Ubirajara jubatus

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Reconstrução do dinossauro em vida

Ubirajara ("senhor da lança") é um gênero informal de dinossauro de terópode compsognatídeo que viveu durante o começo do período Cretáceo onde hoje é o Brasil.O manuscrito que o descrevia foi disponibilizado online como uma versão preliminar, mas nunca foi formalmente publicado e, consequentemente, tanto o nome genérico quanto o nome específico são inválidos e indisponíveis.[1] É conhecido por uma única espécie, Ubirajara jubatus, recuperada da Formação Crato.[2] Possuía uma plumagem que possivelmente se desenvolvia na região dorsal, onde formaria uma juba, e que incluía dois pares de penas ou plumas de maiores dimensões que presumivelmente saía de cada um de seus ombros.[2][3] O táxon foi informalmente nomeado em 2020 em um manuscrito no prelo e agora permanentemente removido. A descrição causou controvérsia, pois o fóssil tinha sido aparentemente exportado ilegamente do Brasil. Em Julho de 2022, a Alemanha concordou em repatriar o fóssil para o Brasil após uma permissão legítima de exportação não ter sido encontrado. O nome "Ubirajara jubatus" foi removido do Zoobank em Novembro de 2022, o que implica que ele não possui qualquer signficância nomenclatural.[1]

Esse predador viveu 110 milhões de anos atrás[4] e provavelmente usou suas penas de ombro e juba para fins de exibição para atrair companheiras e afastar rivais.[5]

Descoberta e nomeação[editar | editar código-fonte]

Os trabalhadores resgataram vários fósseis de uma pedreira de giz situada entre Nova Olinda e Santana do Cariri. Em 1995, foram comprados pelo Staatliches Museum für Naturkunde Stuttgart e levados para a Alemanha depois de terem obtido uma licença de exportação.[5] Entretanto, como o manuscrito descrevendo o fóssil e o nomeando nunca foi publicado, em 18 de Novembro de 2022, os registros do nome "Ubirajara jubatus", assim como o registro de sua "publicação", foram removidos do Zoobank, e uma revisão publicada em 2023 constatou que o nome "Ubirajara jubatus" é um nome indisponível e sem relevância nomenclatural, mas não especificamente um nomen nudum.[1]

Reconstrução esqueletal do Ubirajara jubatus mostrando ossos encontrados

Polêmica sobre a exportação[editar | editar código-fonte]

Alguns paleontólogos brasileiros desconfiados sobre a exportação suspeita do dinossauro, encabeçaram um movimento para obter esclarecimentos a respeito da retirada do material do país, entrando em contato com entidades alemãs para obter respostas. Essas manifestações encabeçadas pela Drª Aline Marcele Ghilardi (professora da UFRN ) e também o Dr. Juan Carlos Cisneros Martinez (professor na UFPI), além de Renan Bantim (da URCA), Flaviana Lima (da UFPE) e Tito Aureliano (Unicamp) ganharam também as redes sociais por meio de um intenso trabalho de divulgação científica via Twitter, Youtube, Facebook e Instagram, contando com apoio de diversos divulgadores científicos e influenciadores digitais, o que chamou atenção da mídia tradicional levando a notícia para grandes jornais de importância nacional e internacional, assim fazendo com que o público geral se conscientizasse sobre a situação e a importância da repatriação.

Assim a população se engajou na causa e por meio de pressão popular via internet, cobrou explicações das instituições alemãs envolvidas no caso. Durante as primeiras manifestações, alguns paleontólogos debatendo o assunto em uma livestream no canal do biólogo e paleontólogo Pirula, pediram para o público usar a hashtag #UbirajarabelongstoBR (criada por Aline Ghilardi no Twitter) para divulgar o caso. Essa hashtag então se tornou extremamente popular nas mídias sociais e graças ao uso dela pesquisadores e entusiastas do mundo inteiro puderam se unir e expressar suas opiniões sobre o assunto. A hashtag se tornou extremamente emblemática e passou a ser usada como um símbolo de combate ao tráfico de fósseis e ao colonialismo científico, não só no Brasil, mas também como de outras partes do mundo.

A Sociedade Brasileira de Paleontologia (SBP) investigou e declarou que a exportação do fóssil ocorreu de forma irregular, de modo que buscou obter a devolução do Ubirajara ao Brasil.[6]

O retorno ao Brasil[editar | editar código-fonte]

Em 2022, finalmente saiu a público a notícia de que as autoridades da Alemanha avaliaram os pedidos de repatriação e constataram de fato haver irregularidades e inconsistência de informações em torno da obtenção do fóssil. A fim de buscar preservar a reputação do Staatliches Museum für Naturkunde Stuttgart e do estado Alemão, a ministra da Ciência alemã, Theresia Bauer, recomendou que a repatriação do fóssil do Ubirajara jubatus seja de fato realizada, devolvendo o exemplar ao país de origem.[7]

Desde agosto de 2022, o Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens, na região de Santana do Cariri era cotado como local para guarda do fóssil assim que retornasse ao país.[7] O motivo para tal preferência é de que o fóssil originalmente pertence ao Cariri, pois foi descoberto em rochas da região, além de que o museu de Santana é referência nacional em pesquisa paleontológica, tem excelente infraestrutura para armazenamento e exposição do fóssil. O tráfico de fósseis afeta predominantemente aquela região e o retorno de Ubirajara à sua terra natal permitirá que a população local aprecie um bem cultural e científico originário da sua terra, assim fortalecendo o Ubirajara ainda mais como símbolo do combate ao comércio ilegal de fósseis.[carece de fontes?]

Depois de quase 30 anos, Ubirajara retornou ao Brasil na noite do dia 04 de junho de 2023, um domingo, e foi confirmado que ficará sob guarda do Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens, da Universidade Regional do Cariri (Urca), em Santana do Cariri, no Ceará.[8]

Referências

  1. a b c Caetano, João Marcus Vale; Delcourt, Rafael; Ponciano, Luiza Corral Martins de Oliveira (março 2023). «A taxon with no name: 'Ubirajara jubatus' (Saurischia: Compsognathidae) is an unavailable name and has no nomenclatural relevance». Zootaxa. doi:10.11646/zootaxa.5254.3.10Acessível livremente  Verifique o valor de |name-list-format=amp (ajuda)
  2. a b «New dinosaur dazzled with ornaments never before seen in fossil record». New Atlas (em inglês). 15 de dezembro de 2020. Consultado em 15 de janeiro de 2021 
  3. Yarlagadda, Tara. «Paleontologists find tiny, flamboyant dinosaur in ground-breaking discovery». Inverse (em inglês). Consultado em 13 de setembro de 2021 
  4. «A newfound feathered dinosaur sported fuzz and weird rods on its shoulders». Science News (em inglês). 14 de dezembro de 2020. Consultado em 15 de janeiro de 2021 
  5. a b Smyth, Robert S.H.; Martill, David M.; Frey, Eberhard; Rivera Sylva, Héctor E.; Lenz, Norbert (dezembro de 2020). «WITHDRAWN: A maned theropod dinosaur from Gondwana with elaborate integumentary structures». Cretaceous Research (em inglês). 104686 páginas. doi:10.1016/j.cretres.2020.104686. Consultado em 10 de outubro de 2021 
  6. Ramos, Raphaela. «Museu alemão se recusa a devolver fóssil de dinossauro 'Ubirajara' encontrado no Ceará, diz Sociedade Brasileira de Paleontologia». Extra Online. Consultado em 16 de setembro de 2021 
  7. a b «Fóssil de dinossauro ancestral das aves vai ser repatriado da Alemanha para o Brasil, após ser retirado do Ceará». G1. Consultado em 7 de agosto de 2022 
  8. «A volta do Ubirajara: conheça a história do fóssil cearense devolvido ao Brasil após quase 30 anos na Alemanha». G1. 11 de junho de 2023. Consultado em 19 de junho de 2023 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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