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Oxigénio dissolvido

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Oxigénio dissolvido (OD ou DO), ou por vezes saturação em oxigénio, é uma medida relativa da quantidade de oxigénio que está dissolvido num determinado fluido ou é por ele transportado. A unidade padrão é em geral miligramas por litro (mg/l) ou partes por milhão (ppm). A medida, quando tomando como solvente a água, é utilizada na avaliação da qualidade das massas de água, no controlo da poluição, em ecologia aquática e em diversos outros ramos das ciências do ambiente e, num contexto diferente, tomando como solvente o sangue ou outro qualquer fluido fisiológico, nos estudos de fisiologia da respiração, avaliação do sistema circulatório e em diversos campos da medicina e da fisiologia animal.

A concentração de oxigênio presente na água vai variar de acordo com a pressão atmosférica (altitude) e com a temperatura do meio. Águas com temperaturas mais baixas têm maior capacidade de dissolver oxigênio; já em maiores altitudes, onde é menor a pressão atmosférica, o oxigênio dissolvido apresenta menor solubilidade.

Ressalta-se ainda que durante a degradação da matéria orgânica, as bactérias fazem uso do oxigênio nos seus processos respiratórios, podendo vir a causar uma redução de sua concentração no meio.[1]

Embora existam diversos métodos para medição do oxigénio dissolvido em água por titulometria, modernamente a medição é em geral feita recorrendo a um sensor de oxigénio, em geral um sensor químico de fibras ópticas (optode), acoplado a um adequado sistema electrónico de aquisição de dados.

Em aplicações no campo da fisiologia e da medicina, a saturação em oxigénio pode ser medida localmente, de forma não invasiva. Em medicina, a oxigenação arterial é em geral medida por oximetria de pulso e a saturação em tecidos à escala periférica pode ser medida por NIRS, técnica que pode ser usada em tecido muscular e em tecido cerebral.

Uso em fisiologia e medicina

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Ver artigo principal: Oxigenação (medicina)

Em fisiologia animal e medicina, a saturação em oxigénio em geral refere-se à oxigenação do sangue, de um fluido orgânico ou de um qualquer tecido, ou seja quando moléculas de oxigénio ( O2) entram nos tecidos do corpo.

No caso do sangue, a oxigenação ocorre nos pulmões, onde as moléculas de oxigénio são transferidas do ar inspirado para o sangue. Nesse caso, a saturação em oxigénio, ou ( O2)-sat, mede a percentagem de hemoglobina no fluxo sanguíneo cujos pontos de ligação estão ocupados por oxigénio.

Peixes, répteis, anfíbios, invertebrados, plantas e bactérias aeróbicas requerem oxigénio para respiração.

Uso em ecologia e ciências do ambiente

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Ver artigo principal: Oxigenação (ambiente)

Em ciências do ambiente, nomeadamente na avaliação da qualidade do ambiente e em ecologia aquática, a saturação em oxigénio, ou oxigenação ambiental, em geral refere-se a uma medida da quantidade de oxigénio dissolvida numa massa de água ou presente nos fluidos que preenchem os poros de um solo. A oxigenação ambiental é em geral um factor ambiental importante para a avaliação da sustentabilidade e das características dos ecossistemas.

Um corpo de água bem misturado está plenamente saturado em oxigénio quando se atinge cerca de 10 mg/L de  O2 a 15 °C.[2] O nível óptimo de oxigénio dissolvido (OD) em estuários é em geral superior a 6 ppm.

Insuficiente oxigénio (hipóxia ambiental), geralmente causada pela decomposição de matéria orgânica, acompanhada ou não por poluição por nutrientes, ocorre em massas de água tais como lagoas e rios, tendendo a reduzir, ou mesmo suprimir, a presença de organismos aeróbicos como os peixes.

A queda na concentração de oxigênio, esta entre as causas mais decorrentes de mortandade de peixes. O valor mínimo de oxigênio dissolvido (OD) para a preservação da vida aquática, estabelecido pela Resolução CONAMA 357/05(2) é de 5,0 mg/L, mas existe uma variação na tolerância de espécie para espécie. As carpas, por exemplo, conseguem suportar concentrações de OD de 3,0 mg/L, sendo que a carpa comum chega até mesmo a sobreviver por até 6 meses em águas frias e sem nenhum Oxigênio Dissolvido, (ANOXIA). Geralmente, os valores de oxigênio dissolvido menores que 2 mg/L, apresentam perigo por indicarem a baixa concentração de Oxigênio dissolvido na água.[3][4][5]

A desoxigenação aumenta a população relativa de organismos anaeróbicos, em especial de bactérias, resultando em mortandade de peixes e outros efeitos adversos. Estes efeitos causam alterações no equilíbrio ecológico das massas de água, aumentando a concentração de espécies anaeróbicas em detrimento das aeróbicas.

Notas

  1. «Oxigênio Dissolvido». Cetesb - Companhia Ambiental do Estado de São Paulo. Consultado em 22 de abril de 2019 
  2. Table of dissolved oxygen versus temperature.
  3. BRASIL.Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA (18 de março de 2005). «Resolução CONAMA nº 357/05». BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA. Resolução CONAMA nº 357/05. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 18 de março de 2005. 
  4. «Apostila de Investigação de Mortandade de Peixes». CETESB. Apostila de Investigação de Mortandade de Peixes,1997. 
  5. «Variáveis de Qualidade da Água – Rios e Reservatórios.». CETESB. Variáveis de Qualidade da Água – Rios e Reservatórios – Surfactantes. In: Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental do Estado de São Paulo. Disponível em CETESB.