Linhas de Torres Vedras

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Denominam-se linhas de Torres Vedras, ou simplesmente Linhas de Torres, o extenso conjunto de linhas fortificadas que, à época da Guerra Peninsular, visava a defesa de Lisboa e seu porto diante das tropas invasoras napoleónicas.

História

Este peculiar conjunto defensivo foi ordenado por Arthur Wellesley (mais tarde duque de Wellington), após a invasão de Soult (Março a Maio de 1809) na expectativa de uma nova invasão francesa. Baseava-se na idéia de reforço dos obstáculos naturais da região, ao mesmo tempo em que mantinha uma comunicação aberta com o mar, em caso de eventual necessidade de retirada das tropas britânicas pelas suas forças navais.

Os trabalhos iniciaram-se a partir de Novembro de 1809, com as obras de ampliação e reforço do Forte de São Julião da Barra, a que se seguiram a construção do Forte de Sobral, do Forte de São Vicente de Torres Vedras e as fortificações de Mafra, Montachique, Bucelas e Vialonga, sob a direção do Tenente-coronel britânico Fletcher.

Ainda incompletas, contando com apenas 108 estruturas, entraram em combate em 1810, derrotando as tropas francesas sob o comando do marechal André Masséna, vindo os trabalhos a serem concluídos apenas em 1812.

Considerada como um dos maiores (e mais baratos) feitos da engenharia militar britânica, em 1833 foi erguido em Alhandra o Monumento Comemorativo das Linhas de Torres Vedras.

Características

No total, o conjunto ascende a 152 fortificações, distribuídas entre o mar e o rio Tejo, em posição dominante no terreno circundante, reforçadas por obras complementares de defesa: escarpas e contra-escarpas, trincheiras, fossos, diques, estradas e outros, distribuídas por três linhas principais, subdivididas em districtos e estes, em sectores:

  • 1a. Linha: estendia-se por aproximadamente 46 km, de Alhandra à foz do rio Sizandro, em Torres Vedras, complementada por uma flotilha de 14 canhoneiras inglesas que patrulhava o rio Tejo (a chamada Bateria do Tejo);
  • 2a. Linha: a cerca de 13 km ao sul da anterior, estendia-se por cerca de 39 km, de (Forte da Casa) a Ribamar;
  • 3a. Linha: a cerca de 40 km ao sul da anterior, compreendia um perímetro defensivo de cerca de 3 km, da povoação de Paço D’Arcos ao Forte de São Julião da Barra, protegendo as cabeças de praia junto à foz do rio Tejo.

Uma 4a. Linha erguia-se na margem sul do rio Tejo, fechando a península de Setúbal, cobrindo aquele flanco.

Curiosidades

  • As Linhas de Torres são consideradas pelos especialistas um dos mais eficientes sistemas de fortificação de campo da História.
  • Foram erguidas em absoluto segredo: nem o comando das tropas e nem os governos francês e inglês tinham conhecimento dos trabalhos. Apenas alguns oficiais do Estado-maior inglês e os envolvidos na direção dos trabalhos conheciam os planos.
  • Para a construção dessa extensão de obras, foi implantada uma verdadeira política de terra queimada: a população da região a norte das linhas (cerca de 300 mil habitantes) foi deslocada para dentro do perímetro defensivo, colaborando nas obras e reforçando a defesa.
  • Os trabalhos foram dirigidos por 18 oficiais e 150 sargentos britânicos, a um custo total em torno de 100 mil libras.
  • O rio Sizandro foi tornado praticamente intransponível, pois a agravar o seu curso já de si pantanoso, foram construídas comportas destinadas a reter as suas águas.
  • Pode-se afirmar que as "Linhas de Torres" desempenharam papel fundamental na dissuasão da marcha das tropas de André Masséna. Apesar de ter se aproximado das Linhas, tendo-as observado pessoalmente e constatado a dificuldade de transpô-las, iniciou a retirada da Península Ibérica, sempre acossado pelas forças luso-britânicas.

Ver também