Manuel da Costa (jesuíta)

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Manuel da Costa
Nascimento 13 de outubro de 1601
Mourão
Morte 11 de novembro de 1667
Lisboa
Cidadania Reino de Portugal
Ocupação religioso, professor, escritor
Empregador(a) Universidade de Coimbra
Obras destacadas Arte de Furtar
Religião catolicismo

O Padre Manuel da Costa (Mourão, 13 de Outubro de 1601 - 11 de Novembro de 1667, Lisboa) foi um jesuíta português, professor de Letras e Humanidades e pregador, a quem desde 1940 está atribuída a autoria da Arte de Furtar. Esta obra, segundo tudo indica redigida em 1652, foi publicada pela primeira vez só em 1743 ou 1744, sob a falsa autoria do Padre António Vieira. Embora a autoria vieiriana tivesse sempre sido muito contestada, ela foi mantida em todas as edições da obra até à 10.ª, em 1937.

Arte de Furtar é considerada uma obra prima de crítica de costumes do período barroco e da literatura da Restauração. A obra foi dedicada e oferecida pelo autor ao rei D. João IV, em cuja Corte gozava de aceitação, bem como ao Príncipe do Brasil, D. Teodósio, que viria porém a morrer de tuberculose no ano seguinte, em 1653.

Biografia[editar | editar código-fonte]

O Padre Manuel da Costa nasceu em Granja, aldeia do Concelho de Mourão, no Alentejo, a 13 de Outubro de 1601, tendo entrado na Companhia de Jesus aos 15 anos de idade. Aí recebeu, em 1632, o grau de Mestre em Artes e fez, em 1640, a profissão solene de quatro votos. Ensinou Letras Humanas durante quatro anos e dedicou-se depois à pregação, que interrompeu apenas para desempenhar os cargos de Prefeito dos Estudos na Universidade de Évora (1648-1649) e de reitor do Colégio Jesuíta de Faro (1656-1659). Morreu em Lisboa, na Casa de S. Roque, a 11 de Novembro de 1667.

Autoria da Arte de Furtar[editar | editar código-fonte]

A autoria da Arte de Furtar foi-lhe expressamente atribuída numa denúncia feita por um jesuíta lisboeta seu contemporâneo, Francisco Valente, e enviada para os superiores da Ordem, em Roma, cerca de 1660. O texto deste documento, encontrado no arquivo romano dos jesuítas pelo historiador Francisco Rodrigues SJ em 1939, revelado numa sua comunicação ao Congresso do Mundo Português em 1940 e parcialmente publicado em 1941, só foi integralmente dado á estampa por J. Pereira Gomes SJ em 1965, reforçando decisivamente a atribuição ao Padre Manuel da Costa. Nele afirmava o denunciante que o Padre Manuel da Costa compusera e oferecera ao rei uma "Arte de Furtar" que se tornara "cousa célebre" no reino e na qual se permitira tecer comentários sobre todas as profissões, repartições e tribunais, sem dar qualquer satisfação aos superiores da Companhia de Jesus. Na denúncia transcrita por J. Pereira Gomes eram feitas outras acusações a Manuel da Costa, como a de mover influências junto do rei e dentro da Companhia, ter muito dinheiro de origem desconhecida, ser "atraiçoado" (pérfido) e "livre e atrevido". Enfim, o denunciante referia ainda terem sido encontrados no seu quarto em 1656 uns "doces" oferecidos por pessoa desconhecida.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Francisco Rodrigues SJ, O Autor da Arte de Furtar. Resolução de um Antigo Problema, Liv.ª Apostolado da Imprensa, Porto, 1941.
  • Francisco Rodrigues SJ, O Padre Manuel da Costa, autor da «Arte de Furtar», Porto, 1944.
  • Francisco Rodrigues SJ, "Ainda o autor da «Arte de Furtar»", in Brotéria, Vol. 40 (Março de 1945).
  • J. Pereira Gomes SJ, "Manuel da Costa, autor da Arte de Furtar", revista Colóquio, n.º 34, Junho de 1965, pp. 42–45.
  • J. Pereira Gomes SJ, nota a Padre Manuel da Costa, "A Endemoninhada", revista Colóquio, n.º 39, Junho de 1966, pp. 27–28.
  • J. Pereira Gomes SJ, "Manuel da Costa, Autor da Arte de Furtar", in Verbo, Enciclopédia Luso-brasileira de Cultura, Vol VI, Lisboa, 1976, 153-155.
  • Arte de Furtar. Edição crítica, com introdução e notas de Roger Bismut, Imprensa Nacional Casa da Moeda, Lisboa, 1991.