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== Pós-junguianos ==
== Pós-junguianos ==
A Psicologia Analítica conheceu, depois da estruturação por C.G.Jung, um grande desenvolvimento nos chamados pós-junguianos, os quais ampliaram a visão de Jung. Merece destaque neste desenvolvimento a Escola Desenvolvimentista que estudou o desenvolvimento humano desde o nascimento até a fase adulta e que tem como fonte a Escola Junguiana de Londres e a pessoa de Michael Fordham com sua obra "A criança como indivíduo" e também a pessoa de [[Eric Neumann]] com a obra "A criança". Além desta, há também a Psicologia Arquetípica que é fruto do trabalho de [[James Hillman]], o qual, explora e desenvolve ao máximo a importância dos arquétipos na vida das pessoas. Ainda no contexto da escola arquetípica, autores contemporâneos, como Fragoso Guimarães e Rocha Filho [http://lattes.cnpq.br/3807243915412162], têm relacionado a Psicologia Analítica à Física, na linha de pesquisa [[Física e Psicologia]], introduzida em nível de pós-graduação em muitos cursos avançados de psicologia analítica e transpessoal. [[Marie-Louise von Franz]] foi uma das mais importantes colaboradoras de Jung, e após sua morte desenvolveu um amplo trabalho abordando temas como a [[alquimia]], a interpretação psicológica dos [[sonhos]] e dos [[conto de fada|contos de fadas]]. Outra importante analista foi [[Nise da Silveira]], psiquiatra brasileira contrária ao tratamento agressivo nos hospitais psiquiátricos de sua época. Nise criou o Museu de Imagens do Inconsciente, o qual possuía obras de arte manuais e plásticas de pacientes psiquiátricos, relacionando-os com a teoria do seu tutor, C.G. Jung.
A Psicologia Analítica conheceu, depois da estruturação por C.G.Jung, um grande desenvolvimento nos chamados pós-junguianos, os quais ampliaram a visão de Jung. Merece destaque neste desenvolvimento a Escola Desenvolvimentista que estudou o desenvolvimento humano desde o nascimento até a fase adulta e que tem como fonte a Escola Junguiana de Londres e a pessoa de Michael Fordham com sua obra "A criança como indivíduo" e também a pessoa de [[Eric Neumann]] com a obra "A criança". Além desta, há também a Psicologia Arquetípica que é fruto do trabalho de [[James Hillman]], o qual, explora e desenvolve ao máximo a importância dos arquétipos na vida das pessoas. Ainda no contexto da escola arquetípica, autores contemporâneos, como Fragoso Guimarães e Rocha Filho [http://lattes.cnpq.br/3807243915412162], têm relacionado a Psicologia Analítica à Física, na linha de pesquisa [[Física e Psicologia]], introduzida em nível de pós-graduação em muitos cursos avançados de psicologia analítica e transpessoal. [[Marie-Louise von Franz]] foi uma das mais importantes colaboradoras de Jung, e após sua morte desenvolveu um amplo trabalho abordando temas como a [[alquimia]], a [[Interpretação dos sonhos|interpretação psicológica]] dos [[sonhos]] e dos [[conto de fada|contos de fadas]]. Franz colaborou com o trabalho da esposa de Jung, a também analista, [[Emma Jung]].<ref>''The Grail Legend.'' Autoras: Emma Jung & Marie-Luise von Franz. [[Princeton University Press]], 1998, {{en}} ISBN 9780691002378 Adicionado em 17/10/2017.</ref> Outra importante analista foi [[Nise da Silveira]], psiquiatra brasileira contrária ao tratamento agressivo nos hospitais psiquiátricos de sua época. Nise criou o Museu de Imagens do Inconsciente, o qual possuía obras de arte manuais e plásticas de pacientes psiquiátricos, relacionando-os com a teoria do seu tutor, C.G. Jung.


== Ligações externas ==
== Ligações externas ==

Revisão das 15h46min de 17 de outubro de 2017

Psicologia analítica, também conhecida como psicologia junguiana ou psicologia complexa, é um ramo de conhecimento e prática da Psicologia, iniciado por Carl Gustav Jung o qual se distingue da psicanálise, iniciada por Freud e da psicologia de Adler, seus contemporâneos, por uma noção diferenciada e abrangente da libido e o surgimento da função transcendente. A teoria da energia psíquica de Jung se pretende ao mesmo tempo diacrônica e sincrônica, causal e final, introvertida e extrovertida, redutiva e construtiva, etc. Mas na fenomenologia dos complexos apresenta o contexto de forças entre as exigências do individual e do coletivo a qual somos submetidos e que apontam para um lado de cada uma das oposições elencadas há pouco. São específicos à psicologia analítica ainda a introdução de conceitos como arquétipo, complexo, símbolo, tipos psicológicos, inconsciente pessoal,inconsciente coletivo, sincronicidade e individuação[1]. Sua prática clínica não vê os sonhos como via régi o inconsciente (como já postulou Freud um dia em relação à psicanálise) e sim nos complexos um caminho privilegiado aos conteúdos do Inconsciente e, segundo Carl Jung, seria a única psicologia que levou adiante dois legados de Freud, a saber: a pesquisa sobre os resíduos arcaicos e a sexualidade.

Costuma-se dizer que diferentemente de Freud, Jung via o inconsciente não apenas como um repositório das memórias e das pulsões reprimidas, mas também como um sistema passado de geração em geração, vivo em constante atividade, contendo todo o esquecido e também neoformações criativas organizadas segundo funções coletivas e herdadas. O inconsciente coletivo que propõe não é, apesar das incessantes interpretações de seus críticos, composto por memórias herdadas, mas sim por predisposições funcionais de organização do psiquismo (comparáveis às condições a priori da experiência, de Kant).

A psicologia analítica foi desenvolvida com base na experiência psiquiátrica de Jung, nos estudos de Freud e no amplo conhecimento que Jung tinha das tradições da alquimia, da mitologia e do estudo comparado da história das religiões, e as quais ele veio a compreender como auto-representações de processos psíquicos inconscientes.

Quando Jung conheceu a obra de Freud, identificou-se com grande parte de suas ideias e logo quis conhecê-lo. Ao se conhecerem, a admiração foi mútua, pois Freud rapidamente recebeu o jovem como seu colaborador e um dos defensores de suas ideias. Devemos lembrar que Freud enfrentava grande resistência do mundo científico às suas ideias e, em contrapartida, Jung já tinha reconhecimento no mundo acadêmico pelos seus estudos com associações de palavras que deram origem ao polígrafo e foram a base teórica experimental para a comprovação dos complexos. Freud, em sua obra, atribui este termo a Jung. A parceria durou pouco, pois Jung mostrava-se insatisfeito com algumas das posições de Freud, especialmente a teoria da libido e sua relação com os traumas.

De um ponto de vista epistemológico, segundo Paolo Francesco Pieri, a Psicologia Analítica é uma "denominação que Jung atribui em 1911 à psicologia das relações entre consciência e inconsciente, e em particular à reflexão sobre o método e sobre a verdade da psicanálise. Para Jung existe psicologia analítica quando no exercício da psicanálise existirem conteporaneamente as seguintes condições teórico-práticas, que se remetem entre si:

  1. todo processo cognoscitivo deve evidenciar as funções autocognoscitivas peculiares, isto é, todo conhecimento psicológico do outro deve mostrar ligação circular com o conhecimento de si próprio;
  2. todo conhecimento (tanto de si como do outro e do mundo) deve ser positivamente crítico não apenas do sujeito que o pronúncia, mas também da cultura em que pode ser pronunciado;
  3. todo processo de verificação da verdade deve estar consciente não apenas do enunciador e da cultura na qual, e pela qual, as coisas foram tornadas pronunciáveis, mas deve empenhar em primeiro lugar e eticamente, o sujeito particular que o veicula"[2].

Conceitos fundamentais

Pós-junguianos

A Psicologia Analítica conheceu, depois da estruturação por C.G.Jung, um grande desenvolvimento nos chamados pós-junguianos, os quais ampliaram a visão de Jung. Merece destaque neste desenvolvimento a Escola Desenvolvimentista que estudou o desenvolvimento humano desde o nascimento até a fase adulta e que tem como fonte a Escola Junguiana de Londres e a pessoa de Michael Fordham com sua obra "A criança como indivíduo" e também a pessoa de Eric Neumann com a obra "A criança". Além desta, há também a Psicologia Arquetípica que é fruto do trabalho de James Hillman, o qual, explora e desenvolve ao máximo a importância dos arquétipos na vida das pessoas. Ainda no contexto da escola arquetípica, autores contemporâneos, como Fragoso Guimarães e Rocha Filho [1], têm relacionado a Psicologia Analítica à Física, na linha de pesquisa Física e Psicologia, introduzida em nível de pós-graduação em muitos cursos avançados de psicologia analítica e transpessoal. Marie-Louise von Franz foi uma das mais importantes colaboradoras de Jung, e após sua morte desenvolveu um amplo trabalho abordando temas como a alquimia, a interpretação psicológica dos sonhos e dos contos de fadas. Franz colaborou com o trabalho da esposa de Jung, a também analista, Emma Jung.[3] Outra importante analista foi Nise da Silveira, psiquiatra brasileira contrária ao tratamento agressivo nos hospitais psiquiátricos de sua época. Nise criou o Museu de Imagens do Inconsciente, o qual possuía obras de arte manuais e plásticas de pacientes psiquiátricos, relacionando-os com a teoria do seu tutor, C.G. Jung.

Ligações externas

Referências bibliográficas

  • Hillman, J. Psicologia Arquetípica. Cultrix: São Paulo, 1983.
  • Jaffé, A. O Mito do Significado na Obra de C.G.Jung. São Paulo: Cultrix, 1995.
  • Jung, C.G. Psicologia do Inconsciente. O.C. Vol. VII/1.
  • Jung, C.G. Psicologia do Inconsciente. O.C. Vol. VII/2.
  • Jung, C.G. Energia Psíquica. O.C. Vol. VIII/I.
  • Jung, C.G. Os Arquétipos e o Inconsciente Coletivo. O.C. Vol. IX/1.
  • Jung, C.G. A Vida Simbólica. O.C. Vol. XVIII/1.
  • Neumann, E. História da Origem da Consciência. São Paulo: Cultrix, 2003.
  • Pieri, P. F. Dicionário Junguiano. Petrópolis: Vozes, 2002.
  • Young-Eisendrath, P., Dawson, T. Manual de Cambridge para Estudos Junguianos. Porto Alegre: Artmed, 2002.
  • Roberto, G.L. Aquém e Além do Tempo. Porto Alegre: Letras de Luz, 2004.
  • Rocha Filho, J.B. Física e Psicologia. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2007, 4a ed.

Referências

  1. A individuação
  2. Dicionário Junguiano, p. 403. [S.l.: s.n.] 2002  |nome1= sem |sobrenome1= em Authors list (ajuda)
  3. The Grail Legend. Autoras: Emma Jung & Marie-Luise von Franz. Princeton University Press, 1998, (em inglês) ISBN 9780691002378 Adicionado em 17/10/2017.