Escurquela

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Portugal Escurquela 
  Freguesia portuguesa extinta  
Localização
Escurquela está localizado em: Portugal Continental
Escurquela
Localização de Escurquela em Portugal Continental
Mapa
Mapa de Escurquela
Coordenadas 41° 0' 23" N 7° 31' 15" O
Município primitivo Sernancelhe
História
Extinção 28 de janeiro de 2013
Características geográficas
Área total 8,47 km²

Escurquela é uma antiga freguesia portuguesa do concelho de Sernancelhe com 8,47 km² de área, 138 habitantes e densidade populacional de 16,3 hab/km² (2011). Localiza-se na margem direita do Rio Távora a jusante da Barragem do Vilar. Pertenceu ao extinto concelho de Fonte Arcada até 1855[1].
Foi extinta e agregada à freguesia de Fonte Arcada, criando a União das freguesias de Fonte Arcada e Escurquela.

Toponímia[editar | editar código-fonte]

O nome da localidade deriva do facto de ter sido um local de sentinela (esculca) para o castelo de Sernancelhe. Já em 1767 a localidade tinha a presente denominação fonética mas escrita diferente: "Escurquella"[2]. Escurquella ou Escurquela, como actualmente se escreve, vem de Esculqnella que é diminutivo de esculca (que significa atalaia e sentinela)[3].

História[editar | editar código-fonte]

O Penedo de São Tiago localizado na periferia da aldeia de Escurquela foi durante muito tempo um local importante de sentinela. No tempo das invasões romanas as tribos de Viriato utilizavam o penedo como local de observação, contudo a sua importância militar só teve auge no período da Reconquista.

Supõe-se que o povoado já existia no período anterior às invasões árabes e que já se tinha tornado cristão antes do século VI (no vale do Távora e arredores existem várias provas da antiguidade cristã da zona, como se pode observar numa lápide de 586 D.C. na Capela de S. João na localidade de Caria (Moimenta da Beira).[4]

Escurquela foi resgatada ao poder dos mouros no século XI aquando da conquista de Paredes da Beira feita pelos irmãos D. Thedou (Thedo ou Thedon) e D. Rauzendo (ou Rozendo) (descendentes dos reis de Leão e ascendentes dos Távoras que após a conquista de Paredes da Beira tomara o apelido de Távora)[5][6]. A partir desta época serviu como posto de aviso para o castelo de Sernancelhe e de local religioso. O aviso da chegada de inimigos era geralmente efectuado com sinais de fumo observáveis a partir do castelo de Sernancelhe.

População[editar | editar código-fonte]

Evolução populacional de Escurquela entre 1767 e 2011
Evolução populacional de Escurquela entre 1767 e 2011
Censos da população da freguesia de Escurquela[2][7]
1767 1864 1878 1890 1900 1911 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1981 1991 2001 2011
70 394 402 325 329 348 302 244 313 337 390 255 202 151 154 138
Distribuição da População por Grupos Etários
Ano 0-14 Anos 15-24 Anos 25-64 Anos > 65 Anos 0-14 Anos 15-24 Anos 25-64 Anos > 65 Anos
2001 27 23 57 44 17,9% 15,2% 37,7% 29,1%
2011 14 19 62 43 10,1% 13,8% 44,9% 31,2%

Média do País no censo de 2001: 0/14 Anos-16,0%; 15/24 Anos-14,3%; 25/64 Anos-53,4%; 65 e mais Anos-16,4%

Média do País no censo de 2011: 0/14 Anos-14,9%; 15/24 Anos-10,9%; 25/64 Anos-55,2%; 65 e mais Anos-19,0%

Evolução do número de fogos da localidade[1][8]
1757 1853 1873
60 86 110

Património e pontos de referência[editar | editar código-fonte]

Edifícios religiosos[editar | editar código-fonte]

Nesta localidade existe uma igreja matriz, duas capelas, um cemitério, dois cruzeiros e dois nichos. É paróquia da diocese de Lamego, e até 1834 quem apresentava o pároco (cura) era o Reitor de Fonte Arcada.[1]

Igreja matriz de Escurquela

No centro da aldeia localiza-se a Igreja matriz orientada a nascente-poente. Construção composta por uma nave central, um altar-mor e dois altares laterais tendo por orago São Domingos. Ainda mantém o forro apainelado ricamente pintado e capela-mor em talha dourada feitos em 1713 pelo artífice Manuel de Afonseca, nessa altura habitante de Escurquela[9]. Infelizmente obras de reparação já no século XXI ocultaram as lajes de sepulturas que formavam o chão da igreja. Também em 1969 foi adicionado um altar isolado em frente ao altar-mor.

Capela de Santa Bárbara em Escurquela

No topo da aldeia, perto do cemitério, existe também a Capela de Santa Bárbara de construção antiga.

Fora da localidade, no sopé do Penedo de São Tiago existe a Capela de São Tiago que segundo a tradição foi a primeira igreja matriz. Em relação a este templo, a tradição atribui a sua actual dedicação a São Tiago pelo facto d'este ter aparecido milagrosamente montado num cavalo durante uma batalha em que os cristãos estavam a ser massacrados pelos seus inimigos. Com o seu alento, os cristãos recuperaram forças e saíram vencedores. A pegada milagrosamente deixada pelo casco do cavalo na pedra, ainda pode ser observada por aqueles que subirem ao topo do Penedo de São Tiago.

Capela e Penedo de São Tiago perto de Escurquela

Outros edifícios de referência[editar | editar código-fonte]

Na localidade existe também uma fonte de mergulho do século XVIII, um solar senhorial, uma escola primária, um parque de merendas e um tanque público de lavar roupa.

Fonte de mergulho em Escurquela
Casa senhorial em Escurquela

Referências

  1. a b c MARQUES, Pedro José - DICCIONARIO GEOGRAPHICO Abbrevíado das oito províncias dos Reinos de PORTUGAL E ALGARVES com a designação dos concelhos, comarcas, etc. seguido de interessantes noticias corografica e historicas (etc.). [Em linha]. Porto: Typographia Commercial, 1853. Disponível em WWW:<URL:https://archive.org/details/diccionariogeog00marqgoog>.
  2. a b DE NIZA, Paulo Dias - PORTUGAL SACRO-PROFANO (etc.) PADROEIROS DAS IGREJAS DESTE REINO, E DE TODAS AS QUE CADA HUM DELLES APRESENTA parte I [Em linha]. Lisboa: Oficinas de Miguel Manescal da Costa, 1767 pág. 215. Disponível em WWW:<URL:https://archive.org/details/portugalsacropro01carduoft>.
  3. FERREIRA, Pedro Augusto - TENTATIVA ETYMOLOGICO-TOPONYMICA de Investigação da etymologia ou proveniência dos nomes das nossas povoações, Segundo Volume [Em linha]. Porto: Typografia Mendonça, 1915 pág. 240. Disponível em WWW:<URL:https://archive.org/details/tentativaetymolo02ferr>.
  4. Grande Enciclopédia Portuguesa-Brasileira, vol. V, p. 922
  5. DE PINHO LEAL, Augusto Soares d'Azevedo Barbosa - PORTUGAL ANTIGO E MODERNO, Vol. 6, N - Pêzo [Em linha]. Lisboa: Livraria Editora de Mattos Moreira & Companhia, 1875 pág.488-492 Disponível em WWW:<URL:https://archive.org/details/gri_33125005925231>.
  6. DE PINHO LEAL, Augusto Soares d'Azevedo Barbosa - PORTUGAL ANTIGO E MODERNO, Vol. 8, Q - Santulhão [Em linha]. Lisboa: Livraria Editora de Mattos Moreira & Companhia, 1874 pág.193 Disponível em WWW:<URL:https://archive.org/details/gri_33125005925777>.
  7. INE - Recenseamentos Gerais da População [Em linha]. Lisboa: INE, 2011. Disponível em WWW:<URL:https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_publicacoes>.
  8. DE PINHO LEAL, Augusto Soares d'Azevedo Barbosa - PORTUGAL ANTIGO E MODERNO, Vol. 3, E - Juvim [Em linha]. Lisboa: Livraria Editora de Mattos Moreira & Companhia, 1874 pág.57 Disponível em WWW:<URL:https://archive.org/details/gri_33125005925413>.
  9. FERREIRA-ALVES, Natália Marinho – DICIONÁRIO DE ARTISTAS E ARTÍFICES DO NORTE DE PORTUGAL [Em linha]. Porto: CEPESE, 2008 pág. 9. Disponível em WWW:<URL:https://archive.org/details/DicionrioDeArtistasEArtficesDoNorteDePortugal>.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]


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