Cemitério dos Ingleses (Rio de Janeiro)

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British Burial Ground
Cemitério dos Ingleses

A capela do cemitério, em meio a alguns jazigos.

País
Localização
Área
4 mil m²
Tipo
Particular
Administração
Entrada em serviço
15 de janeiro de 1811 (213 anos)
Estatuto patrimonial
bem tombado pelo INEPAC (d) ()Visualizar e editar dados no Wikidata
Find a Grave
Coordenadas
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O British Burial Ground, mais conhecido como Cemitério dos Ingleses, é uma necrópole particular, de orientação originalmente protestante, localizada no bairro da Gamboa, na cidade do Rio de Janeiro. Fundado em 1811, é o cemitério a céu aberto mais antigo do Brasil ainda em atividade.

História[editar | editar código-fonte]

Pintura por Maria Graham (Maria Callcott) em 1823.

Com a chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil e logo após a promulgação do Decreto de Abertura dos Portos às Nações Amigas, em 1808, houve um grande afluxo de cidadãos britânicos ao País, em especial ao Rio de Janeiro, na época a capital colonial elevada à condição de corte. Estes britânicos eram, em sua maioria, anglicanos e protestantes, portanto impedidos de serem sepultados no interior e no adro de igrejas católicas, como era habitual.

Pensando nisso, a representação britânica no Brasil solicitou ao Príncipe Regente Dom João, em 1810, como parte do Tratado de Amizade e Comércio Portugal-Inglaterra, o estabelecimento de um cemitério e de um templo anglicano na cidade. Naquele mesmo ano, Lord Strangfort adquiriu as terras pertencentes à antiga chácara de Simão Martins de Castro, chamada "Forno do Cal". As terras se localizavam em uma encosta do Morro da Gamboa, à beira-mar, em um local então considerado distante da cidade. A propriedade do terreno de 4 mil m² só foi cedida ao uso funerário dois anos depois,[1] com seu primeiro enterramento registrado em 15 de janeiro de 1811. Inicialmente, o cemitério possuía um atracadouro próprio, situado no então "Saco da Gamboa", para o desembarque dos oficiais e marinheiros ingleses que morriam nas longas travessias do Atlântico.[2]

Em pouco tempo se tornou um local bucólico, atraindo proprietários para as terras vizinhas, que transformaram as imediações em uma área valorizada. Debruçado sobre a baía de Guanabara, o cemitério serviu de cenário para vários artistas, que retrataram e descreveram suas belas paisagens. Maria Graham, viajante e escritora inglesa, assim descreveu em seu diário o local, em 29 de setembro de 1823:

Fui hoje, a cavalo, ao cemitério protestante, na Praia da Gamboa, que julgo um dos lugares mais deliciosos que jamais contemplei, dominando lindo panorama em todas as direções. Inclina-se gradualmente para a estrada ao longo da praia; no ponto mais alto, há um belo edifício constituído por três peças: uma serve de lugar de reunião ou às vezes de espera para o pastor; uma de depósito para a decoração fúnebre do túmulo e o maior, que fica entre os dois, é geralmente ocupado pelo corpo durante as poucas horas (pode ser um dia e uma noite) que, neste clima, podem decorrer entre a morte e o enterro; em frente deste edifício ficam as várias pedras e urnas e os vãos monumentos que nós erguemos para relevar nossa própria tristeza; entre estes e a estrada, algumas árvores magníficas. Três lados deste campo são cercados por pedras ou grades de madeira. Na minha doença, muitas vezes entristecia-me por não conhecer este cemitério. Estou agora satisfeita e, se a fraqueza que ainda me resta, atirar-me aqui, os muito poucos que vierem ver onde jaz a amiga não sentirão o aborrecimento da prisão[3].

A partir do Século XX, com o aterramento para a construção do Porto do Rio de Janeiro, a região perdeu a vista para o mar e o bucolismo que a caracterizava. Ao longo dos anos, toda Zona Portuária sofreu com a decadência, a industrialização e a favelização das imediações, tornando o acesso ao cemitério pouco seguro.

O cemitério foi tombado pelo Governo Estadual, e atualmente é administrado pela representação diplomática britânica, sob a fiscalização da Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro. São permitidos os sepultamentos de falecidos de quaisquer nacionalidades e religiões.

Túmulo de Selina Scully (1874). Tua memória perdura.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

Ligações externas[editar | editar código-fonte]