Massacre de Ogossagou

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Massacre de Ogossagou ocorreu em 23 de março de 2019 quando vários ataques por atiradores mataram 160 pastores fulas no Mali central.[1] A violência veio após o governo maliano reprimir as células terroristas islâmicas no país. Duas aldeias, Ogossagou e Welingara, foram particularmente afetadas. [2]

O massacre causou grandes protestos em Mali contra a inação percebida do governo e levou à demissão do primeiro-ministro Soumeylou Boubèye Maïga e seu conselho governante.

Antecedentes[editar | editar código-fonte]

Os pastores fulas conflitam e competem com outros grupos por terra e acesso à água para seu gado.[3][4] Estes conflitos são exacerbados pelas alterações climáticas, a degradação da terra e o crescimento populacional. [5]

De acordo com a African Arguments: "embora apenas uma fração de todos os fulas estejam apoiando ativamente tais grupos islâmicos, essa propaganda conseguiu associar comunidades inteiras a esses atores violentos, aumentando ainda mais o ciclo de violência." [5]

Ataques[editar | editar código-fonte]

Os ataques ocorreram nas aldeias fulas de Ogossagou e Welingara. De acordo com autoridades locais malianas, os ataques foram realizados por caçadores dogons armados com armas de fogo e machetes.[6] Os agressores acusaram os aldeões fulas de terem ligações com os jihadistas e afirmaram que o ataque ocorreu em retaliação a um atentado da al-Qaeda a uma base militar maliana na semana anterior, que deixou 23 soldados malianos mortos. Testemunhas afirmaram que quase todas as cabanas nas aldeias foram incendiadas. [4]

Consequências[editar | editar código-fonte]

Na sequência, o presidente do Mali, Ibrahim Boubacar Keïta, demitiu o chefe do estado-maior do exército, general M'Bemba Moussa Keita, e o chefe das forças terrestres, general Abdrahamane Baby. [7] As Nações Unidas anunciaram que em 26 de março enviariam uma equipe de investigação para a cena de crime. [8]

O presidente Keïta ordenou que a milícia étnica dogon, supostamente responsável pelo ataque, Dan Na Ambassagou, fosse dissolvida. [5] A Human Rights Watch também acusou a milícia de ser responsável, embora o chefe do grupo tenha negado isso. [9]

O Assessor Especial da ONU para a Prevenção do Genocídio, Adama Dieng, alertou para uma crescente etnicização do conflito. [10] Foi observado que, em 26 de março, seis aldeões dogons foram mortos e outros vinte foram sequestrados por supostos elementos armados fulas nas aldeias de Ouadou e Kere Kere. [10][11]

Em 30 de março, o Mali deteve cinco supostos atacantes que haviam sido tratados anteriormente como sobreviventes do massacre. [12]

Milhares de cidadãos protestaram em 5 de abril contra o fracasso do governo maliano em conter a violência religiosa e étnica. [13] Sob a crescente ameaça de uma moção de desconfiança, o governo do primeiro-ministro Soumeylou Boubèye Maïga colapsou e o presidente Keïta aceitou a renúncia de Maïga em 18 de abril. [14]

Membros fortemente armados do Jama'at Nasr al-Islam wal Muslimin (JNIM), o principal grupo islâmico no Mali, atacaram uma base do exército no centro-oeste do país em 22 de abril. [15] Os militantes chamaram de vingança parcial pelo massacre de Ogossagou e alegaram que dezesseis soldados haviam sido mortos, embora o Ministério da Defesa do Mali tenha colocado o número de mortos em onze. [15]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Diallo, Tiemoko (23 de Março de 2019). «At least 134 Fulani herders killed in central Mali's worst violence yet». Reuters 
  2. «Death toll in Mali attack rises to at least 110». Reuters. 23 de Março de 2019 – via The Jerusalem Post 
  3. «Mali: Dozens of civilians killed as farmers and herders clash over land». France 24. 25 de Junho de 2018 
  4. a b «Mali attack: More than 130 Fulani villagers killed». BBC News. 24 de Março de 2019 
  5. a b c «Insiders Insight: Explaining the Mali massacre». African Arguments. 26 de Março de 2019 
  6. «More than 100 Fulani massacred as ethnic and jihadist violence escalates in Mali». France 24 (em inglês). 23 de Março de 2019 
  7. «Mali sacks top army chiefs, dissolves militia after scores killed». Al Jazeera. 24 de março de 2019 
  8. «UN team to investigate 'horrific' massacre in central Mali». Associated Press. 26 de março de 2019 
  9. Ahmed, Baba (25 março de 2019). «Militia head refutes his group responsible for Mali massacre». Associated Press 
  10. a b «Central Mali: Top UN genocide prevention official sounds alarm over recent ethnically-targeted killings». UN News. 28 de março de 2019 
  11. «Six die in Mali attacks». Bamako. Agence France-Presse. 28 de março de 2019 – via The Daily Star 
  12. AfricaNews. «Mali arrests five suspects in killing of 157 villagers». Africanews (em inglês) 
  13. Hackleton, Greg (7 de Abril de 2019). «The Ogossagou massacre: Mali's ethnic and Islamist divisions». Foreign Brief 
  14. «Mali's PM Maiga, government resign over Ogossagou massacre». Aljazeera.com. 19 de Abril de 2019 
  15. a b Ross, Aaron (23 de Abril de 2019). «Mali jihadists say army base attack was revenge for village massacre». Reuters.com 
  • Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Ogossagou massacre».