Cerco de Guimarães

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Cerco de Guimarães
Revolta de 1127

O castelo de Guimarães
Data Primavera de 1127
Local Guimarães, Portugal
Desfecho Levantamento do cerco por Afonso VII de Leão.
Beligerantes
Condado Portucalense Coroa de Leão
Comandantes
Afonso Henriques
  • Soeiro Mendes de Sousa[1]
Afonso VII de Leão

O Cerco de Guimarães foi um episódio militar ocorrido em 1127, entre forças portuguesas e forças leonesas de Afonso VII, que naquele ano marchou sobre o Condado Portucalense e atacou o castelo de Guimarães, sede de D. Afonso Henriques e dos nobres portugueses que se haviam revoltado nesse ano contra a autoridade da condessa D. Teresa.

Contexto[editar | editar código-fonte]

Depois da morte do conde D. Henrique, assumiu a sua viúva D. Teresa o governo do condado durante a menoridade do seu filho Afonso Henriques. Em 1125 este armou-se cavaleiro na Catedral de Zamora.[2]

Ressentidos com a proximidade de D. Teresa ao conde de Trastâmara Fernão Peres de Trava seu influente amante e ao favoritismo que demonstrava para com a nobreza galega, que apoiava os seus desígnios de vir a reinar como rainha independente, em 1127 revoltou-se a nobreza portuguesa de Entre-Douro-e-Minho, que se declarou a favor do infante D. Afonso Henriques, a esta data com dezasseis ou dezassete anos.[2]

Ante a revolta dos nobres portugueses, o rei Afonso VII reuniu as suas hostes e, ao comando das suas tropas, dirigiu-se em pessoa a Portugal para restabelecer a sua tia no pleno governo do condado. A campanha do rei tinha o apoio do bispo de Compostela Diego Gelmires bem como da maioria da nobreza Galega.[3]

O cerco[editar | editar código-fonte]

Transpostas as fronteiras portuguesas, sucederam-se alguns cercos e combates.[3] As terras de Guimarães, cujo castelo era sede dos condes de Portugal, haviam-se declarado a favor de D. Afonso Henriques e sobre este castelo de fulcral importância, onde por então se encontrava o infante, se focou Afonso VII de Leão, que para lá se dirigiu rapidamente.[3] Em Guimarães dar-se-ia o desfecho da campanha.

Cercada a cidade e vendo-se incapazes de resistir, os partidários de D. Afonso Henriques decidiram pedir a paz a Afonso VII em nome do jovem infante.[3]

Mediante acordo negociado por Egas Moniz, o rei D. Afonso VII abandonou o cerco sem tomar posse do castelo, em troca da garantia de que os nobres portugueses deporiam as armas e Afonso Henriques cumpriria de futuro os seus deveres enquanto vassalo de Leão, ficando Egas Moniz como fiador.[2][4] Por um lado significava isto terem-se evitado represálias graves, por outro significava ter a revolta falhado pois D. Teresa mantinha-se no governo.

D. Teresa também sofreu represálias da parte de Afonso VII e perdeu algumas terras que adquirira a norte do rio Minho.[3]

Reposta a ordem e pouco interessado nas disputas entre D. Afonso Henriques e a sua mãe, após terem os dois reconhecido o rei de Leão como suserano retirou-se este do território pela Galiza.[3]

Consequências[editar | editar código-fonte]

Durou seis semanas a campanha de Afonso VII em Portugal.[3] Teve esta impacto profundo, pois entre a sociedade condal cresceram os ressentimentos contra D. Teresa e o seu favorito galego a quem se imputou as culpas pelo desaire militar e quem antes tolerara o conde de Trastâmara agora passou a vê-lo como um obstáculo.[3] Entre os partidários de Afonso Henriques porém, crescia a esperança no futuro.[3]

Não logrou o D. Afonso VII pacificar os nobres portugueses por muito tempo. No ano seguinte revoltar-se-iam novamente contra D. Teresa e D. Fernão Peres de Trava e derrotariam as suas tropas na Batalha de São Mamede, sendo escorraçados de Portugal. Assumiria então D. Afonso as rédeas do governo condal.

Notas[editar | editar código-fonte]

O castelo de Guimarães deve a sua forma actual a uma reforma profunda na segunda metade do séc. XIII e do castelo que em 1127 enfrentou o cerco imposto por Afonso VII restam apenas alguns vestígios na muralha a norte, virada ao Campo de S. Mamede, cuja base apresenta pedras diferentes e de maior dimensão.[5]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. João Carlos Feo Cardoso de Castelo Branco e Torres, Augusto Romano Sanches de Baena e Farinha de Almeida Sanches de Baena: Memorias historico-genealogicas dos duques portuguezes do seculo XIX, Volume 1 p.130.
  2. a b c Francisco da Fonseca Benevides: Rainhas de Portugal: estudos historico com muitos documentos, Volume 1, Typographia Castro Irmão, Lisboa, 1878, pp. 69-70.
  3. a b c d e f g h i H. V. Livermore: A History Of Portugal, Cambridge University Press, 1947, p. 59.
  4. Antonio José Ferreira Caldas: Guimarães: Apontamentos Para A Sua História, Volume 2, Typ. de A.J. da Silva Teixeira, Porto, 1881, p. 240.
  5. Castelo de Guimarães in pacodosduques.gov.pt