Reagente de Lucas

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Teste de Lucas: negativo (à esquerda) com etanol e positivo (à direita) com álcool terc-butílico

O reagente de Lucas é uma solução de cloreto de zinco anidro e ácido clorídrico concentrado. Essa solução é usada para classificar álcoois de baixa massa molecular. A reação é uma substituição de um grupo hidroxila por um cloreto. Um teste positivo é indicado pela mudança da solução límpida e incolor para uma turva, sinalizando a formação de um composto organoclorado.[1] Os melhores resultados para esse teste são observados em álcoois terciários, pois eles formam os respectivos haletos de alquila mais rapidamente devido à maior estabilidade do intermediário carbocátion terciário. O teste foi relatado em 1930 e se tornou um método padrão em química orgânica qualitativa.[2] Ele tem-se tornado um tanto obsoleto com a disponibilidade de vários métodos espectroscópicos e cromatográficos de análise. Foi nomeado em homenagem a Howard Lucas (1885–1963).

Teste de Lucas[editar | editar código-fonte]

O teste de Lucas em álcoois é usado para diferenciar álcoois primários, secundários e terciários. É baseado na diferença de reatividade das três classes de álcoois com haletos hidrogênio por meio de uma reação SN1:[3]

ROH + HCl → RCl + H2O

As diferentes reatividades refletem a diferente estabilidade dos carbocátions formados a partir de cada reagente. Os carbocátions terciários são muito mais estáveis que os secundários, e os primários são os menos estáveis (sendo os outros estabilizados por hiperconjugação).

Na reação do teste, o álcool é protonado, uma molécula de água é produzida como grupo de abandonador e forma-se um carbocátion; o nucleófilo Cl- (que está presente em excesso) ataca prontamente o carbocátion, originando o cloroalcano. Os álcoois terciários reagem rapidamente com o reagente de Lucas, conforme evidenciado pela turbidez devido à baixa solubilidade do cloreto orgânico na mistura aquosa. Os álcoois secundários reagem em cerca de cinco minutos (dependendo de sua solubilidade), enquanto os primários não reagem de forma apreciável com o reagente de Lucas à temperatura ambiente.[3] Portanto, o tempo decorrido até a turvação é uma medida da reatividade das classes de álcool, sendo usado para diferenciar as três classes:

  • álcoois primários - nenhuma reação visível ocorre à temperatura ambiente e forma-se uma camada oleosa apenas no aquecimento; exemplo: pentan-1-ol
  • álcoois secundários - a solução forma uma camada oleosa em 3–5 minutos; exemplo: pentan-2-ol
  • álcoois terciários - a solução forma uma camada oleosa imediatamente; exemplo: 2-metilbutan-2-ol

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. Shriner, R. L.; Fuson, R. C. (1956). The Systematic Identification of Organic Compounds 5a ed. New York: John Wiley. pp. 117–119. OCLC 732878490 
  2. Lucas, H. J. (1930). «A New Test for Distinguishing the Primary, Secondary and Tertiary Saturated Alcohols». Journal of the American Chemical Society. 52 (2): 802–804. doi:10.1021/ja01365a053 
  3. a b Kjonaas, R. A.; Riedford, B. A. (1991). «A Study of the Lucas Test». Journal of Chemical Education. 68 (8). 704 páginas. doi:10.1021/ed068p704