Solar dos Cardosos Albicastrenses

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Casa na Rua Arco do Bispo, n.º 14
Apresentação
Tipo
Estatuto patrimonial
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Localização
Localização
Coordenadas
Mapa

O Solar dos Cardosos albicastrenses, também referido como Casa na Rua Arco do Bispo, n.º 14, localiza-se na zona histórica da cidade de Castelo Branco, com entrada principal pela Rua do Arco do Bispo, fazendo esquina com a Rua dos Peleteiros (dentro do recinto da muralha, centro histórico).[1][2]

Main entrance of the Cardosos' Palace
Entrada principal do Solar dos Cardosos

Construção[editar | editar código-fonte]

Este solar foi construído por Paulo Rodrigues Cardoso entre 1590 e 1609, anexando uma casa da Rua dos Peleteiros a quatro casas antigas contíguas, através de reconstrução e integração de parte das suas estruturas de alvenaria.

Coat of Arms of Cardoso, Castelo Branco
Brasão de Cardoso no Solar de Castelo Branco

As casas tinham cozinhas de telha vã e portas com umbrais de granito e arestas biseladas a mão travessa. Algumas foram aproveitadas e outras tapadas, ficando por baixo do reboco das paredes brancas, mas foram descobertas e postas à vista com as obras de restauro. No átrio há umas escadas com corrimão de granito ornamentado, de estilo maneirista (transição do clássico para o barroco). Este edifício ostenta a pedra de armas mais antiga de Castelo Branco. [3]

O seu brasão, esculpido na face de um bloco de granito, é de Cardoso pleno, pois contém no escudo dois leões afrontados com duas flores de cardo entre eles, mostrando a língua, sem flor de cardo na boca, e no timbre um leão semelhante, o que respeita o modelo relativo a esse nome, existente no Livro do Armeiro-Mor (1509).[4]

Os Cardoso[editar | editar código-fonte]

Cardosos' Palace Hall
Átrio do Solar dos Cardosos

Os Cardosos albicastrenses descendem dos de Viseu, de onde era natural o Dr. Pero Lopes Cardoso, filho de Lopo Álvares Cardoso (c. 1435) e de Leonor Rodrigues Cardoso (c. 1435), sendo neto de Luís Vaz Cardoso, 7º Senhor da Honra de Cardoso, de acordo com os genealogistas Cristóvão Alão de Morais[5] e Manuel José da Costa Felgueiras Gaio. [6]

O Dr. Pero Lopes Cardoso (n. c.1460), residiu alguns anos em Castelo Branco, para "fazer a correição", visto que foi Corregedor e Ouvidor da Ordem de Cristo nessa vila, nos anos próximos de 1500.[7] Na obra de Alão de Morais consta que ele era Corregedor das Comarcas da Beira e Riba-Coa em 1505 e 1509. [8] Posteriormente foi Corregedor da Comarca de Entre Tejo e Guadiana, pois desempenhava esse cargo quando foi nomeado Desembargador da Casa da Suplicação (Lisboa) em 7-3-1511, com um ordenado de 45.000 reais por ano. [9]

O seu filho Álvaro Cardoso ficou em Castelo Branco, onde exerceu importantes funções, nomeadamente “recebedor do dinheiro e de outras cousas pertencentes às obras dos muros e fortaleza de Castelo Branco” (por Carta de D. Manuel I de Portugal datada de 20-11-1510), privilégio confirmado por D. João III de Portugal por Carta de 6-10-1522, ao qual foi acrescentado o cargo de Vedor das obras reais na mesma vila, por Carta de 16-10-1622. [10]

Paulo Rodrigues Cardoso (n. c. 1560), bisneto de Álvaro Cardoso e importante fidalgo de solar conhecido em Castelo Branco no final do séc. XVI e início do séc. XVII, foi quem mandou colocar na fachada o referido brasão, quando construiu o palácio. Foi Cavaleiro Fidalgo, Capitão-mor de Castelo Branco, Vereador e Juiz pela Ordenação na então vila de Castelo Branco, bem como procurador às Cortes por Castelo Branco em 1595 no tempo de Filipe I e de Filipe II em 1619. [11] [12] Um dos seus descendentes foi o 2º Barão de Castelo Novo, José Caldeira de Ordaz Queirós (n.1775), cujo avô, Pedro Cardoso Frazão, foi o último a usar o apelido Cardoso, pois a seguir a ele a família optou pelo apelido Ordaz. [13]

Restauração[editar | editar código-fonte]

Em 2009 o edifício encontrava-se muito arruinado. Nos três anos seguintes foi restaurado e a seguir nele instalada uma pinacoteca, o que foi objecto duma reportagem da RTP1 e notícias dos jornais. [14]

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Referências

  1. Trigueiros, João, http://heraldicagenealogia.blogspot.pt/search/label/Joao%20Trigueiros?updated-max=2013-03-17T15:37:00-07:00&max-results=20&start=6&by-date=false, "Solar da Praça Velha, Fundão - Tudela Castilho", nota 5, 10-10-2012, acedido 21-10-2016
  2. Ficha na base de dados SIPA
  3. Castilho, José Martins Barata de Castilho, Cardosos e Castilhos Albicastrenses - à Volta dos Palácios, ed. Autor, Castelo Branco, 2012, pp.24-26
  4. Torre do Tombo, Livro do Armeiro-Mor, 1509, f. 124
  5. Morais, Cristóvão Alão de, 1632-1693 Pedatura Lusitana : nobiliário de familias de Portugal / Cristóvão Alão de Morais ; pub. Alexandre António Pereira de Miranda Vasconcellos, António Augusto Ferreira da Cruz, Eugenio Eduardo Andrea da Cunha e Freitas. - Porto : Livr. Fernando Machado, 1943-1948. - 12 v, Tomo V, vol. I, pp. 258 e 266
  6. Gaio, Manuel José da Costa Felgueiras Nobiliário das Famílias de Portugal, Título Cardosos, §22, ed.Carvalhos de Basto, 2ª Edição, Braga, 1989
  7. Assinou uma sentença em Castelo Branco a 28-08-1500,ainda bacharel, conforme http://digitarq.arquivos.pt/details?id=3881712, acedido em 25-10-2016, e outras se encontram no mesmo sítio,algumas já licenciado, como é o caso em 1502
  8. Morais, Cristóvão Alão de, op. cit., Tomo V, vol. I, nota de rodapé, p. 266
  9. http://digitarq.arquivos.pt/details?id=3862301 e http://digitarq.arquivos.pt/details?id=3862302
  10. SILVA, Joaquim Candeias da, A Beira Baixa na Expansão Ultramarina, Belmonte, Câmara Municipal de Belmonte, 1999, p. 142.
  11. Gaio, Manuel José da Costa Felgueiras Nobiliário das Famílias de Portugal, Cap.Castilhos, § 6 nº.2, ed.Carvalhos de Basto, 2ª Edição, Braga, 1989
  12. Manuel da Costa Juzarte de Brito, Nuno Borrego e Gonçalo de Mello Guimarães, Livro Genealógico das Famílias desta Cidade de Portalegre, 1ª Edição, Lisboa, 2002, p.323
  13. Gaio, Manuel José da Costa Felgueiras op. cit., p. 1881 na cópia word
  14. http://www.imprensaregional.com.pt/reconquista/pagina/edicao/254/9/noticia/27088 Arquivado em 28 de outubro de 2016, no Wayback Machine., acedido em 24-10-2016