Cirurgia a laser

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Cirurgia a laser

Uma cirurgia a laser é um tipo de cirurgia onde o cirurgião utiliza instrumentos que emitam lasers para realizar o corte de tecidos ao invés do bisturi.

As cirurgias a laser são geralmente realizadas na área da oftalmologia. Técnicas que utilizam laser incluem o LASIK, a ceratectomia fotorrefrativa (PRK), a ceratectomia fototerapêutica (PTK) e, mais recentemente, técnicas minimamente invasivas como o SMILE. São comumente utilizadas para o tratamento dos distúrbios da refração (miopia, hipermetropia e astigmatismo), bem como da presbiopia. Também são utilizados para correção de doenças que acometem o fundo de olho, como a degeneração macular e afecções da retina, se valendo do processo de fotocoagulação.

Alguns tipos de laser utilizados em cirurgias incluem o Nd:YAG, o laser de argônio, o laser de Krypton e o laser de femtossegundo.

Para fins clínicos e estéticos, o laser apresenta características específicas de grande interesse como baixo grau de divergência, o que o torna altamente direcional; focalização em pequenas áreas com alta intensidade, capacidade de cortar ou destruir tecidos; alta coerência dos feixes;[1] entre outros.

Aplicações[editar | editar código-fonte]

Em meados de 1960 lasers de argônio e CO2 eram utilizados para realizar cortes em tecidos epiteliais e coagulações de lesões superficiais. Posteriormente, Anderson e Parrish implementaram a especificidade na destruição de células ou organelas utilizando lasers pulsados de alta intensidade. Seus estudos revolucionaram o tratamento de manchas e doenças da pele.[2]

Atualmente, os lasers são comumente utilizados como bisturis, cauterizadores, cicatrizadores e são aplicados em cirurgias de olho (cirurgias refrativas); cirurgias gastrointestinais; cirurgias odontológicas e dermatológicas; em remoções de tumores e, especialmente, em cirurgias plásticas. Para tais fins, os avanços na tecnologia buscam refinar cada vez mais a precisão dos lasers, fazendo com que apenas áreas muito específicas sejam atingidas pela radiação eletromagnética.

Cirurgias refrativas[editar | editar código-fonte]

Nas cirurgias antigas de correção de visão, os cortes eram feitos com bisturis e necessitavam pontos. Atualmente, essas operações são realizadas com laser de luz ultravioleta, não há cortes com necessidade de pontos e, por esse motivo, a recuperação do paciente ocorre mais rapidamente.

Vários tipos de cirurgia a laser são usados para corrigir erros refrativos:

  • LASIK: consiste em uma técnica onde um aparelho chamado de microcerátomo é utilizado para realizar um flap na córnea (uma abertura em forma de tampa da porção epitelial - mais superficial - da córnea), permitindo que o laser possa incidir sobre a porção mais interna, o estroma da córnea, onde será realizada a ablação para correção do grau.
    • IntraLASIK, uma variação da técnica onde o flap também é realizado com o laser, dispensando uso de microcerátomo.
  • Ceratectomia fotorrefrativa (PRK, LASEK), na qual é realizada a correção do glau sem necessidade da confecção de um flap. Neste caso, a porção epitelial da córnea é removida através de um processo de raspagem, para depois ser realizada a ablação a laser.
  • Ceratoplastia termal a laser, na qual um anel de ablações concêntricas é realizada na córnea, causando alteração na sua superfície e permitindo uma melhor visão de perto.
  • Mais recentemente, o laser de femtossegundo permite a correção de defeitos de refração através de uma córnea intacta, fazendo com que a tecnologia de cirurgia minimamente invasiva seja aplicada na área da oftalmologia.[3]

Durante uma cirurgia refrativa, o movimento do olho é monitorado por um sistema chamado Eye Tracker e o laser é aplicado no local correto mesmo sob movimentos oculares de pequena ordem. A precisão do laser nesse tipo de cirurgia é tamanha que se pode atingir um fio de cabelo sem causar perturbações às áreas adjacentes.[4] Assim, com tamanha precisão, o laser é aplicado na correção de miopia retirando tecidos extremamente finos da região central da córnea, tornando-a mais plana e direcionando o foco em direção à retina; na correção do astigmatismo, pela retirada de tecidos em regiões específicas da córnea, com a intuição de igualar suas curvaturas; e na correção da hipermetropia, pela remoção de tecido periférico da córnea para aumentar a curvatura final.[5]

Cirurgias oculares[editar | editar código-fonte]

Alguns tipos de laser também são usados para tratar condições não refrativas, tais como:

  • Ceratectomia fototerapêutica (PTK), na qual opacidades e irregularidades da superfície corneana são removidas.
  • Fotocoagulação a laser, onde um laser é utilizado para cauterizar vasos sanguíneos do olho para tratar diversas condições oculares.
  • Reparo de descolamentos de retina.

Cirurgia endovascular[editar | editar código-fonte]

A endarterectomia a laser é uma técnica na qual um laser é utilizado para recanalizar uma artéria através da remoção de uma placa ateromatosa causando obstrução. Outras aplicações do laser na área da cirurgia endovascular incluem angioplastias assistidas a laser e anastomoses vasculares a laser. O endolaser (EVLT - Endovenous Laser Treatment) é mais utilizado atualmente para a oclusão de veias, no caso a termoablação de safenas é o tratamento de primeira linha de insuficiência venosa A possibilidade de controle minucioso dos parâmetros do laser ampliou sua utilidade também para vasos menores, como reticulares e perfurantes. Entre os diferentes comprimentos de onda disponíveis, o endolaser de 980nm mostrou-se capaz de obstruir a veia insuficiente, porém sem grandes benefícios sintomáticos no pós operatório. Recentemente o comprimento de onda de 1470nm mostrou que além de ser eficaz na obstrução venosa traz benefícios sintomáticos no pós operatório. <

Cirurgia gastrintestinal[editar | editar código-fonte]

Na área gastrintestinal, a cirurgia a laser tem várias aplicações:

  • Fotoablação a laser de doença ulcerosa péptica e varizes de esôfago.
  • Coagulação de malformações vasculares de estômago, duodeno e cólon.
  • Tratamento a laser de alguns tipos de câncer gástrico em estágios iniciais, desde que sejam menores do que 4 cm e sem envolvimento linfonodal.
  • Tratamento de fibrose submucosa oral a laser.
  • Adesiólise peritoneal a laser.

Outras aplicações[editar | editar código-fonte]

Além de ser aplicado como instrumento cirúrgico de corte e cauterização, os ramos da estética se utilizam da radiação direcional proporcionada pelo laser no clareamento dentário, na remoção de tatuagens, na destruição de pelos (depilação a laser), na remoção de rugas e cicatrizes,[6] entre outras dezenas de aplicações.

Referências

  1. Halliday & Resnick. (2009). Óptica e Física Moderna. Vol 8. cap40. p. 265-266.
  2. Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica. https://www.sbcd.org.br/procedimentos/98
  3. Simões, Luiz Geraldo Assis. «Cirurgia Refrativa Ocular a Laser: tudo sobre o procedimento». Instituto de Oftalmologia de Curitiba. Consultado em 2 de julho de 2018 
  4. Dra. Garcia, Renata. Correção a laser da miopia, astigmatismo e hipermetropia. http://www.saudeocular.com.br/cirurgia-refrativa/
  5. Cirurgia Refrativa. Instituto da Visão de Ribeirão Preto. http://www.institutodavisaorp.com.br/doencas-oculares-e-patologias/cirurgia-refrativa
  6. Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. O resurfacing a laser reduz cicatrizes faciais, rugas e manchas. http://www2.cirurgiaplastica.org.br/cirurgias-e-procedimentos/minimamente-invasivos/laser/