Alter do Chão (vila)

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Alter do Chão

Alter do Chão é uma vila histórica portuguesa situada na freguesia e no município homónimos integrantes do Distrito de Portalegre, na região do Alentejo e sub-região do Alto Alentejo.[1]

É sede de um município com 362,07 km² de área[2] e 3 562 habitantes (2011).[3][4]

A Alter do Chão foi atribuido o estatuto de cabeça de concelho em 1232, por foral atribuido pelo Mestre Vicente, Bispo Chanceler de D. Sancho II, a quem estava entregue a acção povoadora do território da Diocese da Guarda, na qual Alter do Chão então se inseria.[5]

História[editar | editar código-fonte]

A área do primitivo do concelho era limitada atendendo ao Mestrado de Avis e ao Priorado do Crato – Hospitalários envolventes, e assim se manteve até ao séc. XIX. Torrejana já pertencia ao concelho de Seda, e este estava inserido na Ordem de Avis, assim como o concelho de Alter Pedroso. O concelho de Alter do Chão agregava apenas duas freguesias, a da sede e a de S. Bartolomeu do Reguengo.[5]

Outros reis concederam foral a Alter do Chão. Em 1270 deixa de estar sob a influência do Bispado da Guarda e recebe novo foral de D. Dinis, em 1293. Entre outros privilégios, D. Dinis estabelecia neste foral que Alter do Chão não seria dada em senhorio a ninguém.[5]

Em 1349 ocorre o episódio dos 12 Melhores de Alter, que mediante queixa ao rei se opuseram ao abuso do Direito de Aposentadoria por parte de um nobre, queixa que teve o atendimento do rei, mas pelo qual o nobre se iria vingar com a morte de alterenses.[5]

Uma lápide colocada sobre o portal de entrada do castelo refere a sua conclusão, em 22 de Setembro de 1359, por D. Pedro I. Possivelmente a reconstrução do Castelo teve o empenho do monarca, na sequência do referido episódio, para que Alter tivesse melhores condições de defesa.[5]

Na sequência da doação de Alter do Chão ao condestável Nuno Álvares Pereira (1360-1431), por D. João I, é desfeita a regalia que D. Dinis havia estabelecido da Vila não sair da coroa. Com o casamento, em 1401, da única filha de D. Nuno Álvares Pereira, D. Beatriz Pereira de Alvim, com D. Afonso I, Duque de Bragança, Alter do Chão entra no senhorio da Casa de Bragança. Uma lápide com inscrição de 1432, a referir a conclusão de obras no castelo ordenadas por D. Fernando, segundo Duque de Bragança, marca a propriedade deste pela Casa de Bragança.[5]

Em 1512, novo foral é outorgado por D. Manuel I. Chancelaria é elevada a concelho em 1518 com foral de D. Manuel. Em 1524 é fundada a Santa Casa da Misericórdia de Alter do Chão, que vai incorporar o Hospital de S. Domingos já existente na Vila. Em 1556 termina a construção do Chafariz Maneirista (Fontinha), obra de elevado valor artístico, que segundo o Tombo velho da Misericórdia de Alter do Chão, começou em 1555, sob o patrocinio da Casa de Bragança. Também sob o patrocínio desta Casa foi criado e construído o Convento de Santo António, tendo vindo a Alter, em 1617, o Duque D. Teodósio II e o seu filho João, Duque de Barcelos e futuro rei D. João para lançamento da primeira e segunda pedra.[5]

Com o propósito de fornecer cavalos para a picaria real, em 1747, na Coutada do Arneiro, é fundada a Coudelaria de Alter, com a designação de Reais Manadas. A eguada e garanhões eram propriedade da Coroa/Estado e a coutada era da Casa de Bragança/ Casa de família do Rei. Um cavalo AR, o Gentil, entre vários analisados, foi escolhido pelo escultor Machado de Castro para modelo do cavalo da estátua equestre de D. José I erguida em 1775 no Terreiro do Paço a marcar a renovação da baixa da cidade após o terramoto de 1755.[5]

A vila regista um progresso no final do séc. XVIII, patente nas obras realizadas, que permitiram a melhoria das condições de vida mediante o significativo reforço no abastecimento de água, com a construção de dois chafarizes (dos Bonecos e da Barreira) e melhoramentos na fonte do Vale da Pia.[5]

Em 1790 é publicada a lei de abolição das jurisdições senhoriais e com a extinção das ordens religiosas, e a reforma administrativa de 1836, no concelho de Alter do Chão são integrados o concelho de Seda e de Chancelaria como freguesias, aumentando significativamente a dimensão do concelho de Alter do Chão.[5]

Em 1899 uma carta de lei autoriza o emparcelamento da herdade municipal do Mato de Alter, o que vai permitir a entrega, em 1900, de 827 courelas a moradores da freguesia de Alter do Chão. Em 1900 o concelho de Alter do Chão, que para além das freguesias referidas agregava também a de Cabeço de Vide, tinha 7.997 habitantes, tendo a vila-sede 3.281.[5]

Património[editar | editar código-fonte]

Coudelaria[editar | editar código-fonte]

A Coudelaria de Alter do Chão foi criada em 1748, pelo rei D. João V de Portugal, sendo a mais antiga Coudelaria portuguesa, e a que tem um funcionamento ininterrupto mais antigo no mundo. A Coudelaria situada na Coutada do Arneiro, foi instalada e estruturada pelo rei D. José I. A Coudelaria criou outrora cavalos de tiro e de corrida. Hoje em dia, além de ter a importante função de preservar o património genético animal da raça lusitana é também um ponto de interesse turístico.

Educação[editar | editar código-fonte]

Em Alter do Chão existem várias escolas:

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Referências

  1. Localização no Google Maps [1]
  2. Instituto Geográfico Português (2013). «Áreas das freguesias, municípios e distritos/ilhas da CAOP 2013». Carta Administrativa Oficial de Portugal (CAOP), versão 2013. Direção-Geral do Território. Consultado em 28 de novembro de 2013. Arquivado do original (XLS-ZIP) em 9 de dezembro de 2013 
  3. INE (2012). Censos 2011 Resultados Definitivos – Região Alentejo. Lisboa: Instituto Nacional de Estatística. p. 96. ISBN 978-989-25-0182-6. ISSN 0872-6493. Consultado em 27 de julho de 2013 
  4. INE (2012). «Quadros de apuramento por freguesia» (XLSX-ZIP). Censos 2011 (resultados definitivos). Tabelas anexas à publicação oficial; informação no separador "Q101_ALENTEJO". Instituto Nacional de Estatística. Consultado em 27 de julho de 2013 
  5. a b c d e f g h i j k "História do Município" no portal do Município de Alter do Chão, [2]