Ovoce stromů rajských jíme

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Ovoce stromů rajských jíme
Ovoce stromů rajských jíme
Fruto do Paraíso (BRA)
 Bélgica/ Checoslováquia
1970 •  cor •  95 min 
Direção Věra Chytilová
Produção Bronka Ricquier
Pavel Jurácek
Jaroslav Kucera
Roteiro Věra Chytilová
Ester Krumbachová
Elenco Karel Novák
Jan Schmid
Jitka Nováková
Música Zdeněk Liška
Cinematografia Jaroslav Kučera
Direção de arte Vladimir Labsky
Sonoplastia Ladislav Hausdorf
Figurino Ester Krumbachová
Edição Miroslav Hajek
Companhia(s) produtora(s) Filmové Studio Barrandov [1] Praga
Elizabeth Films Bruxelas
Idioma checo

Ovoce stromů rajských jíme (Português-Brasil: Fruto do Paraíso; Inglês:Fruit of Paradise), é um filme tchecoslovaco de 1970 dirigido por Věra Chytilová. É uma fábula visual que recria de forma alegórica e psicodélica a história bíblica de Adão e Eva.[1]

Fruto do Paraíso é a segunda colaboração criativa entre Věra Chytilová (na direção e roteiro), Ester Krumbachová (roteiro e figurino) e Jaroslav Kučera (direção de fotografia)[2]

Sinopse[editar | editar código-fonte]

Eva é uma jovem obsecada por um homem vestido de vermelho, o senhor Robert, que conhece no spa surrealista onde ela e o marido Josef estão hospedados. [3]

Elenco[editar | editar código-fonte]

  • Jitka Nováková Eva [4]
  • Karel Novak Josef [4]
  • Jan Schmid Robert [4]
  • Julius Albert Homem Idoso (não creditado) [4]
  • Alice Auspergerová Tia (não creditado) [4]
  • Jan Klusák Robert (voz) (não creditado) [4]
  • Helena Ruzicková Mulher Pavão (voz) (não creditado) [4]
  • Ludek Sobota Homem com Flores (não creditado) [4]
  • Josef Somr Josef (voz) (não creditado) [4]
  • Jaromír Vomácka Tio (não creditado) [4]

Produção[editar | editar código-fonte]

Fruto do paraíso foi escrito e produzido entre 1967 e 1969, contemporaneamente ao breve desabrochar e após a supressão ainda mais rápida da Primavera de Praga.[5] É uma co-produção do estúdio estatal checo Filmové Studio Barrandov [2] e a produtora belga Elizabeth Films.[6]

Devido ao contexto mais liberal em que a Primavera de Praga se encontrava, e pelas especificações do contrato com a companhia de co-produção, Chytilová possuía uma autonomia artística incomum, que garantia pouca intervenção de terceiros na realização de Fruto do Paraíso.[7]

Roteiro[editar | editar código-fonte]

Ester Krumbachová, que já havia colaborado com Chytilová no roteiro e figurino de As Pequenas Margaridas, sugeriu uma história sobre amor, amizade e traição, construída em torno de um triânguo amoroso, baseada em uma história real sobre um assassino de mulheres, que havia sido noticiado na época.[8]

Em entrevista ao crítico de cinema checo Antonín J. Liehm (antes da filmagem do filme), Chytilová descreve o roteiro de Fruto do Paraíso:

A grosso modo, trata-se da luta desigual entre um homem e uma mulher. Acima disso, está a questão da capacidade de se aceitar a verdade - se uma pessoa conseguiria ser capaz de viver com os ideais que ele defende, capaz de merecê-los. É muito mais fácil lutar pela verdade do que viver com ela.[9]

Com os eventos da invasão da Tchecoslováquia pela União Soviética em agostode 1968, Chytilová e Krumbachová resolvem adaptar o roteiro "como uma parábola do paraíso do qual fomos expulsos porque nós temos que saber a verdade".[8] O tema principal deveria ser a traição.[5]

Atores[editar | editar código-fonte]

O trio protagonista (Eva: Jitka Nováková; Josef: Karel Novák; Robert: Jan Schmid) pertence ao Studio Ypsilon (fundado em 1963 por Schmid). O grupo desenvolveu e praticou um estilo de atuação “ingênuo”, influenciado pela compreensão do pintor Henri Rousseau sobre a arte naïf, pelo teatro de fantoches, pelo teatro do absurdo [10] e o Verfremdungseffeckt de Bertolt Brecht[5].

Recepção[editar | editar código-fonte]

Chytilová acreditava que, diferentemente de outros de seus filmes do final dos anos 1960 que foram colocados na lista negra, esse não seria banido nunca porque ninguém entendeu seu significado oculto[11]. O filme estreiou nos cinemas em julho de 1970.[12]

Ele foi exibido no Festival de Filmes de Cannes de 1970[13] apesar da recepção decepcionante.[12]

Mesmo em terras checas o filme recebeu reações mornas entre os críticos, que acharam que a difícil compreensão do filme significava que Chytilová e Krumbachová fizeram o filme somente para si mesmas[14]

Fruto do Paraíso foi o último filme feito para o cinema que Chytilová realiza antes de ser impedida pelo governo de trabalhar por seis anos[15]. Nesse tempo, ela dirige um média metragem para a televisão, Kamarádi (1971), até que finalmente, em 1976, ela lança O Jogo da Maçã.[16]

Referências

  1. SAAVEDRA, Jaiê; BEZERRA, Júlio; MONTEIRO, Rosa (ORG.). Vera Chytilová: A Grande Dama do Cinema Tcheco. Rio de Janeiro: Catálogo Mostra CCBB, 2019.
  2. KŘÍŽKOVSKÁ, Terezie. Chytilová, Kučera, Krumbachová: Sedmikrásky a Ovoce stromů rajských jíme jako experiment tří autorů. Praha, 2013. Bakalářská práce. Filozofická fakulta Univerzity Karlovy. Vedoucí práce PhDr. Kateřina Svatoňová, Ph.D Disponível online
  3. Nováková, Jitka; Novak, Karel; Schmid, Jan; Albert, Julius (31 de julho de 1970), Ovoce stromu rajských jíme, Elisabeth Films, Filmové studio Barrandov, consultado em 8 de junho de 2021 
  4. a b c d e f g h i j Fruit of Paradise (1970) - IMDb, consultado em 8 de junho de 2021 
  5. a b c Jusová, Iveta; Reyes, Dan (2014). «Věra Chytilová's The Fruit of Paradise: A Tale of a Feminine Aesthetic, Dancing Color, and a Doll Who Kills the Devil». Camera Obscura: Feminism, Culture, and Media Studies (em inglês) (3): 65–91. ISSN 0270-5346. doi:10.1215/02705346-2801518. Consultado em 15 de maio de 2021 
  6. Fruit of Paradise (1970) - IMDb, consultado em 8 de junho de 2021 
  7. Skupa, Lukáš (2 de setembro de 2018). «Perfectly unpredictable: early work of Věra Chytilová in the light of censorship and production reports». Studies in Eastern European Cinema (em inglês) (3): 233–249. ISSN 2040-350X. doi:10.1080/2040350X.2018.1469202. Consultado em 15 de maio de 2021 
  8. a b Věra Chytilová e Tomáš Pilát, Věra Chytilová zblízka [Věra Chytilová em close-up] (Praga: Nakla- datelství XYZ, 2010)
  9. Liehm, Antonín J. (2016). Closely watched films : the Czechoslovak experience. Abingdon, Oxon: [s.n.] OCLC 946157915 
  10. Zdeněk Hořínek, “Mu˚ j život s Ypsilonkou” [My life with Ypsilon], em Čtení o Ypsilonce [About Ypsilon], ed. Jaroslav Etlík and Jan Schmid (Prague: Studio Ypsilon, 1993), 6
  11. Chytilová, Vera. 2008. Rozhovor pro bonusové materiály DVD vydiání Ovoce stromu ra- jských jíme. Praga: Bontonfilm, DVD
  12. a b Ovoce stromů rajských jíme (1969) – Filmový přehled (em checo), consultado em 15 de maio de 2021 
  13. «Festival de Cannes: Fruit of Paradise». festival-cannes.com. Consultado em 11 de abril de 2009 
  14. Hrbas, Jìrí. 1970. “Z domácí fimové produkce.” Rudé právo 50 (3.9.): 5
  15. NELEPO, Boris. A última gargalhada de Věra Chytilová. In: SAAVEDRA, Jaiê; BEZERRA, Julio; MONTEIRO, Rosa (org.). Věra Chytilová : a grande dama do cinema tcheco. Rio de Janeiro: Catálogo Mostra CCBB, 2019.
  16. Čulík, Jan (2 de setembro de 2018). «In search of authenticity: Věra Chytilová's films from two eras». Studies in Eastern European Cinema (em inglês) (3): 198–218. ISSN 2040-350X. doi:10.1080/2040350X.2018.1469197. Consultado em 8 de junho de 2021 

Ligação externa[editar | editar código-fonte]