William Morris

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William Morris

William Morris, socialista inovador no movimento das artes e ofícios.
Nascimento 24 de março de 1834
Morte 3 de outubro de 1896 (62 anos)
Serviço militar
País  Reino Unido
Papel de parede de "Alcachofra" , de John Henry Dearle para William Morris & Co., 1897 (Victoria and Albert Museum).

William Morris (Walthamstow, Essex, 24 de março de 1834 - Hammersmith, Londres, 3 de outubro de 1896) foi um dos pricipais fundadores do Movimento das Artes e Ofícios britânico. Ele era pintor - de papéis de parede, tecidos padronizados e livros - além de escritor de poesia e ficção e um dos fundadores do movimento socialista na Inglaterra.

O conflito trágico na vida de Morris era seu desejo não realizado de criar objetos belos a preços acessíveis — ou mesmo de graça — para as pessoas comuns, enquanto que o resultado na vida real era sempre a criação de objetos extremamente caros para uma minoria óbvia. (Em seu romance utópico Notícias de Lugar Nenhum, todos trabalham apenas pelo prazer e objetos belamente confeccionados são dados de graça para aqueles que simplesmente os apreciam.)

Vida e obra

Morris nasceu em Walthamstow, próximo a Londres. Sua família era rica, e ele foi para a Oxford (Faculdade de Exeter), onde se tornou influenciado por John Ruskin e onde conheceu seus amigos e colaboradores de toda a vida, Dante Gabriel Rossetti, Edward Burne-Jones, Ford Madox Brown e Philip Webb.[1] Ele também conheceu sua esposa, Jane Burden, uma mulher da classe trabalhadora cuja pele clara e cabelo cúprico eram considerados por Morris e seus amigos o epítome da beleza.[2][3]

O movimento artístico que Morris e os outros tornaram famoso foi a Irmandade Pré-Rafaelita. Eles evitavam a manufatura industrial barata de artes decorativas e da arquitetura e favoreciam um retorno ao artesanato, elevando os artesãos à condição de artistas.

Morris deixou Oxford para entrar em uma firma de arquitetura, mas logo se viu cada vez mais atraído para as artes decorativas.[4] Ele e Webb construíram a Casa Vermelha em Bexleyheath em Kent, o presente de casamento de Morris à Jane. Foi aqui que suas idéias de design começaram a tomar forma física. A torre de relógio feita de tijolos no centro de Bexleyheath teve, em 1996, um busto de Morris colocado em uma posição original.

Em 1861, ele fundou a firma Morris, Marshall, Faulkner & Co. com Gabriel Rossetti, Burne-Jones, Madox Brown e Philip Webb. No decorrer de sua vida, ele continuou a trabalhar em sua própria firma, embora esta mudasse de nome. Sua encarnação mais famosa foi como Morris and Company. Seus designs são vendidos ainda hoje sob licenças dadas a Sanderson and Sons e Liberty de Londres.

Em 1877, ele fundou a Sociedade para a Proteção de Prédios Antigos. Seu trabalho de preservação resultou indiretamente na fundação do National Trust.

Morris e sua filha May estavam entre os primeiros socialistas da Inglaterra, trabalhando diretamente com Eleanor Marx e Engels para iniciar o movimento socialista. Em 1883, ele entrou para a Federação Democrática Social e, em 1884, organizou a Liga Socialista. Uma de suas obras mais conhecidas, Notícias de Lugar Nenhum, é um romance utópico que descreve uma sociedade socialista. Esse aspecto da obra de Morris é bem discutido na biografia (com o subtítulo de Romântico a Revolucionário) escrita por E. P. Thompson.

Morris e Rossetti alugaram uma casa de campo, Kelmscott Manor, próxima a Lechlade, Gloucestershire, como um retiro de verão, mas ela logo se tornou um refúgio para Rossetti e Jane Morris terem um duradouro caso. Para fugir do desconforto, Morris freqüentemente viajava para a Islândia, onde pesquisava lendas islandesas que posteriormente se tornariam a base de poemas e romances.

Considera-se que o livro de Morris, The Wood Between the Worlds, tenha influenciado a série Narnia de C. S. Lewis, enquanto que J. R. R. Tolkien foi inspirado pelas reconstruções de Morris da vida germânica primitiva em The House of the Wolfings e The Roots of the Mountains.

Após a morte de Tennyson em 1892, foi oferecida a Morris a condição de Poeta Laureado, mas ele a recusou.

William Morris morreu em 1896 e foi sepultado no cemitério da igreja na aldeia de Kelmscott, em Oxfordshire.[5]

A natureza do Gótico (The Nature of Gothic) porJohn Ruskin, impresso por Kelmscott Press. primeira página de texto, com ornamentações. Design de William Morris.

A Kelmscott Press

Ver artigo principal: Kelmscott Press

Em janeiro de 1891, Morris fundou a editora Kelmscott Press em Hammersmith, Londres para produzir exemplos de design aprimorado de impressão e livros. Ele desenvolveu tipos claros de letras, tais como seu tipo 'dourado' romano, que foi inspirado pelo tipo do antigo tipógrafo veneziano Nicolaus Jenson, e bordas decorativas medievalizadas para livros que eram inspirados pelos incunábulo do século XV e suas ilustrações talhadas em madeira. A seleção de papel e tinta e a preocupação com a integração completa entre tipo e decorações nas páginas fez da Kelmscott Press a mais famosa das gráficas particulares do Movimento das Artes e Ofícios. Ela operou até 1898, produzindo 53 volumes e inspirando outras gráficas particulares. Entre os amantes de livros, sua edição de Os Contos da Cantuária é considerado um dos mais belos livros já produzidos.

Obras literárias

  • The Defence of Guinevere, and other Poems (1858)
  • The Life and Death of Jason (1867)
  • The Earthly Paradise (1868-70)
  • The Story of Sigurd the Volsung and the Fall of the Nibelungs (1876)
  • Love is Enough, or The Freeing of Pharamond (1872)
  • A Dream of John Ball (1886)
  • The House of the Wolfings (1888)
  • The Roots of the Mountains (1889)
  • Notícias de Lugar Nenhum (1890)
  • The Story of the Glittering Plain (1890)
  • The Well at the World's End (1892)
  • The Wood Beyond the World (1892)

Morris também traduziu um grande número de obras clássicas e medievais, incluindo coleções de sagas islandesas tais como Three Northern Love Stories (1875), a Eneida de Virgílio (1875) e a Odisseia de Homero (1887).

As Sociedades Morris, tanto na Inglaterra como nos Estados Unidos, são ativas na preservação da obra e das idéias de Morris.

Referências

  1. Dictionary of National Biography, 1901, "William Morris"
  2. Encyclopædia Britannica, 1911, "William Morris"
  3. J. W. Mackail, Life of William Morris, p. 3–8
  4. J. W. Mackail, Life of William Morris, p. 25
  5. William Morris (em inglês) no Find a Grave

Leitura adicional

  • Fiona MacCarthy (1994). William Morris: A Life For Our Time (em inglês). Londres: Faber. ISBN 0-571-17495-7 
  • Ray Watkinson (1990). William Morris as Designer (em inglês). Londres: Trefoil Books. ISBN 0-86294-040-0 

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