Maria (filha de Maurício)

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Maria
Bambišn do Império Sassânida
com Sirém e Gordia
Reinado 590 - ?
Antecessor(a) Incerto
Sucessor(a) Incerto
 
Nascimento Desconhecido
Morte Desconhecido
Cônjuge Cosroes II
Descendência
Dinastia sassânida
Pai Maurício
Mãe Constantina
Religião Cristianismo

Maria ou Mariã foi uma grega cristã do Império Bizantino do fim do século VI e começo do VII, que se casou em data desconhecida com o xá do Império Sassânida Cosroes II (r. 590–628). Inúmeras fontes não bizantinas dizem que era filha do imperador Maurício (r. 582–602) e que o casamento teria sido realizado aquando da restauração de Cosroes ao seu trono, que havia sido usurpado por Vararanes VI (r. 590–591) e foi recuperado com apoio bizantino. Nenhuma fonte bizantina, porém, confirma tal genealogia. Seja como for, é sabido que era mãe de Siroes,[1] o filho mais velho,[2][3] e Borana.[4] Apesar de sua senioridade, Cosroes preferiu nomear como sucessor Merdasas, filho de Sirém. Num golpe de Estado, Siroes derrubou seu pai e matou todos os seus irmãos e meio-irmãos.[5] O Xanamé de Ferdusi contradiz sua senioridade, alegando que Cosroes e Sirém já eram casados antes do exílio no Império Bizantino em 590.[6]

Para Wilhelm Baum, que concorda com a genealogia das fontes, o casamento de Cosroes e Maria pretendia estabelecer uma aliança matrimonial da dinastia sassânida com a dinastia justiniana.[6] Dentre as fontes que a citam estão os relatos da Crônica de Edessa, de Dionísio I de Tel Mare  (conforme preservado na Crônica de 1234), de Atabari, do patriarca grego Eutíquio de Alexandria, de Ferdusi, a Crônica de Sirte, de Miguel, o Sírio, de Bar Hebreu e do Mir-Quevande. Tomando por certo que era filha legítima de Maurício, e tendo em conta que se casou com sua esposa Constantina em agosto de 582, em 590 Maria teria menos de oito anos. Teofilacto Simocata, a fonte mais completa sobre o reinado de Maurício, nunca a menciona.[7]

O Xanamé coloca a história de Maria morrendo, envenenada por Sirém. Histórias posteriores as caracterizando como rivais. Em vários casos, sua luta é baseada na tentativa de elevar diferentes herdeiros ao trono (Siroes e Merdasas).[8] Baum considera Sirém uma figura histórica, e Maria sendo uma figura lendária, talvez originada com uma Maria histórica do Império Bizantino, que era membro do harém de Cosroes, mas não era uma rainha, nem uma princesa imperial.[9]

Referências

  1. Martindale 1992, p. 827.
  2. Teófanes, o Confessor 1997, p. 453-455.
  3. Martindale 1992, p. 276.
  4. Tabari 1999, p. 404 (nota 996).
  5. Howard-Johnston 2010.
  6. a b Baum 2004, p. 24-26.
  7. Baum 2004, p. 26-27.
  8. Baum 2004, p. 28.
  9. Baum 2004, p. 27-28.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Baum, Wilhelm (2004). Christian, queen, myth of love, a woman of late antiquity, historical reality and literary effect. Piscataway, Nova Jérsei: Gorgias Press LLC. ISBN 1-59333-282-3 
  • Howard-Johnston, James (2010). «Ḵosrow II». Enciclopédia Irânica. Nova Iorque: Imprensa da Universidade de Colúmbia 
  • Martindale, John R.; Jones, Arnold Hugh Martin; Morris, John (1992). «Maria (Mariam) 6». The Prosopography of the Later Roman Empire - Volume III, AD 527–641. Cambrígia e Nova Iorque: Imprensa da Universidade de Cambrígia. ISBN 0-521-20160-8 
  • Tabari (1999). Bosworth, C.E., ed. The History of al-Tabari Vol. V - The Sasanids, The Byzantines, the Lakhmids and Yemen. Nova Iorque: Imprensa da Universidade Estadual de Nova Iorque 
  • Teófanes, o Confessor (1997). The Chronicle of Theophanes Confessor - Byzantine and Near Easter History AD 284-813. Traduzido por Mango, Cyril; Scott, Roger. Oxônia: Imprensa Clarendon