Igreja das Benditas Almas

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A Igreja das Benditas Almas é uma igreja do século XVIII localizada na freguesia da Caveira, concelho de Santa Cruz das Flores, na ilha das Flores, nos Açores.

História[editar | editar código-fonte]

Distante cinco quilómetros de Santa Cruz das Flores, o então bispo da Diocese de Angra, D. frei Valério do Sacramento, por alvará de 7 de julho de 1757 determinou a anexação do lugar da Caveira à paróquia da Lomba, situação que desagradou ao respetivo pároco, incomodado pela necessidade de atravessar os barrancos da Ribeira da Silva, de tal modo que em pouco tempo, começou a solicitar a separação do lugar. Tendo em conta as dificuldades de comunicação à época, e o desejo de ver resolvida a assistência religiosa à isolada comunidade, em 1767, por iniciativa de José António de Sousa Bettencourt,[1] um proprietário oriundo da ilha Graciosa que se havia fixado no lugar, foi construído um pequeno templo, no local onde existia uma primitiva ermida sob a invocação das Benditas Almas.

O novo templo apresentava modestas dimensões, com 12 metros de comprimento por apenas 4,2 metros de largura. Estando edificado, o então pároco da Lomba, padre José Joaquim de Almeida, solicitou ao soberano a "mercê de erigir a ermida das Benditas Almas em paroquial", o que se veio a materializar-se por Alvará de João VI de Portugal, datado de 19 de dezembro de 1823. Por esse diploma, a nova paróquia das Benditas Almas da Caveira regressava de pleno direito ao concelho de Santa Cruz, desligando-se definitivamente da vizinha freguesia lajense da Lomba. Passava a ter cura próprio, com a sua côngrua, e um tesoureiro.

A agora igreja paroquial das Benditas Almas era então propriedade de João António de Bettencourt, descendente do fundador, e estaria em estado de conservação razoável. Contudo, a sua degradação foi rápida, pois num inventário de 1867, encontra-se descrita como "quasi em estado de ruínas", o que foi confirmado dois anos depois por um relatório do governador civil do distrito da Horta, António José Vieira Santa Rita, que considerava lastimoso o seu estado de conservação.[2]

Desse modo, iniciaram-se ainda em 1867 os trabalhos de extração de pedra para a construção de uma nova igreja, cuja primeira pedra foi lançada a 13 de junho de 1870.[3] A construção foi lenta e dificultosa, recebendo a freguesia donativos da comunidade de emigrantes nos Estados Unidos e de vários notáveis, entre os quais o visconde de Silva Figueira.[4] A inauguração da capela-mor apenas foi conseguida em 11 de setembro de 1880.

Entretanto, desde 11 de agosto de 1835, a junta de paróquia e o pároco tinham solicitado ao vigário capitular da então "sede vacante" da Diocese de Angra a mudança do orago para Nossa Senhora do Livramento, alegando que o dia em que se celebravam as Benditas Almas (2 de novembro) era de ofícios fúnebres e portanto pouco próprio para celebrações.

No verão de 1854, quando da visita pastoral, o então bispo Manuel Afonso de Carvalho procedeu à cerimónia da mudança do orago para Nossa Senhora do Livramento.[1]

O professor Manuel António Ferreira Deusdado, em sua obra "Quadros Açóricos" (1907), no capítulo intitulado "A luz da Caveira", narra uma interessante lenda relativa ao local e à antiga ermida.[1]

Características[editar | editar código-fonte]

Em meados da década de 1950 apresentava altar único com a imagem de Nossa Senhora do Livramento e, nos nichos laterais, as imagens de Santo Amaro de de Santa Luzia. Em seu espólio destacava-se ainda uma imagem, moderna, do Senhor Bom Jesus.

Referências

  1. a b c COSTA, 1955-56:137.
  2. António José Vieira Santa Rita, Relatório de 1869, Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Angra do Heroísmo.
  3. GOMES 1997.
  4. Constantino Cândido Leal Soares, Apontamentos sobre a freguesia da Caveira na ilha das Flores, jornal O Fayalense, Horta, 28 de dezembro de 1879.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Ver também[editar | editar código-fonte]