Manjutaquim

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Manjutaquim
Conhecido(a) por
Morte 1007
Nacionalidade Califado Fatímida
Etnia Turca
Ocupação General e governador
Religião Islamismo
Histameno de Nicéforo II (r. 963–969) e Basílio II (r. 976–1025)
Dinar de ouro de Alaziz (r. 975–996)

Manjutaquim (em turco: Mencu Tekin; 1007) foi um escravo militar (gulam) do califa fatímida Alaziz (r. 975–996). De origem turca, tornou-se um dos principais generais fatímidas de Alaziz, lutando contra os hamadânidas e o Império Bizantino na Síria. Ele rebelou-se contra a preponderância dos berberes nos primeiros anos de Aláqueme (r. 996–1021), mas foi derrotado e morto em cativeiro.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Manjutaquim foi um dos mais proeminentes soldados-escravos turcos (gulans) que foram introduzidos na corte fatímida de Alaziz e seu predecessor Almuiz (r. 953–975), ao mesmo tempo que serviu como contrabalanço do exército sobretudo berbere (principalmente da tribo cotama).[1][2] Em 991, após a morte do vizir Iacube ibne Quilis, que tinha dominado as políticas fatímidas durante sua vida, Alaziz escolheu prosseguir uma postura mais agressiva na Síria, e nomeou Manjutaquim como governador de Damasco.[3] Encorajado por deserções ocorridas após a morte do emir hamadânida Sade Adaulá (r. 967–991), Alaziz decidiu atacar novamente o Emirado de Alepo, e confiou a campanha a Manjutaquim. O general fatímida invadiu o emirado, derrotou em junho de 992 uma força bizantina sob o duque de Antioquia Miguel Burtzes e sitiou Alepo. Contudo, falhou em prosseguir o cerco com vigor e a cidade facilmente foi capaz de resistir até, na primavera de 993, após 13 meses de campanha, Manjutaquim ser forçado a retornar para Damasco devido a falta de suprimentos.[4][5]

Na primavera de 994, Manjutaquim lançou outra invasão, novamente derrotando Burtzes em setembro na batalha do Orontes, tomou Emesa, Apameia e Xaizar e novamente sitiou Alepo. O bloqueio desta vez foi mais efetivo e logo causou uma severa carência de alimentos, porém os defensores da cidade mantiveram-se firmes sob a orientação do determinado regente Lulu, o Velho, até a súbita chegada do imperador bizantino Basílio II Bulgaróctono (r. 976–1025) em abril de 995. Basílio, que havia realizado campanha na Bulgária, respondeu o apelo de ajuda hamadânida, e cruzou a Anatólia em apenas 16 dias como chefe de um exército; sua chegada súbita e o exagerado número de soldados circulando por seu exército causou pânico no exército fatímida, e especialmente em Manjutaquim que, não esperando qualquer ameaça, ordenou que seus cavaleiros dispersassem os cavalos no entorno da cidade para pastarem. Apesar de ter um exército consideravelmente maior e bem descansado, Manjutaquim estava assim em desvantagem. Ele incendiou seu campo e retirou-se para Damasco sem lutar. Os bizantinos sitiaram Trípoli sem-sucesso e ocuparam Tartus. O próprio Alaziz preparou-se para tomar o campo contra os bizantinos, mas ele morreu em 14 de outubro de 996, antes de começar sua campanha.[6][7][8]

Dinar de Aláqueme (r. 996–1021)

Após a morte de Alaziz, seu jovem filho Aláqueme (r. 996–1021) sucedeu-o no trono, com o eunuco Barjauã sendo nomeado como regente por Alaziz em seu leito de morte. Os cotamas, contudo, usaram a oportunidade para instalar seu líder, Haçane Abenamar, como primeiro ministro, e efetivamente tomaram controle do governo central. Isso provocou a reação da facção turca, liderada por Manjutaquim. Com encorajamento secreto de Barjauã, Manjutaquim liderou seu exército para sul em direção o Egito, enquanto os berberes reuniram-se sob o comando de Solimão ibne Jafar ibne Falá. Os dois exércitos encontraram-se em Ramla ou Ascalão, e a batalha terminou com a derrota de Manjutaquim, que foi levado prisioneiro.[9][10] Ibne Falá marchou para Damasco, onde assumiu o posto de governador, enquanto Manjutaquim foi bem recebido por Abenamar, que assim esperou - no evento, sem sucesso - reconciliar os turcos com seu regime e uso-os para contrabalançar o ofício califal. Ele foi permitido viver seus últimos anos em aposentadoria no Cairo, onde morreu em 1007.[11][12]

Referências

  1. Kennedy 2004, p. 322.
  2. O'Leary 1923, p. 125.
  3. Kennedy 2004, p. 324–325.
  4. Stevenson 1926, p. 251.
  5. Whittow 1996, p. 379–380.
  6. Stevenson 1926, p. 251–252.
  7. Kennedy 2004, p. 325.
  8. Whittow 1996, p. 380.
  9. Kennedy 2004, p. 327–328.
  10. O'Leary 1923, p. 123–126.
  11. Kennedy 2004, p. 328.
  12. O'Leary 1923, p. 126–127.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Kennedy, Hugh N. (2004). The Prophet and the Age of the Caliphates: The Islamic Near East from the 6th to the 11th Century (Second Edition). Harlow: Longman. ISBN 978-0-58-240525-7 
  • O'Leary, De Lacy (1923). A Short History of the Fatimid Khalifate. Londres: Kegan Paul, Trench, Trubner & Co. Limited 
  • Stevenson, William B. (1926). «Chapter VI. Islam in Syria and Egypt (750–1100)». In: Bury, John Bagnell. The Cambridge Medieval History, Volume V: Contest of Empire and Papacy. Nova Iorque: The Macmillan Company