Iris boissieri

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Iris boissieri
Classificação científica edit
Domínio: Eukaryota
Reino: Plantae
Clado: Tracheophyta
Clado: Angiospermae
Clado: Monocots
Ordem: Asparagales
Família: Iridaceae
Gênero: Iris
Subgénero: Iris subg. Xiphium
Seção: Iris sect. Xiphium
Espécies:
I. boissieri
Nome binomial
Iris boissieri
Sinónimos
  • Iris diversifolia (Merino)
  • Xiphion boissieri (Henrinq.) Rodion[1]
  • Iris heterophylla Merino[2][3]

Iris boissieri, comummente conhecido como lírio-do-gerês,[4] é um lírio (género da família Iridaceae ) raro e endémico das montanhas da Galiza e do Norte de Portugal.[5] Encontra-se classificado como uma espécie «Quase Ameaçada» na Lista Vermelha da Flora Vascular de Portugal continental.[6][7]

Nomes comuns[editar | editar código-fonte]

Dá ainda pelos seguintes nomes: lírio-cardano, lírio-cárdeno e lírio-roxo.[8]

Descrição[editar | editar código-fonte]

Pertence ao tipo fisionómico dos geófitos, tratando-se, por isso, de uma planta dotada de bolbo de túnica membranosa.[9]

No que toca às folhas são dimorfas, de modo que as inferiores se afiguram mais longas, ao passo que as distais já são mais curtas, de limbo mais comprido, transformando-se gradualmente em espatas.[10]

Por seu turno, o talo remata numa só flor, em casos excepcionais duas. Relativamente à flor, que é de cor violácea, esta apresenta divisões externas com uma franja central amarela e pêlos da mesma cor.[10] Floresce entre Maio e Junho.[8]

A polinização é entomófila, a dispersão dá-se por barocoria, isto é, por efeito da força da gravidade.[9] Pode reproduzir-se assexualmente mediante divisão do bolbo.[10]

Biologia reprodutiva[editar | editar código-fonte]

A taxa de formação de sementes oscila entre anos consecutivos.[9] Têm-se encontrado lírios-do-gerês com mais de 40 sementes, o que deve pressupor um dispêndio muito significativo de recursos importante para o bolbo, já que na época de maturação das sementes, a parte aérea da planta perdeu a sua capacidade fotossintética.[10] Existe variação interanual na formação de rebentos e floração desta espécie.[5] Esta alternância parece estar relacionada com o êxito e consumo de recursos na produção de sementes do ano precedente.[10]

Habitat[editar | editar código-fonte]

Medra em altitudes entre os 500 e 1.450m, em solos pouco fundos, de substracto rochoso granodiorito e ácido, brotando por entre as brechas de fragas e sáfaros de montanha.[9]

Distribuição[editar | editar código-fonte]

É próprio da Galiza e do Norte de Portugal Continental. No Norte de Portugal, esparge-se ao longo da fronteira galega com o Sudoeste da província de Ourense, bem como em vários pontos da zona do Noroeste,[8] com especial destaque para a epónima Serra do Gerês, que dá nome a esta espécie, para a Serra Amarela e para a Serra da Peneda.[6]

Na Galiza está presente na Serra do Gerês, em Santa Eufémia, em Baltar (Ourense), na Serra do Courel (Lugo) e no Monte Pindo (A Coruña).[10]

Taxonomia[editar | editar código-fonte]

Crismada em honra de Edmond Boissier (botânico suíço 1810-1885).[11]

Em 1877, A.W. Tait, enviou bolbos desta espécie, a partir do Porto, para Sir Michael Foster,[12] que os cultivou no Reino Unido. A espécie foi descrita oficialmente, pela primeira vez em 1885, pelo botânico português Júlio Augusto Henriques no Boletim da Sociedade Broteriana Vols. 1-28.[13]

Foi ainda descrito, ulteriormente, por Foster no segundo volume das «The Gardeners' Chronicles» de 1887.[2] Foster tornou ainda a mencionar a espécie, em 1890, na «Curtis's Botanical Magazine».[14]

Esta espécie foi homologada pelo Departamento da Agricultura Norte Americano e pelo Agricultural Research Service em 4 de Abril de 2003.[15]

Situação actual e ameaças[editar | editar código-fonte]

Tendo em conta as características biológicas e ecológicas desta espécie, aliada à informação recolhida pelos mais recentes censos populacionais crê-se que existam pelos menos 2.500 espécimes maduros em Portugal.[6] Não se têm verificado sinais do declínio populacional desta espécie, nem do declínio do respectivo habitat.[6]

Ameaças[editar | editar código-fonte]

Têm-se identificado algumas ameaças que fazem perigar a sustentabilidade e manutenção desta espécie, como sendo os incêndios florestais, as alterações climáticas, bem como as mudanças sofridas pelo regime de pastorícia praticado na região, que começa a afastar-se dos moldes da pastorícia tradicional.[8]

No entanto, tendo em vista que estes vectores de perigo não têm demonstrado estar a afetar de forma expressiva as populações do lírio-do-gerês, optou-se por não classificar esta espécie dentro das categorias de perigo da Lista Vermelha Flora Vascular.[6]

Destarte, o lírio-do-gerês, presentemente, encontra-se inserido na categoria das espécies «Quase Ameaçadas», arroladas no anexo IV da directiva comunitária Diretiva 92/43/CEE.[9][16]

Referências

  1. a b Ortiz, S.; Pulgar Sañudo, I. (2011). «Iris boissieri». Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas. 2011: e.T162312A5572505. doi:10.2305/IUCN.UK.2011-2.RLTS.T162312A5572505.enAcessível livremente. Consultado em 19 de novembro de 2021 
  2. a b «(SPEC) Iris boissieri Henriques». wiki.irises.org (American Iris Society). Consultado em 29 de Julho de 2014 
  3. «Iris boissieri Henriq. is an accepted name». theplantlist.org (The Plant List). 23 de março de 2012. Consultado em 6 de julho de 2015 
  4. Infopédia. «lírio-do-gerês | Definição ou significado de lírio-do-gerês no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 2 de agosto de 2021 
  5. a b «Página de Espécie • Naturdata - Biodiversidade em Portugal». Naturdata - Biodiversidade em Portugal. Consultado em 2 de agosto de 2021 
  6. a b c d e «Flora Single». Lista Vermelha da Flora (em inglês). 11 de julho de 2017. Consultado em 2 de agosto de 2021 
  7. Carapeto, André (2020). Lista Vermelha da Flora Vascular de Portugal Continental (PDF). Lisboa: Imprensa Nacional Casa da Moeda. p. 353. 374 páginas. ISBN 978-972-27-2876-8 
  8. a b c d «Iris boissieri». Jardim Botânico Utad. Consultado em 27 de junho de 2021 
  9. a b c d e «Flora-On | Flora de Portugal». flora-on.pt. Consultado em 2 de agosto de 2021 
  10. a b c d e f Quintanar, A. (2014). Flora Iberica. Plantas vasculares de la Península Ibérica e Islas Baleares (PDF). Madrid: Real Jardín Botánico. p. 409 
  11. Stearn, William (1972). A Gardenerer's Dictionary of Plant Names. London: Cassell. ISBN 0304937215 
  12. «Foster, Sir Michael». Who's Who. 59. 1907. p. 626 
  13. «Iris boissieri Henriq». apps.kew.org. Consultado em 29 de Julho de 2014 
  14. Lynch, RichardThe Book of the Iris, p. 161, no Google Livros
  15. «Iris boissieri». Agricultural Research Service (ARS), United States Department of Agriculture (USDA). Germplasm Resources Information Network (GRIN). Consultado em 6 de Julho de 2015 
  16. «DIRECTIVA 92/43/CEE DO CONSELHO - de 21 de Maio de 1992 - relativa à preservação dos habitats naturais e da fauna e da flora selvagens». https://eur-lex.europa.eu/. 21 de Maio de 1992. Consultado em 29 de agosto de 2022