Aquela Coisa Toda

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Aquela Coisa Toda
Aquela Coisa Toda
Elenco Evandro Mesquita, Luiz Fernando Guimarães, Patrícya Travassos, Perfeito Fortuna, Regina Casé
Direção Hamilton Vaz Pereira
Gênero Comédia Drama
País  Brasil

Aquela Coisa Toda foi a quarta peça de teatro do grupo Asdrúbal Trouxe o Trombone. A peça além de abordar a temática da experiência de vida dos atores (como a peça anterior Trate-me Leão), trazia a inspiração da filosofia de Nietzsche e das viagens pelo Brasil. A apresentação era intensa e lembrava o balé, falando do teatro e seus estilos. O humor e a informalidade continuavam a ser uma característica predominante do espetáculo.

Após realizar um intervalo depois do grande sucesso da peça Trate-me Leão, o grupo Asdrúbal começou a elaborar um novo espetáculo, incorporando colaboradores como Chacal, José Lavigne e Vicente Pereira. Hamilton Vaz Pereira propôs a entrada de novos atores no Asdrúbal, porém a tentativa de formação de um novo elenco não funcionou no entrosamento do grupo. Isso gerou desentendimentos e Nina de Pádua deixou o Asdrúbal junto com os integrantes novos. A peça demorou o ano inteiro de 1979 para ser elaborada, e os integrantes sofreram a pressão de reproduzir o sucesso da peça anterior. Com o tempo, a elaboração da peça foi ficando mais definida e bem construída. Perfeito Fortuna propôs o nome Aquela Coisa Toda, “algo que ninguém define, mas sabe que existe”. Hamilton gostou das iniciais que formavam act (ação em inglês), e o nome ficou.

Aquela Coisa Toda estreou no Teatro Dulcina em 14 de janeiro de 1980. O espetáculo era longo e complexo. Logo na estreia, quase a metade da plateia abandonou o teatro ao longo do espetáculo. As críticas iniciais foram bem ruins. Yan Michalski, por exemplo, escreveu um artigo duro de uma página inteira no Jornal do Brasil com o título “aquele impasse todo”.

A peça teve um percurso difícil. A saraivada de críticas ruins e a estreia, que os assustou. Era um espetáculo que necessitava de ajustes para se adaptar junto ao público. De acordo com Regina Casé, o Asdrúbal só não terminou ali “porque o grupo tinha uma energia acumulada muito grande”. A peça foi sendo feita e refeita de acordo com a inteiração com o público, com cenas enxugadas ou cortadas. Depois das reformas, o espetáculo foi ficando mais enxuto e conciso, ganhando elogios. Destacavam-se cenas como o quadro Contatos Imediatos, na qual o grupo simulava um debate pós-espetáculo, imitando com ironia a crítica e os próprios atores.

Após o término da peça, Hamilton propôs a criação de cursos no Parque Lage. Nesse processo de criação e renovação, o grupo deu a origem a novos projetos culturais, que inspiraram, por exemplo, a formação da BLITZ, o nascimento do Circo Voador e o grupo de teatro Banduendes Por Acaso Estrelados.

Ficha Técnica[editar | editar código-fonte]

Histórico de encenações[editar | editar código-fonte]

A peça ficou em cartaz durante os anos 1980 e 1981. Aquela Coisa Toda foi encenada no Rio de Janeiro (Teatro Dulcina, Teatro Ipanema e Parque Lage), Paraty, Salvador, Porto Alegre e São Paulo. Aquela Coisa Toda fez um percurso pelo Brasil similar à peça Trate-me Leão e viajou pela região sul, nordeste e centro-oeste, destacando-se um espetáculo a céu aberto em Brasília.

Opiniões[editar | editar código-fonte]

"Aquela Coisa Toda foi uma das minhas mais intensas experiências como espectador de teatro. (...) O palco de repente ficava nu, enquanto eles (os atores) surgiam em pontos dispersos da plateia para lançar perguntas aos integrantes do grupo. Essas perguntas eram cômicas, tocantes, embaraçosas: e o palco vazio e silente deixava-nos com um espaço aberto na mente, um pouco assustados, um pouco melancólicos, como na experiência de certos poemas. Quando a situação de repente se invertia e os atores se amontoavam no palco e respondiam perguntas que não se ouviam, o silêncio da plateia saía de cada espectador como se fosse uma exposição de suas responsabilidades.”

“Eu sofri porque dizia o tempo todo para mim e para eles que o espetáculo era lindo q eles faziam duvidando da coisa. A minha dor era essa. No entanto, eles foram lindos porque fizeram até o último espetáculo, podiam ter parado ali, levado uns trancos da imprensa, ter terminado mal como terminamos no Ubu.”

“O Jabor falava uma coisa engraçada. Aquela Coisa Toda parecia uma cebola que a gente ia descascando, aí chorava, aí ria, mas nunca acabava, tinha sempre mais alguma coisa”

“No fim, Aquela Coisa Toda tinha uma força igual ao Trate-me Leão. Não tinha a mesma força porque o Trate-me tinha uma coisa de novidade e era mais porradão (...), e Aquela Coisa Toda era mais lúdico, mais poético.(...) Aquela Coisa Toda começou muito frio, muito estranho, e foi se transformando. Foi um espetáculo feito em cena.”

Referências

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • HOLLANDA, HELOISA BUARQUE DE (2004). Asdrúbal Trouxe o Trombone, memórias de uma trupe solitária de comediantes que abalou os anos 70 1ª ed. [S.l.]: Aeroplano. 236 páginas. ISBN 8586579564 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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