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Amamentação: diferenças entre revisões

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Nuno Tavares (discussão | contribs)
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Revisão das 02h20min de 31 de dezembro de 2004

Desde o nascimento e durante alguns meses o sistema digestivo do bebé produz sucos que lhe permitem fazerem a correcta digestão do leite materno. No entanto, não são capazes de digerir outros alimentos e por isso é necessário que durante os primeiros meses os bebés se alimentem apenas de leite, de preferência materno. Só a partir dos 4 meses é que o organismo do bebé começa a ser capaz de tolerar outros alimentos.

O primeiro ano de vida

Ainda que se costume dizer que gordura é formosura e se ache que bebés gordinhos são bebés bonitos, isso não significa contudo que sejam saudáveis. Considera-se que um ganho de peso normal para os 3 primeiros meses seja de cerca de 750 a 900g por mês, dos 3 aos 6 meses que ganhe até 600g por mês e entre os 6 e os 12 meses cerca de 450g por mês. Assim sendo, em condições normais, o peso do bebé duplica ao fim dos primeiros seis meses de vida e triplica ao fim de um ano. É no entanto de salientar que estes valores podem variar porque cada bebé tem o seu próprio ritmo de crescimento, sobretudo dependendo do tipo de alimentação que faz, devendo ser sempre o médico de família ou o pediatra a avaliar se o ritmo é adequado ou não.

Os bebés alimentados com leite materno aumentam mais de peso durante os 2/3 primeiros meses e depois mais lentamente. Com leite artificial crescem mais devagar no início, acelerando o ritmo a partir dos 4 meses.

Durante o primeiro ano de vida o bebé sofre um crescimento muito rápido. Mas para isso é fundamental a ingestão de quantidades suficientes de calorias (fonte da nossa energia) e proteínas. Apesar do leite materno em exclusivo ser o mais recomendado como fonte de alimento para o bebé, existem situações que levam a que se tenha que adoptar outro tipo de alimentação.

Aleitamento artificial

A alimentação artificial é uma alternativa de sucesso à amamentação em certas circunstâncias, como:

  • A mãe decide não amamentar;
  • O horário laboral da mãe não lhe permite amamentar;
  • É recomendado um leite especial devido às alergias da criança ou a necessidades nutricionais especiais;
  • Proporciona suplemento às crianças cujas mães, ocasionalmente, não queiram amamentar;
  • Complementa o leite materno quando a produção deste é insuficiente;
  • A presença de lesões nos mamilos ou sensibilidade mamária (mamas muito doridas, rijas, quentes e vermelhas pela acumulação excessiva de leite nas mamas, o que dificulta a sua saída);
  • A criança é adoptada;
  • Quando a mãe tem uma infecção activa, como a tuberculose, ou o síndroma de imunodeficiência adquirida (SIDA).

Este tipo de alimentação não implica que a mãe tenha que deixar de amamentar o bebé, e não significa também que se irão introduzir alimentos sólidos na sua alimentação. A alimentação suplementar só poderá ser iniciada a partir de um mês de vida, para que o bebé não prefira o biberão à mama. O suplemento deve ser usado para completar uma mamada insuficiente ou para substituir até duas no máximo para manter a produção do leite materno, fornecendo apenas a quantidade necessária para que o bebé se sinta satisfeito.

Para ajudar a identificar se o bebé ainda tem fome, são sinais a ter em conta:

  • O chupar sôfrego;
  • O fazer esforços intensos para chupar; (quer dizer o mesmo)
  • O ficar muito tempo a mamar;
  • Em vez de adormecer depois de mamar, chora e chupa o polegar, parece cheio de fome após a refeição.

O aleitamento suplementar (até aos 4/6 meses) assegura um crescimento regular, uma alimentação satisfatória e fezes de consistência normal. (Carvalho, Fernando Manuel Monteiro de)

Os leites artificiais são recomendados com base nas necessidades alimentares da criança, as preferências dos pais, o custo, as necessidades de refrigeração e as capacidades dos pais para preparar cuidadosamente os leites.

Durante este tipo de alimentação é importante também que se promova a relação entre os pais e o bebé pelo que se aconselha que os pais devem assumir uma posição face a face com a criança, a olhar nos seus olhos, e a mantê-la próxima de si e segura. Este período é uma boa altura para ir falando com a criança, para cantar para ela ou simplesmente estar tranquila com o bebé. Este tipo de alimentação permite também que o pai e toda a família possa participar na alimentação do bebé.

Cuidados a ter

Relativamente aos cuidados a ter, os pais devem ter em atenção os seguintes pontos:

  • Os biberões, tetinas, a água e o leite não precisam de ser esterilizados a não ser que a água não seja potável, no entanto necessitam de ser fervidos;
  • Quando não se utiliza o leite todo, deve-se deitar fora o restante, porque uma vez aberto, a sua composição altera-se. Além disso, se voltar a ser aquecido o leite fermenta, para além de já ter acumulado na tetina microorganismos provenientes da boca do bebé.
  • O leite deve ser dado a uma temperatura ambiente ou então pode ser aquecido até que fique morno quando testado na face interna do punho. Pode aquecer-se em banho maria, ou no microondas, mas deve ter-se o cuidado de agitar bem o biberão antes de testar a temperatura do leite no punho;
  • Se o leite está frio, aqueça-o colocando o biberão num pouco de água quente; (diz o mesmo que o anterior)
  • O biberão nunca deve ser apoiado com uma almofada ou qualquer outro objecto e deixado com a criança. E porquê? Porque o bebé poderá asfixiar e este comportamento priva a criança de uma interacção importante durante a alimentação;
  • Para alimentar o bebé, deve-se colocar a tetina na boca, sobre a língua, devendo apoiá-la contra o palato (céu da boca), e o leite deve cair gota a gota; (a prof. disse k isso elas já sabiam sp)
  • Segure o biberão de modo a manter a tetina sempre cheia de leite, de modo a evitar a entrada de ar durante a mamada, mesmo assim deve-se colocar a criança a arrotar pelo menos a meio da ingestão;
  • A criança que adormece rapidamente, volta a cabeça para o lado ou que pára de mamar, normalmente indica-nos que mamou o suficiente.
  • Quando terminar de mamar, o bebé deve ser posto a “arrotar”, para que possa eliminar algum ar que tenha engolido durante a mamada, pois se não o fizer, pode ficar com gases e cólicas e a digestão pode tornar-se mais difícil.

Tipos de alimentação artificial

Leite artificial

  • Existe sob três formas: pronto a usar, concentrado e em pó. O leite em pó é solúvel na água e não necessita de refrigeração. Os pré-preparados e os leites condensados vêm normalmente em recipientes de uso múltiplo que necessitam de refrigeração depois de abertos.
  • Na preparação do leite, as proporções indicadas não devem ser alteradas e é muito importante que o leite seja diluído correctamente, pois ao diluir-se uma quantidade de leite maior do que a recomendada, pode provocar-se uma desidratação no bebé, e se a quantidade for menos do que a recomendada o bebé pode não ficar bem alimentado. (Bobak)

Leite de vaca não modificado

  • Os pais não devem alimentar os bebés com leite de vaca enquanto o bebé não tiver, pelo menos, um ano de idade. E porquê? Porque este leite é de mais difícil digestão, permite uma absorção pobre das gorduras e tem baixa concentração de ferro. Para além disso contém proteínas que podem ser demasiado agressivas para o intestino do bebé.
  • Não se deve dar leite magro a crianças com menos de um ano de idade, porque para além de também ser derivado do leite de vaca, é pobre em calorias, o que contraria o processo de crescimento do bebé;

Deve-se então contactar o médico e o enfermeiro do bebé no sentido de este orientar os pais para o tipo de leite que devem comprar.


Horários

É frequente surgir uma famosa dúvida comum ao aleitamento materno em exclusivo, à alimentação suplementar e ao aleitamento artificial: será que se deve alimentar apenas os bebés quando eles pedem, ou tentar-lhes impor um horário? O horário deve ser livre, ou seja, gerido consoante a fome que o bebé manifesta. No primeiro mês de vida os recém-nascidos precisam de ser alimentados durante o dia de 1:30 em 1:30, de 2 em 2 ou de 3 em 3 horas. À noite os intervalos de tempo podem variar entre 3 a 5 horas. Nos meses seguintes a maioria dos bebés estabelece um padrão próprio que é o de acordar de 3 em 3 horas ou de 4 em 4 para se alimentarem, dormindo o resto do tempo. Pode acontecer que a criança fique a dormir mais horas que o habitual e por vezes aumente estes intervalos de tempo entre as refeições. Nestas situações, se o bebé comeu bem na última vez que foi alimentado e tem dificuldade em acordar, pode dormir mais 30 minutos para além do horário habitual, porque a amamentação é mais eficaz quando o bebé está desperto e com vontade de comer. (Bobak)


Substituição por alimentos

A OMS (Organização Mundial de Saúde) preconiza o aleitamento materno exclusivo até aos 6 meses, podendo depois começar a introduzir gradualmente a água e alimentos sólidos pois por esta altura o bebé já exige um maior conteúdo calórico na sua alimentação.

A introdução de novos alimentos antes dos 5/6 meses de idade não é aconselhável, pois para os bebés o leite materno é o ideal para a sua alimentação, e o leite artificial o alimento mais aproximado do materno que podem ter. Pode também contribuir para a obesidade do bebé, que não quer dizer que o bebé é mais saudável por aumentar tanto de peso, ou até para o aparecimento de alergias, pois o seu sistema imunitário, as suas defesas, ainda não estão suficientemente fortes. Quando tiver um ano de idade é capaz de ingerir todos os alimentos sólidos, a menos que ocorra alguma intolerância alimentar. Aos 5/6 meses o aparelho digestivo do bebé já está suficientemente desenvolvido para receber os alimentos sólidos e as crianças começam a precisar de mais calorias e nutrientes que o leite oferece.

É importante que os pais tenham consciência que eles mesmo podem preparar a alimentação dos seus filhos e que não é necessário alimentos infantis preparados comercialmente. A alimentação deverá ser rica em calorias, ferro e vitaminas D e Vitamina C em quantidades suficientes. (Sorensen Tutti)

No entanto, deverá ser o médico ou enfermeiro de saúde infantil a aconselhar quando introduzir os alimentos sólidos. O calendário para essa introdução e o tipo de alimentos a utilizar será discutido durante as consultas de vigilância de saúde do bebé, com estes profissionais. Para mais esclarecimentos poderão recorrer aos conselhos dos profissionais da Associação Ajuda de Mãe. (BOBAK)

Frequência

Inicialmente deve começar-se por oferecer ao bebé uma ingestão de alimentos sólidos por dia, a meio da manhã ou da tarde. Passadas algumas semanas, aumenta-se a frequência para 2 vezes por dia. Um mês após este início começa a dar-se entre a amamentação e os biberões, pois o bebé terá mais apetite nessa altura.

Uma forma de familiarizar o bebé com os novos alimentos será dar estes ao bebé para que ele os possa manipular e tomar conhecimento da sua textura e consistência.

Quantidade

De início deve dar-se alimentos sólidos ao bebé em pequenas quantidades, como 1 a 2 colheres de sobremesa de comida, até ele se habituar ao gosto. Depois, aumente gradualmente a quantidade para 4 a 6 colheres de sopa de comida. Deve ter-se sempre em conta que não é aconselhável obrigar o bebé a ingerir a comida e deve dar-se tempo para que ele se habitue à colher, uma vez que está habituado à mama.

Alguns exemplos de alimentação

Papas

Geralmente, as papas de cereais são o primeiro passo para a introdução dos alimentos sólidos, salientando a importância dos hidratos de carbono na alimentação do bebé. As papas mais conhecidas, como a Cerelac e o Nestum, são muito ricas em amido, que é um nutriente que nos fornece muita energia. É conveniente começar com uma papa láctea de preparação instantânea, à base de cereais. Como medida preventiva de problemas intestinais, aconselha-se nos primeiros meses a introdução de cereais sem glúten, que é uma substância existente em alguns cereais, como o trigo, centeio, aveia e cevada. Entre os cereais que não contêm glúten estão o milho e o arroz. Algumas marcas, como a Nutriben comercializam papas sem glúten, devidamente assinaladas nas embalagens.

Vegetais

De uma forma geral, a partir dos 5/6 meses inicia-se a introdução dos vegetais sob a forma de puré (sopa), podendo utilizar inicialmente uma batata, uma cebola e uma cenoura, pois são os vegetais melhor tolerados.

Não se deverá acrescentar sal, e só depois dos legumes cozinhados e de estar fora do lume é que se introduz uma colher de sobremesa de azeite, que não deverá ir a lume, pois as gorduras expostas a altas temperaturas sofrem transformações químicas que as tornam mais nocivas para a saúde. Se o bebé não apresentar nenhuma reacção alérgica a esta base, semana a semana será acrescentado mais um vegetal de cada vez, para que caso ocorra alguma reacção alérgica se possa identificar qual a sua origem.

Assim sendo, introduz-se depois o nabo, o alho francês, a alface, a abóbora, espinafres e os restantes vegetais.

Fruta

A fruta também poderá ser introduzida por esta altura, gradualmente, começando por se cozer uma maça ou uma pêra, até se pode misturar posteriormente bolacha maria de forma a se fazer uma papa. Posteriormente pode introduzir-se a banana, o pêssego e os alperces. As últimas peças de fruta a serem introduzidas deverão ser as laranjas, tangerinas e frutos vermelhos, como os morangos, pois causam facilmente alergias. (Nestlé Tutti)

Carne, peixe e ovos

Entre o 5º e o 6º mês deverá introduzir-se a carne (de carneiro, vaca e frango), altura em que a criança pode também começar a comer pão. Por volta do 8º mês deve introduzir-se o peixe, alternando com as refeições em que a carne está presente. É também nesta altura que se introduz o ovo (apenas a gema), de preferência cozida, oferecendo-se pequenas quantidades e aumentando gradualmente até se atingir uma gema inteira. A clara do ovo deverá ser introduzida cerca dos 12 meses. É importante salientar que, quer com o peixe, quer com a carne, deve começar-se por dar apenas o caldo onde estes foram cozinhados. Se for bem tolerado pelo bebé pode então, no dia seguinte, dar-se a carne e o peixe. (Nestlé Tutti)

Subnutrição

Causas

Infelizmente, por vezes deparamo-nos perante situações de desequilíbrios calóricos/alimentares, às quais os pais devem estar atentos para as prevenir. As causas mais comuns dessa situação são:

  • Leites de elevado ou baixo teor calórico/muito ou pouco gordos;
  • Erro na compreensão do choro, interpretado como fome ou não sendo percebido como tal;
  • Alimentação com excesso de nutrientes sólidos, com consequente excesso de calorias;
  • Ambiente gerador de stress, o que diminuirá o apetite;
  • Anorexia (falta de apetite) crónica relacionada com doença ou com terapia medicamentosa;
  • Perda excessiva de calorias por vómitos ou diarreia. (Sorensen)


É importante também se estar atento a um possível desequilíbrio hídrico do bebé, a nível dos líquidos, uma vez que o organismo de um lactente produz mais calor, há uma maior perda de líquidos por transpiração invisível, o que pode acarretar consequências graves para o bem estar do bebé. Pode começar a dar-se água ao bebé assim que este deixe de se alimentar exclusivamente de leite materno. A água deve ser fervida. É desaconselhado dar chá, a não ser um chá próprio para bebés, da marca Milupa®, à venda nas farmácias. Assim, os pais devem estar atentos a alguns sinais de desidratação, de perda exagerada de líquidos, como:

  • O turgor cutâneo (elasticidade da pele) avaliado no abdómen;
  • A fontanela deprimida;
  • Sinais de sede; quais são
  • Alterações a nível do peso;
  • Jacto urinário mais pequeno.