Junta de Governo de Transição da Bolívia

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A Junta de Governo de Transição (em castelhano: Junta de Gobierno de Transición) foi um triunvirato que governou a Bolívia por seis meses, entre 1920 e 1921. A junta foi presidida pelo político republicano Bautista Saavedra Mallea, sendo seus outros membros José María Escalier e José Manuel Ramírez, também republicanos.[1]

Antecedentes[editar | editar código-fonte]

A Junta surgiu após o golpe de 12 de julho de 1920, que depôs o presidente liberal José Gutiérrez Guerra. Ele foi exilado para o Chile, onde passou seus últimos dias. Morreu em Antofagasta em 1929.[2]

O articulador do golpe foi Bautista Saavedra Mallea, professor universitário, sociólogo, jornalista e diplomata, que em 1915 fundou o Partido Republicano.[3]

Composição[editar | editar código-fonte]

Bautista Saavedra Mallea, Chefe da Junta de Governo de Transição (1920-1921).

Após o golpe de Estado, foi instalada a Junta de Governo de Transição, da qual faziam parte Bautista Saavedra, José María Escalier e José Manuel Ramírez, todos do Partido Republicano.[1] Daniel Salamanca, outra figura proeminente do Partido Republicano, foi excluído em circunstâncias pouco claras.[4] Sem abandonar a Junta, Escalier organizou um Partido Republicano "genuíno" e aliou-se a Salamanca, passando efetivamente para a oposição. Essa divisão também assumiu o caráter de uma disputa regional, já que o sul do país apoiava Escalier, Cochabamba apoiava Salamanca e La Paz apoiava Saavedra.[5]

Gestão[editar | editar código-fonte]

A principal tarefa da Junta era a convocação de eleições para uma Convenção Nacional ou Assembleia Constituinte, cuja função seria reformar a Constituição Política. Mas o que cada um dos três líderes republicanos (Saavedra, Salamanca e Escalier) realmente buscava era chegar à presidência do país com o apoio dos votos dos convencionais ou deputados.[6]

Durante sua breve gestão, o Conselho emitiu importantes medidas, como as seguintes:[6]

  • Supressão do casamento civil para os indígenas, que manteve assim o valor do vinculo canônico reconhecido pelo Estado.
  • Criação de uma comissão para estudar as leis favoráveis ​​aos trabalhadores.

Em agosto de 1920 houve o regresso do general Hans Kundt, que mais uma vez se encarregou da reorganização do exército boliviano. Esse personagem interviria ao longo da década na vida política boliviana.[6]

Dissolução e eleição de Saavedra como presidente[editar | editar código-fonte]

A Assembleia Constituinte iniciou suas sessões em 19 de dezembro de 1920. A maioria de seus membros eram partidários de Saavedra.[6] Ele propôs que os deputados elegessem o Presidente da República, ao que se opuseram Escalier e Ramírez, que, em protesto, deixaram a Junta de Governo, em janeiro de 1921.[4]

Em 26 de janeiro de 1921, foi realizada na Assembleia a eleição do Presidente da Bolívia. A oposição (36 deputados) retirou-se do hemiciclo, por considerar que a votação estava arranjada. Saavedra foi eleito com 47 votos a favor e um contra, este último de Daniel Salamanca. Dois dias depois, Luis Paz foi eleito vice-presidente, que renunciou antes de tomar posse.[6][7]

Saavedra foi empossado como Presidente da República em 28 de janeiro de 1921.[3]

Referências

  1. a b «Biografía de Juan Bautista Saavedra» (em espanhol). www.biografiasyvidas.com. 2004 
  2. Manuel Carrasco (24 de fevereiro de 2015). «Don José Gutiérrez Guerra» (em espanhol). www.eldiario.net 
  3. a b «Bautista Saavedra Mallea» (em espanhol). lapatriaenlinea.com. 6 de agosto de 2013 
  4. a b Dunkerley, 1987, p. 154.
  5. Dunkerley, 1987, p. 155.
  6. a b c d e «La junta de gobierno de 1920 - 1921» (em espanhol). www.educa.com.bo 
  7. Dunkerley, 1987, ibidem.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]