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Aconselhamento filosófico é uma abordagem filosófica contemporânea oriunda da Filosofia Prática. A ideia de Aconselhamento Filosófico surgiu no final do século XX e cria uma área de intersecção entre a Filosofia, "ajuda" e orientação. Basicamente, um serviço que pressupõe a ideia de um filósofo colaborar para que outros encontrem respostas para seus questionamentos filosóficos. Reúne um conjunto heterogêneo de ideias e atividades sob diversos nomes, tais como: Filosofia Aplicada à Pessoa, Acompanhamento Filosófico, Consultoria Filosófica, Prática Filosófica, Orientação Racional, Filosofia Clínica, Assessoria Filosófica, Orientação Filosófica e outras mais. Com este misto de nomenclaturas e abordagens torna-se um desafio e, também, uma oportunidade baseada na ideia da Filosofia servir para ajudar. Nos últimos anos, várias abordagens foram propostas para esse movimento, por diversos autores de países diferentes, tais como: Gerd B. Achenbach, Tim Lebon, Peter Raabe, Ran Lahav, Roxana Kreimer, Schlomit Schüster, José Barrientos Rastrojo ou Lou Marinoff, mas nenhum deles convergem completamente entre os pontos abordados por cada uma. [1]

Atualmente, muitas são as instituições que se organizaram para fomentar este movimento e, dentre elas, citamos a Sociedade Germânica para a Prática Filosófica (Internationale Gesellschaft für Philosophische Praxis), fundada por Gerd B. Achenbach ou a Associação Nacional de Aconselhamento Filosófico (National Philosophical Counseling Association - NPCA fundada por pelos filósofos americanos Elliot D. Cohen e Paul Sharkey em 1992 nos Estados Unidos e a, também americana, Associação Americana de Filósofos Práticos (American Philosophical Practitioners Association - APPA).[2]

Breve história do aconselhamento filosófico[editar | editar código-fonte]

Os estudos sobre o processo de tornar a Filosofia numa disciplina capaz de “ajudar” alguém remonta aos seus primórdios, a preocupação em torná-la prática já havia sido descrita por Epicuro, conhecida, também, como “Terapia da Alma”. Segundo Epicuro, um dos fundadores do movimento que leva seu nome, o Epicurismo, cabe ao filósofo aliviar o sofrimento humano e preencher os vazios existenciais dos indivíduos. Os estoicos também discorreram sobre, a Filosofia Estoica deixa claro que o papel da Filosofia é a arte de aprender a viver bem.Sócrates usou a dialética para incentivar os seus concidadãos a exercitarem a reflexão lógica e o pensamento crítico, forçando seus interlocutores a reexaminarem seus pensamentos e ações.

O movimento tem raízes na tradição socrática da Maiêutica. O Método socrático pode ser resumido nas ideias convergentes: “Conhecer a si mesmo” e “Cuidar de si mesmo”. Esse é o motor do Aconselhamento Filosófico, apesar de existirem metodologias complementares, esta permite questionar aquilo que se pensa e que se tem como verdade. Um Diálogo socrático nada mais é que uma sessão de investigação orientada por um filósofo que atua como moderador, o objetivo principal do diálogo é tentar responder uma pergunta filosófica concreta, buscando consenso em torno dos conceitos da pergunta. Como ferramenta didática, a utilização do diálogo socrático procurará desenvolver competências que permitirão formular questões mais claras, além de: desenvolver a capacidade argumentativa; pensar criticamente; ser mais criativo; aprofundar intelectualmente nas suas experiências cotidianas; aprender a ter paciência e compreender a importância de ouvir os outros. A Filosofia e o Diálogo Filosófico procuram tornar mais exigente e consciente o processo pelo qual adquirimos o nosso ponto de vista filosófico em conjunto com outros seres humanos racionais como nós. [3]

Segundo Peter Raabe, representante canadense do movimento de Aconselhamento Filosófico: “... é um renascimento da antiga tradição de praticar a filosofia de que o objetivo de ajudar as pessoas a lidar com os elementos da miséria humana”.[4]

Algumas abordagens utilizadas pelo Aconselhamento filosófico[editar | editar código-fonte]

REBT[editar | editar código-fonte]

Em 1955, Albert Ellis baseou sua abordagem em algumas proposições fundamentais, uma delas é que o passado tem pouca importância ou interfere de forma crucial para desencadear um problema no presente. Segundo ele, a própria pessoa cria seus problemas, pois como não consegue transcender a repetição da sua própria história, revive constantemente a mesma filosofia, comportamentos e sentimentos, ou seja, repetindo o fracasso. Reforçando a ideia de Epitetus, ou seja, não importa o que lhe aconteça a você, mas como você reage ao que acontece, neste caso, os problemas da infância pouco importam ou não fazem parte do problema. [5]

LBT[editar | editar código-fonte]

Abordagem filosófica do americano Elliot D. Cohen enfatiza a força de vontade para mudar e redirecionar crenças e ações. A proposta se assenta na premissa de que as pessoas tomam decisões em relação a si mesmas ou para com os outros emocionalmente e, comportamentalmente, por meio de deduções baseadas em premissas irracionais. Segundo Cohen, sempre há um objeto como causa, assim, se você está triste com algo é porque algo entristece você. Além disso, existem os silogismos na exposição do problema, sinais e linguagens que compreendem o raciocínio emocional da pessoa, assim como, também, a construção do “pensamento problema” baseado em argumentos irracionais, falácias que precisam ser suplantadas.[6]

Filosofia Aplicada Experiencial[editar | editar código-fonte]

Barrientos tem desenvolvido a Filosofía Aplicada Lógico-Argumental e outra baseiada numa racionalidade extendida: a razão experiencial. É a sua proposta de Filosofía Aplicada Experiencia. A Filosofia Aplicada Experiencial tem sido aplicada em prissoes de Iberoamerica mediante o Projecto BOECIO e com crianças em risco de exclusao social mediante o Projecto DIOGENES.

O Método PEACE[editar | editar código-fonte]

Desenvolvido pelo, também, americano Lou Marinoff, a abordagem do PEACE (problema, emoção, análise, contemplação e equilíbrio) baseia-se em cinco passos para investigação e solução do “pensamento problema”. Identificar o problema que se apresenta, avaliar as emoções em conjunto com o “problema”, analisar as possibilidades de solução, criar uma visão filosófica da situação como um todo e articular todas as etapas para buscar o equilíbrio, encontrando a melhor solução para o “pensamento problema”. [7][8]

Filosofia para Crianças[editar | editar código-fonte]

Matthew Lipman foi um defensor do questionamento e do pensamento crítico. Ele acreditava que os adultos que chegavam no ensino superior não tinham ou tinham pouca capacidade para criticar os pensamentos e acreditava que isso deveria ser feito desde a infância. A Filosofia para Crianças, na concepção de Lipmam, representa colocar a filosofia como ferramenta pedagógica para a educação, obtendo melhores resultados para suprir a necessidade de conhecimento da criança.[9][10]

Aconselhamento filosófico pelo mundo[editar | editar código-fonte]

O movimento para tornar a Filosofia mais acessível vem crescendo por todo mundo. Atualmente, existem conselheiros filosóficos, associações profissionais, programas de certificação e cursos de Extensão Universitária no Brasil, Portugal, Itália, Espanha, Holanda, Canadá, Noruega, Áustria, França, Suíça, Israel, Grã-Bretanha, Estados Unidos e muitos outros países. Como um movimento em crescimento em todo mundo, enfrenta, também, alguns questionamentos.[11][12][13]

Canadá[editar | editar código-fonte]

Peter Bruno Raabe, nascido na Alemanha, mas vivi no Canadá desde 1957. Autor de vários livros sobre o tema, entre eles: O Papel da Filosofia em Aconselhamento e Psicoterapia e Aconselhamento Filosófico: Teoria e Prática[14]

Espanha[editar | editar código-fonte]

José Barrientos Rastrojo, espanhol, professor da Universidade de Sevilha e diretor do International Journal of Applied Philosophy Haser. Autor do primeiro livro sobre a história da filosofia aplicada ou orientação filosófica em língua espanhola, fundou e é um dos presidentes atuais da Rede Latino-Americana de Pesquisa em Filosofia Aplicada.[15]. Dirigiou o primeiro projecto empírico de Filosofia Aplicada no mundo em Espanha, Croacia, Noruega e México, que foi financiado por o Centro de Sabedoria Prática da Universidade de Chicago. Aliás, tem dirigido o Projecto BOECIO de Filosofia Aplicada em Prissoes.

Estados Unidos[editar | editar código-fonte]

Lou Marinoff, canadense, filósofo, escritor e praticante filosófico. Atualmente é professor de filosofia na faculdade da cidade de New York. Ele também é presidente fundador da American Philosophical Practitioners Association (APPA).[16]

Elliot D. Cohen, (Ph.D. Universidade Brown) é um dos principais fundadores do aconselhamento filosófico nos Estados Unidos. Ele é fundador e editor do Jornal Internacional de Filosofia Aplicada e do International Journal of Philosophical Pratice e Presidente do Instituto de Pensamento Crítico: Centro Nacional de Terapia Logic-Based. Paul W. Sharkey, Ph.D., Vice-Presidente da American Philosophical Practitioners Association (APPA)] e presidente do conselho de examinadores para aconselhamento ao cliente. Ambos foram os responsáveis pela criação da National Philosophical Counseling Association (NPCA). [17]

França[editar | editar código-fonte]

Oscar Brenifier, nascido na Argélia, é um escritor e filósofo francês, bacharel em Biologia (Universidade de Ottawa) e doutorado em Filosofia (Paris IV - Sorbonne). Por muitos anos, em França, bem como no resto do mundo, ele tem vindo a trabalhar sobre o conceito de “prática filosófica”, tanto do ponto de vista teórico e prático.[18]

Portugal[editar | editar código-fonte]

O movimento em Portugal foi divulgado pela imprensa como uma proposta de tirar a Filosofia das escolas e universidades e torná-la útil no dia-a-dia. Jorge Humberto Dias, português, Diretor do Gabinete PROJECT@, Coordenador da Linha de Investigação em Filosofia Aplicada na Universidade Católica Portuguesa e Doutor em Filosofia pela Universidade Nova de Lisboa, foi um dos primeiros conselheiros filosóficos em Portugal. [19]

Eugénio Oliveira, português, presidente da APEFP – Associação Portuguesa de Ética e Filosofia Prática], licenciado em Filosofia; Formador em Ética e Deontologia; Formador CAP e CCPFC (Didáticas da Filosofia; Animação de Grupos; Ética profissional); Consultor/Assessor Ético e Filosófico.[20]

Tomas Magalhães Carneiro, português, licenciou-se em Filosofia pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, onde, também, concluiu uma pós-graduação em Filosofia Moderna e Contemporânea. Investigador no Instituto de Filosofia da FLUP colabora com vários grupos de investigação: grupo de Filosofia com Crianças e Jovens; dinamiza vários Cafés Filosóficos e Sessões de Filosofia Prática em espaços culturais da cidade do Porto.[21]

Referências

  1. Revista Filosófica de Coimbra. «A Ideia Geral do "Aconselhamento Filosófico" - Uma Introdução ao Tema». Consultado em 20 de março de 2016.  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  2. The New York Times Magazine «The Socratic Shrink». Consultado em 23 de março de 2016.  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  3. Brasil Escola «Ironia e Maiêutica de Sócrates». Consultado em 01 de abril de 2016.  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  4. The University of British Columbia «Peter Raabe coloca a filosofia para trabalhar». Consultado em 20 de março de 2016.  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  5. The Albet Ellis Institute «Rational Emotive & Cognitive-Behavior Therapy». Consultado em 20 de março de 2016.  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  6. Revista Psycology Today «Terapia baseada na Lógica». Consultado em 20 de janeiro de 2016.  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  7. Los Angeles Times «A Consulting Philosopher Aims to Help the 'Ethically Challenged'». Consultado em 22 de março de 2016.  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  8. National Philosophical Counseling Association «Marinoff's Therapy» (PDF). Consultado em 20 de março de 2016.  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  9. Banco de Dados da Folha. «Jogos Cotidianos e Lições Metafísicas». Consultado em 20 de dezembro de 2015.  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  10. Stanford Encyclopedia of Philosophy. «3. The Institute for the Advancement of Philosophy for Children (IAPC)». Consultado em 21 de março de 2016.  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  11. The Washington Post «Filósofo com missão no mundo real». Consultado em 21 de fevereiro de 2016.  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  12. The Guardian «I shrink, therefore I am». Consultado em 21 de março de 2016.  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  13. Publico.pt «Dão-se consultas de Filosofia». Consultado em 15 de março de 2016.  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  14. University of the Fraser Valley - Skookum 2011 - «"Not-so-crazy" Talk». Consultado em 19 de março de 2016.  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  15. HASER - Revista Internacional de Filosofía Aplicada - Universidad D Sevilla. «Universidad D Sevilla». Consultado em 23/01/2016.  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  16. Revista Época «Platão contra Prozac». Consultado em 2 de janeiro de 2016.  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  17. National Philosophical Counseling Association «National Philosophical Counseling Association - Official Website». Consultado em 01 de março de 2016.  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  18. UNESCO «Unesco - Capitulo IV - La Filosofia - Una Escuela de la Libertad, pg. 161» (PDF). Consultado em 23 de março de 2016.  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  19. HASER - Revista Internacional de Filosofia Aplicada «Da Filosofia Aplicada à Formação e Desenvolvimento Profissional de Professores em Portugal» (PDF). Consultado em 19 de novembro de 2015.  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  20. Associação Portuguesa de Ética e Filosofia Prática «APEFP». Consultado em 20 de novembro de 2015.  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  21. Universidade do Porto - JN Ciências da Comunicação «Cafés Filosóficos: Conversas Informais Sobre Filosofia». Consultado em 20 de fevereiro de 2016.  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • BARBOSA, Maria José. A aula de Filosofia como Laboratório Conceptual. Braga: APEFP, 2014.
  • BARRIENTOS RASTROJO, José. Introdução à Filosofia Clínica e á Filosofia Aplicada, FiloCzar, Sao Paulo, 2014
  • BARRIENTOS RASTROJO, J.: Dissolução de conflitos a partir da Filosofia Aplicada e da Mediação, Indeport, Lisboa, 2014.
  • CASTRO, Paulo Alexandre e. AGAPÉ: Uma Proposta Metodológica Para a Boa Direcção da Mente na Filosofia Pratica. Braga: APEFP, 2014.
  • GALLO, Silvio. Ética e Cidadania: Caminhos da Filosofia. Campinas-SP: Papirus, 2003.
  • MARINOFF, Lou. Mais Platão Menos Prozac. São Paulo: Record, 2006.
  • PHILLIPS, Christopher. Sócrates Café. São Paulo: Sanskrito, 2015.
  • SAUTET, Marc. Um Café para Sócrates. São Paulo: José Olympio, 1999.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

  • ACHENBACH, Gerd. Was is’t Philosophische Praxis? - [1]
  • CARNEIRO, Tomás Magalhães, O que é um Diálogo Socrático? - [2]
  • RAABE, B. Peter. What is Philosophical Counselling? - [3]
  • APEFP - Associação Portuguesa de Ética e Filosofia Prática. [4]
  • National Philosophical Counseling Association - [5]
  • The Albert Ellis Institute -[6]
  • Institute of Philosophical Practices - Oscar Brenifier, philosophy practitioner - [7]
  • Haser - Revista Internacional de Filosofía Aplicada. ISSN: 2172-055X - [8]
  • Rivista Italiana di Counseling Filosofico - [9]

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