Saltar para o conteúdo

Cooperativa Editora e de Trabalho de Porto Alegre: diferenças entre revisões

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
nova página: {{Info/Empresa |nome_empresa = Cooperativa Editora e de Trabalho de Porto Alegre (CETPA) |razao_social = Editora |fundacao = 1961 |fundador = Leonel Brizola |encerramento = 1963 |sede = Porto Alegre }} A '''Cooperativa Editora e de Trabalho de Porto Alegre''' ('''CETPA''') foi uma editora gaúcha criada em 1961 por Leonel Brizola e chefiada por José Geraldo, com o objetivo de nacionalizar as histórias em quadrinhos...
(Sem diferenças)

Revisão das 02h32min de 11 de dezembro de 2021

Cooperativa Editora e de Trabalho de Porto Alegre (CETPA)
Razão social Editora
Fundação 1961
Fundador(es) Leonel Brizola
Encerramento 1963
Sede Porto Alegre

A Cooperativa Editora e de Trabalho de Porto Alegre (CETPA) foi uma editora gaúcha criada em 1961 por Leonel Brizola e chefiada por José Geraldo, com o objetivo de nacionalizar as histórias em quadrinhos em solo brasileiro. Ela foi terminada em 1963.

Criação

Nos anos 60, o mercado de quadrinhos estava turbulento. Vários artistas brasileiros se viram em uma situação financeira difícil, principalmente por causa da preferência das editoras da época em publicar histórias em quadrinhos exportadas. O Brasil também havia passado por uma onda anti-quadrinhos. Entre outras coisas, se acreditava que os Estados Unidos estavam usando os quadrinhos como medida política para apagar os símbolos nacionais.

Em 1959, Jânio Quadros se elege presidente e passa a promover sua própria imagem usando quadrinhos. José Geraldo Barreto Dias, líder das uniões da Guanabara e do Rio de Janeiro, informou o presidente sobre a situação do mercado. Inspirado pelas leis de regulamentação dos quadrinhos passadas nos anos 50 nos Estados Unidos, a Comics Code Authority, Jânio Quadros passa a apoiar a nacionalização dos quadrinhos. Ele também teve apoio de Barbosa Lima Sobrinho, do PSB, que propôs a limitação de publicações de histórias estrangeiras como uma forma de censura aos quadrinhos americanos, por considerá-los violentos demais. Ele também propôs a geração de oportunidades de empregos para artistas e a defesa do quadrinho como ferramenta educacional.

Em 1961, o jornal Última Hora publicou uma reportagem afirmando que os Estados Unidos estavam monopolizando o mercado nacional de forma intencional. Ainda neste ano, a ADESP (Associação dos Desenhistas de São Paulo) foi criada. om liderança de Maurício de Sousa, inspirada nas políticas argentinas, a associação exigia uma cota de 30% nas revistas para artistas brasileiros. Após negociações, Jânio Quadros prometeu implementar uma cota de 60% e criou a ADAGER (Associação de Desenhistas e Argumentistas da Guanabara e do Estado do Rio), presidida por José Geraldo. A instituição insuflou ainda mais o discurso nacionalista. Em agosto, por influência da ADAGER, os gaúchos criaram o que futuramente seria a ADAG ( Associação de Desenhistas e Argumentistas Gaúchos).

Após a renúncia de Jânio Quadros, João Goulart assumiu a presidência. Nesse tempo, José Geraldo viajou ao Rio Grande do Sul por simpatizar com o movimento legalista e conheceu Leonel Brizola. Dias depois, Brizola viajou para o Rio de Janeiro e perguntou se José Geraldo gostaria de se juntar a uma editora pública que estava alinhada com as demandas feitas pelos artistas. João Gilberto aceitou e passou a recrutar outros artistas, membros da ADAGER, ADESP e ADAG.[1]

Influências

Os artistas da CEPTA foram muito influenciados por uma cultura de quadrinhos saturada por histórias americanas. Quando questionados sobre suas principais influências, a organização foi unânime em citar Alex Raynond e Hal Foster. Outras histórias como Mandrake, Príncipe Valente e Fantasma também foram citadas como prediletas pelos artistas. Eles liam essas histórias nas revistas O Gibi, Suplemento Juvenil e outras. Como as histórias americanas eram compradas na época por muito barato e distribuídas em massa, e também pelo meio em que tais histórias foram absorvidas pela sociedade brasileira, há uma confusão dentro do grupo com conceitos que são muito bem definidos nos Estados Unidos, como a diferença entre uma tirinha e uma revista em quadrinho. A CETPA aceitava a importância do quadrinho norte-americano e de Adolfo Aizen para o quadrinho nacional ao mesmo tempo que tecia críticas às revistas em circulação. No geral, havia um desprezo do grupo por histórias de super-heróis, com notória exceção de Júlio Shimamoto, que as via como uma arma política. Por conta deste nacionalismo, não é de se surpeender que o grupo tenha buscado inspirações no folclore local ao invés de usar a cultura dos super-heróis.[1]

Lista de quadrinhos publicados pela CETPA[2]

  • Aba Larga
  • Sepé
  • Tiradentes
  • História do Cooperativismo
  • História do Rio Grande do Sul
  • A Vida do Padre Reus
  • Zé Candango
  • Trombadinha [3]

Referências

  1. a b GOMES, Ivan Lima. «Recognizing Comics as Brazilian National Popular Culture: CETPA and the Debates over Comics Professional Identities (1961–1964)». PALGRAVE STUDIES IN COMICS AND GRAPHIC NOVELS. Cultures of Comics Work. 1: 96. Consultado em 7 de dezembro de 2021 
  2. Rocco, Luigi (3 de maio de 2019). «TIRAS Memory: CETPA - Cooperativa Editora e de Trabalho de Porto Alegre - 1961». TIRAS Memory. Consultado em 11 de dezembro de 2021 
  3. «quem é zegeraldo». APRESSADO PRA NADA. 10 de dezembro de 2009. Consultado em 11 de dezembro de 2021