Usuário(a):Ricardo de Castro/Rituais de interação religiosa na Roma Antiga
Usuário:Ricardo de Castro/Rituais de interação religiosa na Roma Antiga
Com a expansão de Roma, houve uma adoção dos ritos romanos nas cidades imperiais por diversos motivos como a obtenção de direitos políticos, a existência de comunidades romanas nessas cidades e elites locais com interesses nos cultos romanos, mas o principal motivo gerador dessa mudança foram as relações entre Roma e essas cidades como a presença do exército romano ou os laços sociais com roma, por exemplo[1]
Interpretatio[editar | editar código-fonte]
O principal mecanismo pelo qual a cultura romana teria entrado nas províncias seria a lei e, dentre esses mecanismos se destaca a interpretatio, que seria a "identificação dos deuses nativos com equivalentes romanos, seja pela associação do nome do deus nativo à divindade romana, seja pela latinização pura e simples do nome da divindade indígena"[2]. Segundo os pesquisadores, a religião desempenha um papel fundamental na definição da sociedade e nas relações de poder. Ao participar dos cultos, era garantido a pax deorum (paz divina, em latim), a harmonia civil e a maior integração destas comunidades no Império levando a uma maior integração de cultos relacionados ao poder imperial[3]. O termo interpretatio seria mais correto do que o termo sincretismo devido ao sentido pejorativo que recebeu na época moderna[4]
Os casos mais famosos da interpretatio são Zeus e Júpiter, Dagda e Júpiter, Lug e Mercúrio, Hera e Juno[5].
Acclamatio[editar | editar código-fonte]
Na Roma antiga, as divindidades romanas tinham dias regulares de festas, mas sua presença não era certa, precisando do convite - a um ritual, festival ou a vir em socorro - e do esforço daqueles que a convidam para atrair sua presença. Um desses recursos é a acclamatio[6]. O termo acclamatio remete à criação de versos para "pedir em voz alta em favor ou contra alguém"[7].
As acclamationes eram fórmulas rituais vocalizadas perante uma audiência com intuito de se obter a aprovação tanto por parte da divindade como da audiência. elementos fundamentais na comunicação entre os humanos e os deuses[8]. Havia também elementos não visuais do ritual como vestimenta específica, hinos, preces, performances musicais, e sinais aromáticos de perfumes e incensos, vinho e carnes queimando no altar[9]. As acclamationes tinham três funções:
- Função propiciatória, para atrair a atenção da divindade;
- Função testemunhal, confirmando o poder da divindade e convidando-a a proteger aquele que a celebrava;
- Função de instauratio (repetição), que servia ara reconciliar alguém com uma divindidade ou para retomar um rito no qual tenha ocorrido alguma falha, o que era mais comum.[1]
Euocatio[editar | editar código-fonte]
A euocatio era um ritual antigo de guerra, realizado no acampamento romano, que prometia às divindades dos povos inimigos que seriam recebidas em Roma e cultuadas. Dessa forma, primeiro convidava a divindade com a acclamatio e, depois, se realizava a euocatio.[4]. Esse ritual "revela uma concepção indo-européia totalmente oposta à dos semitas: o deus adversário não é um inimigo que tem que morrer com seu rei e com seu povo; é disponível e assimilável"[10]. Para Le Bonniec, a euocatio seria um rito de exceção, e, para outros historiadores, o euocatio seria um dos fundamentos da interpretatio[4]
Ver também[editar | editar código-fonte]
Referências
- ↑ a b BELTRÃO, Cláudia. (2011) p.7
- ↑ MENDES;OTERO, 2004:22
- ↑ BELTRÃO, Cláudia. (2011) p.11
- ↑ a b c BELTRÃO, Cláudia. Interações religiosas no Mediterrâneo romano:práticas de acclamatio e de interpretatiop.9
- ↑ BELTRÃO, Cláudia.(2011) p.1
- ↑ BELTRÃO, Cláudia. (2011) p.12
- ↑ ERNOUT-MEILLET, 2001: 124-125
- ↑ BELTRÃO, Cláudia. (2011) p.5-6.
- ↑ BELTRÃO, Cláudia. (2011) p.5.
- ↑ BAYET, 1984:122
Bibliografia[editar | editar código-fonte]
- BELTRÃO, Cláudia. Interações religiosas no Mediterrâneo romano:práticas de acclamatio e de interpretatio. In: CANDIDO, Maria Regina. Memórias do Mediterrâneo Antigo. Rio de Janeiro: NEA/UERJ, 2010.
- BELTRÃO, Cláudia. Interpretatio, solo e as interações religiosas no Império Romano. In: GONÇALVES, A.T.et al Saberes e Poderes. Rio de Janeiro. 2011.