Garcinia cambogia

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Classificação científica
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Malpighiales
Família: Clusiaceae
Espécie: Garcinia

A garcinia cambogia[1] (sinónimo garcinia gummigutta[2]), comummente conhecida como tamarindeiro-do-malabar [3] ou guteira[4], é uma planta originária das florestas do Camboja, da Índia, do Sul do continente africano e da Polinésia.[5] Ao seu fruto, o tamarindo-do-malabar[3], são reputadas inúmeras qualidades culinárias, cosméticas e medicinais.[6]

Etimologia[editar | editar código-fonte]

Do que toca ao nome científico:

  • O nome genérico, Garcinia, é uma homenagem ao botânico francês do séc. XVIII, Laurent Garcin, cujo apelido consiste numa corruptela medieval da palavra francesa «garçon» (rapaz). [7]
  • O epíteto específico, cambogia, provém do étimo latino tardio gambogia e é alusivo ao território do Camboja.[8]
  • O epíteto específico alternativo, gummi-gutta[9], é alusivo à goma-guta[10], ou simplesmente, guta[11], que é a goma-resina segregada por esta planta.

Do que toca aos nomes comuns, o substantivo «guteira»[4] é alusivo à guta, uma goma-resina, com propriedades medicinais e também usada para fazer pigmento amarelo.[11] O substantivo guta, por sua vez, entrou no português por via do malaio getah, que significa «resina».[12]

Sinonímia taxonómica[editar | editar código-fonte]

  • Cambogia gummi-gutta L.
  • Cambogia solitaria Stokes
  • Garcinia affinis Wight & Arn.
  • Garcinia cambogia Desr.
  • Garcinia conicarpa Wight
  • Garcinia darwiniana Kesh.Murthy, Yogan. & K.Vasudev
  • Garcinia papilla Wight
  • Garcinia sulcata Stokes
  • Mangostana cambogia Gaertn.

Descrição[editar | editar código-fonte]

O tamarindeiro-do-malabar é uma árvore de folha persistente, que pode medir entre os 5 e os 20 metros de altura, contando com uma copa arredondada.[13]

O tronco pode orçar até 70 centímetros de diâmetro.[2]

Destaca-se pelos seus frutos comestíveis, os tamarindos-do-malabar, e pela sua goma-resina, às quais são reputadas propriedades medicinais, entre outras valências.[2] O tamarindeiro-do-malabar é amiúde cultivado fora do seu habitat natural, para servir de espécie decorativa, em territórios como a China, a Malásia e as Filipinas.[2]

Os tamarindos-do-malabar é verde e de formato ovóide, assumindo uma coloração amarelada ou avermelhada, quando amadurece.[2] Mede cerca de 5 centímetros de diâmetro. [2]

Ecologia[editar | editar código-fonte]

O tamarindeiro-do-malabar medra no sotobosque de florestas de árvores perenes, podendo tanto surgir em zonas de colina, como de planície, privilegiando especialmente os terrenos nas imediações de cursos de água.[2] Pode surgir em terrenos entre os 50 e os 1.800 metros de altitude.[2]

História[editar | editar código-fonte]

Durante séculos, na Europa, julgava-se que este tamarindo seria uma «tâmara da Índia», proveniente de uma palmeira.[3] Terá sido o botânico português, Garcia da Horta, a desfazer esse erro, ao descrever o tamarindeiro-do-malabar, comparando a árvore a um freixo ou nogueira[3]:

Usos[editar | editar código-fonte]

Tamarindo-do-malabar

Culinária[editar | editar código-fonte]

Os frutos desta planta, os tamarindos-do-malabar, tanto podem ser consumidos crus ou cozinhados[14], gozando de grande uso na culinária asiática e latino-americana[3]. O sabor ácido e frutuoso deste tamarindo confere a muitos pratos do sul da Índia o seu travo acre e a sua coloração mais escura.[3] Pode ser usado na confecção de caris.[14]

A casca do fruto maduro é amiúde usada para a confecção de condimentos, que servem para acentuar sabores e para ajudar a na conservação dos pratos confeccionados.[2]

Com as sementes, depois de secas, é possível fazer uma manteiga de alto valor proteico. O sumo e o xarope do tamarindo-do-malabar é usado na preparação de refrescos.[2]

Em Macau, o tamarindo-do-malabar é usado na confecção de uma pasta, o sun-tchi, de sabor acidulado, sendo utilizado como especiaria, para aromatizar e engrossar molhos de carne. [3]

Medicinal[editar | editar código-fonte]

Em 1991, começou-se a usar comercialmente, o hidróxido de ácido cítrico, extraído do tamarindo-do-malabar, como auxiliar na redução do peso e combate à obesidade.[5]

Historicamente, usaram-se partes do tamarindeiro-do-malabar para fazer mezinhas, para tratar do reumatismo e problemas de digestão.[2]

Agroflorestal[editar | editar código-fonte]

A grande e arredondada copa do tamarindo-do-malabar oferece boa sombra, o que a torna numa boa espécie, para plantar em associação com outras espécies, que careçam de espaços úmbrios para poderem medrar.[2]

O tamarindo-do-malabar é cultivado juntamente com coqueiros e arecas.[2]

Outras utilidades[editar | editar código-fonte]

Com a goma-resina segregada pelo tamarindeiro-do-malabar faz-se a goma-guta ou simplesmente guta[15], a qual serve para fazer pigmento amarelo, tintas, vernizes e lacas.[16]

É com este pigmento que se tingem têxteis no Oriente, incluindo as túnicas de monges budistas.[15][16]

O extracto do sumo do tamarindo-do-malabar é usado na industria cosmética, como ingrediente na preparação de condicionadores dermatológicos.[17]

Com extractos retirados da casca do tamarindo-do-malabar também se retiram ingredientes usados na industria cosmética, designadamente para a confecção de preparados adstringentes e lacas.[18]

A madeira do tamarindeiro-do-malabar é usada para fazer móveis.[2]

Referências

  1. «Garcinia cambogia». mansfeld.ipk-gatersleben.de. Consultado em 22 de julho de 2023 
  2. a b c d e f g h i j k l m n «Garcinia gummi-gutta - Useful Tropical Plants». tropical.theferns.info. Consultado em 22 de julho de 2023 
  3. a b c d e f g Barroqueiro, Deana (1 de janeiro de 2020). História dos Paladares Volume 1 (em Portuguese). Lisboa: Prime Books. p. 466. 486 páginas. ISBN 978-989-655-429-3 
  4. a b «Dicionário Online - Dicionário Caldas Aulete - Significado de guteira». aulete.com.br. Consultado em 22 de julho de 2023 
  5. a b BLANCO, Rose Aielo. Garcinia cambogia: a planta que acaba com a fome
  6. «Garcinia gummi-gutta - Useful Tropical Plants». tropical.theferns.info. Consultado em 22 de julho de 2023 
  7. «Garcinia - WordSense Dictionary». www.wordsense.eu (em inglês). Consultado em 22 de julho de 2023 
  8. «gamboge - WordSense Dictionary». www.wordsense.eu (em inglês). Consultado em 22 de julho de 2023 
  9. «gummigutta - WordSense Dictionary». www.wordsense.eu (em inglês). Consultado em 22 de julho de 2023 
  10. S.A, Priberam Informática. «goma-guta». Dicionário Priberam. Consultado em 22 de julho de 2023 
  11. a b S.A, Priberam Informática. «guta». Dicionário Priberam. Consultado em 22 de julho de 2023 
  12. «guta». Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora. Infopédia 
  13. Huxley, Anthony; Griffiths, Mark; Levy, Margot (1992). The new Royal horticultural society dictionary of gardening. Royal horticultural society New ed. ed. London New York: Macmillan Stockton press 
  14. a b Martin, Franklin W. (1987). Perennial edible fruits of the Tropics : an inventory. Licoln, NE, USA: U.S. Dept. of Agriculture, Agricultural Research Service. p. 29. 247 páginas 
  15. a b Howes, F. N. (1 de janeiro de 1949). Vegetable gums and resins (em English) First Edition ed. Leyden: Chronica Botanica Co. 188 páginas 
  16. a b Hill, Albert F. (22 de novembro de 1968). «Useful Species: Dictionary of Economic Plants . J. C. Th. Uphof. Second edition. Cramer, Wiirzburg, 1968 (distributed in the U.S. by Stechert-Hafner, New York). viii + 591 pp. $9.75,». Science (em inglês) (3856): 890–890. ISSN 0036-8075. doi:10.1126/science.162.3856.890. Consultado em 22 de julho de 2023 
  17. «Ingredient: GARCINIA CAMBOGIA FRUIT EXTRACT - Cosmetics - GROWTH - European Commission». ec.europa.eu. Consultado em 22 de julho de 2023 
  18. «Ingredient: GARCINIA CAMBOGIA PEEL EXTRACT - Cosmetics - GROWTH - European Commission». ec.europa.eu. Consultado em 22 de julho de 2023 
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