Lady Susan

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Lady Susan
Autor(es) Jane Austen
Lançamento 1871
Primeira página do livro A Memoir, de Jane Austen, segunda edição.

Lady Susan é um curto romance epistolar de Jane Austen, escrito provavelmente em 1794 e publicado somente em 1871. Escrito na fase jovem da autora e nunca enviado para publicação, ele descreve as estratégias da protagonista que dá nome ao romance.

Sinopse[editar | editar código-fonte]

Lady Susan Vernon, bela e encantadora mulher, recentemente viúva, visita seus cunhados Charles e Catherine Vernon na casa de campo deles em Churchill, chegando pouco tempo depois de avisá-los. Catherine está longe de ficar satisfeita, pois Lady Susan tentou impedir seu casamento com Charles e sua hóspede indesejada foi descrita para ela como “a coquette mais talentosa da Inglaterra”. Entre as conquistas de Lady Susan em Londres está um homem casado, o Sr. Manwaring.

Reginald, o irmão de Catherine, chega à casa de campo uma semana depois e apesar das reiteradas advertências feita pela irmã sobre a índole de Lady Susan, ele logo cai em seus feitiços. Lady Susan brinca com os sentimentos do jovem rapaz para sua própria satisfação, e posteriormente ela continua pois percebe quão desconfortável deixava sua cunhada. Sua confidente, Mrs. Johnson, para quem escreve frequentemente, recomenda que ela se case com Reginald, mas Lady Susan o considera muito inferior ao senhor Manwaring.

Frederica, a filha de 16 anos de Lady Susan, tenta fugir da escola quando ela descobre o plano de sua mãe para casá-la com um rico e insosso jovem que ela detesta. Ela também se torna uma hóspede em Churchill. Catherine começa a gostar da jovem – seu caráter é totalmente diferente do da mãe – e com o passar do tempo ela percebe o afeiçoamento de Frederica pelo desatento Reginald.

Posteriormente, o senhor James Martin, indesejado pretendente de Frederica, aparece sem ser convidado, para seu infortúnio e irritação de sua mãe. Quando Frederica implora em desespero pela ajuda de Reginald (ela tinha sido proibida pela mãe de recorrer a Charles e Catherine Vernon), isso causa uma desavença temporária entre Reginald e Lady Susan que rapidamente é reparada.

Lady Susan decide voltar para Londres e casar sua filha com Sir James. Reginald a segue, ainda enfeitiçado pelos seus encantos e com a intenção de se casar com ela, mas ele se encontra com a senhora Manwaring na casa do senhor Johnson e finalmente aprende sobre o caráter real de Lady Susan. Lady Susan acaba se casando com o pretendente da filha, Sir James, e permite que Frederica resida em Churchill, com Charles e Catherine, onde Reginald pode ser cortejado, elogiado e induzido a uma afeição pela jovem.

Personagens principais[editar | editar código-fonte]

  • Lady Susan Vernon

A personagem principal tem por volta de 35 ou 36 anos. Ela é filha de um conde. Ela se tornou viúva há poucos meses e é conhecida por constantemente manipular e seduzir homens solteiros e casados. Como ela foi deixada em situação financeira precária devido a morte de seu primeiro marido, ela se vale do flerte e da sedução para atingir seus objetivos e manter a fachada do opulento estilo de vida que levava. Como viúva e mãe, seus principais objetivos eram, casar rapidamente sua filha Frederica (a quem ela desdenha, e considera estúpida e teimosa) com um homem rico, e arranjar um esposo ainda melhor para si. A senhora Vernon a descreve assim: “...realmente muito bonita. Eu raramente vi uma mulher tão adorável como Lady Susan. Ela é delicadamente branca, com bonitos olhos cinzas e cílios escuros; e da sua aparência ninguém poderia supor mais do que vinte e cinco anos, mas ela é de fato dez anos mais velha. Eu estava decidida a não admirar ela...porém não posso deixar de sentir que ela possui uma incomum união de simetria, brilho e graça”. Lady Susan age friamente com sua filha, por quem sente pouco ou nenhum afeto: ela a chama de “garota estúpida” que “não tem nada que a recomende”. É possível que Jane Austen tenha reproduzido na personagem da mãe uma antiga vizinha, a linda senhora Craven, que realmente tratou suas filhas com crueldade, as trancafiando, batendo e deixando elas passarem fome, até o dia em que elas fugiram ou se casaram com alguém mais pobre para poderem escapar. Há um contraste irônico entre a bonita e casta personagem bíblica de Susana do Antigo Testamento e Lady Susan.

  • Frederica Vernon

Filha de Lady Susan. Oprimida pela mãe, Frederica é muito tímida e somente com o tempo que o leitor consegue perceber que ao invés de ser estúpida e teimosa, ela é uma garota doce e sensível, cuja natureza generosa se opõe ao egoísmo venal de Lady Susan. Frederica não é bonita como a mãe, porém ela tem uma beleza suave e delicada que, junto com sua habilidade de ser grata, a cativou para junto dos Vernons.

  • Catherine Vernon

Cunhada de Lady Susan. Lady Susan facilmente percebe quanto a senhora Vernon desgosta dela, mas ela permite pois ela é “bem criada” e tem um ar de “uma mulher da moda”. Ela sente mais carinho e preocupação por Frederica do que Lady Susan, e frequentemente lamenta a negligência de Lady Susan com a filha.

  • Charles Vernon

Cunhado de Lady Susan. Um homem ameno que permite que ela fique na sua casa.

  • Reginald De Courcy
Irmão da Sra. Vernon. Ele é bonito, gentil, caloroso, receptivo, porém um tanto ingênuo. Sra. Vernon escreve numa carta para a mãe: “Ó! Reginald, como pôde seu julgamento escravizar!”.
  • Senhora De Courcy

Confidente e mãe da Sra. Vernon. Lady de Courcy confia no discernimento da filha e está preocupada em não deixar Reginald ser levado por Lady Susan.

  • Alicia Johnson

Amiga íntima que Lady Susan confia todas as suas intenções. A Sra. Johnson tem uma mentalidade imoral similar à de sua amiga. Empacada em um casamento com um homem sensível que ela não ama, quem Lady Susan descreve debochadamente como “velho o suficiente para ser formal, ingovernável e para ter gota – muito velho para ser agradável e muito novo para morrer”, ela se delicia em ouvir e fazer sugestões nos planos manipulativos de Lady Susan.

Análise[editar | editar código-fonte]

Apesar de o tema, juntamente com o foco no estudo de caráter e questões morais, ser parecido com outro trabalho já publicado de Austen (Razão e Sensibilidade, que também foi originalmente escrito em forma epistolar), sua perspectiva é muito diferente, e Lady Susan possui alguns paralelos da literatura do século XIX.[1] Ela é uma mulher egoísta, intrigante e sem escrúpulos, muito atraente para os homens, que não tem vergonha nenhuma do seu relacionamento com um homem casado. Ela subverte todos os padrões do romance romântico: tem um papel ativo, não é apenas bonita, mas inteligente e espirituosa, e seus pretendentes são significativamente mais jovens do que ela é (em contraste com Razão e Sensibilidade e Emma, que mostram os casamentos das suas protagonistas femininas com homens 16 anos mais velhos). Embora o final inclua uma tradicional recompensa para a moralidade, a própria Lady Susan é tratada com mais indulgência que as mulheres adúlteras, em Mansfield Park, que são severamente punidas.

Filmes e adaptações para televisão[editar | editar código-fonte]

Em 2009, Lady Susan estava sendo adaptada pela escritora britânica Lucy Prebble para a Celador Films e a BBC4.

Intitulado Amor & Amizade, um dos trabalhos juvenis de Austen, a adaptação de Whit Stillman para Lady Susan foi incluída no Festival de Cinema de Sundance, em 2016. A data de lançamento nos EUA foi 13 de maio de 2016. Estrelado por Kate Beckinsale, Chloe Sevigny, Xavier Samuel e Stephen Fry. Recebeu críticas extremamente positivas.

Em 2018, Lady Susan foi uma das obras de Jane Austen a serem adaptadas em Orgulho e Paixão, telenovela da Rede Globo, sendo Alessandra Negrini a intérprete de Susana.[2]

Teatro e Adaptações Literárias[editar | editar código-fonte]

Uma adaptação feita por Bonnie Milne Gardner, PhD, Professora do Dept. de Teatro e Dança da Universidade de Wesleyan em Ohio, foi apresentada na OWU durante a temporada de teatro de 1998-1999. O script é feito para cinco mulheres e três homens, com mínimos recursos de cenário, e a performance dura em média 90 minutos.

Uma versão de Lady Susan foi feita para duas mulheres, adaptada pelo Teatro de Inis, apresentada no Fringe Festival de Dublin em 2001-2.[3]

Outra adaptação foi feita por Cristine U’Ren foi apresentada pela Companhia de Teatro Bella Union no Berkeley City Club em Berkeley, Califórnia, em julho de 2009.[4]

Lady Susan (romance), um livro reescrito por Phyllis Ann Karr.[5]

Lady Vernon and Her Daughter, uma reconstrução do romance Lady Susan, publicada pela Crown Publishing em 2009. Escrita pelas duas autoras, mãe e filha, Jane Rubino e Caitlen Rubino-Bradway, a adaptação interpreta a obra com fidelidade à forma mais madura de prosa de Austen.[6]

Uma nova adaptação do texto, em forma de romance, pelo diretor Whit Stillman, foi anunciado para publicação, para coincidir com o lançamento do filme (sob o mesmo título), em 13 de Maio de 2016. Um trecho do artigo e entrevista[7] de Alexandra Alter do The New York Times com o diretor Stillman em 2016, que descreve o processo de produção do romance, diz: “No romance, o Sr. Stillman usa o enredo e as personagens das cartas de ficção de Austen e narra o conto pela perspectiva do sobrinho de Lady Susan, que espera contrariar as críticas de sua tia maligna. As 41 cartas de Lady Susan de Austen estão inclusas no anexo final. ” Stillman disse a Alter que sentia que Lady Susan não estava bem terminado, e achava que o livro era “imperfeito”. Depois de perceber que havia uma outra história para ser contada, ele convenceu a editora Little, Brown and Company para deixá-lo escrever o romance.

Referências

Leitura complementar[editar | editar código-fonte]

  • Austen, Jane; Ed. Peter Washington. Sanditon and Other Stories. [S.l.: s.n.] 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]