Luizão (boxeador)

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Luiz Inácio
Luizão (boxeador)
Luizão posando para uma fotografia na sede da Estrada de Ferro Sorocabana, onde trabalhava como contínuo, 1958.
Informações pessoais
Apelido Luizão
O martelo negro
Categoria Meio-Pesado (até 81 kg)
Nacionalidade brasileira
Data de nasc. 22 de maio de 1929 (94 anos)
Falecimento 2 de agosto de 1977 (48 anos)
Local São Paulo
Altura 1,83m
Envergadura 1,93m
Cartel
Vitórias 37
Nocautes 20
Derrotas 11
Empates 4
Luiz Inácio
Informações pessoais
Apelido Luizão
Modalidade Boxe (Meio-Pesado)
Período em atividade 1955
Medalhas
Jogos Pan-Americanos de 1955
Ouro Boxe categoria Meio-Pesado (até 81 kg)

Luiz Inácio (?, 22 de maio de 1929 - São Paulo, 2 de agosto de 1977), também conhecido por Luiz Ignácio e Luizão, foi um boxeador brasileiro, campeão nacional e sul-americano da categoria Meio-Pesado e medalhista de ouro no torneio Pan-Americano de Boxe de 1955 na categoria Meio-Pesado.[1]

História[editar | editar código-fonte]

Após ingressar na Estrada de Ferro Sorocabana como contínuo no início da década de 1950, Luizão foi incentivado por seus colegas a praticar boxe amador. Em 1953 acabou incorporado à academia de José Aristides "Kid” Jofre (1907 - 1974), pai de Éder Jofre. Em pouco tempo, passou a ser um dos melhores boxeadores amadores brasileiros da categoria Meio-Pesado, treinando na academia do São Paulo Futebol Clube.[2][3]

Pan-Americano de 1955[editar | editar código-fonte]

Em 1955 classificou-se para a categoria Meio-Pesado (até 81 kg) dos Jogos Pan-Americanos de 1955 na Cidade do México. Em sua primeira luta, realizada contra o mexicano Lorenzo Valles, chamou a atenção vencer em cinco segundos por nocaute. Após vencer outros adversários, disputou e venceu a final em 26 de março de 1955 contra o argentino Abel Escalante e conquistou a primeira medalha de ouro do boxe brasileiro nos jogos pan-americanos. Nos jogos de 1955, além de Luizão, apenas Ademar Ferreira da Silva conquistou uma medalha de ouro.[4][5][6][7][8]

Profissionalização[editar | editar código-fonte]

Apesar da perspectiva de disputar os Jogos Olímpicos de Verão de 1956, Luizão optou por se profissionalizar por razões financeiras. Assim, cerca de dois meses após a conquista do Pan, Luizão estreou na categoria Meio-Pesado em 20 de abril de 1955 contra Enrique Pombo, vencendo por nocaute. Após 10 vitórias seguidas, conquistou o cinturão de campeão brasileiro de sua categoria em 11 de novembro de 1955 ao nocautear o então campeão (desde 1953) Nelson de Andrade. Luizão manteve esse título até 1960 quando foi derrotado por Valter “Manteiga” Rodrigues. No final de sua carreira, Luizão reconquistou o cinturão em 1962 e o manteve até ser derrotado por Hiram Campos.[3]

Por conquistar e manter o cinturão de campeão brasileiro Meio-Pesado por um bom tempo, Luizão pôde disputar o cinturão de campeão sul-americano em 18 de março de 1958 em Montevidéu, contra o uruguaio Dogomar Martínez (que disputou os Jogos Olímpicos de 1948). Nessa primeira disputa, Luizão acabou perdendo por nocaute e pediu a revanche.[9] Na revanche, realizada em São Paulo em 16 de janeiro de 1959, Luizão venceu Martínez por nocaute e sagrou-se campeão sul-americano de boxe.[10][11] Em nova revanche, realizada em Montevidéu em 9 de maio de 1959, Martínez retomou o cinturão ao vencer Luizão por pontos. [12][13]

A irregularidade de sua carreira surgiu após uma lesão sofrida na cabeça em 1956 após duas lutas seguidas contra o chileno Humberto Loayza (que representou seu país nos Jogos de 1948). Após vencer a primeira por pontos em um combate intenso realizado em 20 de abril, Luizão não teve tempo de se recuperar e acabou nocauteado em novo combate realizado em 4 de maio.[14] A lesão na cabeça foi piorando progressivamente até forçá-lo a encerrar a carreira prematuramente em 1963. Havia o risco de morte caso Luizão recebesse um golpe na cabeça.[2]

Archie Moore[editar | editar código-fonte]

A luta mais importante realizada por Luizão foi uma de exibição contra o ex campeão mundial Archie Moore.[3] Apesar de ter sido derrotado, Luizão suportou os dez assaltos e perdeu por pontos.[15]

Vida posterior[editar | editar código-fonte]

Mesmo tendo conquistado uma medalha de ouro no Pan-Americano e ter sido campeão sul-americano de boxe, Luizão acabou sofrendo com problemas de saúde e racismo (em 1959, por exemplo, foi impedido de participar de um baile em um ginásio de esportes na cidade de Ourinhos). Por algum tempo continuou trabalhando na Sorocabana e na Secretaria de Transportes do Estado de São Paulo até que passou a sofrer de demência pugilística. Faleceu, em ostracismo, no Hospital Central Sorocabana em 2 de agosto de 1977.[1]

Referências

  1. a b «Luisão morreu e o boxe nem sabia». Folha de S.Paulo, ano LVI, edição 17654, página 29. 3 de agosto de 1977. Consultado em 26 de abril de 2020 
  2. a b Marcos Antônio (Maio de 2019). «Surto História - O Martelo Negro». Surto Olímpico. Consultado em 26 de abril de 2020 
  3. a b c «Luiz Inácio X Archie Moore:Acontecimento inédito na história do boxe brasileiro». A Gazeta Esportiva, ano XVIII,edição 9883, páginas 1 e 15. 18 de janeiro de 1958. Consultado em 26 de abril de 2020 
  4. Folha de S.Paulo (2007). «Cidade do México - 1955». Especial Pan 2007. Consultado em 26 de abril de 2020 
  5. UOL Esporte (2007). «Boxe brasileiro sente saudade do último ouro». Especial Pan 2007. Consultado em 26 de abril de 2020 
  6. «Luiz Inácio sagrou-se campeão Pan-Americano de boxe». A Noite, ano XLIII, edição 14965, página 16/republicado pela Biblioteca Nacional - Hemeroteca Digital Brasileira. 23 de março de 1955. Consultado em 26 de abril de 2020 
  7. OLDERR, Steven (2009). The Pan American Games: A Statistical History, 1951-1999. [S.l.]: McFarland & Company. p. 62. ISBN:978-0786443369 
  8. Ismar Buarque (29 de março de 1955). «Belo feito de Luiz Inácio». Correio da Manhã, ano LIX, edição 19019, 2º Caderno, página 3/republicado pela Biblioteca Nacional - Hemeroteca Digital Brasileira. Consultado em 26 de abril de 2020 
  9. Avila Machado (20 de março de 1958). «Dogomar venceu como grande campeão e derrota de Luizão foi honrosa». Diário da Noite, ano XXXIII, edição 10164, página 13/republicado pela Biblioteca Nacional - Hemeroteca Digital Brasileira. Consultado em 26 de abril de 2020 
  10. E.Pacote, Ronaldo Moraes e Neil Ferreira (31 de janeiro de 1959). «Luizão venceu». O Cruzeiro, Ano, XXXI edição 16, páginas 84-89. Consultado em 26 de abril de 2020 
  11. «Luisão é o novo campeão dos meio-pesados!». Jornal dos Sports, ano XXIX, edição 9012, páginas 1 e 8/republicado pela Biblioteca Nacional - Hemeroteca Digital Brasileira. 17 de janeiro de 1959. Consultado em 26 de abril de 2020 
  12. Luís Nassif (13 de dezembro de 1998). «O martelo negro». Folha Onilne-Seção Mercado. Consultado em 26 de abril de 2020 
  13. Tabajara Tales e Antônio Romek (30 de maio de 1959). «Um fato em foco». O Cruzeiro, Ano, XXXI edição 33, páginas 75/republicado pela Biblioteca Nacional - Hemeroteca Digital Brasileira. Consultado em 26 de abril de 2020 
  14. «Grande noitada pugilística». A Noite, ano XLIV, edição 15304, 3º Caderno, página 2/republicado pela Biblioteca Nacional - Hemeroteca Digital Brasileira. 7 de maio de 1956. Consultado em 26 de abril de 2020 
  15. «Archie Moore venceu por pontos mas a derrota de Luizão valeu por uma vitória». A Gazeta Esportiva, ano XXVIII, edição 9884, página 36/republicado pela Biblioteca Nacional - Hemeroteca Digital Brasileira. 20 de janeiro de 1958. Consultado em 26 de abril de 2020