Microtus lusitanicus
Rato-cego | |||||||||||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
Estado de conservação | |||||||||||||||
Pouco preocupante | |||||||||||||||
Classificação científica | |||||||||||||||
| |||||||||||||||
Nome binomial | |||||||||||||||
Microtus lusitanicus Gerbe, 1879 | |||||||||||||||
Distribuição geográfica | |||||||||||||||
O Microtus lusitanicus[1][2], comummente conhecido como rato-cego[3], é uma espécie de roedor da família dos Cricetídeos, natural da Península Ibérica e do Sudoeste francês.
Descrição
[editar | editar código-fonte]O rato-cego é um roedor fossador de pequenas dimensões, sendo que os adultos medem entre 14 e 19 centímetros de comprimento, da cabeça à ponta da cauda. [1]
Destaca-se pela cabeça grande e arredondada, sendo que o focinho também é arredondado.[4] De resto, caracteriza-se pelos olhos e orelhas pequenas e cauda curta.[4] As patas posteriores, por seu turno, medem aproximadamente 15 milímetros.[4]
Embora meça cerca de 1,5 centímetros e pese à volta de 1,5 gramas, à nascença, quando se torna adulto pode chegar a pesar até 20 gramas.[4]
Do que toca à coloração, no dorso pode exibir tons que variam entre o cinzento-escuro e o castanho-sépia, ao passo que o ventre pode alternar entre diversos tons de cinzento.[1] Os espécimes juvenis apresentam uma coloração um pouco mais escura.[1][4]
Comportamento
[editar | editar código-fonte]Trata-se de uma espécie noctívaga, de hábitos discretos.[4]
Se as condições de alimento forem favoráveis, a actividade reprodutora pode ocorrer todo o ano.[4] Importa ainda assinalar que as fêmeas atingem a maturidade sexual às 5 semanas de vida, o que contrasta com os machos, que a atingem às 7 semanas.[1]
A média anual de reprodução para cada fêmea cifra-se em cerca cinco a seis ninhadas, cada qual composta por duas a cinco crias cada, sendo que, a média, costuma ser só de três crias por ninhada.[1]
Em condições normais, a gestação pode demorar entre 22 a 24 dias, ao passo que os partos se podem suceder uns aos outros a cada 28 dias. [4] A isto acresce, ainda, um período pós-parto.[1]
O rato-cego prefere as margens fluviais; os soutos e os carvalhais; as courelas agricultadas, os pastos, as cereais e os pomares, para fazer a toca.[1] Especialmente em solos húmidos, guarnecidos de vegetação herbácea densa, nas cercanias de pradarias ou lameiros, porquanto estes espaços lhe oferecem maior resguardo dos predadores[4]
Dieta
[editar | editar código-fonte]O rato-cego nutre-se de uma dieta mormente herbívora, por vezes guarnecida também de pequenos invertebrados.[4]
Predação e ameaças
[editar | editar código-fonte]Esta espécie e particularmente depredada pela coruja-das-torres, pela coruja-do-mato e por alguns mamíferos carnívoros de pequeno e médio porte, como seja a raposa, o gato-bravo e a geneta.[1]
No que toca às ameaças antropogénicas que assolam esta espécie, centram-se principalmente com o seu controlo em campos agrícolas e pomares, com a utilização de venenos.[1]
Distribuição
[editar | editar código-fonte]Esta espécie é endémica do continente europeu, ocorrendo desde o Noroeste da Península Ibérica até ao extremo Sudoeste de França.[5]
Portugal
[editar | editar código-fonte]Em Portugal, esta espécie marca presença sobretudo a Norte do rio Tejo.[5] A sul do rio Tejo, o rato-cego é mais comum na zona de Coruche e na Serra de São Mamede, se bem que também aparece nas cercanias dos estuários dos rios Tejo e Sado.[6]
Nas zonas mais austrais da sua área de distribuição em Portugal, o rato-cego encontra-se em simpatria com o rato-cego-mediterrânico.[5][7]
Habitat
[editar | editar código-fonte]O rato-cego medra em múltiplos habitats, sejam eles silvestres ou agrícolas.[6] Em rigor, a sua presença está mormente dependente da existência de solos macios e húmidos, nos quais possa escavar as galerias e fazer os seus ninhos, a coberto da vegetação.[6]
Referências
- ↑ a b c d e f g h i j «Microtus lusitanicus - Página de Espécie • Naturdata - Biodiversidade em Portugal». Naturdata - Biodiversidade em Portugal. Consultado em 14 de fevereiro de 2022
- ↑ «Rato-cego (Microtus lusitanicus)». web.archive.org. 24 de julho de 2006. Consultado em 15 de fevereiro de 2022
- ↑ Infopédia. «rato-cego | Definição ou significado de rato-cego no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 14 de fevereiro de 2022
- ↑ a b c d e f g h i j «Um ratinho muito discreto». www.dn.pt. Consultado em 14 de fevereiro de 2022
- ↑ a b c Bencatel, Joana (2019). Atlas Mamíferos Portugal. Évora: Universidade de Évora. p. 130. 274 páginas. ISBN 978-989-8550-80-4
- ↑ a b c Joana Bencatel, Helena Sabino-Marques, Francisco Álvares, André E. Moura & A. Márcia Barbosa (eds.). Atlas de Mamíferos de Portugal – uma recolha do conhecimento disponível sobre a distribuição dos mamíferos no nosso país. [S.l.: s.n.] ISBN 978-989-8550-80-4. Consultado em 4 de junho de 2020
- ↑ «Página de Espécie • Naturdata - Biodiversidade em Portugal». Naturdata - Biodiversidade em Portugal. Consultado em 21 de março de 2021
- (em inglês) Amori, G. 1996. Microtus lusitanicus. 2006 IUCN Red List of Threatened Species. Dados de 9 de Julho de 2007.
- Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade