Dorvalino Abílio Teixeira

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Dorvalino Teixeira
Dorvalino Abílio Teixeira
Monumento a Dorvalino Teixeira, instalado no centro de Jandira.
4º Prefeito de Jandira
Período 1 de janeiro de 1977
a 1 de janeiro de 1983
Antecessor(a) Alan Kardec Roberto de Albuquerque
Sucessor(a) José Roberto Piteri
Dados pessoais
Nome completo Dorvalino Abílio Teixeira
Nascimento 15 de fevereiro de 1938
Caetité, Bahia
Morte 18 de abril de 1983 (45 anos)
São Paulo, SP
Prêmio(s) melhor prefeito da Região Oeste da Grande São Paulo
Associação Paulista de Municípios (1981)
Partido MDB (1976-1980)
PDS (1980-1983)
Profissão motorista, operário e tratorista

Dorvalino Abílio Teixeira (Caetité, Bahia, 15 de fevereiro de 1938 - São Paulo 18 de abril de 1983) foi um operário e político brasileiro. De origem humilde, tornou-se o 4º prefeito da cidade de Jandira.[1]

História[editar | editar código-fonte]

Nascido em Caetité, Bahia, aos quatro anos de idade migrou com sua família para Maringá. Quando completou doze anos, já operava tratores, rolo-compressores e motoniveladoras. Essa habilidade lhe rendeu emprego em diversas obras rodoviárias. Ao longo dos anos 1950 mudou-se para Lucélia, São Paulo (bairro do Bexiga) até fixar residência em Jandira no ano de 1962.[1]

Na década de 1970 envolveu-se com a política, participando da criação do diretório municipal de Jandira do Movimento Democrático Brasileiro, partido de oposição à ditadura militar.[2] Em 1976 lançou-se candidato à prefeito. Até então, o pequeno município havia eleito para a prefeitura apenas membros do movimento emancipacionista local ou políticos experientes.[1]

Nas eleições de 1976, Dorvalino concorreu contra o ex-prefeito Clécio Soldé (Arena), o ex sub prefeito João Ribeiro Junior (MDB) e Roberto Piteri (MDB)-sobrinho de Guaçu Piteri ex-prefeito de Osasco. Através de sua popularidade, Dorvalino venceu com 2.102 votos, contra 1.634 de João Ribeiro (MDB), 1.436 de Roberto Piteri (MDB) e Clécio Soldé (Arena) com 1.349. Na mesma eleição, foi eleito para um primeiro mandato de vereador o jovem Valderi Paschoalin, que se tornaria nas décadas seguintes uma das lideranças políticas da cidade.[3]

Mandato[editar | editar código-fonte]

Após assumir a prefeitura, Dorvalino iniciou várias obras, principalmente de iluminação pública, pavimentação e saneamento básico (não era raro ele ser visto conduzindo máquinas e orientando pessoalmente os trabalhos). Em seu governo foram inauguradas a Área de lazer do Trabalhador, o Hospital Municipal (1982)[4], foram iniciadas as obras da Via Expressa (que acabou batizada com o nome do vice-prefeito Mauri Sebastião Barufi, morto em uma acidente rodoviário durante o mandato) além da assinatura do contrato de permissão de exploração comercial do transporte público com a empresa Benfica Barueri por 15 anos. Notabilizou-se por cobrar judicialmente os ex-prefeitos Clécio Soldé e Alan Kardec por eles terem se negado a contribuir com taxas referentes à pavimentação pública.[5]

Em 1980 mudou de partido, migrando para o PDS, em troca de recursos prometidos por Paulo Maluf (então governador do estado).[6][7] Por conta de seu trabalho, acabou recebendo em 1981 o prêmio de melhor prefeito da Região Oeste da Grande São Paulo da Associação Paulista de Municípios. Ao deixar o cargo, possuía grande popularidade.[1]

Morte[editar | editar código-fonte]

Após deixar o cargo em janeiro de 1983, Dorvalino tornou-se um micro-empresário. Adquiriu o supermercado Baruelfi. Graças a popularidade de Dorvalino, em pouco tempo o empreendimento tornou-se altamente lucrativo. Na noite de 17 de abril de 1983, Dorvalino chegava com sua noiva em casa com uma bolsa contendo a féria da semana (cerca de 600 mil cruzeiros) quando foi abordado por dois criminosos. Dorvalino reagiu e foi baleado com quatro tiros. Na confusão, os bandidos largaram a sacola e fugiram. Dorvalino foi levado às pressas para o Hospital Municipal de Jandira e transferido para o Hospital das Clínicas, onde faleceu na madrugada do dia 18 de abril.[8]

Sua morte chocou Jandira. Seu féretro foi acompanhado em cortejo por milhares de pessoas, tendo o comércio baixado as portas. Dorvalino Teixeira foi sepultado no Cemitério Municipal de Jandira em 19 de abril de 1983. Apesar das circunstâncias de sua morte terem sido esclarecidas na época, ainda persistem as versões de que ele foi morto num crime político. Posteriormente outros políticos foram mortos em Jandira, alguns em circunstâncias misteriosas, dando mais força à versão de que Dorvalino teria sido o primeiro morto por motivos políticos.[9][10]

Homenagens[editar | editar código-fonte]

Em 1984 foi promulgada pelo governador Franco Montoro a Lei Estadual 4207, de 31 de agosto de 1984, batizando a Escola Estadual de 1.º Grau da Vila Santo Antonio (Jandira) para Escola Estadual de 1.º Grau Dorvalino Abílio Teixeira.[11]

O município de Jandira só realizou uma homenagem oficial cerca de vinte e três anos após a morte do prefeito, com a inauguração de um obelisco em homenagem a Dorvalino. Instalado na cidade desde meados de 2004, permaneceu coberto por um pano preto por mais de três anos e acabou apelidado de "Estátua Macabra" nas redes sociais (que especulavam qual seria a obra ocultada pelo pano). O obelisco foi inaugurado apenas em 8 de dezembro de 2007, durante o aniversário de emancipação de Jandira.[12]

Referências

  1. a b c d PRADO, Waldomiro da Silva (1991). Jandira, Memória de uma Cidade. [S.l.]: Empresa das Artes. pp. 95 a 97 
  2. Tribunal Regional Eleitoral-SP (25 de fevereiro de 1976). «Acórdão 70921» (PDF). Diário Oficial do estado de São Paulo, Caderno Executivo, página 100. Consultado em 16 de outubro de 2019 
  3. Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (25 de janeiro de 1977). «Jandira» (PDF). Diário Oficial do estado de São Paulo, Caderno Executivo, página 23. Consultado em 16 de outubro de 2019 
  4. «Jandira quer seu hospital este ano». Folha de S.Paulo, ano 58, edição 18292, Seção Interior, página 22. 3 de maio de 1979. Consultado em 15 de agosto de 2021 
  5. «Ex prefeito de Jandira diz que é vítima». Folha de S.Paulo, Ano 59, edição 18822, Seção Interior, página 13. 14 de outubro de 1980. Consultado em 16 de outubro de 2019 
  6. Painel (3 de setembro de 1980). «Novos pedessistas». Folha de S. Paulo, Ano 59, edição 18781, página 3. Consultado em 16 de outubro de 2019 
  7. «Maluf diz que é preciso governar junto com o povo». Diário da Noite, ano LIV, edição 16531, página 2/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. 22 de outubro de 1979. Consultado em 15 de agosto de 2021 
  8. «Ex prefeito de Jandira baleado sábado, morreu». Folha de S.Paulo, ano 63 edição 19739, página 10. 18 de abril de 1983. Consultado em 16 de outubro de 2019 
  9. «Presos os assassinos do ex-prefeito de Jandira». Folha de S.Paulo, ano 63 edição 19740, página 14. 19 de abril de 1983. Consultado em 16 de outubro de 2019 
  10. «Jandira já teve suplente, dois vereadores e outro prefeito assassinados». UOL. 10 de dezembro de 2010. Consultado em 16 de outubro de 2019 
  11. Franco Montoro (31 de agosto de 1984). «Lei Estadual 4207». Assembléia Legislativa de São Paulo. Consultado em 16 de outubro de 2019 
  12. «Estátua Macabra». Comunica que muda. 15 de fevereiro de 2007. Consultado em 15 de agosto de 2021