Santebal

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A Santebal, termo quemer que significa "guardião da paz", foi um ramo do Quemer Vermelho no Camboja. A Santebal era responsável por segurança interna e administração dos campos, como Tuol Sleng (S-21), onde milhares de prisioneiros foram torturados e mortos. A Santebal já era parte essencial do Quemer Vermelho anos antes deste tomar o Camboja, em 1975, e foi durante a maior parte do regime comandada por Kank Kek Iav.[1]

História[editar | editar código-fonte]

Em 1975, quando o Quemer Vermelho toma o poder no Camboja, a Santebal cria diversas prisões em Phnom Penh, e no interior. As prisões, criadas para eliminar quaisquer pessoas que fossem consideradas inimigas da revolução foram povoadas com minorias étnicas (como chineses, Cham e vietnamitas) e inimigos políticos. Em 1976, Kaing Guek Eav (mais conhecido como "Camarada Duch") é promovido a comandante da Santebal,[1][2] e a escola de Tuol Sleng, em Phnom Penh, começa a ser usada como prisão (nomeada de S-21), podendo comportar até 1500 prisioneiros, e onde 20 000 pessoas foram presas durante os 3 anos do poder do Quemer Vermelho.[3]

Após 1975, a Santebal começou a perseguir participantes do regime de Lon Nol, bem como intelectuais, membros do clérigo budista, comerciantes, e os chamados "inimigos externos", como os americanos e os vietnamitas. Depois, a perseguição se dirigiu a todos os cidadãos que se recusaram a adotar as ordens do partido, como a coletivização obrigatória, ou que protestaram de alguma forma contra o novo regime. Eventualmente, a Santebal começaria a prender os "inimigos do futuro", isto é, qualquer soldado ou cidadão que mostrasse sinais de se alinhar com ideologias consideradas anti-revolução.[1]

Diferentemente de outros países socialistas da época, como China, Vietnã e URSS, a perseguição étnica e o ódio racial suplantaram a ideia da luta de classes, que foram em parte responsáveis pela queda do regime.[3]

Duch foi julgado posteriormente, e condenado por crimes contra a humanidade, entre homicídio, escravização, tortura, perseguição política e estupro. Ele foi também condenado por crimes de guerra, como tortura, e negação de julgamento justo para prisioneiros de guerra, e foi condenado a uma sentença de 35 anos no total.[2]

Referências

  1. a b c  Locard, Henri, «State Violence in Democratic Kampuchea (1975-1979) and Retribution (1979-2004)» (PDF). www.paulbogdanor.com European Review of History, Vol. 12, No. 1, March 2005, pp.121–143.
  2. a b «Accused Persons | Cambodia Tribunal Monitor». www.cambodiatribunal.org (em inglês). Consultado em 26 de novembro de 2017 
  3. a b Ben., Kiernan, (1996). The Pol Pot regime : race, power, and genocide in Cambodia under the Khmer Rouge, 1975-79. New Haven: Yale University Press. ISBN 0300061137. OCLC 32431096