Manuel Antônio da Silva Serva

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Manuel Antônio da Silva Serva[1][2] (Cerva - Vila Real de Trás-os-Montes - Salvador, 3 de agosto de 1819) foi um livreiro, editor e tipógrafo português. Fundou e dirigiu a primeira tipografia da Bahia. Foi o fundador do periódico Idade d'Ouro do Brazil, conhecida, mesmo, por Gazeta da Bahia.[3][4]

Nascido em Cerva - Portugal, mudou-se para o Brasil no final do século XVIII e radicou-se em Salvador, onde atuava como comerciante. Foi tesoureiro da irmandade da Devoção do Senhor Bom Jesus do Bomfim, quando provavelmente criou as "medidas" do Senhor do Bomfim, mais conhecidas como "fitinha do Bonfim", cujo uso foi introduzido em 1809.[5]

Com a chegada da família real portuguesa ao Rio de Janeiro, em 1808, propôs à Coroa a criação de um diário na Bahia. Com apoio do Conde dos Arcos, D. Marcos de Noronha e Brito, em 1809 obteve permissão para ir à Inglaterra para adquirir um prelo. Em 5 de fevereiro de 1811, o Príncipe Regente assinou uma carta régia autorizando o funcionamento da tipografia, a segunda do Brasil.[6] Segundo Octavio Mangabeira,[7] esta primeira editora particular do Brasil funcionaria, contudo, "sob a condição imprescindível de submeter quaisquer artigos, que houvesse de publicar, ao prévio exame de uma comissão civil ou eclesiástica" e "foi instalada por cima dos Arcos de Santa Bárbara, na Freguesia da Conceição da Praia".[8] O jornal surgiu no mesmo ano, vindo a se tornar o terceiro jornal da história do país (depois do "Correio Braziliense" e da "Gazeta do Rio de Janeiro", jornal oficial da Coroa).

Em janeiro de 1812, apresentou aos leitores da cidade de Salvador a publicação intitulada As Variedades, considerada a primeira revista brasileira.[9] A Tipografia de Silva Serva publicou a primeira gramática portuguesa no Brasil em 1811[10] e na sua primeira fase (1811-1819) exportou suas publicações para Portugal, utilizando uma rede de livreiros estabelecidos nas principais cidades do Reino, notadamente em Lisboa.

Segundo o bibliófilo Renato Berbert de Castro, pelo menos 176 títulos foram publicados pele editora de Silva Serva, ao longo de sua vida.[11] Após sua morte, a editora foi administrada pela viúva Serva e seu genro, José Teixeira de Carvalho, e existiu até 1846, apesar de perder sua posição de monopólio em 1823.[12] De acordo com Mangabeira, inúmeros outros periódicos foram impressos na tipografia da família, que, entre 1811 e 1843 "esteve mais ou menos ligada à quase totalidade dos jornais que se publicaram na Bahia".[7]

Referências

  1. O Livro no Brasil: sua história, por Laurence Hallewell, Editora da Universidade de São Paulo em 2005
  2. A Tipografia na Bahia, instituto de Comunicação Ipanema, 1977
  3. Idade do Ouro - A primeira gazeta da Bahia. Prefácio da 2ª edição de A Primeira Gazeta da Bahia: Idade D’ouro do Brazil, de Maria Beatriz Nizza da Silva. Editora da Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2005. Observatório da Imprensa, 25 de julho de 2005.
  4. Na construção da história editorial do país: o versátil Silva Porto, mercador de livros, intelectual e editor, por Cybelle Moreira de Ipanema. II Seminário Brasileiro Livro e História Editorial.
  5. Devoção do Senhor Bom Jesus do Bomfim (1745 - 2008)
  6. Três livros sobre história do livro, por Rubens Borba de Moraes. Resenhas dos seguintes livros:
    * MELLO, José Barboza. Síntese histórica do livro. Rio de Janeiro, Editora Leitura, 1972.
    * MILLARES CARLO, Agustín. Introducción a la historia del libro y de las bibliotecas. México, Fondo de Cultura Económica, 1971.
    * CASTRO, Renato Berbert de. A primeira imprensa da Bahia e suas publicações — Tipografia de Manoel Antonio da Silva Serva, 1811-1819. [Salvador] Departamento da Educação Superior e Cultura, 1969.
  7. a b MANGABEIRA, Octavio. "Centenário da imprensa baiana". In: TAVARES, Luís Guilherme Pontes (org.). Apontamentos para a história da imprensa na Bahia. 2ª ed. Salvador: Academia de Letras da Bahia, 2008. p. 30, apud DINIZ, J. Péricles "Uma breve trajetória da imprensa no Recôncavo da Bahia durante o século XIX"
  8. A Impressão da leitura em Silva Serva: uma breve introdução, por Thiago Cirne.
  9. Esclarecer, informar e divertir - A revista no Brasil. Veja, edição 1673, 1° de novembro de 2000.
  10. IGLESIAS MAGALHÃES, P. A. . A palavra e o Império: a propósito de uma Arte da Grammatica impressa na Bahia em 1811. Anais de História de Além-Mar, v. X, p. 231-250, 2009. run.unl.pt/bitstream/10362/15891/1/AHAM%20X%20(2009).pdf
  11. CASTRO, Renato Berbert de. A primeira imprensa da Bahia e suas publicações — Tipografia de Manoel Antonio da Silva Serva, 1811-1819. [Salvador] Departamento da Educação Superior e Cultura, 1969, apud HALLEWELL, Laurence. O livro no Brasil: sua história . Edusp, 2005, p. 133.
  12. HALLEWELL, 2005, p. 130s "Silva Serva e o início da impressão na Bahia".

run.unl.pt/bitstream/10362/15891/1/AHAM%20X%20(2009).pdf

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Ícone de esboço Este artigo sobre uma pessoa é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.