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Usuário:JMagalhães/Notepad476

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Século XV: Infante D. Henrique e a Vila do Infante[editar | editar código-fonte]

O Infante D. Henrique viveu os seus últimos anos no Algarve e mandou erigir uma vila perto de Sagres. Embora a localização exata desta vila seja desconhecida, terá sido provavelmente construída no Cabo de São Vicente, e não no cabo de Sagres.

A vila do Infante foi construída, provavelmente, no cabo de S. Vicente e não no cabo de Sagres como se tem divulgado.

Tratava-se de uma habitação, mas também de um ponto de apoio para os navegadores que precisassem de ajuda, enquanto esperavam que os ventos favorecessem a continuação da viagem.

O Infante foi um homem ligado ao comércio marítimo e também às expedições de corso, razão para que insistisse na construção de uma habitação numa zona onde o mar estivesse sempre visível.

[1]


Em 1438, o Infante D. Henrique esteve na região do Algarve, depois da derrota militar em Tânger no ano anterior, podendo ter sido nessa altura que se começou a interessar pela região do Cabo de São Vicente.[2] Com efeito, existem provas de que o Infante esteve várias vezes na vila de Lagos, então o principal núcleo das Descobrimentos, e com muita facilidade poderia ter acedido ao cabo, que tinha uma grande importância do ponto de vista religioso, devido à sua ligação a São Vicente.[2] É possível que nessa altura já tivesse pensado em criar uma residência em Sagres.[2]

Em 27 de Outubro de 1443, mediante carta de doação, a coroa concedeu o território do Cabo de São Vicente ao Infante D. Henrique a título vitalício.[3] Nesta altura, aquela região estava praticamente desabitada. Um diploma de Duarte I de 1434 descreve-a como um «lugar solitário e deserto, muito afastado das povoações». Na carta de doação, o Infante manifestou a sua intenção de «fazer certa povoação ou povoações cercadas».[3]

Nos nos anos que se seguiram, o Infante empenhou-se na criação de um senhorio próprio na região de Sagres.[4]

tendo o historiador Alberto Iria avançado em 1961 uma teoria sobre a localização original da povoação fundada pelo Infante para a sua residência.[4] Assim, esta seria formada por vários edifícios rodeados por um circuito amuralhado, no mesmo local onde foi depois construída a fortaleza de Sagres.[4] Com efeito, posteriormente foram descobertos vários vestígios das muralhas originais no mesmo local.[4] O complexo original foi desenhado por um autor inglês no século XVI, sendo visível na gravura um edifício central com uma pequena escada e duas chaminés, que poderia ter sido onde ele viveu e faleceu.[4] Esta comunidade não era ainda conhecida como Sagres, tendo o Infante D. Henrique feito referência ao seu senhorio como «a dita vila do infante», «a minha vila de Terçanaball» e «a minha vila de Terçanaval».[4] Estas últimas denominações não correspondiam propriamente à povoação, mas à região em que se implantava, enquanto que vila não era empregue como uma categoria de localidade, mas como uma referência às antigas villas romanas, como locais de retiro dos mais abastados.[4]

Segundo a tradição, o Infante também fundou uma escola de navegação em Sagres.[5] Porém, a Vila do Infante só terá começado a ter condições de funcionamento cerca de 1446, vários anos depois de terem sido feitos importantes avanços na navegação litoral africana, como a passagem do Cabo Bojador por Gil Eanes, desfazendo o mito da Escola de Sagres.[4] Porém, esta tradição foi sensivelmente baseada em acontecimentos históricos, já que o cabo terá sido uma das inspirações para o Infante ter lançado as navegações africanas, pelo que se pode afirmar que Sagres teve um papel primordial no arranque dos Descobrimentos Portugueses.[4] No entanto, a existência da Escola de Sagres não pode ser totalmente descartada, embora num local diferente, por exemplo na vizinha vila de Lagos, que foi o principal centro das navegações henriquinas.[6]

Em 1459, o Infante mudou-se para o Barlavento algarvio, onde ficou até ao seu falecimento, onde se dedicou, entre outras funções, ao desenvolvimento da sua vila de Terçanabal.[7] Com efeito, nesta altura a vila ainda era considerada um local pouco agradável, embora tenha conhecido algum crescimento na década de 1450, devido principalmente aos acompanhantes do Infante e a várias pessoas que foram ali colocadas em degredo.[7] Devido a este aumento populacional, o Infante ordenou a criação da paróquia de Santa Maria em 14 de Outubro de 1459, «em local outrora bravio e depois povoado», que foi entregue à Ordem de Cristo.[7] Entretanto, em 1454 o navegador veneziano Cadamosto chegou à Vila do Infante, onde foi contratado por D. Henrique para participar nos Descobrimentos.[8] O Infante D. Henrique faleceu em 13 de Novembro de 1460, na sua vila em Sagres.[6] Após a sua morte, a vila entrou num período de declínio, tendo mudado várias vezes de administrador até ao final do reinado de D. João II, em 1495.[9] Com efeito, em 29 de Outubro de 1471 o rei D. Afonso V fez a doação do senhorio da vila, até ao Cabo de São Vicente, a Rui de Sousa, enquanto que em 22 de Junho de 1487, um habitante da Raposeira, Rodrigo Anes, recebeu mercê da capitania da vila de Sagres.[10] Em 1 de Abril de 1495 foi-lhe concedida a alcaidaria-mor, por D. João II.[10] Em 1498, o filho de Rui de Sousa, João de Sousa, herdou o senhorio de Sagres após a morte do seu pai, tendo depois passado para a sua descendência, os condes do Prado e marqueses das Minas.[10]

A fortaleza de Sagres terá sido construída ainda durante o século XV, para defender a faixa litoral algarvia, principalmente a costa Oeste, e as rotas marítimas entre o Oceano Atlântico e o Mar Mediterrâneo.[11] Era considerado o elemento mais importante do sistema de defesa da faixa costeira,[12] tendo nas suas proximidades outras duas fortalezas, a do Belixe e de São Vicente.[13] Também servia para defender o porto de Sagres, que ainda tinha uma certa importância, sendo utilizado por mercadores internacionais, além de servir como centro de uma indústria piscatória.[12] A Igreja de Nossa Senhora da Graça também terá sido construída durante o período henriquino.[11]

Gravura inglesa de 1587, mostrando a região dos Cabos de Sagres e de São Vicente. A fortaleza está representada duas vezes, na sua localização no centro e no fundo, e depois detalhadamente no centro esquerdo da imagem.
  1. «Infante D. Henrique». RTP Ensina. Consultado em 16 de abril de 2024 
  2. a b c COSTA, 2009:240-241
  3. a b COSTA, 2009:271
  4. a b c d e f g h i COSTA, 2009:296-297
  5. Dicionário Enciclopédico Koogan Larousse Selecções. Volume 2 de 3 5.ª ed. Paris, Rio de Janeiro e Lisboa: Editora Larousse do Brasil e Selecções do Reader's Digest. 1981. p. 1278 
  6. a b COSTA, 2009:298
  7. a b c COSTA, 2009:370-371
  8. CAPELO et al, 1994:69
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  10. a b c Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome SIPA
  11. a b Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome PortArq
  12. a b Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome MonumAlg
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