Enigaldi-Nana: diferenças entre revisões

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{{Info/Nobre
{{Info/Nobre
| nome = Enigaldi-Nana
| imagem =
| título = Princesa da Babilônia
| nome = Enigaldi-Nana
| imagem = The Princess of Babylon and the Phoenix (cropped).png
| título = Princesa da Babilônia
| legenda = Uma princesa babilônica, pintada por [[Henry Justice Ford]] em 1913
| data de nascimento = {{-séc|VI}}
| sucessão = [[Sumo sacerdote|Suma sacerdotisa]] de [[Ur]]
| morte = {{-séc|VI}}
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| religião = [[Mitologia acadiana]]
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}}
}}
'''Enigaldi-Nana''' ([[Escrita cuneiforme|cuneiforme babilônico]]: [[Imagem:Ennigaldi-Nanna_in_Akkadian.png|120x120px]]<!--um arquivo de imagem é usado aqui já que atualmente não há codificação unicode ou fonte que suporte sinais neobabilônicos--> ''En-nígaldi-Nanna''),<ref>[http://oracc.museum.upenn.edu/ribo/babylon7/Q005431/sources Schaudig, AOAT 256 2.7; i 25], [[ORACC]]</ref> também conhecida como '''Bel-Salti-Nana'''{{efn|Às vezes (incorretamente) escrito ''Bel-shalti-narrar''.<ref name=":9">{{Cite web |title=Brooklyn Museum: Bel-Shalti-Narrar |url=https://www.brooklynmuseum.org/eascfa/dinner_party/heritage_floor/bel_shalti_narrar |access-date=2022-08-04 |website=www.brooklynmuseum.org}}</ref>}} e comumente chamada apenas de '''Enigaldi''',<ref name="Leon">{{Citar livro|último=León|primeiro=Vicki|url=https://archive.org/details/uppitywomenofanc00leon/page/36|título=Uppity Women of Ancient Times|data=1995|publicado=[[Conari Press]] |isbn=1-57324-010-9|páginas=[https://archive.org/details/uppitywomenofanc00leon/page/36 36–37]}}</ref><ref>{{Citar jornal|último=Moniz|primeiro=Melissa|data=2021|título=Source of Nostalgia and Archival Recreation: The South African Hellenic Archive|url=https://doi.org/10.1080/00043389.2021.1983244|jornal=De Arte|volume=56|issue=1|páginas=85|doi=10.1080/00043389.2021.1983244|issn=0004-3389}}</ref> foi uma princesa do [[Império Neobabilônico]] e suma sacerdotisa (''entu'') de [[Ur]]. Como a primeira ''entu'' em seis séculos, servindo como a "esposa humana" do deus-lua [[Nana (mitologia suméria)|Sim]], Enigaldi detinha grande poder religioso e político. Ela é mais famosa hoje por fundar um [[Museu de Enigaldi-Nana|museu]] em Ur por volta de {{AC|530|x}} O museu de Enigaldi exibiu artefatos catalogados e rotulados dos 1.500 anos anteriores da [[história da Mesopotâmia]] e é frequentemente considerado o primeiro museu da história mundial.<ref name=":2">{{Citar livro|último=Cohen|primeiro=Richard|url=https://books.google.com/books?id=Cw02EAAAQBAJ|título=Making History: The Storytellers Who Shaped the Past|data=2022|publicado=Simon and Schuster|isbn=978-1-9821-9580-9|páginas=487|língua=en}}</ref><ref name=":3">{{Citar livro|último=Grande|primeiro=Lance |url=https://books.google.com/books?id=ZZYtDwAAQBAJ|title=Curators: Behind the Scenes of Natural History Museums|data=2017|publicado=University of Chicago Press|isbn=978-0-226-19275-8|páginas=x|língua=en}}</ref><ref name=":4">{{Citar livro|último=Walhimer|primeiro=Mark|url=https://books.google.com/books?id=NO_5CQAAQBAJ|título=Museums 101 |data=2015|publicado=Rowman & Littlefield|isbn=978-1-4422-3019-4|páginas=6|língua=en}}</ref><ref name=":5">{{Citar livro|último=Quinn|primeiro=Therese |url=https://books.google.com/books?id=OwbZDwAAQBAJ|título=About Museums, Culture, and Justice to Explore in Your Classroom|data=2020|publicado=Teachers College Press|isbn=978-0-8077-6343-8|páginas=11–12|língua=en}}</ref>
'''Enigaldi-Nana''', também conhecida como '''Bel-Salti-Nana''', foi uma princesa babilônica. Era filha de [[Nabonido]] e irmã de [[Belsazar]].<ref>E. a. Budge Budge; Sir Ernest a. Wallis Budge ''O Livro da Caverna dos Tesouros -'' Ed. Cosimo, Inc. p - 278 , ( ISBN 978-1-59605-335-9 ).</ref> Ela era alta sacerdotisa em [[Ur]]. Ela foi chamada ''sacerdotisa de [[Nana (mitologia suméria)|Sim]]'' (o deus da lua na [[antiga religião mesopotâmica|religião mesopotâmica]]). Além disso ela era administradora da escola de sacerdotisas.


== Família ==
Ela recebeu o nome adicional de Nana quando se tornou alta sacerdotisa do deus Sim, também chamado de Nana, em {{AC|547|x}} Sua avó [[Adagupi]] também era sacerdotisa, mas havia morrido na época.<ref>{{Citar web|título=The Adad-Guppi Autobiography|url=http://dx.doi.org/10.1163/2211-436x_cos_acosb_1_147}}</ref>
Enigaldi era filha de [[Nabonido]], que governou como [[rei da Babilônia]] de 556 a {{AC|539|x}}<ref name="Leon" /> Ela tinha pelo menos três irmãos: o irmão [[Belsazar]] e as irmãs Ina-Esagila-risat e Akkabuʾunma.<ref>{{Citar livro|último1=Weiershäuser|primeiro1=Frauke|url=https://epub.ub.uni-muenchen.de/73674/1/RINBE2_OAPDF.pdf|título=The Royal Inscriptions of Amēl-Marduk (561–560 BC), Neriglissar (559–556 BC), and Nabonidus (555–539 BC), Kings of Babylon|último2=Novotny |primeiro2=Jamie|publicado=Eisenbrauns|ano=2020|isbn=978-1646021079|páginas=4}}</ref> Nabonido era genealogicamente desvinculado dos reis babilônicos anteriores, mas pode ter sido casado com uma filha do governante anterior [[Nabucodonosor II]] {{-nwrap|r.|605|562}}, o que tornaria Enigaldi e seus irmãos netos de Nabucodonosor.<ref>{{Citar livro|último=Wiseman|primeiro=Donald J.|título=The Cambridge Ancient History: III Part 2: The Assyrian and Babylonian Empires and Other States of the Near East, from the Eighth to the Sixth Centuries B.C.|publicado=Cambridge University Press|ano=2003|isbn=0-521-22717-8|editor-last=Boardman|editor-first=John|edition=2nd |local=|página=244|páginas=|capítulo=Babylonia 605–539 B.C.|autor-link=Donald Wiseman|editor-last2=Edwards|editor-first2=I. E. S.|editor-last3=Hammond |editor-first3=N. G. L.|editor-last4=Sollberger|editor-first4=E.|editor-last5=Walker|editor-first5=C. B. F.|capítulo-url=https://books.google.com/books?id=OGBGauNBK8kC&q=Neriglissar |orig-year=1991}}</ref> O nome de sua mãe é desconhecido, mas ela pode ter sido a figura lembrada na tradição posterior sob o nome [[Nitócris da Babilônia|Nitócris]].<ref>{{Citar jornal|último=Shea |primeiro=William H.|data=1982|título=Nabonidus, Belshazzar, and the Book of Daniel: an Update |url=https://digitalcommons.andrews.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=1547&context=auss |jornal=Andrews University Seminary Studies|volume=20 |issue=2|páginas=137–138}}</ref>


Nabonido tinha grande interesse pela [[arqueologia]]. Ele conduziu extensas escavações, incluiu mais alusões a governantes do passado em seus escritos do que a maioria dos outros reis, e é a primeira pessoa conhecida na história a tentar datar cronologicamente artefatos arqueológicos.<ref name=":6">{{Citar livro|último=Beaulieu|primeiro=Paul-Alain|url=https://www.jstor.org/stable/j.ctt2250wnt|título=Reign of Nabonidus, King of Babylon (556-539 BC)|publicado=Yale University Press|ano=1989|isbn=9780300043143|páginas=138–140, 230, 249|jstor=j.ctt2250wnt|oclc=20391775|autorlink=Paul-Alain Beaulieu}}</ref><ref>{{Citar livro|último=Silverberg|primeiro=Robert|url=https://books.google.com/books?id=ic2za8bZeYAC&pg=PR8 |título=Great Adventures in Archaeology|publicado=University of Nebraska Press|ano=1997|isbn=978-0803292475|páginas=viii}}</ref> O interesse de Enigaldi em arqueologia e história provavelmente se originou de seu pai.<ref name="Leon" />
== Legado ==
Junto com seu pai, [[Nabonido]], Enigaldi-Nana é conhecida por ser responsável pela primeira escavação controlada e exibição de museu. Acredita-se que ela ajudou a fundar uma série de museus relacionados às descobertas feitas por Nabonido.<ref>Ouzman, Sven. 2008. Imprints: an archaeology of identity in post-apartheid southern Africa. Thesis (Ph.D. in anthropology)--University of California, Berkeley, Fall 2008. page 36.</ref>


== Carreira ==
[[imagem:Ur-Nassiriyah.jpg|miniaturadaimagem|Museu de Enigaldi-Nana]]
=== Suma sacerdotisa ===
[[Imagem:Ziggurat of ur.jpg|left|thumb|Reconstrução do [[Zigurate de Ur]]]]
Em {{AC|547|x}},<ref name="Leon" /> Nabonido reviveu o cargo de ''entu'' ("suma sacerdotisa") de Ur, que estava vago desde a época de [[Nabucodonosor I]] no {{-séc|XII}}, e nomeou Enigaldi para este cargo.<ref name=":0">{{Citar jornal|último=Cousin|primeiro=Laura|data=2020|título=Sweet Girls and Strong Men: Onomastics and Personality Traits in First-Millennium Sources|url=https://www.jstor.org/stable/26977772|jornal=Die Welt des Orients|volume=50|issue=2|páginas=342|doi=10.2307/26977772|issn=0043-2547}}</ref> A ''entu'' era devota ao deus-lua [[Nana (mitologia suméria)|Sim]] (conhecido como Nana em tempos [[Suméria|sumérios]]) e era a sacerdotisa de mais alto escalão no país, supostamente divinamente eleita pelo próprio deus e revelada através de presságios. Todas as ''entu'' conhecidas eram de sangue real, tendo sido irmãs ou filhas de reis.<ref name=":1">{{Citar jornal|último=Weadock|primeiro=Penelope N.|data=1975|título=The Giparu at Ur|url=https://www.jstor.org/stable/4200011|jornal=Iraq|volume=37|issue=2|páginas=101–128|doi=10.2307/4200011|issn=0021-0889}}</ref> Nabonido foi supostamente inspirado a restaurar o cargo após um [[eclipse lunar]] parcial em {{AC|554|x}}, que ele interpretou como um presságio, e a descoberta de uma [[estela]] criada por Nabucodonosor I mostrando o investimento da filha daquele rei como ''entu''.<ref>{{Citar livro|último=Nielsen|primeiro=John P.|url=https://books.google.com/books?id=lx9WDwAAQBAJ|título=The Reign of Nebuchadnezzar I in History and Historical Memory |data=2018|publicado=Routledge|isbn=978-1-317-30048-9|língua=en|capítulo=3.3. Conclusions" and "6.2. Nebuchadnezzar I in the Neo-Babylonian Empire}}</ref> De acordo com Nabonido, ele selecionou Enigaldi como ''entu'' somente depois de ter aprendido através de uma longa [[adivinhação]] que ela era a escolha de Sim.<ref name=":1" /> O nome Enigaldi-Nana foi provavelmente assumido neste momento como seu nome de sacerdotisa, uma vez que significa "Nana solicita uma ''entu''".<ref name=":0" />


Como ''entu'', Enigaldi teria dedicado grande parte de seu tempo religioso à noite ao culto de Sim em uma pequena sala azul no topo do [[Zigurate de Ur]].<ref name="Leon" /> Sua residência oficial era um edifício chamado ''giparu'', localizado ao lado do zigurate. O ''giparu'' estava em ruínas há séculos, mas foi reconstruído para Enigaldi por ordem de Nabonido.<ref name=":1" /> A parte mais importante do papel religioso da ''entu'' era servir como a esposa humana do deus Sim e realizar ritos relacionados a este casamento sagrado. O que esses ritos implicavam é pouco conhecido. A ''entu'' também tinha que orar pela vida do rei, que servia como a encarnação viva da prosperidade da Babilônia, e tinha que fornecer conforto e adorno para a deusa [[Ningal]], a divina consorte de Sim. A ''entu'' também servia como administradora das consideráveis propriedades e riquezas pertencentes ao complexo do templo de Ur.<ref name=":1" /> Além desses deveres, Enigaldi também administrava, e possivelmente ensinava, uma escola para aspirantes a sacerdotisas de famílias babilônicas de classe alta. Quando Enigaldi se tornou ''entu'', esta escola estava em operação contínua há mais de oitocentos anos. A escola ensinava um dialeto de escriba especial para mulheres chamado ''[[Emesal]]''.<ref name="Leon" />
=== Museu ===
{{Artigo principal|Museu de Enigaldi-Nana}}
Enigaldi é conhecida pelos historiadores como o criadora do primeiro museu do mundo,<ref name="anzovin">{{Citar livro|url=https://archive.org/details/famousfirstfacts00anzo/page/69|título=Famous First Facts|ultimo=Anzovin|primeiro=Steven|ultimo2=Kane|primeiro2=Joseph Nathan|ultimo3=Podell|primeiro3=Janet|ano=1997|isbn=0-8242-0958-3|citação=The first museum known to historians was that of Ennigaldi-Nanna, the daughter of Nabu-na'id (Nabonidus), the last king to Babylonia|publicação=[[H.W. Wilson]]}}</ref><ref name="Harvey">Harvey, p. 20 ''Princess Ennigaldi-Nanna collected antiques from the southern regions of Mesopotamia, which she stored in a temple at Ur - the first known museum in the world. ''</ref> um museu de antiguidades.<ref>Gathercole, p. 12</ref>


=== curadora de Museu ===
A escola de sacerdotisas que Enigaldi operou por volta de {{AC|530|x}} era para mulheres jovens da classe alta. Enigaldi gastava muito menos tempo com castigos corporais porque tinha uma audiência cativa devotada, embora, de outro modo, sua escola se assemelhasse às outras [[Suméria|escolas de escribas sumérias]] em suas técnicas de ensino, [[currículo]] e equipamento dos alunos. As mulheres alfabetizadas de sua escola recebiam o ensino de um dialeto especial chamado [[Língua suméria|Emesal]].<ref name="Leon">{{Citar livro|url=https://archive.org/details/uppitywomenofanc00leon/page/36|título=Uppity Women of Ancient Times|último=León|primeiro=Vicki|data=1995|páginas=[https://archive.org/details/uppitywomenofanc00leon/page/36 36–37]|isbn=1-57324-010-9|publicação=[[Conari Press]]}}</ref>
{{Principal|Museu de Enigaldi-Nana}}
[[Imagem:Ur-Nassiriyah.jpg|thumb|Ruínas do [[Museu de Enigaldi-Nana]]]]
O reinado do pai de Enigaldi chegou ao fim quando o [[Império Neobabilônico]] foi conquistado por [[Ciro, o Grande]] do [[Império Aquemênida]] em {{AC|539|x}} Nabonido parece ter sido autorizado a viver e se aposentar em paz, talvez para [[Carmânia]].<ref name=":6" /> A mudança no governo não parece ter impactado a posição de Enigaldi em Ur desde que ela em {{AC|c=c|530|x}}<ref name=":2" /><ref name=":3" /><ref name=":4" /><ref>{{Citar livro|último=Wherry |primeiro=Frederick F. |url=https://books.google.com/books?id=kRwzCwAAQBAJ |título=The SAGE Encyclopedia of Economics and Society |último2=Schor|primeiro2=Juliet B.|data=2015|publicado=SAGE Publications|isbn=978-1-4522-1797-0|páginas=1135|língua=en}}</ref> fundou um museu contendo artefatos de antigas civilizações da Mesopotâmia, localizado a cerca de 150 metros a sudeste do zigurate.<ref name=":2" /> O museu de Enigaldi é frequentemente considerado o primeiro museu da história mundial.<ref name=":2" /><ref name=":3" /><ref name=":4" /><ref name=":5" />


Alguns dos objetos expostos podem ter sido escavados pessoalmente por Enigaldi e seu pai.<ref name="Leon" /><ref name=":5" /> A maioria dos artefatos datava do século XX a.C.,<ref name=":7">{{Citar livro|último=Nepo|primeiro=Mark|url=https://books.google.com/books?id=QNecDwAAQBAJ|título=More Together Than Alone: Discovering the Power and Spirit of Community in Our Lives and in the World|data=2019|publicado=Simon and Schuster|isbn=978-1-5011-6784-3|páginas=113|língua=en}}</ref> embora a coleção abrangesse um período de cerca de 1.500 anos<ref name=":8">{{Citar livro|último=Hopkins|primeiro=Owen|url=https://books.google.com/books?id=hodIEAAAQBAJ|título=The Museum: From its Origins to the 21st Century|data=2021|publicado=Frances Lincoln|isbn=978-0-7112-5457-2|páginas=43|língua=en}}</ref> (c. 2100–600 a.C.).<ref name=":3" /> Enigaldi desenvolveu um programa de pesquisa em torno da coleção de artefatos do museu<ref name=":3" /> e presumivelmente ela mesma era responsável por catalogar e rotular as coleções.<ref>{{Citar livro|último=Gartner|primeiro=Richard|url=https://books.google.com/books?id=2Z_VDAAAQBAJ|título=Metadata: Shaping Knowledge from Antiquity to the Semantic Web|data=2016|publicado=Springer|isbn=978-3-319-40893-4|páginas=15|língua=en}}</ref> Entre os itens expostos estavam artefatos que pertenceram a Nabucodonosor II,<ref name=":7" /> uma maça cerimonial, uma estela de fronteira [[kassita]] ([[Kudurru|''kudurru'']]), bem como uma estátua de [[Sulgi]], um famoso rei sumério de Ur {{-nwrap|r.|2094|2046}}, que foi cuidadosamente restaurada para preservar as inscrições nela.<ref name=":10">{{Citar web|último=Pryke|primeiro=Louise|data=2019-05-21|título=Hidden women of history: Ennigaldi-Nanna, curator of the world's first museum|url=http://theconversation.com/hidden-women-of-history-ennigaldi-nanna-curator-of-the-worlds-first-museum-116431|acessodata=2022-08-04|website=The Conversation|língua=en}}</ref> O museu incluía tabuletas de argila e cones com inscrições contendo descrições dos objetos (ou seja, etiquetas de museu) escritas em três idiomas diferentes,<ref name="Leon" /> incluindo [[Língua suméria|sumério]].<ref name=":10" /> O museu também foi equipado com tabuletas com os objetos expostos; os mais antigos catálogos de museus conhecidos.<ref name=":5" />
{{referências}}

O destino subsequente de Enigaldi é desconhecido.<ref name=":3" /> Acredita-se que ela tenha sido a última ocupante do cargo de ''entu''.<ref>{{Citar livro|último=Orlin|primeiro=Eric |url=https://books.google.com/books?id=dXH4CgAAQBAJ|título=Routledge Encyclopedia of Ancient Mediterranean Religions|data=2015|publicado=Routledge|isbn=978-1-134-62552-9|páginas=887|língua=en}}</ref> O museu de Enigaldi encerrou suas operações o mais tardar por volta de {{AC|500|x}};<ref name=":3" /> as mudanças nas condições climáticas (incluindo uma mudança no curso do [[rio Eufrates]], uma seca e a recessão do [[Golfo Pérsico]]) fizeram com que Ur declinasse rapidamente sob o domínio aquemênida e tornasse uma cidade desabitada naquela época.<ref name=":3" /><ref>{{Citar jornal|último=Romain|primeiro=William F.|data=2019|título=Lunar alignments at Ur: Entanglements with the Moon God Nanna |url=https://journal.equinoxpub.com/JSA/article/view/17542|jornal=Journal of Skyscape Archaeology|língua=en|volume=5|issue=2|páginas=154|doi=10.1558/jsa.39074|issn=2055-3498}}</ref>

== Legado ==
As ruínas do museu de Enigaldi foram descobertas pelo arqueólogo britânico [[Leonard Woolley]] durante as escavações do complexo do templo de Ur em 1925. Os objetos bem organizados de várias idades diferentes permitiram a Woolley identificar rapidamente o local como os restos de um museu.<ref name=":8" />

Enigaldi está entre uma das 998 mulheres historicamente impactantes homenageadas na obra de arte ''[[The Dinner Party]]'' de [[Judy Chicago]].<ref name=":9" />

{{notas e referências}}

[[Categoria:Dinastia caldeia]]
[[Categoria:Mulheres do século VI a.C.]]
[[Categoria:Mulheres do século VI a.C.]]
[[Categoria:Babilônios]]
[[Categoria:Sacerdotisas da Antiguidade]]
[[Categoria:Sacerdotes]]
[[Categoria:Sumérios]]
[[Categoria:Princesas]]
[[Categoria:Curadores]]
[[Categoria:Nascidos no século VI a.C.]]
[[Categoria:Nascidos no século VI a.C.]]
[[Categoria:Mortos no século VI a.C.]]
[[Categoria:Dinastia caldeia]]

Revisão das 02h20min de 28 de agosto de 2022

Enigaldi-Nana
Princesa da Babilônia
Enigaldi-Nana
Uma princesa babilônica, pintada por Henry Justice Ford em 1913
Suma sacerdotisa de Ur
 
Nascimento século VI a.C.
Morte século VI a.C.
Dinastia caldeia
Pai Nabonido
Mãe Nitócris (?)
Religião antiga religião mesopotâmica

Enigaldi-Nana (cuneiforme babilônico: En-nígaldi-Nanna),[1] também conhecida como Bel-Salti-Nana[a] e comumente chamada apenas de Enigaldi,[3][4] foi uma princesa do Império Neobabilônico e suma sacerdotisa (entu) de Ur. Como a primeira entu em seis séculos, servindo como a "esposa humana" do deus-lua Sim, Enigaldi detinha grande poder religioso e político. Ela é mais famosa hoje por fundar um museu em Ur por volta de 530 a.C. O museu de Enigaldi exibiu artefatos catalogados e rotulados dos 1.500 anos anteriores da história da Mesopotâmia e é frequentemente considerado o primeiro museu da história mundial.[5][6][7][8]

Família

Enigaldi era filha de Nabonido, que governou como rei da Babilônia de 556 a 539 a.C.[3] Ela tinha pelo menos três irmãos: o irmão Belsazar e as irmãs Ina-Esagila-risat e Akkabuʾunma.[9] Nabonido era genealogicamente desvinculado dos reis babilônicos anteriores, mas pode ter sido casado com uma filha do governante anterior Nabucodonosor II (r. 605–562 a.C.), o que tornaria Enigaldi e seus irmãos netos de Nabucodonosor.[10] O nome de sua mãe é desconhecido, mas ela pode ter sido a figura lembrada na tradição posterior sob o nome Nitócris.[11]

Nabonido tinha grande interesse pela arqueologia. Ele conduziu extensas escavações, incluiu mais alusões a governantes do passado em seus escritos do que a maioria dos outros reis, e é a primeira pessoa conhecida na história a tentar datar cronologicamente artefatos arqueológicos.[12][13] O interesse de Enigaldi em arqueologia e história provavelmente se originou de seu pai.[3]

Carreira

Suma sacerdotisa

Reconstrução do Zigurate de Ur

Em 547 a.C.,[3] Nabonido reviveu o cargo de entu ("suma sacerdotisa") de Ur, que estava vago desde a época de Nabucodonosor I no século XII a.C., e nomeou Enigaldi para este cargo.[14] A entu era devota ao deus-lua Sim (conhecido como Nana em tempos sumérios) e era a sacerdotisa de mais alto escalão no país, supostamente divinamente eleita pelo próprio deus e revelada através de presságios. Todas as entu conhecidas eram de sangue real, tendo sido irmãs ou filhas de reis.[15] Nabonido foi supostamente inspirado a restaurar o cargo após um eclipse lunar parcial em 554 a.C., que ele interpretou como um presságio, e a descoberta de uma estela criada por Nabucodonosor I mostrando o investimento da filha daquele rei como entu.[16] De acordo com Nabonido, ele selecionou Enigaldi como entu somente depois de ter aprendido através de uma longa adivinhação que ela era a escolha de Sim.[15] O nome Enigaldi-Nana foi provavelmente assumido neste momento como seu nome de sacerdotisa, uma vez que significa "Nana solicita uma entu".[14]

Como entu, Enigaldi teria dedicado grande parte de seu tempo religioso à noite ao culto de Sim em uma pequena sala azul no topo do Zigurate de Ur.[3] Sua residência oficial era um edifício chamado giparu, localizado ao lado do zigurate. O giparu estava em ruínas há séculos, mas foi reconstruído para Enigaldi por ordem de Nabonido.[15] A parte mais importante do papel religioso da entu era servir como a esposa humana do deus Sim e realizar ritos relacionados a este casamento sagrado. O que esses ritos implicavam é pouco conhecido. A entu também tinha que orar pela vida do rei, que servia como a encarnação viva da prosperidade da Babilônia, e tinha que fornecer conforto e adorno para a deusa Ningal, a divina consorte de Sim. A entu também servia como administradora das consideráveis propriedades e riquezas pertencentes ao complexo do templo de Ur.[15] Além desses deveres, Enigaldi também administrava, e possivelmente ensinava, uma escola para aspirantes a sacerdotisas de famílias babilônicas de classe alta. Quando Enigaldi se tornou entu, esta escola estava em operação contínua há mais de oitocentos anos. A escola ensinava um dialeto de escriba especial para mulheres chamado Emesal.[3]

curadora de Museu

Ver artigo principal: Museu de Enigaldi-Nana
Ruínas do Museu de Enigaldi-Nana

O reinado do pai de Enigaldi chegou ao fim quando o Império Neobabilônico foi conquistado por Ciro, o Grande do Império Aquemênida em 539 a.C. Nabonido parece ter sido autorizado a viver e se aposentar em paz, talvez para Carmânia.[12] A mudança no governo não parece ter impactado a posição de Enigaldi em Ur desde que ela em c. 530 a.C.[5][6][7][17] fundou um museu contendo artefatos de antigas civilizações da Mesopotâmia, localizado a cerca de 150 metros a sudeste do zigurate.[5] O museu de Enigaldi é frequentemente considerado o primeiro museu da história mundial.[5][6][7][8]

Alguns dos objetos expostos podem ter sido escavados pessoalmente por Enigaldi e seu pai.[3][8] A maioria dos artefatos datava do século XX a.C.,[18] embora a coleção abrangesse um período de cerca de 1.500 anos[19] (c. 2100–600 a.C.).[6] Enigaldi desenvolveu um programa de pesquisa em torno da coleção de artefatos do museu[6] e presumivelmente ela mesma era responsável por catalogar e rotular as coleções.[20] Entre os itens expostos estavam artefatos que pertenceram a Nabucodonosor II,[18] uma maça cerimonial, uma estela de fronteira kassita (kudurru), bem como uma estátua de Sulgi, um famoso rei sumério de Ur (r. 2094–2046 a.C.), que foi cuidadosamente restaurada para preservar as inscrições nela.[21] O museu incluía tabuletas de argila e cones com inscrições contendo descrições dos objetos (ou seja, etiquetas de museu) escritas em três idiomas diferentes,[3] incluindo sumério.[21] O museu também foi equipado com tabuletas com os objetos expostos; os mais antigos catálogos de museus conhecidos.[8]

O destino subsequente de Enigaldi é desconhecido.[6] Acredita-se que ela tenha sido a última ocupante do cargo de entu.[22] O museu de Enigaldi encerrou suas operações o mais tardar por volta de 500 a.C.;[6] as mudanças nas condições climáticas (incluindo uma mudança no curso do rio Eufrates, uma seca e a recessão do Golfo Pérsico) fizeram com que Ur declinasse rapidamente sob o domínio aquemênida e tornasse uma cidade desabitada naquela época.[6][23]

Legado

As ruínas do museu de Enigaldi foram descobertas pelo arqueólogo britânico Leonard Woolley durante as escavações do complexo do templo de Ur em 1925. Os objetos bem organizados de várias idades diferentes permitiram a Woolley identificar rapidamente o local como os restos de um museu.[19]

Enigaldi está entre uma das 998 mulheres historicamente impactantes homenageadas na obra de arte The Dinner Party de Judy Chicago.[2]

Notas e referências

Notas

  1. Às vezes (incorretamente) escrito Bel-shalti-narrar.[2]

Referências

  1. Schaudig, AOAT 256 2.7; i 25, ORACC
  2. a b «Brooklyn Museum: Bel-Shalti-Narrar». www.brooklynmuseum.org. Consultado em 4 de agosto de 2022 
  3. a b c d e f g h León, Vicki (1995). Uppity Women of Ancient Times. [S.l.]: Conari Press. pp. 36–37. ISBN 1-57324-010-9 
  4. Moniz, Melissa (2021). «Source of Nostalgia and Archival Recreation: The South African Hellenic Archive». De Arte. 56 (1). 85 páginas. ISSN 0004-3389. doi:10.1080/00043389.2021.1983244 
  5. a b c d Cohen, Richard (2022). Making History: The Storytellers Who Shaped the Past (em inglês). [S.l.]: Simon and Schuster. 487 páginas. ISBN 978-1-9821-9580-9 
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  8. a b c d Quinn, Therese (2020). About Museums, Culture, and Justice to Explore in Your Classroom (em inglês). [S.l.]: Teachers College Press. pp. 11–12. ISBN 978-0-8077-6343-8 
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