O Quinze

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 Nota: Se procura filme brasileiro de 2004, baseado no romance de Rachel de Queiroz, veja O Quinze (filme).
O Quinze
Autor(es) Rachel de Queiroz
Idioma Português
País  Brasil
Linha temporal 1915
Localização espacial Sertão do Nordeste do Brasil
Editora José Olympio (1a. edição)
Lançamento 1930

O Quinze é o primeiro e mais popular romance de Rachel de Queiroz, publicado em 1930. O título se refere à grande seca de 1915, vivida pela escritora em sua infância. O livro tem 26 capítulos e foi escrito durante um período de enfermidade da escritora, aos 19 anos de idade. É amplamente considerado a obra-prima de Rachel de Queiroz.

Enredo[editar | editar código-fonte]

A trama se dá em dois planos, o primeiro focando no vaqueiro Chico Bento e sua família, o outro na relação afetiva de Vicente, rude proprietário e criador de gado, e Conceição, sua prima culta e professora na capital.

Conceição é apresentada como uma moça que gosta de ler vários livros, inclusive de tendências feministas e socialistas o que estranha a sua avó, Mãe Nácia - representante das velhas tradições. O período de férias, Conceição passava na fazenda da família, no Logradouro, perto do Quixadá. Apesar de ter 22 anos, não dizia pensar em casar, mas sempre se "engraçava" a seu primo Vicente. Ele era o proprietário que cuidava do gado, era rude e até mesmo selvagem.

Recepção e Crítica Literária[editar | editar código-fonte]

Publicado em 1930, numa edição de mil exemplares, teve inesperada repercussão no Rio e em São Paulo.[1] Aos vinte anos, Rachel de Queiroz já se projetava na vida literária do País, com o romance realista sobre o drama da miséria e a seca. [2] Juntamente com A Bagaceira, de José Américo de Almeida, esta obra trouxe forte impulso ao chamado "ciclo do Nordeste", renovador do romance brasileiro e exerceu forte influência no Neo-Realismo português.[3]

Segundo Gilberto Amado, em comentário sobre obra, escreveu: “Numa garota de 20 anos, abrolha uma produção tão perfeita e tão pura que continua, sozinha, inigualada, tempos afora.” [4].

Para o poeta Augusto Frederico Schmidt, ela escreveu o romance da seca de 1915 com imenso fervor: “O livro surpreende pela experiência, pelo repouso, pelo domínio da emoção e isto a tal ponto que estive inclinado a supor que D. Rachel de Queiroz fosse apenas um nome escondendo outro nome. Tudo o que se passa em “O Quinze”, dentro de um ambiente de absoluta realidade, tudo acontece com a mais perfeita naturalidade, que é mantida em todo o livro, sem nenhuma queda.” [4]

"O Quinze" teve grande impacto sobre a literatura brasileira desde o seu lançamento e atraiu desconfiança por parte de alguns, como testemunha o escritor alagoano Graciliano Ramos em crítica de 1937: "O quinze caiu de repente ali por meados de 30 e fez nos espíritos estragos maiores que o romance de José Américo, por ser livro de mulher e, o que realmente causava assombro, de mulher nova. Seria realmente de mulher? Não acreditei. Lido o volume e visto o retrato no jornal, balancei a cabeça: Não há ninguém com este nome. É pilhéria. Uma garota assim fazer romance! Deve ser pseudônimo de sujeito barbado.[5]

Traduções[editar | editar código-fonte]

Com o titulo L'année de la grande sécheresse , O Quinze foi traduzido em francês por Jane Lessa e Didier Voïta (Bibliothèque Cosmopolite Stock, 1986, ISBN 2-234-01933-8.

A obra também já foi traduzida para o alemão, japonês e espanhol.

Trechos da obra[editar | editar código-fonte]


Referências

  1. Polonini, Janaína. «Rachel de Queiroz surpreende ao lançar 'O quinze' e ao ser eleita a 1ª imortal da ABL». Consultado em 3 de maio de 2024 
  2. «Raquel de Queiroz recebe homenagem na ABL». Consultado em 3 de maio de 2024 
  3. Revista COLÓQUIO/Letras n.º 9 (Setembro de 1972).
  4. a b Niskier, Arnaldo. «ABL - A Glória de "O Quinze"». Consultado em 3 de maio de 2024 
  5. Marilene Felinto. «Livro de 'mulher nova' espantou». Consultado em 29 de abril de 2024 
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