Brites Fernandes

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Brites Fernandes
Outros nomes A velha, Alcorcovada
Nascimento 1539
Viana do Castelo, Reino de Portugal
Morte Após 1604
Lisboa, Reino de Portugal
Nacionalidade Portugal Portugal
Progenitores Mãe: Branca Dias
Pai: Diogo Fernandes Santiago

Brites Fernandes, cujo nome também aparece grafado como Beatriz e Breatiz, nascida por volta de 1539, na cidade portuguesa de Viana do Castelo, foi uma das muitas vítimas do Santo Ofício de Lisboa.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Doente mental e fisicamente deformada (por isso o apelido de alcorcovada), Brites Fernandes é fruto da união do casal de marranos Branca Dias e Diogo Fernandes Santiago. Ainda criança, Brites foge com sua mãe para a Capitania de Pernambuco, onde morava seu pai, a fim de evitar a Inquisição, que perseguia sua família. Tem uma vida longa e relativamente tranquila em Olinda, a despeito de suas deficiências. Após a morte de sua mãe, passa a ser tutelada pelos irmãos, uma vez que jamais se casou e era incapaz de cuidar de si mesma[1][2].

Quando Heitor Furtado de Mendonça, inquisidor, chega a Pernambuco, prende Brites - justamente a mais frágil, em decorrência da deficiência mental e do fato de, diferente de suas irmãs, não ser casada com um homem influente. Dada a sua posição vulnerável, vem denunciada por diversos cidadãos de Olinda[3]. A prisão de Brites em Olinda ocorre em 28 de agosto de 1595, em Pernambuco. É conduzida de volta a Portugal e encarcerada no dia 19 de janeiro de 1596, onde, após sessões de tortura e inquisição que se prolongam por quatro anos, termina por denunciar suas próprias irmãs e sobrinhos. Em 30 de outubro de 1599, Brites é enfim solta em Lisboa, onde é submetida a um auto de fé e condenada a trajar um hábito penitencial perpétuo. No mesmo auto de fé, participaram os também condenados Ruy Gomes e Bento Teixeira. Em 08 de novembro de 1602, Brites - já quase cega - implora ao Santo Ofício que a libere da obrigação de vestir o hábito penitencial que a marca como judia e impede que as pessoas lhe dêem esmolas. Argumenta que não tem parentes que cuidem dela. Tem seu pedido negado. Em 12 de março de 1604, é enfim atendida, e dela nada mais se sabe[4]. Morre em ano desconhecido, em Portugal.

Referências

  1. Cândido Pinheiro Koren de Lima. Branca Dias, Tomo I (Recife: Fundação Gilberto Freyre, 2012, páginas 47-54). [S.l.: s.n.] ISBN 978-85-85197-21-6 
  2. Suzana do Nascimento Veiga (30 de junho de 2018). «Criptojudaismo Tropical: a religiosidade da quarta geração dos Dias-Fernandes de Pernambuco e a Inquisição Portuguesa». Revista Faces da História (UNESP). Consultado em 6 de junho de 2020 
  3. Heitor Furtado de Mendonça. Denunciações e Confissões de Pernambuco 1593-1595 (Recife: Governo do Estado de Pernambuco, 1984, páginas 45, 55, 56, 149, 150, 152, 182). [S.l.: s.n.] 
  4. «Torre do Tombo: Processo de Beatriz Fernandes». 1595. Consultado em 6 de junho de 2020