pelo Teiú configurar-se um processo pouco efetivo, torna-se de extremamente importante, especialmente para espécies vegetais com sementes adaptadas para serem dispersadas por animais já extintos, (dependendo assim de organismos oportunistas como o Teiú) e  em ecossistemas instáveis, onde nem todas as espécies dispersoras conseguirão desempenhar sua função durante o ano todo (neste caso o Teiú contribuirá aumentando o repertório de espécies disponíveis para dispersão de sementes).

= Ameaças e Conservação =

=== Status de conservação ===
A espécie ''Salvator merianae'' foi avaliada em 2014, e classificada no status Não ameaçada - menor risco (LC), pela Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da [[União Internacional para a Conservação da Natureza|IUCN]] (União Internacional de Conservação da Natureza). Desta forma, a espécie é considerada estável, e pode estar associada a sua alimentação generalista e habitat tão variado, as populações vêm resistindo a diversas ameaças, como predação e caça.<ref name=":0">{{Citar web |ultimo=Usfq) |primeiro=Diego F. Cisneros-Heredia (Universidad San Francisco de Quito |ultimo2=Santiago Carreira (Sección Zoología Vertebrados |primeiro2=Facultad de Ciencias & Museo Nacional de Historia Natural / Montevideo-Uruguay) |url=https://www.iucnredlist.org/en |titulo=IUCN Red List of Threatened Species: Salvator merianae |data=2014-11-25 |acessodata=2021-05-04 |website=IUCN Red List of Threatened Species |doi=10.2305/iucn.uk.2016-1.rlts.t178340a61322552.en |ultimo3=Assessment) |primeiro3=Lee Fitzgerald (SRLI Reptile |ultimo4=Teresa Avila-Pires (Museu Paraense Emílio Goeldi. Coordenação de Zoologia. Belém |primeiro4=Pará |ultimo5=Assessment) |primeiro5=Norman Scott (SRLI Reptile |ultimo6=Moravec |primeiro6=Jiri |ultimo7=Fauna ) |primeiro7=James Aparicio (Colección Boliviana de |ultimo8=Paraguay) |primeiro8=Pier Cacciali (Instituto de Investigación Biológica del |ultimo9=Plata-CONICET) |primeiro9=Federico Kacoliris (Museo de La}}</ref>

=== Conservação ===
A elaboração de Planos de Manejo é necessária para minimizar os riscos que as espécies estão sujeitas. Desta forma, os países da América do Sul (Bolívia, Paraguai e Argentina), possuem planos e programas, que possuem como objetivo monitorar as populações de lagartos do gênero ''Salvator'' em seus respectivos países. As pesquisas para a espécie são fortemente recomendadas, como por exemplo para, estimativas das populações existentes, que podem ser encontradas em áreas urbanas, rurais e protegidas<ref>{{citar web |ultimo=Embert |primeiro=Dirk |url=https://d-nb.info/99082117X/34 |titulo=Distribution, diversity and conservation status
of Bolivian Reptiles |data=2007 |acessodata=04/05/2021}}</ref> e também evitar que as populações sejam submetidas a um declínio. <ref name=":0" />

=== Ameaças ===
A maior ameaça para a espécie é pela demanda em obter suas peles (couros), consumo da carne e também para utilizá-los como pets, retirando os do seu habitat natural, processo no qual outras espécies de lagartos também estão submetidas. Como por exemplo, na década de 1980, que foi marcada pela comercialização anual de 1,9 milhões de pele do lagarto ''Tupinambis.''<ref>{{Citar periódico |url=https://bioone.org/journals/journal-of-wildlife-management/volume-70/issue-6/0022-541X(2006)70[1723:MAMTHO]2.0.CO;2/Monitoring-and-Managing-the-Harvest-of-Tegu-Lizards-in-Paraguay/10.2193/0022-541X(2006)70[1723:MAMTHO]2.0.CO;2.full |titulo=Monitoring and Managing the Harvest of Tegu Lizards in Paraguay |data=2006/12 |acessodata=2021-05-04 |jornal=Journal of Wildlife Management |número=6 |ultimo=Mieres |primeiro=M. Margarita |ultimo2=Fitzgerald |primeiro2=Lee A. |paginas=1723–1734 |doi=10.2193/0022-541X(2006)70[1723:MAMTHO]2.0.CO;2 |issn=0022-541X}}</ref> A comercialização ilegal do gênero ''Salvator'', está sendo reduzida devido ao monitoramento do [[Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Silvestres Ameaçadas de Extinção|CITES]] (Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Silvestres Ameaçadas de Extinção) e também por países da américa do Sul, como Bolívia, Paraguai e Argentina, que possuem programas de planos de manejo<ref name=":0" />.

Os atropelamentos de fauna são preocupantes para a sobrevivência da fauna. Dentre as espécies que se destacam nos maiores índices de atropelamentos e óbitos, ''S. merianae'' representa 11,48% do total de 64,86% dos dados obtidos sobre os répteis. Os fatores que puderam levar a essa elevada taxa, são devidas particularidades fisiológicas da espécie, que buscam ambientes com maiores temperaturas, além de sua elevada abundância. <ref>{{Citar periódico |url=https://periodicos.ufsm.br/cienciaenatura/article/view/22020 |titulo=Diversidade de Aves, Mamíferos e Répteis Atropelados em Região de Floresta Subtropical no Sul do Brasil |data=2016-09-28 |acessodata=2021-05-04 |jornal=Ciência e Natura |número=3 |ultimo=Deffaci |primeiro=Angela Camila |ultimo2=Silva |primeiro2=Vânia Patrícia da |paginas=1205–1216 |lingua=pt |doi=10.5902/2179460X22020 |issn=2179-460X |ultimo3=Hartmann |primeiro3=Marilia Teresinha |ultimo4=Hartmann |primeiro4=Paulo Afonso}}</ref>

=== Potencial de invasor ===
Considera-se que a presença de espécies invasoras são um dos principais riscos à [[biodiversidade]] mundial. <ref>{{Citar periódico |url=https://www.pnas.org/content/113/40/11261 |titulo=Invasive predators and global biodiversity loss |data=2016-10-04 |acessodata=2021-05-04 |jornal=Proceedings of the National Academy of Sciences |número=40 |ultimo=Doherty |primeiro=Tim S. |ultimo2=Glen |primeiro2=Alistair S. |paginas=11261–11265 |lingua=en |doi=10.1073/pnas.1602480113 |issn=0027-8424 |pmc=PMC5056110 |pmid=27638204 |ultimo3=Nimmo |primeiro3=Dale G. |ultimo4=Ritchie |primeiro4=Euan G. |ultimo5=Dickman |primeiro5=Chris R.}}</ref> Diversas problemáticas são associadas às espécies invasoras, como por exemplo, alteração na composição de espécies nativas, perda de diversidade genética, alterações nos processos ecológicos do ecossistema, entre outras que estão sujeitas a serem desencadeadas. <ref>{{Citar periódico |url=https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/j.1472-4642.2009.00633.x |titulo=Global indicators of biological invasion: species numbers, biodiversity impact and policy responses |data=2010 |acessodata=2021-05-04 |jornal=Diversity and Distributions |número=1 |ultimo=McGeoch |primeiro=Melodie A. |ultimo2=Butchart |primeiro2=Stuart H. M. |paginas=95–108 |lingua=en |doi=10.1111/j.1472-4642.2009.00633.x |issn=1472-4642 |ultimo3=Spear |primeiro3=Dian |ultimo4=Marais |primeiro4=Elrike |ultimo5=Kleynhans |primeiro5=Elizabeth J. |ultimo6=Symes |primeiro6=Andy |ultimo7=Chanson |primeiro7=Janice |ultimo8=Hoffmann |primeiro8=Michael}}</ref>

Para os répteis, há uma elevada taxa na capacidade de se adaptar e resistir em ecossistemas dos mais variados, fato que colabora fortemente para que as espécies do grupo se tornem invasoras. A espécie ''S. merinae'' considerada o maior lagarto das Américas, é uma espécie onívora, generalista e oportunista, que traz grandes preocupações pois trata-se um grupo que pode desencadear impactos para outras espécies e desequilíbrios para o meio ambiente.<ref name=":1">{{Citar web |url=https://www.icmbio.gov.br/portal/ultimas-noticias/20-geral/9616-a-caca-aos-ratos-em-fernando-de-noronha |titulo=Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - A caça aos ratos em Fernando de Noronha |acessodata=2021-05-04 |website=www.icmbio.gov.br |lingua=pt-br}}</ref><ref name=":2">{{citar web |primeiro=Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Répteis e Anfíbios |url=https://www.icmbio.gov.br/ran/images/stories/publicacoes/boletins_informativos/Boletim_do_RAN_Ano2_N%C2%BA_5_Dez2015.pdf |titulo=AVALIAÇÃO DO IMPACTO DO TEIÚ (Salvator merianae) NA SAÚDE AMBIENTAL E CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE NO ARQUIPÉLAGO DE FERNANDO DE NORONHA |data=2015 |acessodata=04/05/2021 |publicado=BOLETIM DO RAN}}</ref>

Em 1950, o teiú foi introduzido propositalmente no arquipélago oceânico [[Fernando de Noronha]], com o objetivo inicial de controlar populações de roedores e anfíbios, entretanto não foi previsto que os hábitos do teiú eram diurnos, diferentemente dos ratos e sapos, desta forma, a espécie buscou diversas estratégias para sobreviver, dentre elas, predar outras espécies, ovos de tartaruga e aves.<ref name=":1" />

Considerado uma grande ameaça às espécies nativas, devido ao seu potencial de predador oportunista. Programas de Manejo da Espécie são frequentemente avaliados, para mitigar os impactos que a espécie apresenta no local, e conservar a biodiversidade da ilha. Em 2015 o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Répteis e Anfíbios emitiu um boletim de avaliação sobre a espécie e seus impactos, foi estimado uma população de 8000 indivíduos na ilha.<ref name=":2" />

=== Hospedeiro de parasitas ===
Além dos potenciais impactos de invasão, os lagartos são considerados grandes hospedeiros de parasitas, responsáveis pela transmissão de doenças, que muitas vezes podem ser transmitidas para outras espécies e até mesmo para o ser humano. <ref name=":2" /> Dentre as principais espécies que afetam os Teiús, são destacados os nematóides ''Aspronema dorsivitattum'' e ''Ophiodes striatus.''<ref>{{Citar periódico |url=https://www.biotaxa.org/hn/article/view/44966 |titulo=Nematode parasites of lizards (Squamata, Sauria) from the Cerrado biome in the State of Minas Gerais, Brazil |data=2019-08-12 |acessodata=2021-05-04 |jornal=Herpetology Notes |número=0 |ultimo=Vieira |primeiro=Fabiano Matos |ultimo2=Souza |primeiro2=Thais Teixeira de |paginas=855–863 |lingua=en |issn=2071-5773 |ultimo3=Novelli |primeiro3=Iara Alves |ultimo4=Lima |primeiro4=Sueli Souza |ultimo5=Muniz-Pereira |primeiro5=Luís Cláudio |ultimo6=Sousa |primeiro6=Bernadete Maria de}}</ref>

Além disso, os [[Verme|helmintos]] ''Diaphanocephalus galeatus'' e ''Spinicauda spinicauda'' são frequentemente encontradas nos répteis, assim como outras espécies também encontradas como ''Centrorhynchus tumidulus, Cruzia travassosi, Oochoristica sp., Oswaldofilaria petersi, Physaloptera sp. Spinicauda spinicauda.''<ref>{{citar periódico |titulo=Gastrointestinal parasites of Salvator merianae Duméril &
Bibron, 1839 (Squamata, Teiidae) in the States of Ceará and
Sergipe, Northeastern of Brazil |acessodata=04/05/2021 |jornal=Herpetology Notes |ultimo=Melo |primeiro=Victor}}</ref><ref>{{citar web |ultimo=VIEIRA |primeiro=RENATA |url=https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/158514/001012551.pdf?sequence=1 |titulo=HISTÓRIA NATURAL, ECOLOGIA POPULACIONAL E GENÉTICA DE
Salvator merianae (Duméril & Bibron, 1839) (SQUAMATA, TEIIDAE) NO
SUL DO BRASIL. |data=2016 |acessodata=04/05/2021}}</ref><ref>{{Citar periódico |url=http://revista.ib.unam.mx/index.php/bio/article/view/1320 |titulo=Diaphanocephalus galeatus (Nematoda: Diaphanocephalidae), parasiteof Salvator merianae (Squamata: Teiidae) in southern Brazil |data=2016-06-13 |acessodata=2021-05-04 |jornal=Revista Mexicana de Biodiversidad |número=2 |ultimo=Dutra-Vieira |primeiro=Thainá |ultimo2=Fedatto-Bernardon |primeiro2=Fabiana |lingua=en |doi=10.1016/j.rmb.2016.04.010 |issn=2007-8706 |ultimo3=Müller |primeiro3=Gertrud}}</ref>

= Aspectos Culturais =
Além disso, a banho do Teiú também é utilizada em superstições, sendo que há a crença que a parte posterior do animal tem o potencial de curar disfunções auditivas, quando introduzida no ouvido.

Estudos já avaliaram a capacidade antimicrobiana do extrato bruto da gordura do Teiú e concluíram que o produto foi eficaz no combate às bactérias ''Salmonella enterica'' e ''Pseudomonas aeruginosa''. Entretanto a ação contra linhagens e ''Escherichia coli'' e ''Staphylococcus aureus'' foi irrelevante. Dessa forma é necessário a realização de muitos estudos para a confirmação da capacidade medicinal da gordura do Teiú. É importante salientar que a caça de qualquer espécie silvestre é proibida no Brasil, de acordo com a Lei Federal 5.197/1967. Dessa forma este verbete repudia o abate de animais para qualquer finalidade.


== Nomes vernáculos ==
*[[Língua kwazá]]<ref name=":0">Manso, Laura Vicuña Pereira. 2013. ''[http://www.etnolinguistica.org/tese:manso-2013 Dicionário da língua Kwazá]''. Dissertação de mestrado. [[Guajará-Mirim]]: [[Universidade Federal de Rondônia]]. ([http://www.etnolinguistica.org/local--files/tese:manso-2013/Manso_2013_Dicionario_da_lingua_Kwaza.pdf PDF]).</ref>: hãkoɁɛ


{{referências}}


*[http://advances.sciencemag.org/content/2/1/e1500951.full Science Advances: Seasonal reproductive endothermy in tegu lizards]
{{esboço-lagarto}}
{{esboço-lagarto}}
[[Categoria:Tupinambis]]
[[Categoria:Tupinambis]]

Revisão das 23h11min de 4 de maio de 2021

Como ler uma infocaixa de taxonomiaSalvator merianae
Teiú adulto
Teiú adulto
Estado de conservação
Espécie pouco preocupante
Pouco preocupante (IUCN 3.1)
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Reptilia
Ordem: Squamata
Subordem: Sauria
Família: Teiidae
Género: Salvator
Espécie: S. merianae
Nome binomial
Salvator merianae
AM.C. Duméril & Bibron, 1839
Distribuição geográfica


O teiú-gigante (Salvator merianae, anteriormente chamado Tupinambis merianae), ou teiú-comum, também conhecido como teju e lagarto-marau, é uma espécie de lagarto que habita grande parte do Brasil (com exceção da floresta amazônica) e norte da Argentina e Uruguai. Habita desde florestas até cerrados e a caatinga nordestina. Tais répteis chegam a medir até 1,4 metro de comprimento e pesar quase 5 quilos. Os machos são maiores que as fêmeas. É um animal onívoro. Os lagartos, assim como todos (excetuando-se as aves), apresentam como padrão a ectotermia, ou seja, incapacidade de regular a temperatura corporal internamente. Porém, o S. merianae possui a capacidade de aumentar a sua taxa metabólica durante o período reprodutivo a níveis próximos ao de mamíferos e aves, gerando calor e mantendo sua temperatura mais elevada do que a do ambiente. Essa característica dessa espécie configura um padrão de endotermia sazonal reprodutiva.

Teiú

Nomes vernáculos

Referências

1.      Revista FAPESP: Lagarto e esquilo lidam de modo diferente com as variações de oxigênio da hibernação

2.      Manso, Laura Vicuña Pereira. 2013. Dicionário da língua Kwazá. Dissertação de mestrado. Guajará-Mirim: Universidade Federal de Rondônia. (PDF).

  • Science Advances: Seasonal reproductive endothermy in tegu lizards

Etmologia

A origem do nome “Teiú” deriva-se da língua Guarani da palavra “Teju”, que se remete a lagarto. Já o nome do gênero origina-se do nome de Jesus Cristo, que também é chamado de Salvador.

Taxonomia e Sistemática

O Teiú-comum (Salvator merianae) pertence à família Teiidae, grupo popularmente conhecido como Teiídeos. Esta família é conhecida por possuir espécies morfologicamente semelhantes, dificultando sua fácil diferenciação. Teiidae é um grupo irmão de Gymnophthalmidae, sendo que ambas possuem sua origem no período cretáceo médio. Hoje em dia a família dos Teiídeos conta com 16 gêneros viventes e 151 espécies.

A taxonomia e sistemática dos gêneros dessa família possui diversas imperfeições, isto é, existem problemas na classificação adequada das espécies em seus respectivos gêneros, passando por alguns rearranjos sistemáticos.

Dessa forma, a família passou por uma reorganização por meio de um estudo taxonômico que adotou características morfológicas e moleculares para sua reestruturação, originando novos gêneros e mudanças em determinados.

Antes desse rearranjo o Teiú era inserido no gênero Tupinambis, sendo denominado Tupinambis merianae. Entretanto percebeu-se que este gênero possui espécies com notórias diferenciações e decidiu dividi-lo em dois gêneros: Salvator e Tupinambis. Dessa forma, o Teiú passou a pertencer ao gênero Salvator, sendo designado Salvator merianae.

Rearranjos como este são importantes para evitar erros em cascata, isto é, quando pequenas falhas taxonômicas interferem gradualmente em estudos ecológicos, biogeográficos, e a medida que se acumulam, resultam em grandes equívocos, que podem até impactar a elaboração de estratégias de conservação.

O gênero Salvator abrange algumas das maiores espécies de lagarto do continente americano, e é caracterizado por possuir características exclusivas, como a combinação de dois loreais ventrais lisos e uma calda subcilíndrica com dois anéis caudais completos. Visivelmente semelhante ao gênero Tupinambis e Salvator distingue-se por possuir uma pupila reniforme, linha completa de grânulos supraoculares ausentes, e por fim um sulco intertimpânico incompleto ou ausente

Além disso as espécies do gênero Salvator são mais aparentadas com o gênero Dracenas, sendo relacionadas a uma distribuição ao sul da Amazônia. Já Tupinambis assemelha-se mais ao gênero Crocodilurus, distribuindo-se majoritariamente na região Amazônica.

Neste momento o gênero Salvator detém 3 espécies: Salvator duseni (Lönnberg, 1910), Salvator merianae (Duméril & Bibron, 1839) e Salvator rufescens (Günther, 1871).

Distribuição Geográfica

Os teiús são encontrados na américa do sul indo do leste dos Andes até o sul do rio Amazonas, mais especificamente em países como Paraguai, Bolívia, Argentina, Uruguai e o Brasil, onde possui registros seus em grande partes dos biomas como o Pampa, Mata Atlântica, Cerrado e Caatinga, sendo que não foi possível identificá-lo na literatura seu registro no Bioma Amazônico, há registros desta espécie desde o norte da Argentina até o norte do Brasil. Muitas dessas espécies estão sendo utilizadas como animais chave para a recuperação de ambientes degradados como a mata atlântica, sendo um ótimo indicador de qualidade do meio (Santos, Fagundes; 2015) (Bomfim, Tinôco; 2019) (Harvey et al., 2012).

Um mapa foi elaborado para elucidar a relação dos biomas brasileiros com os registros dessas espécies, se mostrando uma espécie generalista que habita diferentes habitats.

Biologia e História Natural

Ciclo de vida

No que diz respeito ao ciclo de vida, pode-se notar que em outras espécies da família Teiidae como por exemplo nas espécies Tupinambis, apresentam um número de ninhada (prole) alta, às configurando como “R estrategistas” as quais produzem um grande número de descendentes visando o sucesso dos nascimentos dos mesmos. O período médio para se atingir a maturidade sexual é de quatro anos, tendo em vista que o crescimento populacional dessa família ocorre de forma lenta, por outro lado se mostram muito resistentes à mudanças significativas do seu meio (mudanças de curta duração), quando já adultos o período de reprodução ocorre durante longos períodos e em dias mais quentes (Fitzgerald et al, 1994). A duração da vida da espécie S. meriane foi relatada em cativeiro, variando entre 17 e 20 anos (Brito et al., 2001), apresentando uma longevidade alta.

De acordo com os dados supracitados, foi exemplificado a família da espécie em questão Salvatori meriane, de forma a demonstrar como o ciclo de vida ocorre nesta espécie, sendo necessário desta forma, estudos mais detalhados e específicos no que diz respeito ao ciclo de vida da espécie em questão.  

Reprodução

A reprodução do teiú é predominantemente ovípara, com grandes ninhadas, associada ao tamanho corporal das fêmeas, que podem variar entre 24 a 49 ovos no ambiente natural e de 26 a 37 ovos em cativeiro (MANES et al., 2003; LOPES; ABE, 1999; CHANI et al, 1993; YANOSKY; MERCOLLI, 1995; SILVA; ARAÚJO, 2008). Durante o período de reprodução, os machos e fêmeas apresentam alterações na demanda de temperatura, uma vez que os machos necessitam de maiores temperaturas em relação às fêmeas, entretanto as fêmeas reprodutivas possuem temperaturas maiores que as não reprodutivas (CECCHETTO; NARETTO, 2015). Geralmente, as fêmeas realizam a nidificação em arbustos ou próximo a construções (LOPES; ABE, 1999).

Ainda sobre a reprodução, podemos destacar um ato peculiar por parte dos machos, onde que no Brasil, obteve-se o registro de  uma tentativa de acasalamento com uma fêmea morta, ato que configura uma necrofilia. O macho mordia o pescoço da fêmea e se preparava para copular durante dois dias seguidos, mesmo com o cheiro de putrefação e decomposição. Tal comportamento pode ser explicado pelo fator temperatura, que nos dias em questão a estava entre 29º C a 33º C, influenciando na temperatura do cadáver da fêmea exposta ao sol e ao clima quente (SAZIMA, 2015).

Alimentação

O hábito alimentar do lagarto é caracterizado por ser amplamente diverso, variando entre animais (invertebrados e vertebrados, carcaças, ovos e frutas, sendo esta última associada a dispersão de sementes, importante função ecológica para o ambiente (CASTRO; GALETTI 2004). Desta forma, o Salvator merianae, é considerado um onívoro, com uma estratégia generalista e oportunista, de modo que se alimenta de acordo com os recursos disponíveis no local (KIEFER; SAZIMA, 2002; PÉRES JÚNIOR, 2003; CASTRO; GALETTI, 2004).

Regulação Corpórea

Os teiús Salvator merianae, são répteis de hábitos diurnos (ativos durante o dia) podendo ser facilmente visto em dias chuvosos ou quentes (nos meses entre agosto de abril), quando a mudança de clima chega, buscam abrigo em tocas cavadas na terra em períodos de seca ou frio , desta forma, o período de inatividade em que os animais se mantêm nos seus abrigos é entre maio e julho, havendo queda metabólica ou depressão metabólica, deixando a temperatura corpórea se equilibrar com  a do seu abrigo, dispensando deste modo a termorregulação comportamental  (OLIVEIRA, 2016)

Foi observado que durantes a estação reprodutiva, alguns lagartos teiús conseguiram manter uma temperatura acima do ambiente o qual estava inserido (10ºC), levando a constatação que alguns destes indivíduos tem a capacidade de conservar o calor bem como aprimorá-la, se demonstrando um indivíduo que em certas ocasiões possui hábitos de endotérmico e em outras ectodérmico (TATTERSALL et al, 2016).

Os endotérmicos possuem altas taxas de metabolismo bem como sua temperatura corpórea elevada, o qual pode ser atingida por meio da atividade locomotora, por outro lado os ectotérmicos necessitam do meio em que está inserido para a termorregulação corpórea, e ajustes cardiovasculares os quais carecem de algumas substâncias químicas e celulares para sustentar sozinho o metabolismo[1]

Comportamento e ecologia

Os teiús possuem hábitos diurnos, terrestres e são forrageadores, ou seja, buscam ativamente seus recursos alimentares [2]. Além disso, o teiú se apresenta mais ativo durante as variações sazonais, que são aproximadamente durante os meses de novembro e dezembro (VAN SLUYS; ROCHA, 1999; WINCK et al., 2011).

Por ser considerado uma espécie ectotérmica, o teiú possui necessidade de hibernar nas regiões subtropicais e temperadas (WINCK; CECHIN, 2008). As populações de teiú são conhecidas por se defenderem através de fuga para locais protegidos como tocas e ninhos. Além disso, eles apresentam comportamentos fisiológicos com o objetivo de defesa contra predadores, sendo assim, o ato de inflar e levantar o corpo, emitir sons, morder, e realizar ataques com a cauda, assim como a autotomia caudal podem ser comumente demonstradas pela espécie quando a mesma se sente em perigo (SAZIMA; HADDAD, 1992; MARTINS, 1996). A mordida da espécie para os seres humanos pode resultar em dores, inflamações, infecções, fratura, hemorragia e até mesmo perda de tecido (HADDAD, 2008). A espécie apresenta comportamentos de territorialismo por parte dos machos. Além disso, apresenta potencial invasor que pode ocasionar em desequilíbrios ambientais (PÉRES JÚNIOR, 2003). O comportamento do teiú só pode ser acompanhado durante a noite (WINCK et al., 2011).

Dispersão de sementes

O Teiú também pode atuar como dispersor de sementes de diversas espécies vegetais, visto seu hábito alimentar generalista e oportunista, incluindo a frugivoria. Visto que a maioria dos lagartos são carnívoros, alguns elementos podem ter colaborado para o desenvolvimento dessa relação mutualística ao longo da história, como a escassez de recursos alimentares somado com a alta densidade populacional.

Entretanto, pouco se conhece a respeito da qualidade do serviço de dispersão. Alguns estudos já indicam que a dispersão feita pela Teiú não otimiza a porcentagem ou a velocidade de germinação das sementes, como é visto no processo feito por animais tradicionalmente dispersores, como aves e mamíferos. Isso acontece pois a dispersão feita por lagartos trata-se de uma relação de mutualismo recente, quando comparada aos outros animais supracitados.

Apesar da dispersão de sementes feita pelo Teiú configurar-se um processo pouco efetivo, torna-se de extremamente importante, especialmente para espécies vegetais com sementes adaptadas para serem dispersadas por animais já extintos, (dependendo assim de organismos oportunistas como o Teiú) e  em ecossistemas instáveis, onde nem todas as espécies dispersoras conseguirão desempenhar sua função durante o ano todo (neste caso o Teiú contribuirá aumentando o repertório de espécies disponíveis para dispersão de sementes).

Ameaças e Conservação

Status de conservação

A espécie Salvator merianae foi avaliada em 2014, e classificada no status Não ameaçada - menor risco (LC), pela Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN (União Internacional de Conservação da Natureza). Desta forma, a espécie é considerada estável, e pode estar associada a sua alimentação generalista e habitat tão variado, as populações vêm resistindo a diversas ameaças, como predação e caça.[3]

Conservação

A elaboração de Planos de Manejo é necessária para minimizar os riscos que as espécies estão sujeitas. Desta forma, os países da América do Sul (Bolívia, Paraguai e Argentina), possuem planos e programas, que possuem como objetivo monitorar as populações de lagartos do gênero Salvator em seus respectivos países. As pesquisas para a espécie são fortemente recomendadas, como por exemplo para, estimativas das populações existentes, que podem ser encontradas em áreas urbanas, rurais e protegidas[4] e também evitar que as populações sejam submetidas a um declínio. [3]

Ameaças

A maior ameaça para a espécie é pela demanda em obter suas peles (couros), consumo da carne e também para utilizá-los como pets, retirando os do seu habitat natural, processo no qual outras espécies de lagartos também estão submetidas. Como por exemplo, na década de 1980, que foi marcada pela comercialização anual de 1,9 milhões de pele do lagarto Tupinambis.[5] A comercialização ilegal do gênero Salvator, está sendo reduzida devido ao monitoramento do CITES (Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Silvestres Ameaçadas de Extinção) e também por países da américa do Sul, como Bolívia, Paraguai e Argentina, que possuem programas de planos de manejo[3].

Os atropelamentos de fauna são preocupantes para a sobrevivência da fauna. Dentre as espécies que se destacam nos maiores índices de atropelamentos e óbitos, S. merianae representa 11,48% do total de 64,86% dos dados obtidos sobre os répteis. Os fatores que puderam levar a essa elevada taxa, são devidas particularidades fisiológicas da espécie, que buscam ambientes com maiores temperaturas, além de sua elevada abundância. [6]

Potencial de invasor

Considera-se que a presença de espécies invasoras são um dos principais riscos à biodiversidade mundial. [7] Diversas problemáticas são associadas às espécies invasoras, como por exemplo, alteração na composição de espécies nativas, perda de diversidade genética, alterações nos processos ecológicos do ecossistema, entre outras que estão sujeitas a serem desencadeadas. [8]

Para os répteis, há uma elevada taxa na capacidade de se adaptar e resistir em ecossistemas dos mais variados, fato que colabora fortemente para que as espécies do grupo se tornem invasoras. A espécie S. merinae considerada o maior lagarto das Américas, é uma espécie onívora, generalista e oportunista, que traz grandes preocupações pois trata-se um grupo que pode desencadear impactos para outras espécies e desequilíbrios para o meio ambiente.[9][10]

Em 1950, o teiú foi introduzido propositalmente no arquipélago oceânico Fernando de Noronha, com o objetivo inicial de controlar populações de roedores e anfíbios, entretanto não foi previsto que os hábitos do teiú eram diurnos, diferentemente dos ratos e sapos, desta forma, a espécie buscou diversas estratégias para sobreviver, dentre elas, predar outras espécies, ovos de tartaruga e aves.[9]

Considerado uma grande ameaça às espécies nativas, devido ao seu potencial de predador oportunista. Programas de Manejo da Espécie são frequentemente avaliados, para mitigar os impactos que a espécie apresenta no local, e conservar a biodiversidade da ilha. Em 2015 o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Répteis e Anfíbios emitiu um boletim de avaliação sobre a espécie e seus impactos, foi estimado uma população de 8000 indivíduos na ilha.[10]

Hospedeiro de parasitas

Além dos potenciais impactos de invasão, os lagartos são considerados grandes hospedeiros de parasitas, responsáveis pela transmissão de doenças, que muitas vezes podem ser transmitidas para outras espécies e até mesmo para o ser humano. [10] Dentre as principais espécies que afetam os Teiús, são destacados os nematóides Aspronema dorsivitattum e Ophiodes striatus.[11]

Além disso, os helmintos Diaphanocephalus galeatus e Spinicauda spinicauda são frequentemente encontradas nos répteis, assim como outras espécies também encontradas como Centrorhynchus tumidulus, Cruzia travassosi, Oochoristica sp., Oswaldofilaria petersi, Physaloptera sp. Spinicauda spinicauda.[12][13][14]

Aspectos Culturais

Além disso, a banho do Teiú também é utilizada em superstições, sendo que há a crença que a parte posterior do animal tem o potencial de curar disfunções auditivas, quando introduzida no ouvido.

Estudos já avaliaram a capacidade antimicrobiana do extrato bruto da gordura do Teiú e concluíram que o produto foi eficaz no combate às bactérias Salmonella enterica e Pseudomonas aeruginosa. Entretanto a ação contra linhagens e Escherichia coli e Staphylococcus aureus foi irrelevante. Dessa forma é necessário a realização de muitos estudos para a confirmação da capacidade medicinal da gordura do Teiú. É importante salientar que a caça de qualquer espécie silvestre é proibida no Brasil, de acordo com a Lei Federal 5.197/1967. Dessa forma este verbete repudia o abate de animais para qualquer finalidade.


Ícone de esboço Este artigo sobre lagartos, integrado no Projeto Anfíbios e Répteis é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.
  1. «Reptile thermogenesis and the origins of endothermy». Zoology (em inglês) (5): 403–405. 1 de outubro de 2016. ISSN 0944-2006. doi:10.1016/j.zool.2016.03.001. Consultado em 4 de maio de 2021 
  2. Mesquita, Daniel O.; Colli, Guarino R.; Costa, Gabriel C.; França, Frederico G. R.; Garda, Adrian A.; Péres, Ayrton K. (junho de 2006). «At the Water's Edge: Ecology of Semiaquatic Teiids in Brazilian Amazon». Journal of Herpetology (2): 221–229. ISSN 0022-1511. doi:10.1670/123-05A.1. Consultado em 4 de maio de 2021 
  3. a b c Usfq), Diego F. Cisneros-Heredia (Universidad San Francisco de Quito; Santiago Carreira (Sección Zoología Vertebrados, Facultad de Ciencias & Museo Nacional de Historia Natural / Montevideo-Uruguay); Assessment), Lee Fitzgerald (SRLI Reptile; Teresa Avila-Pires (Museu Paraense Emílio Goeldi. Coordenação de Zoologia. Belém, Pará; Assessment), Norman Scott (SRLI Reptile; Moravec, Jiri; Fauna ), James Aparicio (Colección Boliviana de; Paraguay), Pier Cacciali (Instituto de Investigación Biológica del; Plata-CONICET), Federico Kacoliris (Museo de La (25 de novembro de 2014). «IUCN Red List of Threatened Species: Salvator merianae». IUCN Red List of Threatened Species. doi:10.2305/iucn.uk.2016-1.rlts.t178340a61322552.en. Consultado em 4 de maio de 2021 
  4. Embert, Dirk (2007). «Distribution, diversity and conservation status of Bolivian Reptiles». Consultado em 4 de maio de 2021  line feed character character in |titulo= at position 48 (ajuda)
  5. Mieres, M. Margarita; Fitzgerald, Lee A. (dezembro de 2006). «Monitoring and Managing the Harvest of Tegu Lizards in Paraguay». Journal of Wildlife Management (6): 1723–1734. ISSN 0022-541X. doi:10.2193/0022-541X(2006)70[1723:MAMTHO]2.0.CO;2. Consultado em 4 de maio de 2021 
  6. Deffaci, Angela Camila; Silva, Vânia Patrícia da; Hartmann, Marilia Teresinha; Hartmann, Paulo Afonso (28 de setembro de 2016). «Diversidade de Aves, Mamíferos e Répteis Atropelados em Região de Floresta Subtropical no Sul do Brasil». Ciência e Natura (3): 1205–1216. ISSN 2179-460X. doi:10.5902/2179460X22020. Consultado em 4 de maio de 2021 
  7. Doherty, Tim S.; Glen, Alistair S.; Nimmo, Dale G.; Ritchie, Euan G.; Dickman, Chris R. (4 de outubro de 2016). «Invasive predators and global biodiversity loss». Proceedings of the National Academy of Sciences (em inglês) (40): 11261–11265. ISSN 0027-8424. PMC PMC5056110Acessível livremente Verifique |pmc= (ajuda). PMID 27638204. doi:10.1073/pnas.1602480113. Consultado em 4 de maio de 2021 
  8. McGeoch, Melodie A.; Butchart, Stuart H. M.; Spear, Dian; Marais, Elrike; Kleynhans, Elizabeth J.; Symes, Andy; Chanson, Janice; Hoffmann, Michael (2010). «Global indicators of biological invasion: species numbers, biodiversity impact and policy responses». Diversity and Distributions (em inglês) (1): 95–108. ISSN 1472-4642. doi:10.1111/j.1472-4642.2009.00633.x. Consultado em 4 de maio de 2021 
  9. a b «Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - A caça aos ratos em Fernando de Noronha». www.icmbio.gov.br. Consultado em 4 de maio de 2021 
  10. a b c «AVALIAÇÃO DO IMPACTO DO TEIÚ (Salvator merianae) NA SAÚDE AMBIENTAL E CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE NO ARQUIPÉLAGO DE FERNANDO DE NORONHA» (PDF). BOLETIM DO RAN. 2015. Consultado em 4 de maio de 2021  |nome1= sem |sobrenome1= em Authors list (ajuda)
  11. Vieira, Fabiano Matos; Souza, Thais Teixeira de; Novelli, Iara Alves; Lima, Sueli Souza; Muniz-Pereira, Luís Cláudio; Sousa, Bernadete Maria de (12 de agosto de 2019). «Nematode parasites of lizards (Squamata, Sauria) from the Cerrado biome in the State of Minas Gerais, Brazil». Herpetology Notes (em inglês) (0): 855–863. ISSN 2071-5773. Consultado em 4 de maio de 2021 
  12. Melo, Victor. «Gastrointestinal parasites of Salvator merianae Duméril & Bibron, 1839 (Squamata, Teiidae) in the States of Ceará and Sergipe, Northeastern of Brazil». Herpetology Notes  line feed character character in |titulo= at position 58 (ajuda);
  13. VIEIRA, RENATA (2016). «HISTÓRIA NATURAL, ECOLOGIA POPULACIONAL E GENÉTICA DE Salvator merianae (Duméril & Bibron, 1839) (SQUAMATA, TEIIDAE) NO SUL DO BRASIL.» (PDF). Consultado em 4 de maio de 2021  line feed character character in |titulo= at position 54 (ajuda)
  14. Dutra-Vieira, Thainá; Fedatto-Bernardon, Fabiana; Müller, Gertrud (13 de junho de 2016). «Diaphanocephalus galeatus (Nematoda: Diaphanocephalidae), parasiteof Salvator merianae (Squamata: Teiidae) in southern Brazil». Revista Mexicana de Biodiversidad (em inglês) (2). ISSN 2007-8706. doi:10.1016/j.rmb.2016.04.010. Consultado em 4 de maio de 2021