Famagã Tiebá Uatara
Famagã Tiebá Uatara | |
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Fagama de Guirico | |
Reinado | 1729—1742 |
Antecessor(a) | Famagã Uatara |
Sucessor(a) | Querê Massa Uatara |
Morte | 1742 |
Dinastia | Dinastia Uatara |
Pai | Famagã Uatara |
Filho(s) | |
Religião | Islamismo |
Famagã Tiebá Uatara (em diúla: Famaghan Tieba Wattara; em francês: Famagan Tiéba Ouattara; m. 1742) foi um nobre africano mandinga do século XVIII, fagama do Reino de Guirico de 1729 a 1742 em sucessão de Famagã Uatara (r. 1714–1729).[1] Vários autores simplesmente ignoram-o na lista de fagamas e estabelecem que Famagã Uatara teria governado até 1749/1750.[2][3]
Vida[editar | editar código-fonte]
Famagã tornou-se fagama em 1729 em sucessão de Famagã Uatara (r. 1714–1729), o fundador do Reino de Guirico e provavelmente seu pai. Na década de 1730, aliou-se a seu primo Querê Mori e fez expedições às zonas banhadas pelo Volta Negro e territórios além. Segundo a tradição local, Famagã partiu da região de Congue junto de oito líderes guerreiros, cada qual chefe de um exército; alguns eram filhos de seu tio Secu Uatara (r. 1710–1745), enquanto outros eram comandantes de confiança de escravos. Entre os líderes que foram com ele estava Bua, que segundo a tradição era seu subordinado e havia sido capturado noutra ocasião por Famagã e levado a Congue onde foi treinado à uatara.[4] Essa forma conjunta teve participação nas lutas de alguns dos senhores locais da região.[5]
Em novembro de 1739, segundo uma crônica árabe escrita em Tombuctu, Famagã, Querê Mori e Bamba conduziram expedição contra Jené, hoje no Mali. A tradição oral alega que a expedição tinha como finalidade assegurar a segurança das rotas comerciais de cavalos e sal em pedra no norte.[6] Em seu caminho, dizimaram resistentes miniancas e tomaram pequenas cidades em torno de Jené sem atacá-la diretamente. Moveram-se para Sofara, no rio Bani, onde derrotaram exército enviado pelo paxá de Tombuctu. Após o episódio, os uataras conduziram expedição a oeste, onde atacaram o bamana Mamari Bitom em Segu, conduziram guerra em Fuladugu e então retornaram ao Volta Negro.[7]
Não se cita quem conduziu as expedições em Segu, mas o estudioso Charles Montei relata que os inimigos de Mamari enviaram uma delegação a Congue com grande quantidade de ouro solicitando ajuda militar, enquanto Nehemia Levtzion sugeriu que o receptor da embaixada foi Famagã, que à época estava nas cercanias de Jené.[a] A historiografia mais recente, entretanto, tem apoiado a posição de Bakary Traoré de que quem conduziu essa expedição foi Querê Mori, que estava lutando no país dos miniancas antes da campanha em Sofara.[7]
Nos últimos anos de sua vida, Famagã instalou-se em Bereba, na ponta nordeste do país dos bobôs, de onde lançou expedições contra as vilas dos buas. Também atuou como o ancião sênior nos principais feriados islâmicos quando líderes das casas uataras se reuniam para discutir e coordenar atividades comerciais e militares.[8] Com sua morte em 1749, o ramo colateral dos uataras se distanciou do ramo principal. Seus descendentes ocuparam posições a margem esquerda do Volta Negro em Catafura, Dandé, Cundugu, Niandané e Sã e lançaram raides contra os miniancas e guardaram as rotas caravaneiras para Jené.[3] Foi sucedido por seu filho Querê Massa Uatara (r. 1742–1749), que por sua vez foi sucedido pelo irmão Magã Ulé Uatara (r. 1749–1809).[1]
Notas[editar | editar código-fonte]
- [a] ^ Segundo informantes locais, a pessoa que visitou Famagã foi Mamadu Buari da vila de Quirango que foi mais tarde morto por Mamari Bitom.[9]
Referências
Bibliografia[editar | editar código-fonte]
- Izard, M.; Ki-Zerbo, J. (2010). «Cap. XII - Do Níger ao Volta». In: Ogot, Bet Hwell Allan. História Geral da África – Vol. V – África do século XVI ao XVIII. São Carlos; Brasília: Universidade Federal de São Carlos
- Rupley, Lawrence; Bangali, Lamissa; Diamitani, Boureima (2013). Historical Dictionary of Burkina Faso. Lanham, Toronto e Plymouth: Scarecrow Press
- Şaul, Mahir (1998). «The War Houses of the Watara in West Africa». The International Journal of African Historical Studies. 31 (3): 537-570