Almançor ibne Nácer

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
 Nota: Para outros significados, veja Almançor (desambiguação).
Almançor ibne Nácer
Emir hamádida
Reinado 1088 - 1105
Antecessor(a) Nácer
Sucessor(a) Badis
 
Nascimento século XI
Morte 1105
Descendência Badis
Abdalazize
Casa hamádida
Pai Nácer
Religião Islamismo

Almançor ibne Nácer (l-Mansur ibn al-Nasir) foi um emir do Reino Hamádida, governando de 1088 até sua morte em 1105. Era filho de Nácer (r. 1062–1088) e era pai de Badis (r. 1105) e Abdalazize (r. 1105–1121/1122 ou 1124/1125). Ascendeu ao trono em 1088 e logo em 1090, devido a crescente pressão dos árabes Banu Hilal, Almançor transferiu sua capital do Alcalá dos Banu Hamade para Bugia, que já havia sido modificada por seu pai. Pouco depois disso enfrentou a oposição de seu tio Belbar, cuja rebelião foi suprimida pelo emir Abu Iacni, que pouco depois também se rebelou contra Almançor e foi esmagado. Ao longo de seu reinado, enfrentou forte pressão das tribos árabes, do Império Almorávida do Magrebe Ocidental e do Reino Zírida da Ifríquia.

Vida[editar | editar código-fonte]

Almançor era filho do emir Nácer (r. 1062–1088) com Balara dos Banu Tamim e era pai de Badis e Abdalazize. Em 1088, quando ainda era jovem, sucedeu seu pai e seguiu firmemente seus passos e foi recipiente dos panegíricos de ibne Handis. Nos primeiros 2 anos de seu reinado, manteve a capital no Alcalá dos Banu Hamade, mas devido a forte pressão dos árabes Banu Hilal, em 1090/1091 mudou-a para Bugia.[1][2] Seu pai preparou a transferência ao modificar o porto de pesca da cidade que batizaria Nacíria e ela protegeu o emir de novos ataques por ser de difícil acesso aos salteadores. Porém, Almançor não abandonou completamente o Alcalá, onde fez novos palácios, e o reino ficou com duas capitais ligadas por uma estrada real.[3] O cronista do século XIII ibne Caldune descreveu que Bugia possuía prédios públicos, palácios, uma rede de distribuição de água e jardins.[4]

Ruínas do Alcalá dos Banu Hamade
Reino Hamádida no século XI

Ibne Caldune considerou Almançor como primeiro de sua linhagem a emitir moedas e que foi quem civilizou o Reino Hamádida, até então semi-nômade e totalmente carente do polimento dos badícidas de Cairuão.[1] Pouco tempo após sua ascensão, Almançor enfrentou a revolta de Balbar, um de seus tios e governador de Constantina. Enviou uma expedição para debelar a revolta sob Abu Iacni, filho do emir Alcaide ibne Hamade (r. 1028–1054), que por suas contribuições foi agraciado com o governo de Constantina e seu irmão Uiguelane recebeu Anaba;[3] noutra reconstrução Abu Iacni recebeu as duas cidades.[1] Em 1094, Abu Iacni rebelou-se e enviou seu irmão para Mádia com a missão de oferecer Anaba ao emir Tamim ibne Almuiz (r. 1062–1108), que aceitou e enviou seu filho Abul Futu para reinar com Uiguelane,[4] bem como incitou ataques do Império Almorávida do Magrebe Ocidental e os árabes.[1]

Almançor conseguiu recuperar Anaba e Constantina, obrigando Abu Iacni a fugir ao Orés, onde foi morto. Também conseguiu intervir no oeste, que desde 1080-1083 estava sob domínio do emir almorávida Iúçufe ibne Taxufine (r. 1061–1106) até Argel. De Tremecém, os almorávidas estavam atacando território sanhaja (grupo tribal berbere ao qual os hamádidas e zíridas pertenciam) com conivência dos zenetas, eles próprios incitados pelos Banu Macuque, apesar da relação deles por casamento com Almançor. Almançor puniu os Banu Macuque e investiu contra Tremecém, obrigando Iúçufe ibne Taxufine a pedir a paz. Os almorávidas logo quebraram a paz, mas foram novamente forçados a se retirar. Mais tarde, em algum momento provavelmente após 1091, Almançor foi derrotado por zenetas sob Macuque e foi obrigado a voltar para Bugia. Em retaliação, matou sua esposa, filha de Macuque, e saqueou Tremecém em 1103. Em 1104, uma tratado de paz hamádida-almorávida foi assinado e Almançor ficou livre para reprimir os zenetas do Magrebe Central. Faleceu em 1105 e foi sucedido por seu filho Badis.[1]

Referências

  1. a b c d e Idris 1986, p. 138.
  2. ibne Caldune 1854, p. 51.
  3. a b Marçais 1993, p. 250.
  4. a b ibne Caldune 1854, p. 52.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • ibne Caldune (1854). Histoire des Berbères et des dynasties musulmanes de l'Afrique Septentrionale Vol. 2. Traduzido por Slane, William Mac Guckin. Paris: Imprensa do Governo 
  • Idris, H. R. (1986). «Hammadids». The Encyclopedia of Islam, New Edition, Volume III: H–Iram. Leida e Nova Iorque: Brill. ISBN 90-04-09419-9 

Marçais, Georges (1993). E.J. Brill's First Encyclopaedia of Islam, 1913-1936, Volume 5. Traduzido por Houtsma, M. Th. Leida: Brill