Visitação (Carpaccio)

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Visitação
Visitação (Carpaccio)
Autor Vittore Carpaccio
Data c. 1504-08
Técnica óleo sobre tela
Dimensões 130 cm × 140 cm 
Localização Galleria Giorgio Franchetti em Veneza

A Visitação é uma pintura a óleo sobre tela (130x140 cm) do pintor veneziano Vittore Carpaccio realizado em c. 1504-08 e que fazendo parte da colecção do Museu Correr está actualmente depositada na Galleria Giorgio Franchetti em Veneza.

A obra reconta o episódio bíblico da visita de Maria, grávida de Jesus, à sua prima Isabel, que era muito mais velha e que estava igualmente perto de dar à luz João Baptista, de acordo com o Evangelho segundo S. Lucas.

A Visitação faz parte de um conjunto de pinturas sobre a História da Virgem que Vittore Carpaccio pintou entre 1504 e 1508 para decorar a antiga sala do Albergo da Escola de Santa Maria dos Albaneses em Veneza, pinturas que actualmente se encontram dispersas por vários museus.

Descrição[editar | editar código-fonte]

A Visitação é situada num amplo espaço aberto com grandes edifícios fantásticos ao fundo, que fazem lembrar os conjuntos de quadros anteriores de Carpaccio. Maria e Isabel encontram-se abraçando-se, enquanto um grupo de homens, em várias atividades, observa a cena, vendo-se vários animais simbólicos (papagaio, veado, lebre). Como é típico em Carpaccio, alguns personagens assistem à cena a partir das varandas decoradas festivamente com tapetes sobre as balaustradas. As palmeiras, na direita, conduzem através do ponto de fuga, a visão do espectador em profundidade, em direção às colinas suaves do Veneto nubladas da névoa.

Em geral, a inovação de desenho e cor deste conjunto é mais pobre do que os anteriores e isso é devido tanto ao nível fraco dos colaboradores, como ao menor empenho exigido pela irmandade que encomendou a obra, mas especialmente pela dificuldade de Carpaccio em renovar-se face à revolução desencadeada por Giorgione. A crise de Carpaccio, visível mesmo nas últimas telas do anterior trabalho para a Escola dos Schiavoni, levou-o a isolar-se no contexto artístico de Veneza, forçando-o, nos anos seguintes, a trabalhar na província, onde o seu estilo retardado encontrava ainda admiradores.

O maior interesse deste conjunto encontra-se antes na descrição minuciosa dos detalhes, alguns de frescura original, podendo apreciar-se cenas autênticas da vida veneziana da época, misturadas com elementos exóticos e objetos de pura fantasia. Típicas da produção do pintor são, a inserção de animais simbólicos que se referem às virtudes de Maria.

A História da Virgem[editar | editar código-fonte]

As obras do conjunto História da Virgem são sobretudo pinturas a óleo que tratam episódios tradicionais da iconografia de Maria que não incluem a vida de Jesus:

As pinturas foram realizadas no início do século XVI para a Escola dos Albaneses em Veneza, uma das muitas instituições venezianas que reuniam diferentes comunidades nacionais. Sob o domínio napoleónico todas as Escolas de comunidades estrangeiras, de devoção e de artes e ofícios foram suprimidas, tendo o conjunto de pinturas sido disperso.[1]

Trata-se de obras para as quais o artista recorreu a uma ampla colaboração da sua oficina. De maior qualidade é a Anunciação, onde a típica divisão do espaço, definido segundo uma apertada grelha geométrica, evidencia a intervenção do artista, a que deve ser atribuido o projeto e o desenho de todas as cenas. Típico da produção do pintor são a policromia brilhante, o cuidado descritivo dos detalhes do ambiente e a inserção de animais que se referem simbolicamente à Virgem Maria.[1]

História[editar | editar código-fonte]

Quando Carpaccio estava a trabalhar na obra da Escola dos Schiavoni, os originários da Dalmácia, foi convidado pela rival Escola dos Albaneses para realizar um ciclo dedicado à vida da Virgem, protetora, juntamente com St. Gallen, da irmandade. Mas este último conjunto marcou uma quebra qualitativa face a trabalhos anteriores do artista com os quais tinha atingido o auge de sua arte pictórica.

Em 1808, a Irmandade Escola dos Albaneses, que tinha passado a ser a dos Padeiros, foi suprimida pelas leis napoleônicas, tendo sido disperso todo o recheio da Escola incluindo as obras de Carpaccio, as quais se encontram actualmente em três museus diferentes.

Outras imagens[editar | editar código-fonte]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Francesco Valcanover, Vittore Carpaccio, em Pittori del Rinascimento, Scala, Florença, 2007. ISBN 88-8117-099-X

Referências

  1. a b Ficha do PoloMuseale, sítio oficial de Museus de Veneza, [1] Arquivado em 4 de março de 2016, no Wayback Machine.