Ambiente digital

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Ambiente digital é um espaço de interação remota, existindo em três tipos: entre sujeito-sujeito (como quando participamos de uma chamada de vídeo ou nos comunicamos por texto e áudio), sujeito-plataforma (como quando interagimos com mensagens pré-programadas em WhatsApp de conta comercial) e plataforma-plataforma (como quando no cruzamento e compartilhamento de dados entre aplicações). Essas interações são possibilitadas por intermédio das tecnologias de software e hardware, utilizando-se de interconexões viabilizadas pela internet.

Contextualização[editar | editar código-fonte]

Com a terceira revolução industrial, após a Segunda Guerra Mundial, inúmeros avanços tecnológicos sucederam-se até os dias atuais, como a robótica, genética, informática, telecomunicações, eletrônica, etc. Dentre os tais, a internet e seus fenômenos.

Criada em 1969, a Arpanet (como até então se chamava) interligava laboratórios de pesquisa nos Estados Unidos e pertencia ao Departamento de Defesa norte-americano, garantido a comunicação entre militares e cientistas.[1]

Em 1982, agora com o nome de internet, a tecnologia de rede começou a expansão para outros países, tendo seu uso comercial liberado em 1987. Uma década depois, o Laboratório Europeu de Física e Partículas inventou a World Wide Web, comportando inserção de informações e dados acessíveis a qualquer usuário conectado em qualquer parte do mundo.[1]

Como o mundo atual cada vez mais informatizado e dinâmico, eclodem com amplitudes outrora inimagináveis, os ambientes digitais.

Terminologia[editar | editar código-fonte]

Segundo o dicionário Michaelis, a palavra “ambiente[2] (do latim lat ambiens) pode fazer referência àquilo que envolve ou circunda os seres vivos ou coisas e constitui o meio em que se encontram. Ainda segundo o mesmo dicionário, a palavra “digital[3] (do latim lat digitalis) pode fazer menção (dentre outros significados) a computador que opera com quantidades numéricas ou informações expressas por algarismos, bem como a dispositivo que opera com valores binários.

Poderíamos encontra a significação para o termo “ambientes digitais” naquilo a que se refere às plataformas virtuais criadas a partir de algoritmos computacionais e eletrônicos numa linguagem informatizada, seguindo parâmetros lógicos de programação binária para fim de uma interação responsiva, irrompendo dos espaços físicos que nos rodeiam.

Ambientes digitais e suas propriedades[editar | editar código-fonte]

Os ambientes digitais proporcionam interatividade e possibilidades quase que infinitas de exploração, pesquisa e navegabilidade. Segundo a autora Janet Murray, esses ambientes possuem quatro propriedades: procedimental, participativa, espacial e enciclopédica.[4]

Procedimental[editar | editar código-fonte]

São procedimentais, pois há uma série de regras pré-programadas para que se comportem de maneira complexa e aleatória, reagindo aos comandos de seus usuários através de mecanismos de inteligência computacional.

Participativa[editar | editar código-fonte]

São participativos, apresentando uma variedade de escolhas por meio de ramificações, menus e links, possibilitando interações diversas. O ambiente digital é programado para assimilar e corresponder ao comportamento do usuário, dado a este, a depender da plataforma, determinado leque de interações possíveis.

Espacial[editar | editar código-fonte]

São espaciais, já que seus espaços são navegáveis e podemos nos mover dentro deles.

Enciclopédica[editar | editar código-fonte]

São enciclopédicos, comportando o armazenamento de dados e informações em quantidade gigantesca, podendo ser acessível em qualquer parte do mundo se compartilhados na internet.

Ambientes digitais e os gêneros textuais[editar | editar código-fonte]

O mundo informatizado da sociedade contemporânea exige dos indivíduos não somente habilidades para o uso dos recursos tecnológicos, como também para comunicar-se com eficiência, transitando pelos variados gêneros que circulam nos ambientes digitais, segundo os elementos textuais que os constituem. Com o avanço das TICs, surgem novas práticas de leitura e escrita, propiciadas principalmente pelos usos do computador e do smartphone, associados à internet. Essas novas práticas comunicacionais contam, além do processo de leitura e escrita, com a presença de recursos multisemióticos e multimidiáticos[5], incorporando imagens, sons, vídeos e links. Conforme os estudos de Mikhail Bakhtin, os gêneros discursivos são fenômenos sociais concretos e únicos, constituídos historicamente nas atividades humanas, caracterizados por uma forma básica mais ou menos estável, porém, suscetível a determinadas modificações e adaptações[6]. Deste modo, o ambiente digital proporcionou o surgimento dos gêneros digitais, alguns como novos, outros como reformulação e variação de outros. Todavia, se personificam nas telas em forma de hipertexto[nota 1].

Exemplos de gêneros digitais[editar | editar código-fonte]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Notas

  1. Lemke (1998, apud ROJO, 2007) define hipertexto como aquele que permite que saltemos de um texto a outro e de um ponto de saída a múltiplos portos de ancoragem, por meio da inserção de linkagens permitidas em ambiente digital.[7]
  2. Forma substantiva do verbo “ to post”, em inglês, refere-se a uma entrada de texto efetuada num weblog/blog. Podem ser construídos multissemioticamente, pois, atualmente, a maioria dos blogs é compatível com o recurso de inserção de imagens, vídeos e áudio, além do próprio texto. COSTA, Sérgio Roberto. Dicionário de gêneros textuais. 3 ed. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2014.

Referências

  1. a b «Folha Online - Cotidiano - Internet foi criada em 1969 com o nome de "Arpanet" nos EUA - 12/08/2001». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 6 de julho de 2022 
  2. «Ambiente». Michaelis On-Line. Consultado em 6 de julho de 2022 
  3. «Digital». Michaelis On-Line. Consultado em 6 de julho de 2022 
  4. Monteiro, Ana Catarina (31 de dezembro de 2019). «O Documentário Interativo em Ambientes Digitais: uma Taxonomia do Género Baseada em Modos de Imersividade». Interações: Sociedade e as novas modernidades (37): 58–83. ISSN 2184-3929. doi:10.31211/interacoes.n37.2019.a3. Consultado em 16 de julho de 2022 
  5. Freitas, Maria Teresa (dezembro de 2010). «Letramento digital e formação de professores». Educação em Revista: 335–352. ISSN 0102-4698. doi:10.1590/S0102-46982010000300017. Consultado em 16 de julho de 2022 
  6. ABREU, Márcia Luiza; MURTA, Cláudia Almeida R.; SILVA, Flávio Martins. Enciclopédia x Wikipedia: igualdade na diversidade?. p. 174-189.«v. 7 n. 12 (2010): Estudos do Discurso | Revista Letra Magna». Consultado em 16 de julho de 2022 
  7. Rojo, Roxane (junho de 2007). «Letramentos digitais: a leitura como réplica ativa». Trabalhos em Linguística Aplicada: 63–78. ISSN 2175-764X. Consultado em 16 de julho de 2022 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]