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Programa nuclear norte-coreano: diferenças entre revisões

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[[Ficheiro:Yongbyon 5MWe Magnox reactor.jpg|thumb|O reator experimental de Yongbyon, de 5 [[MWe]], que forneceu o combustível utilizado nas armas nucleares.]]
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O '''programa nuclear norte-coreano''' começou a ser construído efetivamente a partir da Guerra da Coreia (1950-1953), que dividiu o norte e o sul coreanos. Antes da guerra ser deflagrada em 1950, houve alguns acontecimentos, como a perda do Eixo para os Aliados na Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Após a rendição do Japão, foi-se definido que as tropas estadunidenses ficariam com a parte sul da península coreana e os soviéticos com a região norte, formulando uma divisão que perdura até hoje. O nome da fronteira é chamado de Paralelo 38, pois foi a 38 graus acima de latitude que a União Soviética estabeleceu sua posse.  
O '''programa nuclear norte-coreano''' tem suas raízes na [[guerra da Coreia]], que opôs os norte-coreanos aos sul-coreanos, aliados aos americanos. Segundo o governo norte-coreano, a produção de [[arma nuclear|armas nucleares]] é uma resposta necessária contra a política externa agressiva dos Estados Unidos em oposição a Coreia do Norte.<ref name="Cronologia">[http://g1.globo.com/FlashShow/0,,21437,00.swf A corrida nuclear norte-coreana - cronologia]. [[G1]] (flashshow).</ref>


Após a Segunda Guerra Mundial, o conflito da Guerra Fria foi formado, separando as sociedades em dois polos: EUA (capitalismo) e URSS (comunismo), de modo que a rivalidade e a disputa de hegemonia destes é visto com clareza no caso da Coreia do Sul (alinhado ao primeiro) e da Coreia do Norte (engajado inicialmente com o segundo). O cenário muda quando, em 25 de novembro de 1950, a China manda tropas em apoio ao Norte[[:Ficheiro:///C:/Users/B35481/Downloads/Artigo Wikipédia - Anna Beatriz Bruna Fernanda e Luana.docx#%20ftn1|[1]]]. Esse fato em conjunto com a pouca participação da URSS no local fez com que Coreia do Norte e China se tornassem aliadas. A fronteira entre o território norte coreano e o chinês é perigoso para este último, que temem e evitam instabilidade[[:Ficheiro:///C:/Users/B35481/Downloads/Artigo Wikipédia - Anna Beatriz Bruna Fernanda e Luana.docx#%20ftn2|[2]]].
A [[Coreia do Norte]] foi signatária do [[Tratado de não proliferação de armas nucleares]] (TNP) até [[10 de janeiro]] de [[2003]], quando se retirou depois de ter sido acusada de conduzir um programa clandestino desde [[1989]]. Depois de várias rodadas de negociação com a participação da [[Coreia do Sul]], [[Japão]], [[Estados Unidos]], [[Rússia]] e [[China]], a Coreia do Norte mostrou alguns sinais de mudança nas suas intenções de construir a arma nuclear. Mas, em [[9 de outubro]] de [[2006]], o país realizou um [[teste nuclear]] e, em [[25 de maio]] de [[2009]], houve um segundo teste, mais potente e sem ambiguidade sobre sua natureza.<ref>[http://www.nytimes.com/2009/05/25/world/asia/25nuke.html North Korea Claims to Conduct 2nd Nuclear Test], por Choe Sang-Hun. ''[[The New York Times]]'', 24 de maio de 2009.</ref><ref>[http://www.economist.com/opinion/displayStory.cfm?story_id=13723594& Here we go again.] ''[[The Economist]]'', 25 de maio de 2009.</ref>.


Com o fim da Guerra da Coreia, de acordo com o governo norte-coreano, a produção de armas nucleares tornou-se uma resposta necessária contra a política externa agressiva dos Estados Unidos em oposição à Coreia do Norte. Por pressão da comunidade internacional, a Coreia do Norte assina o Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares (TNP) em 1985, sendo signatária do mesmo até 10 de janeiro de 2003, quando se retirou depois de ter sido acusada de conduzir um programa clandestino desde 1989. Entende-se que tal programa é referente ao uso indevido de reatores de energia elétrica.
O programa nuclear norte-coreano tem sido motivo de tensões nas [[relações diplomáticas]] entre a [[Coreia do Norte]], a [[Coreia do Sul]], envolvendo também os [[Estados Unidos]] e o [[Japão]].<ref>[http://br.noticias.yahoo.com/pyongyang-anuncia-interrup%C3%A7%C3%A3o-programa-enriquecimento-ur%C3%A2nio-150853170.html Pyongyang anuncia interrupção de seu programa de enriquecimento de urânio], [[Yahoo!]]</ref>


Diante disso, os Estados Unidos afirma que a Coreia do Norte estava produzindo energia suficiente para trabalhar atomicamente com plutônio, que, por sua vez, pode contribuir para a criação de quase seis bombas nucleares[[:Ficheiro:///C:/Users/B35481/Downloads/Artigo Wikipédia - Anna Beatriz Bruna Fernanda e Luana.docx#%20ftn3|[3]]]. Depois de várias rodadas de negociação com a participação da Coreia do Sul, do Japão, dos Estados Unidos, da Rússia e da China, o governo norte-coreano mostrou alguns sinais de mudança nas suas intenções de desenvolver armas nucleares. Em 9 de outubro de 2006, entretanto, o país realizou um teste nuclear e, em 25 de maio de 2009, houve um segundo teste, mais potente e sem ambiguidade sobre sua natureza. A partir de então, o país desenvolveu mais quatro testes – 12 de fevereiro de 2013, 6 de janeiro de 2016, 9 de setembro de 2016 e 3 de setembro de 2017.
== Antecedentes ==


Assim, a questão nuclear da Coreia do Norte é motivo de tensões nas relações diplomáticas com a Coreia do Sul, envolvendo, consequentemente, os Estados Unidos e o Japão, aliados dos sul-coreanos. Além destes, uma série de outros países se preocupam de com a potencialidade de destruição do programa nuclear norte-coreano.
A partir de [[1958]], no contexto da [[guerra fria]] e das relações entre norte e sul-coreanos, marcadas por múltiplos incidentes e confrontos sangrentos, os [[Estados Unidos]] instalaram armas dotadas de [[ogivas nucleares]] na [[Coreia do Sul]] e apontadas para a [[Coreia do Norte]]. Dentre essas armas, havia [[Míssil de cruzeiro|mísseis de cruzeiro]] [[MGM-1 Matador|Matador]].
----[[:Ficheiro:///C:/Users/B35481/Downloads/Artigo Wikipédia - Anna Beatriz Bruna Fernanda e Luana.docx#%20ftnref1|[1]]]G1, Guerra da Coreia foi interrompida por cessar-fogo em 1953, mas nunca teve fim oficial. Disponível em: <<nowiki>https://g1.globo.com/mundo/noticia/guerra-da-coreia-foi-interrompida-por-cessar-fogo-em-1953-mas-nunca-teve-fim-oficial.ghtmL</nowiki>> Acesso em: 14 de julho de 2019


[[:Ficheiro:///C:/Users/B35481/Downloads/Artigo Wikipédia - Anna Beatriz Bruna Fernanda e Luana.docx#%20ftnref2|[2]]]CHEN, Yu-Hua. China and North-Korea: Still “Lips and Teeth”. The Diplomat, 2018.
Essas armas começaram a ser retiradas quase vinte anos depois, no final dos [[anos 1970]], sob a administração de [[Jimmy Carter]]. O processo só se completou em dezembro de [[1991]], já sob a administração de [[George H. W. Bush]]. Tal ameaça aparentemente incitou a Coreia do Norte a obter a arma nuclear<ref name="wpost_2006" /><ref>[http://www.nukestrat.com/korea/withdrawal.htm The Withdrawal of U.S. Nuclear Weapons From South Korea], por Hans M. Kristensen. ''The Nuclear Information Project'', 28 de setembro de 2005.</ref>.


[[:Ficheiro:///C:/Users/B35481/Downloads/Artigo Wikipédia - Anna Beatriz Bruna Fernanda e Luana.docx#%20ftnref3|[3]]]BBC Brasil, Coreia do Norte causa pânico ao sair de tratado nuclear. Disponível em: <<nowiki>https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2003/030110_coreiacb.shtml</nowiki>>. Acesso em: 14 de junho de 2019.
== Início do programa nuclear ==


== Histórico ==
A primeira instalação de pesquisa nuclear da Coreia do Norte remonta a [[1965]], quando a antiga [[União Soviética]] forneceu um [[reator nuclear|reator]] de pesquisa, que foi instalado em [[Yongbyon]]. O fornecimento de material [[fissão nuclear|físsil]] era assegurado pela própria Coreia do Norte, que dispõe de [[jazida]]s de [[urânio]].<ref name="wpost_2006" />


A península coreana constituía um só país antes da invasão nipônica. A retirada do Japão fez com que o local ficasse dividido em dois: Coreia do Norte e Coreia do Sul, respectivamente apoiados pela União Soviética e pelos Estados Unidos. Tal conjuntura representou um reflexo do que estava por vir nas disputas da Guerra Fria.
Em meados dos [[anos 1970]], um segundo reator foi construído. Em [[1977]], a Coreia do Norte não aceitou a inspeção do primeiro reator pela [[Agência Internacional de Energia Atômica]] (AIEA), mas somente em [[1980]] o programa nuclear começou realmente a ser implementado.<ref name="wpost_2006">[http://www.washingtonpost.com/wp-dyn/content/article/2006/10/14/AR2006101401068.html N. Korean Nuclear Conflict Has Deep Roots], por Walter Pincus. ''[[The Washington Post]]'', 15 de outubro de 2006.</ref> {{esclarecer|data=fevereiro de 2013|razão=É preciso constar no trecho quem disse que o programa >clandestino< começou no ano X. Foram os próprios norte-coreanos depois, algum espião, ou é especulação?}}


O Partido Comunista da Coreia do Norte foi fundado em 1946, liderado por Kim Il-sung. Seu poder foi consolidado na Guerra da Coreia (1950-1953), e com ele vem também o ''juche'' – filosofia política norte coreana[[:Ficheiro:///C:/Users/B35481/Downloads/Artigo Wikipédia - Anna Beatriz Bruna Fernanda e Luana.docx#%20ftn1|[1]]]. Somente dois anos depois que a República Popular Democrática da Coreia foi proclamada, culminando com a saída das forças soviéticas da região.
Em [[1985]], a Coreia do Norte assinou o [[Tratado de não proliferação de armas nucleares]] (TNP). No mesmo ano, os [[serviços de informação]] americanos descobriram que um terceiro reator estava em construção. Em [[1990]], com base em [[imagem de satélite|imagens]] de [[Satélite espião|satélites]], os EUA relatam a existência de uma nova instalação. Sob pressões diplomáticas, a Coreia do Norte firmou um acordo com a [[AIEA]], permitindo a inspeção de suas instalações nucleares. Em janeiro de [[1993]] os inspetores da AIEA descobriram duas instalações mas não puderam inspecioná-las. Este fato deflagrou uma [[crise]] [[relações diplomáticas|diplomática]] e, na sequência, a Coreia do Norte ensaiou uma tentativa de retirada do TNP.<ref name="wpost_2006" />


A partir de 1947, Coreia do Norte começou a desenvolver pesquisas e extrações de urânio para construção de material nuclear. As atividades tiveram uma pausa em consequência da guerra. Durante esse período, China se tornou uma grande aliada para os norte coreanos.
Em [[1994]], a administração de [[Bill Clinton]] declara que, se a Coreia do Norte fabricava armas nucleares, também considerava a hipótese de uma [[Guerra|ação militar]]. Em junho de 1994, o ex-presidente [[Jimmy Carter]]{{esclarecer|data=fevereiro de 2013|razão=presidente do quê? Dos EUA? Da AIEA?}} vai à Coreia do Norte para negociar com o presidente [[Kim Il-sung]] uma completa paralisação do programa nuclear norte-coreano, o que ocorre oficialmente em outubro de 1994, e a AIEA lacra as barras de combustível produzidas pelos norte-coreanos.<ref name="diplo_cumings_2003">[http://www.monde-diplomatique.fr/2003/02/CUMINGS/9950 Chantage nucléaire en Corée du Nord], por Bruce Cumings. ''[[Le Monde diplomatique]]'', fevereiro de 2003.</ref>.


Coreia do Sul e Coreia do Norte assinaram o Armistício de Paz em 1953, mas o conflito não deixou de existir. De fato, ele se complicou. A influência da URSS e da China no Norte e dos Estados Unidos no Sul formaram uma camada de tensão sobre as decisões. Afirma-se isso por causa dos acordos posteriores firmados entre os norte-coreanos com os soviéticos e chineses.
A administração Clinton começa então a negociar com a Coreia do Norte a paralisação definitiva do seu programa, em troca de ajuda econômica - embora soubesse que [[Pyongyang]] desenvolvia desde [[1998]] um segundo programa nuclear clandestino <ref name="diplo_cumings_2003" />. Nesse contexto é assinado em [[Genebra]], a [[21 de outubro]] de 1994, um protocolo de intenções entre os EUA e a Coreia do Norte que previa a paralisação e o [[desmantelamento nuclear|desmantelamento]] do seu programa nuclear e militar em troca de ajuda econômica e do fornecimento de [[central nuclear|centrais]] de [[água leve]] que só pode ser usada para fins civis. Para os norte-coreanos, o recurso à energia nuclear deveria oficialmente permitir mitigar a crise energética causada pelo [[Crise do petróleo|choque do petróleo de 1973]], sobretudo após o fim das reservas de petróleo soviético obtido em condições preferenciais, além de que o acesso de todos os Estados à energia nuclear para fins civis constitui um dos fundamentos do TNP. Ainda segundo o acordo firmado com os EUA, a criação das centrais caberia à [[Organização para o Desenvolvimento Energético da Península Coreana]] (KEDO), da qual participavam, entre outros países, as duas Coreias, os Estados Unidos, o Japão, a [[União Europeia]] e a [[Austrália]].


Tanto União Soviética quanto China possuem um histórico de conflitos com os Estados Unidos. O fato de ambos terem uma ideologia comunista gerou um embate com o capitalismo norte-americano. Mais a fundo, vê-se barreiras econômicas aplicadas aos chineses. A URSS, por sua vez, teve uma guerra de poder bélico, econômico e político com os EUA por metade do século XX, no período que ficou conhecido como Guerra Fria.
=== Prosseguimento do programa clandestino ===
O prosseguimento do programa clandestino e a eleição de [[George W. Bush]] ([[2000]]) inverteram totalmente a política americana em relação à Coreia do Norte.<ref>[http://www.monde-diplomatique.fr/2001/05/CUMINGS/15203 Périls sur la détente asiatique], por Bruce Cumings. ''Le Monde diplomatique'', maio de 2001</ref>. O governo Bush incluiu a Coreia do Norte no chamado "eixo do mal", junto com o [[Irã]] e o [[Iraque]], descartando qualquer possibilidade de levar adiante o protocolo de intenções de 1994.<ref name="Cronologia" /> Em [[10 de janeiro]] de [[2003]], a Coreia do Norte se retirou do [[Tratado de não proliferação de armas nucleares]].


Assim, os acordos estabelecidos entre os norte coreanos e os soviéticos, da década de 1950 até 1960, são referentes a pesquisas de matéria e tecnologia nuclear, cooperação nuclear, uso pacífico de energia e proteção bilateral entre ambos. Mais tarde, um acordo similar foi feito com a China. Essas negociações ficaram conhecidas como “tratados da amizade”.
Segundo o especialista americano John Feffer {{quote|''A profunda desconfiança que os [[neoconservador]]es tradicionalmente alimentaram em relação à ''[[détente]]'' ou, no [[jargão]] de hoje, ao ''engagement'', explica muita coisa sobre a política americana atual ''[em [[2006]]]'' em relação à Coreia do Norte. A desconfiança em relação a tratados sobre o controle de armamentos firmados com a União Soviética nos [[anos 1970]] encontra seu paralelo na rejeição do protocolo de intenções de 1994, que congelou a capacidade nuclear da Coreia do Norte em troca de incentivos econômicos e políticos que os partidários da [[linha dura]] afinal relutaram em conceder. A crença de que a expansão de relações comerciais fortaleceria a União Soviética - e o medo de que, paralelamente, esse comércio fortalecesse a China - se traduz atualmente numa relutância similar em estabelecer vínculos econômicos com a Coreia do Norte. E a exploração política dos [[direitos humanos]] como um divisor de águas para minar a distensão se reproduz hoje em tentativas semelhantes - nos Estados Unidos, no Japão e na Coreia do Sul - de ligar políticas de aproximação a melhorias na área dos direitos humanos ''<ref>[https://web.archive.org/web/20060501104053/http://japanfocus.org/article.asp?id=494 Human Rights in North Korea and the U.S. Strategy of Linkage], por John Feffer. ''Japan Focus'', 6 de janeiro de 2006.</ref>}}


As décadas de 1960 e 1970 são marcadas pelo avanço norte coreano nas armas nucleares. Encontram-se reservas de urânio, instalam-se reatores, começam a desenvolver pesquisas para construir mísseis, dentre outras medidas, o que representou uma grande ameaça aos países ao redor, principalmente para Coreia do Sul, China e Estados Unidos. A região industrial chinesa e sua capital (Pequim) é fronteiriça com a Coreia do Norte, logo, é de extrema importância para os chineses que se mantenha uma amizade comercial e política entre eles para se ter estabilidade.
== Testes nucleares da Coreia do Norte ==

Ao todo a Coreia do Norte realizou seis testes nucleares subterrâneos entre 2006 e 2017, todos na área de testes de Punggye-ri.
Diante disso, China considera a Coreia do Norte como um ''buffer'', isto é, um país estratégico localizado entre dois territórios, que pode atuar em processos de contenção (o que ajuda a impedir o avanço dos Estados Unidos)[[:Ficheiro:///C:/Users/B35481/Downloads/Artigo Wikipédia - Anna Beatriz Bruna Fernanda e Luana.docx#%20ftn2|[2]]]. Como ambos possuem um regime não capitalista e os EUA possuem bases militares na Coreia do Sul, trata-se de uma ameaça constante. Esse alerta é visto também quando os americanos instalam armas na Coreia do Sul na década de 1960.

O temor pela nuclearidade norte coreana é constante. Em 1985, Coreia do Norte assina o Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares (TNP), que entrou em vigor em 1970. De certa forma, a tentativa de desarmar os países, o fim dos testes nucleares e a proposta de uso pacífico da energia atômica advindos do TNP não foram tão eficientes.

Ainda durante o período de permanência da Coreia do Norte no TNP, realizaram-se algumas tentativas de conciliação entre o que o Norte queria e o que as demais potências achavam melhor. Estas tentavam a todo custo fazer com que o governo norte-coreano aceitasse as inspeções nucleares por parte da AIEA, mas não obtinham sucesso. A situação mudou quando Kim Il-sung morreu e seu filho assumiu o poder: a conjuntura de fome da população aliada à sua falta de popularidade fez com que o mesmo aceitasse as propostas dos outros países, o que resultou na assinatura, em 1994, do ''Framework Agreement''.

Tal acordo previa uma espécie de troca entre Estados Unidos e Coreia do Norte: o primeiro forneceria ''aid'' ao segundo no formato de envio de toneladas de óleo combustível e de dois reatores de água leve, que deveriam substituir os reatores moderados de grafite, ao segundo. Este, por sua vez, se comprometeria a frear o desenvolvimento de seu programa nuclear e realizar a substituição proposta pelo governo estadunidense. Para cumprir a sua parte nessa negociação, os EUA atuaram em um consórcio internacional junto ao Japão e à Coreia do Sul, intitulado ''Korean Energy Development Organization'' (KEDO). Mesmo assim, as atividades nucleares norte-coreanas não foram suspensas.

A pressão americana para que os norte coreanos acabassem com o seu programa nuclear perdurou desde a entrada até a saída da Coreia do Norte do TNP, em 2003[[:Ficheiro:///C:/Users/B35481/Downloads/Artigo Wikipédia - Anna Beatriz Bruna Fernanda e Luana.docx#%20ftn3|[3]]]. Enquanto era assinante do Tratado, a Coreia do Norte continuou a produzir e a desenvolver projetos nucleares. Os Estados Unidos e outros países da comunidade internacional queriam ainda que o governo norte-coreano assinasse o acordo de proteção da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), mas aquele estabeleceu que assinaria tal acordo somente se os EUA retirassem as armas nucleares da Coreia do Sul, desmilitarizando a península na região da fronteira. Isso não aconteceu, logo, o acordo não foi assinado pelos norte-coreanos.

Tal acordo previa uma espécie de troca entre Estados Unidos e Coreia do Norte: o primeiro forneceria ''aid'' ao segundo no formato de envio de toneladas de óleo combustível e de dois reatores de água leve, que deveriam substituir os reatores moderados de grafite, ao segundo. Este, por sua vez, se comprometeria a frear o desenvolvimento de seu programa nuclear e realizar a substituição proposta pelo governo estadunidense. Para cumprir a sua parte nessa negociação, os EUA atuaram em um consórcio internacional junto ao Japão e à Coreia do Sul, intitulado ''Korean Energy Development Organization'' (KEDO). Mesmo assim, as atividades nucleares norte-coreanas não foram suspensas.

Em seguida, Estados Unidos tentaram resolver novamente a situação sugerindo novos acordos, mas a Coreia do Norte permanece com o posicionamento de que só aceitaria se os norte-americanos retirassem suas forças do território sul-coreano. O que não foi atendido, entretanto. Por causa dessas divergências, EUA deixam de mandar combustível ao país, agravando mais ainda a situação de miséria, e impõe sanções econômicas. Isso, somado a mais alguns conflitos com a Coreia do Sul, fez com que a Coreia do Norte lançasse o seu primeiro projétil de míssil.

Haviam suspeitas[[:Ficheiro:///C:/Users/B35481/Downloads/Artigo Wikipédia - Anna Beatriz Bruna Fernanda e Luana.docx#%20ftn4|[4]]] por parte do governo americano, japonês e sul coreano de que a Coreia do Norte estaria produzindo clandestinamente armas nucleares enriquecidas com urânio. Tal fato os deixou apreensivos, levando-os a tentar engajar o país para evitar maiores problemas. Criou-se então uma série de encontros para tentar resolver a questão nuclear.

A saída da Coreia do Norte do TNP, em 2003, foi justificada pela constante agressividade norte-americana sobre o governo norte-coreano e pela forma com que os estadunidenses estavam impondo as normas da AEIA. Para conter maiores avanços, formou-se o ''Six Party Talks,'' uma negociação multilateral que envolveu China, Estados Unidos, Rússia, Japão, Coréia do Norte e Coréia do Sul, com o objetivo de encontrar um desfecho para o programa nuclear norte-coreano, especialmente pela via da desnuclearização.

Assim, depreendeu-se que a Coreia do Norte utiliza seus mísseis e armas nucleares como uma estratégia de defesa. Com isso, consegue impedir ataques e influências sobre seu regime político, principalmente dos Estados Unidos.

A partir de discussões e arranjos do ''Six Party Talks'', China, Estados Unidos, Rússia, Coreia do Sul e Japão conseguiram formular o ''Statement of Principles'' (2005), um acordo que propunha a ausência de ataque norte-americano em território norte-coreano e o fornecimento de ''aid'' estadunidense em troca da renúncia do programa nuclear e a volta ao TNP por parte da Coreia do Norte. Esse acordo não foi para frente. O governo norte-coreano passou a testar mísseis de médio e logo alcance que tinham a capacidade de atingir o Japão e os Estados Unidos. A ONU condenou veemente esses testes promovidos pela Coreia do Norte.

Mais um encontro do ''Six Party Talks'' acontece e a Coreia do Norte decide desativar o seu principal reator em troca de combustível, em 2007. No ano seguinte, houve alegações chinesas e americanas de que o governo norte-coreano não estava cumprindo com o acordo. Coreia do Sul, descontente, pressionou o Norte pelo desmantelamento do programa nuclear, para então continuar oferecendo ajuda. Com isso, aconteceram mais testes de mísseis, de curto alcance dessa vez. O relacionamento das duas Coreias estava bastante abalado. As diversas tentativas do ''Six Party Talks'' falham e Coreia do Norte decide sair do grupo em 2009.

A chegada de Kim Jong-un ao poder é marcada pelo aumento de testes de mísseis e os muitos alertas da ONU sobre a região norte-coreana. São realizados testes subterrâneos, o que alerta ainda mais os países envolvidos. Obama, em seu governo, decretou que a Coreia do Norte estaria fora das condutas internacionais, sendo, portanto, um “Estado pária”. A partir de 2015, Coreia do Norte sinaliza que conseguiria miniaturas de armas nucleares e que tinha capacidade para produzir bombas de hidrogênio.

O avanço dessas bombas e da tecnologia termonuclear, aliada aos lançamentos de miniaturas bélicas, fizeram com que as sanções internacionais sobre a Coreia do Norte aumentassem. Consequentemente, o avanço na distância e potência dos mísseis norte-coreanos é significativa, causando apreensão na Coreia do Sul, nos Estados Unidos e no Japão.

Recentemente, no ano de 2018, o presidente norte-coreano resolveu reestabelecer relações com a Coreia do Sul e com os Estados Unidos. Houve um acordo de desnuclearização da península, em troca do desmantelamento do programa nuclear norte-coreano. De novo, o acordo não foi cumprido, de modo que o Norte manteve o desenvolvimento de mísseis de longo alcance e o seu programa ativo.

O recente encontro entre Trump e Kim Jong-un, sobre as mesmas questões nucleares, não ocorreu bem. A agressividade americana não foi bem vista pela delegação da Coreia do Norte. De certa forma, tal postura atrapalhou as negociações. Por outro lado, a relação entre Rússia e Coreia do Norte parece ter se estreitado, especialmente com o encontro entre Vladimir Putin e Kim Jong-un em abril de 2019. Vê-se um novo possível embate entre EUA e Rússia por poder.
----[[:Ficheiro:///C:/Users/B35481/Downloads/Artigo Wikipédia - Anna Beatriz Bruna Fernanda e Luana.docx#%20ftnref1|[1]]]ALBERT, Eleanor. North Korean’s Power Structure. Council on Foreign Relations, 2018.

[[:Ficheiro:///C:/Users/B35481/Downloads/Artigo Wikipédia - Anna Beatriz Bruna Fernanda e Luana.docx#%20ftnref2|[2]]]CHEN, Yu-Hua. China and North-Korea: Still “Lips and Teeth”. The Diplomat, 2018.

[[:Ficheiro:///C:/Users/B35481/Downloads/Artigo Wikipédia - Anna Beatriz Bruna Fernanda e Luana.docx#%20ftnref3|[3]]]FONSECA, Leandro Dalalibera. TNP e o Regime Internacional de Não‐Proliferação: Desafios Contemporâneos. In: ''Conjuntura Global''. V.2, n.1, p. 8-12. Curitiba: jan./mar., 2013.

[[:Ficheiro:///C:/Users/B35481/Downloads/Artigo Wikipédia - Anna Beatriz Bruna Fernanda e Luana.docx#%20ftnref4|[4]]] NUCLEAR THREAT INITIATIVE. ''North Korea Nuclear Chronology''. 2011. Disponível em: <<nowiki>https://media.nti.org/pdfs/north_korea_nuclear.pdf</nowiki>>. Acesso em 20 de junho de 2019.

== Descrição do problema ==
As armas, ou bombas, nucleares são consideradas o tipo de armamento mais poderoso que existe, podendo devastar cidades inteiras com a sua explosão. Isso se dá porque sua força é proveniente de reações nucleares, que acontecem no núcleo dos átomos. As armas nucleares têm sua capacidade medida por unidades chamadas “quiloton” e “megaton”. Há dois tipos de reações que geram as explosões das mesmas: por fissão (Bomba Atômica) ou por fusão dos núcleos atômicos (Bombas de Hidrogênio), sendo este último o tipo mais poderoso e destruidor. As bombas nucleares podem ser arremessadas por mísseis de navios cruzeiros, por mísseis de curto alcance, por submarinos, por aviões no ar ou até mesmo na terra[[:Ficheiro:///C:/Users/B35481/Downloads/Artigo Wikipédia - Anna Beatriz Bruna Fernanda e Luana.docx#%20ftn1|[1]]].

Os mísseis existentes atualmente são capazes de carregar mais de 100 vezes o poder de explosão da bomba que atingiu Hiroshima em 1945. Embora os estragos de uma bomba nuclear ainda sejam precisamente indefinidos, especialistas afirmam que caso haja uma guerra nuclear no mundo, o estrago seria tão grande que tornaria impossível o crescimento de novas plantas, por exemplo, por causa da quantidade de poeira e carbono que as impossibilitariam de realizar fotossíntese. E isso extinguiria qualquer tipo de vida que habita no planeta[[:Ficheiro:///C:/Users/B35481/Downloads/Artigo Wikipédia - Anna Beatriz Bruna Fernanda e Luana.docx#%20ftn2|[2]]].

A existência de armas nucleares gera uma desproporção entre os tipos de armas existentes no mundo. Não há como compará-la com qualquer outro tipo de meio militar atual, uma vez que é capaz de promover uma destruição total. A comunidade internacional, por sua vez, acredita que não existe razão que justifique um país ser destruído totalmente, e isso foi uma das causas que paralisou o uso de armamentos na Guerra Fria, uma vez que o custo operacional e de destruição seria muito grande caso tivessem utilizado essas armas. E esse é o principal motivo da Guerra Fria não ter se tornado “quente” com conflitos diretos, as grandes chances de destruição mútua desencorajaram os Estados envolvidos, que evitaram uma grande guerra explícita durante esses 40 anos que se atacaram indiretamente.

Sabe-se que caso houvesse uma guerra com todas as bombas nucleares atualmente existentes, de maneira ilimitada e absoluta, a vida na terra e todas as espécies que hoje conhecemos seriam totalmente extinguidas. Ou seja, as chances disso acontecerem são praticamente nulas. Porém a questão que hoje ameaça o mundo é quanto à utilização limitada e estratégica desse tipo de armamento, com alvos específicos. Como no caso de Hiroshima e Nagasaki, onde essas bombas foram utilizadas em locais estratégicos e destruíram grandes cidades. Embora na época, apenas os EUA detinham esse tipo de armamento muito desenvolvido, não havendo, portanto, a possibilidade de contra-ataque ou revanche imediata por parte dos países atingidos no mesmo nível bélico.

Atualmente, Coreia do Norte, EUA, China, França, Japão, Grã-Bretanha, Índia, Paquistão, Irã e Rússia são os possuidores de poder nuclear no mundo. Sendo assim, o uso desse tipo de armamento hoje em dia é um problema muito mais crítico do que na época da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), uma vez que há grandes chances de contra-ataque caso algum desses países venha a utilizar suas armas nucleares[[:Ficheiro:///C:/Users/B35481/Downloads/Artigo Wikipédia - Anna Beatriz Bruna Fernanda e Luana.docx#%20ftn1|[1]]].

Nenhum tipo de armamento no mundo tem maior poder de destruição do que as armas nucleares, não há como controlar seu alcance de precipitação radioativa e nem a duração de seus efeitos. Essas bombas são capazes de destruir cidades instantaneamente, matar milhões de pessoas em minutos e prejudicar (e, posteriormente, levar a morte) mais pessoas a médio e longo prazo devido à exposição à radiação. Essas armas, além de extinguirem milhões de formas de vida do planeta de maneira imediata, também causam danos duradouros ao mundo. Tendo capacidade de paralisar profundamente o ecossistema, reduzindo as temperaturas da Terra e levando à escassez de alimentos no mundo. Por isso, as armas nucleares são consideradas as armas mais terríveis já existentes no mundo e fabricadas pelo homem.
----[[:Ficheiro:///C:/Users/B35481/Downloads/Artigo Wikipédia - Anna Beatriz Bruna Fernanda e Luana.docx#%20ftnref1|[1]]]COMITÊ INTERNACIONAL DA CRUZ VERMELHA, Armas nucleares: Uma ameaça intolerável. Disponível em: <<nowiki>https://www.icrc.org/pt/document/armas-nucleares-uma-ameaca-intoleravel-para-humanidade</nowiki>>. Acesso em 16 de junho de 2019.

[[:Ficheiro:///C:/Users/B35481/Downloads/Artigo Wikipédia - Anna Beatriz Bruna Fernanda e Luana.docx#%20ftnref2|[2]]]BBC Brasil, Guerra nuclear: As novas armas que aumentam as chances de um conflito global. Disponível em: <<nowiki>https://www.bbc.com/portuguese/internacional-47200806</nowiki>>. Acesso em 15 de junho de 2019.

== Principais desdobramentos ==

Historicamente, o programa nuclear da Coreia do Norte configura-se como um dos grandes centros de atenção e conflitos do mundo. O potencial destrutivo das armas que estão localizadas nas dependências norte-coreanas é alarmante e, não obstante, diferentes países buscarem via multilateralismo ou bilateralismo solucionar essa questão que tanto aparece nas agendas de segurança internacional. Mas quais foram os principais desdobramentos disso?

Em primeiro lugar, é necessário abordar a assinatura do '''Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares (TNP)''' pela Coreia do Norte em 1985. Sinteticamente, esse tratado é baseado em três pilares: 1) Não-proliferação literal de itens bélicos, tanto em sentido horizontal quanto vertical; 2) Desarmamento; e 3) Permissão de uso da tecnologia nuclear apenas para fins pacíficos, como por exemplo, medicina e farmacêutica. Durante o período em que o governo norte-coreano foi signatário do TNP, a comunidade internacional viu positivamente a atitude da Coreia do Norte em integrar um acordo multilateral e buscou estabelecer propostas para o desmantelamento do programa nuclear norte-coreano, a exemplo do ''Four Party Talks'' (1998). Entretanto, o país sai do TNP oficialmente em 2003.

Nesse sentido, outros dois acordos importantes no escopo do programa nuclear foram os “tratados de amizade” assinados entre a Coreia do Norte com a China (1961) e com a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (1961) em 1961. Ambos tinham praticamente o mesmo nome ('''''Treaty of Friendship, Cooperation and Mutual Assistance''')'' e a mesma proposta, isto é, a ideia de que em caso de ataque armado ou estado de guerra em um dos dois países signatários, o outro deveria intervir na situação e fornecer auxílio e extensão militar independente de quem seja a nação ou o grupo de Estados que atacou primeiro. Com isso, a relação do governo norte-coreano com os chineses e os soviéticos intensificou-se.

Por esse ângulo de cooperação, o ano de 1994 foi muito importante. Nele, Coreia do Norte e Estados Unidos assinaram o '''''Framework Agreement''''', uma iniciativa do governo de Bill Clinton. De acordo com as cláusulas do ''Framework'', o governo norte-coreano realizaria o desmantelamento de seu programa nuclear, que nesse período já contava com reatores pesados, em troca da concessão de dois reatores de água leve de 1000 MW (que iriam substituir os reatores moderados e pesados) e do recebimento de 500 mil toneladas de óleo para combustível por parte de um consórcio internacional liderado pelos EUA. Com isso, o acordo conseguiu frear temporariamente elementos conhecidos do programa nuclear de Pionguiangue, conduzindo os Estados Unidos a encabeçar uma eventual extinção das armas nucleares da Coreia do Norte (REVERE, 2013, p. 3). Contudo, esse tratado não é bem-sucedido: ambas as partes alegam que a outra não cumpriu o que prometeu no documento.

Dois anos depois, em 1996, a Coreia do Norte protagonizou outra negociação interessante: o '''''Four Party Talks'''''. Este consistia na reunião de delegações da Coreia do Norte, da Coreia do Sul, da China e dos Estados Unidos para debater a desnuclearização da península coreana a partir da criação de um acordo de paz que substituísse o armistício formulado no final da Guerra da Coreia (1950-1953). Foram necessárias algumas rodadas de conversa para que esse novo tratado fosse confeccionado, mas os países não obtiveram êxito nessa empreitada, principalmente pela falta de consenso entre os mesmos. O governo norte-coreano exigiu que os EUA retirassem as suas tropas do território sul-coreano e que houvesse uma maior ponte entre Washington e Pionguiangue para a criação de projetos conjuntos[[:Ficheiro:///C:/Users/B35481/Downloads/Artigo Wikipédia - Anna Beatriz Bruna Fernanda e Luana.docx#%20ftn1|[1]]].

Ademais, a relação entre norte-coreanos e estadunidenses passa por ainda mais atritos com a virada do século XX para o XXI. Em 2002, na gestão presidencial de George W. Bush, os Estados Unidos passam a classificar a Coreia do Norte como um dos países integrantes do “eixo do mal”, sendo, portanto, um '''''Rogue State''''', isto é, um ator não-construtivo e não-confiável para negociações. Esta denominação, por sua vez, significava que a Coréia do Norte financiava atividades terroristas e passava a ter ''fast track'' na obtenção de sanções econômicas, o que serviu como estratégia para que o governo estadunidense conseguisse aliená-la de apoio popular e integração na comunidade internacional.

Com o passar do tempo, essa postura agressiva dos Estados Unidos deu lugar a um discurso de maior cooperação e engajamento. O grande exemplo de disso é o '''''Six Party Talks''''' (2003-2008), uma negociação multilateral que envolveu China, Estados Unidos, Rússia, Japão, Coreia do Norte e Coreia do Sul para tratar sobre o programa nuclear norte-coreano e a ameaça que o mesmo representava para o mundo. Com essa “conversa dos seis”, surgiram variadas rodadas de diálogo, ora mais próspero, ora mais estrépito. O principal documento advindo dessa multilateralidade foi o '''''Statement of Principles''''' (2005), um acordo acertado entre as delegações dos seis países participantes. Ele estabelecia três normas de conduta para a Coreia do Norte: 1) O abandono de suas armas nucleares e o seu programa nuclear; 2) O retorno a ser signatária do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares (TNP); e, por fim, 3) A permissão da realização de inspeções da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Em troca, o governo norte-coreano receberia a normalização de suas relações com o Japão e os Estados Unidos e a garantia de que não sofreria um ataque nuclear vindo dos EUA. Contudo, essas medidas são contestadas pouco tempo depois[[:Ficheiro:///C:/Users/B35481/Downloads/Artigo Wikipédia - Anna Beatriz Bruna Fernanda e Luana.docx#%20ftn2|[2]]].

Por fim, é crucial ressaltar a abrangência e as atividades do programa nuclear da Coreia do Norte. O país conta com diversas instalações nucleares, sendo a usina de Yongbyon e a área de Punggye-ri os seus principais centros, que apresentam tecnologia e capacidade de utilização de urânio enriquecido, hidrogênio, plutônio, materiais radioquímicos gerais e outros elementos necessários para a fabricação de armas nucleares e termonucleares. Ao todo, o governo norte-coreano realizou seis testes de instrumentos bélicos nucleares, incluindo mísseis de longo alcance, bomba de hidrogênio e miniaturas de projétil: o primeiro, em 9 de outubro de 2006; o segundo, em 25 de maio de 2009; o terceiro, em 12 de fevereiro de 2013; o quarto, em 6 de janeiro de 2016; o quinto, em 9 de setembro de 2016; e, finalmente, o sexto, em 3 de setembro de 2017[[:Ficheiro:///C:/Users/B35481/Downloads/Artigo Wikipédia - Anna Beatriz Bruna Fernanda e Luana.docx#%20ftn3|[3]]]. Esses eventos levaram a novas tentativas de conciliação com a Coreia do Norte e de desnuclearização da mesma, a exemplo da cúpula entre Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, e Kim Jong-un, líder da Coreia do Norte, em fevereiro de
----[[:Ficheiro:///C:/Users/B35481/Downloads/Artigo Wikipédia - Anna Beatriz Bruna Fernanda e Luana.docx#%20ftnref1|[1]]]NUCLEAR THREAT INITIATIVE. ''North Korea Nuclear Chronology''. 2011. Disponível em: <<nowiki>https://media.nti.org/pdfs/north_korea_nuclear.pdf</nowiki>>. Acesso em 10 de junho de 2019.

[[:Ficheiro:///C:/Users/B35481/Downloads/Artigo Wikipédia - Anna Beatriz Bruna Fernanda e Luana.docx#%20ftnref2|[2]]]''Ibidem.''

[[:Ficheiro:///C:/Users/B35481/Downloads/Artigo Wikipédia - Anna Beatriz Bruna Fernanda e Luana.docx#%20ftnref3|[3]]]''Ibidem.''

== Cronologia ==
Os dados da presente cronologia são um compilado de informações adquiridas principalmente por meio de dois suportes: o dossiê ''North Korea Nuclear Chronology'', publicado em 2011 pelo ''Nuclear Threat Initiative'' (NTI), e um conjunto de reportagens de diferentes veículos (G1, Estadão Internacional, Folha de São Paulo e BBC Brasil) em destaque na seção “Referências Externas”.

'''1941'''

A Central Televisiva da Coreia, localizada em Pionguiangue, atual capital da Coreia do Norte, sinalizou para a população que o Japão estava em processo de desenvolvimento de armas nucleares. Nesse período, em plena conjuntura da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o governo japonês já lançava as suas bases expansionistas e, inclusive, fez da península coreana parte ativa de seu domínio colonial. Tal recorte é importante porque, ao longo do tempo, determinados veículos de imprensa norte-coreanos veem no programa nuclear nipônico uma ameaça à integridade da Coreia e frequentemente acionam essa dimensão histórica como possível justificativa para o avanço dos testes nucleares.

'''1945'''

Em 8 de agosto de 1945, entre o lançamento das bombas atômicas ''Little Boy'' em Hiroshima (06/08/1945) e ''Fat Man'' em Nagasaki (09/08/1945) pelos Estados Unidos, o Japão realizou um teste nuclear próximo às cidades de Hamhung e Hamgyong Sul, centros costeiros que hoje localizam-se dentro do território da Coreia do Norte. Tal informação também foi transmitida pela Central Televisiva da Coreia.

Posteriormente, em 15 de agosto de 1945, Estados Unidos e União Soviética aceitam a rendição japonesa na península coreana em um acordo militar temporário no paralelo 38. Por conseguinte, tropas soviéticas passam a ocupar o norte da Coreia, ao passo que oficiais estadunidenses concentraram-se no sul da península, desenhando o quadro que viria a concretizar-se na eclosão da Guerra da Coreia cinco anos depois. Tal conjuntura ocorreu com o fim da Segunda Guerra Mundial, que resultou na vitória dos Aliados e na derrota do Eixo. O Japão, integrante deste segundo grupo, recuou de sua posição de metrópole frente a Coreia.

'''1946'''

Fundação do Partido Comunista da Coreia do Norte, sob a liderança de Kim Il-sung.

'''1947'''

A parte norte da península coreana recebe engenheiros e técnicos soviéticos, cujo objetivo era realizar procuras por reservas de urânio e outros minerais pesados. Como é de conhecimento comum, o urânio é uma das principais matérias prima para a confecção de uma bomba atômica. Logo, essa busca converte-se em extração e feitura de largas minas, que passaram a ser densamente importadas pela União Soviética. Conforme será visto a diante, essa exploração encontrou trégua durante a Guerra da Coreia (1950-1953).

'''1948'''

A República Popular Democrática da Coreia é declarada na região norte da península coreana. Essa proclamação resulta na saída dos militares soviéticos da região norte. Em setembro de 1948, ocorre o estabelecimento da Faculdade de Engenharia de Pionguiangue, responsável por avançar nas pesquisas em tecnologia nuclear, armas atômicas e maquinaria.

'''1950'''

Eclosão da Guerra da Coreia. Em 25 de junho de 1950, tropas do norte da península invadem a parte sul, que se declarou independente. Nesse ano, surgem rumores na imprensa coreana de que o presidente estadunidense Harry S. Truman planejava atacar a Coreia com bombas atômicas. Tais boatos fortaleceram-se após uma conferência do presidente Truman em 30 de novembro de 1950, na qual este indicou que o uso dessas armas foi “ativamente considerado” pelo governo dos Estados Unidos, apesar de sua grande potência destruidora.

'''1951'''

China começa a infiltrar-se no jogo político da Guerra da Coreia e envia cientistas para coletar material radioativo na parte norte da península coreana.

'''1953'''

Ano de assinatura do armistício que põe fim à Guerra da Coreia. Em 27 de julho de 1953, os líderes das partes sul e norte da península reúnem-se para assinar o documento, apesar da resistência do dirigente sul-coreano Rhee Syngman. O paralelo 38 é usado como referência para o estabelecimento de dois novos países com regimes distintos: Coreia do Norte (voltada para o comunismo) e Coreia do Sul (alinhada ao capitalismo).

'''1956'''

Coreia do Norte aproxima-se novamente da União Soviética e ambas estabelecem, em março de 1956, um acordo de pesquisa nuclear conjunta. Tal resolução previa o envio de alguns cidadãos norte-coreanos à URSS para um treinamento em tecnologia nuclear. Em 26 de março de 1956, Coreia do Norte torna-se membro do Instituto Central de Investigações Nucleares, localizado em Dubna, cidade soviética, cuja fundação estava inicialmente atrelada ao desenvolvimento de um centro de pesquisas nucleares para os países socialistas.

'''1958'''

Em janeiro de 1958, os Estados Unidos implantam artilharia, bombas e mísseis nucleares na Coreia do Sul. Nesse mesmo mês, a União Soviética auxilia financeiramente a Coreia do Norte no estabelecimento do Centro de Treinamento de Armas Atômicas.

'''1959'''

Em setembro de 1959, Coreia do Norte assina dois acordos importantes: um de cooperação nuclear com a China e outro de uso pacífico de energia nuclear com a União Soviética.

'''1960'''

Coreia do Norte inicia experimentos de energia atômica. Tal iniciativa ampliou-se com a cisão entre China e União Soviética, provocada pelos anseios de crescimento de ambos os países e pelo posicionamento chinês de não querer ser um país satélite soviético. Com isso, o governo norte-coreano estabelece uma série de fábricas voltadas para a produção de instrumentos de defesa, tais como automobilística, maquinaria, metalurgia e construção naval.

Além disso, é importante destacar que, entre 1960 e 1961, os Estados Unidos continham cerca de 600 armas nucleares na Coreia do Sul. Esse período foi marcado por suspeitas de espionagem estadunidense.

'''1961'''

Em 06 de julho de 1961, Nikita Khrushchev e Kim II-sung assinam o ''Treaty of Friendship, Cooperation and Mutual Assistance'' ''between the Union of Soviet Socialist Republics and the Democratic People's Republic of Korea'' em Moscou, então União Soviética. Tal tratado buscava estabelecer uma cooperação entre a URSS e a Coreia do Norte, na qual caso um dos dois países sofresse algum tipo de ataque armado, independente de quem atacou, o outro deveria conceder apoio e extensão militar.

Acordo similar ao supracitado foi concretizado cinco dias depois, em 11 de julho de 1961. Nesta data, representantes da China e da Coreia do Norte assinaram o ''Treaty of Friendship, Cooperation and Mutual Assistance between the People's Republic of China and the Democratic People's Republic of Korea''. Assim como a disposição do dia 6, esse acordo também previa a cessão de assistência militar de um país caso o outro sofresse ataques de um ou mais Estados, estando dessa forma submetido a uma conjuntura de situação de guerra.

'''1964'''

Com apoio da China, Coreia do Norte realiza buscas por reservas de urânio por todo o seu território e encontra grandes depósitos do mesmo em seis cidades de três províncias diferentes: na província Hamgyong Norte, em Unggi-kun; na província Hamgyong Sul, em Hamhung; e, finalmente, na província Hwanghae Norte, em Haegŭmgang-ri, em Kosŏng-kun, em Kangwŏn e em P'yŏngsan-kun.

Em abril de 1964, com auxílio de técnicos da União Soviética, o governo norte-coreano inaugura o seu Complexo de Pesquisas Nucleares.

'''1965'''

Entre maio e junho de 1965, a Coreia do Norte finaliza a instalação do reator soviético IRT-2000, voltado para o uso de urânio enriquecido como combustível. Da mesma forma, a União Soviética fornece ao governo norte-coreano um modelo menor do reator montado a ser colocado no mesmo local do IRT-2000: a cidade de Yŏngbyŏn-kun. O reator maior é colocado em fase de teste por dois anos, entrando em funcionamento em 1967.

'''1966'''

Kim II-sung, líder norte-coreano, estabelece iniciativas para o desenvolvimento de instrumentos nucleares, especialmente mísseis. Parte dessa tecnologia é utilizada posteriormente para estudos nos ramos da indústria, medicina e pesquisa científica.

'''1970'''

A Coreia do Norte avança em suas pesquisas por reservas de urânio no seu território, sendo bem-sucedida em encontrar novos depósitos do mineral em outras cidades além daquelas exploradas em 1964. Além disso, o governo norte-coreano focaliza parte do trabalho de seus especialistas em uma versão própria do míssil Scud-B, da União Soviética. Esta arma tinha um alcance de cerca de 300 quilômetros e é testada 14 anos depois, em 1984.

'''1972'''

Ano da primeira grande tentativa de diálogo entre Coreia do Norte e Coreia do Sul em torno de uma possível reunificação. A divisão das duas Coreias, contudo, permanece.

'''1985'''

A Coreia do Norte assina o Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares (TNP). Os serviços de informação estadunidenses descobriram que um terceiro reator estava em construção.

'''1987'''

Início do desenvolvimento das versões norte-coreanas das armas nucleares Scud-C, Rodong-1, Taepodong-1, Musudan-1 e Taepodong-2. Em termos de alcance, respectivamente, temos a primeira com 500 quilômetros, a segunda com 1.300 quilômetros, a terceira com 2.500 quilômetros, a quarta com 3.000 quilômetros e a quinta, por fim, com 6.700 quilômetros. O processo de confecção desses itens concluiu-se em 1992.

'''1990'''

Ano marcado pelas pressões exercidas por diferentes países para que o governo norte-coreano assinasse o acordo de proteção da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), organização interna ao bojo das Nações Unidas. Em 5 de abril de 1990, os Estados Unidos demandaram uma postura de cooperação da Rússia para que a mesma engajasse a Coreia do Norte a frear o desenvolvimento de seu programa nuclear. Como resultado desse encontro, o Ministro de Relações Exteriores da Rússia e o Secretário de Estado norte-americano concordaram que a Coreia do Norte deveria assinar o referido acordo.

Entre 17 e 21 de setembro de 1990, a AIEA realizou o 34º encontro de sua Conferência Geral. Nela, 15 países demandaram que a Coreia do Norte assinasse o acordo de proteção de tal agência, dentre os quais estavam Estados Unidos, Japão e Rússia. Quase dois meses depois, em 2 de novembro de 1990, surgem rumores a partir da fala de um representante do Ministro de Relações Exteriores do Japão de que a Coreia do Norte estaria mais inclinada a assinar o acordo. Este indicou também que a AIEA haveria estipulado a realização de visitas no território norte-coreano para a ocorrência de inspeções nucleares, nos termos da negociação.

Todavia, em 16 de novembro de 1990, o Ministro de Relações Exteriores da Coreia do Norte fez uma declaração afirmando que a Coreia do Norte aceitaria assinar o acordo de proteção da AIEA dentro de duas condições: 1) a assinatura só aconteceria após a península coreana transformar-se em uma área livre de armas nucleares; e 2) os Estados Unidos garantiriam legalmente que não utilizariam tecnologia nuclear contra a Coreia do Norte. Tais exigências significavam não somente a paralisação do programa nuclear norte-coreano, mas também a retirada das armas nucleares dos EUA da Coreia do Sul, especialmente na região da fronteira militarizada do paralelo 38. O acordo não é assinado e as negociações continuam.

'''1991'''

Ano importante para as relações internacionais das duas Coreias: Coreia do Norte e Coreia do Sul tornam-se membras da Organização das Nações Unidas (ONU). Além disso, em 16 de julho de 1991, inicia-se o processo de assinatura do acordo de proteção da AIEA, que, apesar das dificuldades de implementação, já obtinha uma prévia pronta. A grande questão por trás de tal negociação, segundo parte da delegação norte-coreana que estava em diálogo com a AIEA, era a presença de armas nucleares dos Estados Unidos especialmente na Coreia do Sul, dado que representaria uma ameaça para a Coreia do Norte.

Em 30 de julho de 1991, o Ministro de Relações Exteriores da Coreia do Norte propõe um acordo de desnuclearização das duas Coreias, dando à península coreana um ''nuclear-free status''. Essa proposta consistia na declaração conjunta de Seul, capital da Coreia do Sul, e Pionguiangue, capital da Coreia do Norte, de que seus países estavam livres de armas nucleares e no alerta aos demais países bélicos de que a península coreana não estaria mais com tensões de conflitos nucleares. Tal moção não seguiu integralmente adiante.

Em 1 de agosto de 1991, a Coreia do Sul respondeu à proposta da Coreia do Norte e sinalizou que iria considerar dialogar com a mesma em torno da questão nuclear. Todavia, essa iniciativa de cooperação tinha uma condição: o governo norte-coreano deveria aceitar inspeções internacionais completas (a exemplo daquelas já propostas pela AIEA no âmbito do acordo de proteção) em todas as suas bases nucleares.

Em 3 de agosto de 1991, o governo sul-coreano avança no discurso de 1 de agosto e anuncia uma proposta mais bem-elaborada acerca da desnuclearização. Esta referia-se a um plano dividido em 3 etapas: 1) Coreia do Norte permitiria a realização de inspeções em suas bases nucleares; 2) Coréia do Norte e Coreia do Sul iriam, juntas, formular uma declaração que desse à península coreana o patamar de ''nuclear-free''; e, finalmente, 3) Participação de outros países em conversas e negociações multilaterais em um movimento de fornecer apoio às Coreias e sua desnuclearização. O dossiê ''North Korea Nuclear Chronology'' (2011) aponta que essa proposta tinha brechas para a realização das inspeções da AIEA e para a existência de um sistema no qual Coreia do Norte e Coreia do Sul liderariam inspeções bilaterais.

'''1992'''

No âmbito das negociações em torno da assinatura do acordo da Agência Internacional de Energia Atômica, a Coreia do Norte concorda com a realização de inspeções nucleares da AIEA, mas logo apresenta uma série de entraves para a plena concretização das mesmas. Em 4 de dezembro de 1992, por exemplo, na Reunião do Conselho de Governadores, 17 países demandam que o governo norte-coreano aceite incondicionalmente as inspeções da AIEA e inspeções simultâneas com a Coreia do Sul. O encontro acaba decidindo tratar o programa nuclear da Coreia do Norte como uma agenda separada no encontro do ano seguinte.

'''1994'''

O mês de janeiro de 1994 foi marcado por intensas negociações acerca das inspeções da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) nas instalações nucleares norte-coreanas. Em 21 de janeiro de 1994, a AIEA anuncia oficialmente que a Coreia do Norte havia rejeitado a realização das inspeções propostas pelo acordo de proteção, cuja finalidade seria a de assegurar que a Coreia do Norte não estaria mais desenvolvendo armas nucleares. Tal declaração fez com que diversos países, principalmente Estados Unidos e Coreia do Sul, procurassem negociar bilateralmente com o governo norte-coreano, exercendo pressão para que o mesmo permitisse a atuação da AIEA em seu território.

Em 1 de fevereiro de 1994, Kim Il-sung, presidente da Coreia do Norte, envia uma mensagem a Bill Clinton, presidente dos Estados Unidos. O conteúdo dessa correspondência expressava o desejo de Il-sung em cooperar com os Estados Unidos no sentido de aprofundar a relação entre os dois países e discutir a questão nuclear, garantindo que a Coreia do Norte não desenvolveria novas armas nucleares. Nesse período, surgiram boatos de que os Estados Unidos estavam preparando o envio de novos mísseis para a Coreia do Sul. Em resposta a esse pedido, o Senado dos Estados Unidos demanda que Clinton assuma uma postura mais agressiva em relação à Coreia do Norte, recomendando que o presidente buscasse apoio internacional para a realização de sanções econômicas em Pionguiangue.

Em 3 de fevereiro de 1994, Coreia do Norte anuncia à AIEA sua rejeição às inspeções nucleares e, consequentemente, ao acordo de proteção. No dia seguinte, Estados Unidos, apoiado por Inglaterra, França e Rússia, passam a recorrer à China para que o governo norte-coreano permitisse a atuação da AIEA em seu território, indicando que caso essa medida não seja tomada até o dia 21 de fevereiro de 1994, os EUA assumiriam uma postura mais agressiva e aplicariam sanções econômicas. O cenário de disputas e tensões permanece até o segundo semestre de 1994, quando ocorre uma reviravolta no cenário político norte-coreano.

Em 8 de julho de 1994, Kim Il-sung morre e seu filho, Kim Jong-il, assume o poder, mas não é reconhecido pela população como presidente da Coreia do Norte. Somado a isso, estava o quadro de fome que assolava os cidadãos norte-coreanos e que piorou a situação de miséria de muitos deles. Nesse cenário, o novo líder decide cooperar: em 21 de outubro de 1994, Estados Unidos e Coreia do Norte assinam o ''Framework Agreement'', que previa a atuação de ambos os países para solucionar a questão nuclear norte-coreana. Assim, em troca da suspensão do programa nuclear norte-coreano, os Estados Unidos forneceriam ''aid'' à Coreia do Norte, em forma de um consórcio internacional, substituindo os reatores moderados de grafite desta por dois reatores de água leve de 1000 MW. Além disso, a Coreia do Norte receberia 500 mil toneladas de óleo para combustível. O acordo colapsa um tempo depois.

Em 16 de dezembro de 1994, surge o ''Korean Energy Development Organization'' (KEDO), o consórcio internacional formado por Estados Unidos, Japão e Coreia do Sul para financiar e construir os dois reatores de água leve previstos no ''Framework Agreement''. Em 1996, o KEDO recebe duas doações importantes para a continuidade de suas ações: uma de 150 mil dólares das Filipinas e outra de 2 milhões de dólares da França. A base do KEDO estaria localizada no próprio território estadunidense, mais precisamente, em Nova York.

'''1996'''

A situação de fome e miséria na Coreia do Norte se agrava. Entre 24 e 29 de janeiro de 1996, uma delegação da Agência Internacional de Energia Atômica se encontra com representantes do Departamento Geral de Energia Atômica da Coreia do Norte em Pionguiangue. Nessa visita, a AIEA examina o complexo nuclear de Yongbyon e percebe que as atividades nucleares norte-coreanas não foram suspensas.

Em 5 de abril de 1996, a Coreia do Norte anuncia oficialmente que não reconheceria mais a zona desmilitarizada próxima ao paralelo 38, ponto referencial de separação entre as duas Coreias. A justificativa para tal medida estava no discurso do governo de que seu Exército estava tomando ''self-defensive measures''. A Coreia do Sul respondeu, indicando que a iniciativa da Coreia do Norte era uma consequência direta do processo de “cessão” do programa nuclear advindo das cláusulas do ''Framework Agreement''.

Em 16 de abril de 1996, Bill Clinton, presidente dos Estados Unidos, e Kim Young Sam, presidente da Coreia do Sul, propõem um ''Four Party Talks'' para substituir o armistício do paralelo 38 e buscar a assinatura de um acordo de paz. Esses ''talk''s seriam compostos por Coreia do Sul, Coreia do Norte, China e Estados Unidos. O governo norte-coreano se recusa a participar dessa negociação inicialmente, mas passa a integrar algumas rodadas de conversa posteriormente.

'''1998'''

Entre 16 e 21 de março de 1998, Estados Unidos, China, Coreia do Norte e Coreia do Sul se encontram para o segundo round de negociações do ''Four Party Talks''. O objetivo desse encontro era chegar a um esboço do acordo de paz que substituiria o armistício assinado depois da Guerra da Coreia (1950-1953). Todavia, em postura similar à adotada em outras tentativas de cooperação, Coreia do Norte estabelece como condições de sua participação no novo acordo a retirada das forças estadunidenses do território sul-coreano e a estabilização das relações entre as capitais de Washington e Pionguiangue. O primeiro ponto, em particular, foi o principal eixo de discordância entre os países envolvidos.

Em 30 de março de 1998, o governo norte-coreano acusa os Estados Unidos de terem suspendido o suprimento do óleo garantido no ''Framework Agreement''. Posteriormente, tal contestação é utilizada em tom de barganha em 14 de abril de 1998: a Coreia do Norte indica que interromperia as atividades de seu reator moderado de grafite se os EUA voltassem a enviar o combustível prometido. Esse quadro se agrava nos meses que se seguem, visto que os Estados Unidos não somente permaneceram com o posicionamento de não envio do óleo, como também colocaram uma série de sanções econômicas na Coreia do Norte.

Em 22 de junho de 1998, um submarino norte-coreano é capturado na costa da Coreia do Sul após ter ficado preso em redes de pesca. Com isso, o governo sul-coreano reforça o envio de tropas para as suas fronteiras, deixando o Exército em alerta para a eclosão de um possível conflito direto com a Coreia do Norte. Em adição a esse evento, em 31 de agosto de 1998, a Coreia do Norte realizou um teste de um projétil que sobrevoou o território japonês e caiu no Oceano Pacífico. O porta-voz da Coreia do Norte alegou que se tratava do teste de envio de um satélite, outros países, como o próprio Japão, indicaram que era um míssil.

'''2002'''

Em 29 de janeiro de 2002, o presidente estadunidense George W. Bush afirma que a Coreia do Norte faz parte do “eixo do mal”, junto com o Irã e o Iraque, descartando qualquer possibilidade de levar adiante o protocolo de intenções de 1994. A resposta a tal discurso foi negativa: a imprensa norte-coreana criticou profundamente o posicionamento estadunidense e alguns veículos viram a alegação de Bush como um insulto ao país. Em 30 de janeiro de 2002, oficiais do governo de Bush atestam que, apesar das declarações do presidente, os Estados Unidos não tinham intenções de atacar militarmente a Coreia do Norte. Segundo o especialista americano John Feffer:{{quote|''A profunda desconfiança que os [[neoconservador]]es tradicionalmente alimentaram em relação à ''[[détente]]'' ou, no [[jargão]] de hoje, ao ''engagement'', explica muita coisa sobre a política americana atual ''[em [[2006]]]'' em relação à Coreia do Norte. A desconfiança em relação a tratados sobre o controle de armamentos firmados com a União Soviética nos [[anos 1970]] encontra seu paralelo na rejeição do protocolo de intenções de 1994, que congelou a capacidade nuclear da Coreia do Norte em troca de incentivos econômicos e políticos que os partidários da [[linha dura]] afinal relutaram em conceder. A crença de que a expansão de relações comerciais fortaleceria a União Soviética - e o medo de que, paralelamente, esse comércio fortalecesse a China - se traduz atualmente numa relutância similar em estabelecer vínculos econômicos com a Coreia do Norte. E a exploração política dos [[direitos humanos]] como um divisor de águas para minar a distensão se reproduz hoje em tentativas semelhantes - nos Estados Unidos, no Japão e na Coreia do Sul - de ligar políticas de aproximação a melhorias na área dos direitos humanos ''<ref>[https://web.archive.org/web/20060501104053/http://japanfocus.org/article.asp?id=494 Human Rights in North Korea and the U.S. Strategy of Linkage], por John Feffer. ''Japan Focus'', 6 de janeiro de 2006.</ref>}}Em 3 de abril de 2002, Coreia do Norte e Rússia assinam um acordo para intercâmbio científico no eixo temporal de 2002 a 2004. Dois meses depois, em 29 de junho de 2002, a Marinha da Coreia do Norte e da Coreia do Sul colidem na costa oeste da península, resultando na morte de 30 norte-coreanos e 4 sul-coreanos. Desse embate, ficou a suspeita de que a Coreia do Norte teria ativado os seus radares para a emissão de mísseis.

Em agosto de 2002, os Estados Unidos levantam a suspeita de que o Paquistão estaria auxiliando a Coreia do Norte em seu programa nuclear com o fornecimento de materiais, modelos e conhecimento técnico. Em 17 de outubro de 2002, funcionários da Central de Inteligência dos Estados Unidos indicaram que a Coreia do Norte havia obtido centrífugas de gás do Paquistão em troca de tecnologia de mísseis, relação que foi descrita por um desses profissionais como um “encontro perfeito de interesses”.

Em 12 de setembro de 2002, o presidente estadunidense George W. Bush afirmou ao Primeiro-Ministro japonês, com base em dados da Inteligência norte-americana, que a Coreia do Norte estava em um processo clandestino de desenvolvimento de armas nucleares enriquecidas com urânio. Essa revelação levou ao encontro de Japão, China e Coréia do Sul, em 17 de outubro de 2002, com o objetivo de discutir formas de engajar a Coreia do Norte no sentido de evitar a eclosão de um conflito militar e o teste dessas novas armas.

Entre 19 e 22 de outubro de 2002, Coreia do Norte e Coreia do Sul reúnem-se em seu ''Eight Inter-Ministerial Talks'', em Pionguiangue. Nesse encontro, ambas discutiram diversos pontos de interesse comum, incluindo a questão nuclear: Coreia do Norte indicou que estaria inclinada a resolvê-la somente se os Estados Unidos modificassem a sua postura em relação aos norte-coreanos primeiro, em referência à fala do presidente Bush sobre o “eixo do mal”.

Em dezembro de 2002, técnicos norte-coreanos começam a realizar uma série de modificações na instalação nuclear de Yŏngbyŏn-kun: retiram selos, desativam o monitoramento de atividade radioquímica, reveem reatores, entre outros. Em 31 de dezembro de 2002, o embaixador da Coreia do Norte na Rússia afirmou que o país estava se preparando para se retirar do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares.

'''2003'''

Em 10 de janeiro de 2003, a Coreia do Norte retira-se do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares. Aparentemente, tal saída estaria vinculada à posição agressiva dos Estados Unidos em relação ao governo norte-coreano, tanto no estímulo à ação da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) quanto pela ameaça de emprego da força. Quatro dias depois, em 14 de janeiro de 2003, ''The Korean Central News Agency'' informou que a questão nuclear norte-coreana só seria resolvida através de convênios bilaterais entre a Coreia do Norte e os Estados Unidos. Essa posição foi reforçada pelo Ministro de Relações Exteriores norte-coreano, que, em 25 de janeiro de 2003, afirmou que o programa nuclear da Coreia do Norte não seria agenda do país em nenhum fórum multilateral.

Em 10 de abril de 2003, a AIEA reconhece oficialmente que a Coreia do Norte deixou de ser uma signatária do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares. Nos dias 23 e 24 do mesmo mês, Coreia do Norte, Estados Unidos e China iniciaram um debate trilateral em Pequim acerca do programa nuclear norte-coreano. Nele, a Coreia do Norte propôs frear o andamento de seu programa nuclear em troca do reconhecimento diplomático e de garantias de segurança e apoio econômico dos Estados Unidos. Aliado a isso, a delegação norte-coreana também sugeriu que as negociações bilaterais entre EUA e Coreia do Norte fosse sucedida a acordos multilaterais breves que incluíssem Coreia do Sul, China e Japão.

Em julho de 2003, a comunidade internacional fica em alerta novamente após a alegação, vinda da capital Pionguiangue, de que a Coreia do Norte já obtinha reservas de plutônio suficientes para a fabricação de bombas nucleares. À essa informação, aliou-se outro dado, divulgado também por Pionguiangue em outubro de 2003, de que as instalações norte-coreanas conseguiram via reprocessamento suporte para a produção de seis bombas.

Esse e outros indicativos do programa nuclear norte-coreano levaram à formulação do ''Six Party Talks'', uma negociação multilateral que envolveu China, Estados Unidos, Rússia, Japão, Coréia do Norte e Coreia do Sul para solucionar a questão nuclear da Coreia do Norte. A primeira rodada de conversações do ''Six Party Talks'' aconteceu entre 27 e 29 de agosto de 2003 em Pequim, prolongando-se pelos anos seguintes, e tinha como meta inicial resolver os atritos entre os governos estadunidense e norte-coreano.

'''2004'''

Entre 23 e 26 de junho de 2004, ocorreu a terceira rodada de negociações do ''Six Party Talks''. Nela, os Estados Unidos propuseram concessão de energia e garantias de segurança internacional em troca do desmantelamento do programa nuclear da Coreia do Norte. Em resposta, a delegação norte-coreana alertou que, caso os EUA não aceitassem o seu modelo de proposta, a Coreia do Norte realizaria um teste de arma nuclear. Além disso, a mesma ameaçou não participar da quarta rodada de conversações, estipulada para setembro de 2005.

Entre 20 e 21 de novembro de 2004, houve o encontro da Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico (APEC) no Chile. Por meio desse fórum, George W. Bush, presidente dos Estados Unidos, Roh Moo-hyun, presidente da Coréia do Sul, Junichiro Koizumi, primeiro-ministro do Japão, Hu Jintao, presidente da China e Vladimir Putin, presidente da Rússia, reafirmaram seu comprometimento em acabar com as ameaças do programa nuclear da Coreia do Norte via ''Six Party Talks''.

'''2005'''

Em 10 de fevereiro de 2005, um membro do Ministério de Relações Exteriores da Coreia do Norte indicou que o país possuía armas nucleares para autodefesa. O mesmo afirmou também que a Coreia do Norte não iria mais participar das conversas do ''Six Party Talks'' devido ao tratamento internacional hostil que o governo norte-coreano vinha recebendo dos Estados Unidos.

Em 9 de julho de 2005, representantes da Coreia do Norte confirmam seu retorno e participação na quarta rodada do ''Six Party Talks'', em resposta ao novo posicionamento dos Estados Unidos, que passou a reconhecer a Coreia do Norte como um Estado de direito e não mais como uma ameaça do “eixo do mal”. Além disso, o governo estadunidense concordou em realizar acordos bilaterais com a delegação norte-coreana no âmbito do ''Six Party Talks''.

Nos dias 26 e 27 de julho de 2005, acontece a quarta rodada do ''Six Party Talks''. O resultado da mesma é concretizado apenas em 19 de setembro de 2005, quando os seis países concordam com o ''Statement of Principles'' da negociação. Este referia-se a um conjunto de medidas e códigos de conduta, como o retorno da Coreia do Norte ao Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares, a abdicação da mesma de seu programa nuclear e a garantia de que os Estados Unidos forneceriam ''aid'' e não atacariam o território norte-coreano. Em 20 de setembro de 2005, Coreia do Norte exige a construção de um reator nuclear civil antes do desmantelamento de suas instalações previsto no acordo do dia anterior.

'''2006'''

Em 5 de julho de 2006, Coreia do Norte realiza testes com mísseis balísticos de médio e longo alcance sobre o Mar do Japão. Dentre essas armas, estava o Scud-C (médio alcance) o Rodong (médio/longo alcance) e o Taepodong-2 (longo alcance). Este último, por ser de longo alcance, poderia atingir os Estados Unidos, mas seu teste acabou falhando e resultou na queda do mesmo alguns segundos após o seu lançamento. Tal iniciativa foi duramente criticada pelo presidente George Bush, que classificou o episódio como uma “provocação”.

Em 3 de outubro de 2006, o Ministro de Relações Exteriores da Coreia do Norte realizou uma declaração oficial afirmando que o governo norte-coreano pretendia fazer um teste nuclear, mas não especificou quando. Seis dias depois, em 9 de outubro de 2006, o teste se concretizou, subterraneamente. Em sequência, o Conselho de Segurança da ONU convoca uma reunião de emergência para tratar do ocorrido e condena o teste da Coreia do Norte.

'''2007'''

Entre 8 e 13 de fevereiro de 2007, ocorre a terceira sessão da quinta rodada de negociações do ''Six Party Talks''. Os integrantes dos seis países adotam um novo acordo, intitulado ''Initial Actions for the Implementation of the Joint Statement'', cujo conteúdo consistia na suspensão do principal reator nuclear da Coreia do Norte, localizado em Yongbyon, em troca da concessão de 50.000 toneladas de óleo combustível para o governo norte-coreano. Esses procedimentos seriam acompanhados por inspeções da AIEA.

Em 14 de julho de 2007, fiscais da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) desembarcam na Coreia do Norte para a inspeção das instalações nucleares de Yongbyon. Os mesmos confirmam o fechamento da usina em 18 de julho de 2007. Nesse período, o primeiro carregamento das 50.000 toneladas de óleo prometidas chega no território norte-coreano, vindo da Coreia do Sul.

Em outubro de 2007, Coreia do Norte dá prosseguimento ao acordo aceito em fevereiro e se propõe a desativar mais três usinas nucleares. Entre 11 e 18 de outubro de 2007, um grupo de especialistas estadunidenses visita a Coreia do Norte para mapear suas instalações e estabelecer novas medidas de desmantelamento do programa nuclear. Ainda nesse mês, os presidentes das duas Coreias se encontram para finalizar oficialmente a Guerra da Coreia e discutir a militarização do paralelo 38.

'''2008'''

O mês de janeiro de 2008 é marcado por pressões da China e dos Estados Unidos sobre o governo norte-coreano. Ambos alegaram que a Coreia do Norte não havia cumprido o prazo de desmantelamento de seu programa nuclear, isto é, o final de 2007, estabelecido no ''Initial Actions for the Implementation of the Joint Statement'' de fevereiro de 2007.

Em fevereiro de 2008, o recém-empossado presidente da Coreia do Sul, Lee Myung-bal, indicou que só forneceria auxílio à Coreia do Norte se a mesma apresentasse a total extinção de seu programa nuclear e novos acordos de direitos humanos. Desse momento até abril de 2008, o relacionamento das duas Coreias piorou bastante, levando à realização de testes de mísseis de curto alcance norte-coreanos e à uma crise em fábricas conjuntas.

Em 26 de agosto de 2008, Coreia do Norte publicou um comunicado informando que havia suspendido o desmantelamento de suas instalações em Yongbyon e que estava considerando reiniciar as operações da mesma. Em 4 de setembro de 2008, o Ministro de Relações Exteriores da Coreia do Sul confirmou que o governo norte-coreano havia restaurado a usina de Yongbyon e o reator desta já estava em atividade.

Em 11 de outubro de 2008, os Estados Unidos retiram a Coreia do Norte do status de países terroristas após o governo norte-coreano ter concordado em desativar novamente a usina de Yongbyon. Além disso, a Coreia do Norte também havia sinalizado positivamente para a fiscalização das suas instalações nucleares por novos inspetores.

Entre 8 e 11 de dezembro de 2008, outra rodada de conversas do ''Six Party Talks'' é estabelecida em Pequim. O objetivo deste encontro era a formalização de um documento de verificação das informações nucleares da Coreia do Norte, mas o mesmo não é formulado. O governo norte-coreano, por sua vez, sinaliza que irá tornar mais lento o processo de fechamento de suas instalações nucleares em reação à ameaça dos Estados Unidos de suspender o auxílio de energia. Essa ameaça acaba se concretizando com o término da presente rodada do ''Six Party Talks'' e a não existência do documento requerido.

'''2009'''

Em 18 de janeiro de 2009, surgem boatos[[:Ficheiro:///C:/Users/B35481/Downloads/Artigo Wikipédia - Anna Beatriz Bruna Fernanda e Luana.docx#%20ftn1|<ins><ins>[1]</ins></ins>]] de que a Coreia do Norte obtinha um largo estoque de plutônio, sendo, portanto, capaz de produzir cerca de cinco armas nucleares. Nesse mês, o governo norte-coreano sinalizou a suspensão de acordos políticos com a Coreia do Sul.

Em 5 de abril de 2009, Coreia do Norte realiza mais um teste e lança um foguete de longo alcance, que acaba caindo no Oceano Pacífico. Alguns países, como Coreia do Sul, a acusam de ter feito um teste de tecnologia nuclear, focado em mísseis de longo alcance. Poucos dias depois, o Conselho de Segurança da ONU condena esse novo teste e a Coreia do Norte alerta para a sua saída do ''Six Party Talks''.

Em 26 de abril de 2009, o governo norte-coreano iniciou o reprocessamento de combustíveis na usina de Yongbyon, assim como a extração de plutônio e o desenvolvimento de outros materiais para a confecção de armas nucleares. As mesmas foram utilizadas em um novo teste subterrâneo, realizado em 25 de maio de 2009.

'''2010'''           

Em 21 de abril de 2010, o governo norte-coreano divulga um comunicado indicando que diminuiria a sua produção de armas nucleares em troca do seu reconhecimento, pela comunidade internacional, como um Estado de armas nucleares. Os Estados Unidos contestam essa afirmação e se recusam a fazer a declaração demandada pela Coreia do Norte.

Em 30 de maio de 2010, durante a conferência de reunião dos países signatários do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP), publicou-se uma declaração exigindo que a Coreia do Norte retornasse ao TNP e permitisse investigações da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

'''2011'''

Kim Jong-un, filho de Kim Jong-il, assume o poder e torna-se o líder da Coreia do Norte.

'''2012'''

Em 13 de abril de 2012, Coreia do Norte realiza mais um teste, dessa vez com o lançamento de um foguete sobre a base Tongchang-ri. Todavia, o teste fracassa devido à desintegração do mesmo pouco tempo depois da decolagem. O Conselho de Segurança da ONU levanta um alerta em relação ao território norte-coreano.

Em 12 de dezembro de 2012, o governo norte-coreano promove outro teste de foguete, sendo este bem-sucedido. O projétil lançado, intitulado Unha-3, consegue chegar à órbita e passa a ser observado pelos técnicos das instalações nucleares. A comunidade internacional considera esse evento como mais um teste realizado pela Coreia do Norte.

'''2013'''

Em 22 de janeiro de 2013, a ONU aumenta as sanções direcionadas à Coreia do Norte como forma de pressionar o desmantelamento de seu programa nuclear. Esse movimento fracassa, pois, em 12 de fevereiro de 2013, Coreia do Norte realiza o seu terceiro teste nuclear subterrâneo, utilizando uma miniatura das armas fabricadas em suas dependências nucleares.

Em 10 de abril de 2013, Coreia do Sul e Estados Unidos, através de suas capitais Seul e Washington, estreitam as suas relações a partir do estado de alerta que se estabelece na península coreana devido aos testes conduzidos pela Coreia do Norte. A situação se agrava no final do mês de agosto, quando uma foto de satélite revelou a reativação efetiva do reator de Yongbyon, o principal reator nuclear do governo norte-coreano.

'''2014'''

Em 26 de abril de 2014, o presidente estadunidense Barack Obama passa a rotular a Coreia do Norte como um Estado pária, isto é, um país cujo posicionamento é considerado fora das normas de conduta internacionais, seja por toda a comunidade internacional ou por alguns países que se sintam ameaçados.

'''2015'''

Em 20 de maio de 2015, Coreia do Norte confirma que suas instalações detém a capacidade de miniaturizar armas nucleares, conforme o teste de janeiro de 2013 demonstrou. Aliado a isso, o alerta da comunidade internacional aumenta novamente em 11 de dezembro de 2015, quando o governo norte-coreano insinua que as suas usinas obtinham tecnologia suficiente para desenvolver bombas de hidrogênio.

'''2016'''

Em 6 de janeiro de 2016, Coreia do Norte confirma as suspeitas deixadas em dezembro do ano anterior: seus técnicos realizam o quarto teste subterrâneo, dessa vez com uma bomba de hidrogênio. Esse teste é seguido do envio de um segundo satélite à órbita civil, ocorrido em 7 de fevereiro de 2016.

Em 2 de março de 2016, o Conselho de Segurança da ONU aplica novas sanções na Coreia do Norte. As mesmas não resultam no efeito esperado e, em 9 de março de 2016, o governo norte-coreano indica que as miniaturizações bélicas chegaram ao nível termonuclear.

Em 23 de abril de 2016, Coreia do Norte inicia o processo de lançamento de armas a partir de sua costa: o governo registra o lançamento de um míssil por um submarino norte-coreano. Tal procedimento obtém o desempenho desejado apenas em 24 de agosto de 2016.

Em 8 de julho de 2016, ocorre o debate acerca do estabelecimento do ''Terminal de Defesa Aérea para Grandes Altitudes'' (THAAD, em inglês) na Coreia do Sul. O THAAD consiste em um escudo de defesa antimísseis mobilizado pelos Estados Unidos na fronteira sul-coreana, cujo objetivo seria proteger o país contra um possível ataque vindo da Coreia do Norte. O THAAD começa a ser instituído fisicamente em 7 de março de 2017.

Em 5 de setembro de 2016, durante uma reunião das delegações do Grupo dos 20 (G-20) na China, o governo norte-coreano realiza mais um teste com o lançamento de três mísseis balísticos de médio alcance sob o Mar do Japão. A tal iniciativa, soma-se o quinto teste nuclear subterrâneo da Coreia do Norte, ocorrido em 9 de setembro de 2016.

'''2017'''

Em 12 de fevereiro de 2017, Coreia do Norte promove outro teste: um míssil balístico de 500 quilômetros de alcance é lançado no Mar do Japão. Tal procedimento é reforçado alguns dias depois, em 6 de março de 2017, quando técnicos norte-coreanos lançam quatro mísseis, a partir de Pionguiangue, com a justificativa de simular o alcance de tais armas em relação às bases militares dos Estados Unidos e do Japão.

Em 14 de maio de 2017, o governo norte-coreano lança um projétil no Mar do Japão que conseguiu percorrer 700 quilômetros. Todavia, estimou-se que a capacidade de alcance do míssil em questão era de 4.500 quilômetros, dado que deixou os países vizinhos à Coreia do Norte em alerta. Em 28 de julho de 2017, esse medo passa a ocorrer nos Estados Unidos com a projeção de um míssil da Coreia do Norte de 10.000 quilômetros de alcance, ou seja, uma arma que apresentava de fato a possibilidade atingir o território estadunidense.

Em 4 de julho de 2017, Pionguiangue, capital da Coreia do Norte, lança o míssil Hwasong-14, cujo alcance era de 6.700 quilômetros, capaz de chegar ao Alasca. Desse teste, são sucedidos mais quatro em 26 e 29 de agosto de 2017, referentes, respectivamente, a três mísseis de curto alcance e a um míssil que sobrevoou o território japonês e caiu no Oceano Pacífico, tendo percorrido um trajeto de 2.700 quilômetros.

Em 3 de setembro de 2017, Coreia do Norte realiza seu sexto teste nuclear: um teste de uma nova bomba de hidrogênio, cujas características a permitiram ser montada e transportadas nos mísseis de longo alcance testados anteriormente.

'''2018'''

Em 20 de abril de 2018, visando uma reaproximação com a Coreia do Sul e os Estados Unidos, o líder norte-coreano Kim Jong-Un determinou a suspensão dos testes com armas nucleares e mísseis de longo alcance e o fechamento da área de testes de Punggye-ri. Geólogos chineses confirmaram que, em decorrência das várias explosões, especialmente a última por ter sido a mais forte, essa região de testes sofreu diversos desmoronamentos, o que aumentou o risco de vazamento radioativo.

Em 24 de maio de 2018, os túneis escavados na montanha Mantap, que eram empregados nos testes nucleares, foram destruídos pelo governo norte-coreano com explosivos.

Em 12 de junho de 2018, o presidente estadunidense Donald Trump e o líder norte-coreano Kim Jong-un assinaram um acordo de desnuclearização da península coreana com o objetivo de alcançar paz e prosperidade entre as duas Coreias. Assim, tal negociação previa que, em troca do desmantelamento do programa nuclear norte-coreano, os Estados Unidos iriam suspender as suas atividades militares na Coreia do Sul, a exemplo do THAAD.

Em 4 de agosto de 2018, a ONU divulgou um relatório sinalizando que, apesar dos diálogos e do acordo estabelecido com o governo estadunidense, a Coreia do Norte continuava a ter o seu programa nuclear ativo e a desenvolver mísseis de longo alcance. Aliado a isso, o estudo da ONU mostrou que o governo norte-coreano estaria também rompendo com as sanções econômicas que foram estipuladas sobre o seu país.

'''2019'''

Em fevereiro de 2019, o presidente estadunidense Donald Trump e o líder norte-coreano Kim Jong-un se reuniram em Hanói, Vietnã, para a segunda cúpula de negociação entre os dois países. O encontro, todavia, terminou subitamente por dificuldade de diálogo entre as duas delegações, que se propuseram a discutir questões de interesse mútuo como a desnuclearização da península coreana e o possível desmantelamento do programa nuclear da Coreia do Norte. Esta alegou que os Estados Unidos agiram de forma grosseira e agressiva, sugerindo medidas que não condiziam com o projeto de governo norte-coreano. Exemplo disso foi o comunicado publicado pela KCNA, agência de notícias da Coreia do Norte, no qual um porta-voz do governo afirmou, em referência aos EUA, que “Quanto mais agirem de maneira desconfiada e hostil em relação à Coreia do Norte, mais feroz será nossa reação”.

Em 24 de abril de 2019, o líder norte-coreano Kim Jong-un desembarcou em território russo para encontro com o presidente da Rússia Vladimir Putin, em Vladivostok. Tal reunião foi a primeira exclusivamente entre os dois países e teve como agenda o programa nuclear da Coreia do Norte e o aprofundamento das relações e dos acordos bilaterais entre ambos. Antes do encontro, o canal japonês TV NHK divulgou ao público que Putin tinha interesse em abordar a retomada das rodadas de negociações do ''Six Party Talks'', interrompidas em 2008, como um dos tópicos da conversa com Kim Jong-un.

Em 31 de maio de 2019, o jornal sul-coreano Chosun publicou uma matéria acusando o governo norte-coreano de ter executado o diplomata e ex-embaixador Kim Hyok-chol, responsável pelas negociações do segundo encontro entre Coreia do Norte e Estados Unidos que ocorreu em fevereiro de 2019. Como visto acima, a reunião não foi bem-sucedida: terminou antes do tempo estipulado e ambos os países não conseguiram chegar a um acordo acerca da desnuclearização da Coreia do Norte.
----[[:Ficheiro:///C:/Users/B35481/Downloads/Artigo Wikipédia - Anna Beatriz Bruna Fernanda e Luana.docx#%20ftnref1|<ins><ins>[1]</ins></ins>]]<ins>UOL, Coreia tem plutônio para uso em bomba, diz especialista dos EUA. Disponível em: <<nowiki>https://www.terra.com.br/noticias/mundo/coreia-tem-plutonio-para-uso-em-bomba-diz-especialista-dos-eua,6c289b40acd4b310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html</nowiki>>. Acesso em 19 de junho de 2019.</ins>
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Testes nucleares realizados pela Coreia do Norte
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== Fim do programa nuclear ==
== Repercussões ==

Em 20 de abril de 2018, visando uma reaproximação com a Coreia do Sul e os Estados Unidos, o lider norte-coreano Kim Jong-Un determinou a suspensão dos testes com armas nucleares, de mísseis de longo alcance e o fechamento da área de testes de Punggye-ri.<ref>{{Citar periódico|titulo=Coreia do Norte anuncia suspensão de testes nucleares e de mísseis|url=https://veja.abril.com.br/mundo/coreia-do-norte-anuncia-suspensao-de-testes-nucleares-e-de-misseis/|jornal=VEJA.com|lingua=pt-BR}}</ref><ref>{{Citar periódico|data=2018-04-20|titulo=Coreia do Norte interrompe testes nucleares - ISTOÉ Independente|url=https://istoe.com.br/coreia-do-norte-interrompe-testes-nucleares-2/|jornal=ISTOÉ Independente|lingua=pt-BR}}</ref>
Diante do contexto do programa nuclear norte-coreano, alguns países ganham protagonismo na discussão e no interesse pelo desmantelamento do programa, que dividimos como atores interessados, e outros se envolvem no mesmo debate, porém com pouco protagonismo, de maneira indireta, a quem denominamos atores não diretamente interessados. Vejamos a seguir quais são os países que se inserem nesse contexto, bem como entender qual a relação que os mesmos estabelecem com a Coreia do Norte.

=== '''Atores interessados''' ===
A China aparece como um país que se relaciona de maneira extremamente direta com a questão do programa nuclear norte-coreano, assim como estabelece relações estreitas e mantém influência na Coreia do Norte. Através da dependência norte-coreana com a exportação e importação de manufaturas, minérios, petróleo, grãos, dentre outros produtos para e com a China, os chineses se preocupam com o avanço do programa nuclear, uma vez que os países estrangeiros pressionam a China e a veem como encarregada com a tentativa de desacelerar tal avanço. Outro ponto importante que liga a China de forma tão concreta à Coreia do Norte é o fato de ambas serem países fronteiriços, portanto, qualquer ameaça aos norte-coreanos, representa uma ameaça à China e ao território do sul da China, extremamente desenvolvido industrialmente e ponto chave para o comércio e sucesso chinês.

O próximo país que circunda todo o contexto do avanço do programa nuclear da Coreia do Norte é os Estados Unidos da América, que historicamente (mais especificamente após a Guerra Fria) é um dos mais interessados pelo combate ao regime comunista no mundo. No contexto da Guerra da Coreia, no início da década de 1950, o governo americano apoia e defende a Coreia do Sul, relação essa que se fortificou e se tornou ainda mais direta, com os Estados Unidos mantendo influência militar e ideológica no país. Juntamente à Coreia do Sul, os americanos estabelecem laços e fortificam o poderio militar de países como Japão e Taiwan, o que apresenta forte ameaça à Coreia do Norte, pela proximidade de ambos da região. Os Estados Unidos apresentam uma notável disposição pelo desmantelamento do programa nuclear, através de reuniões e conferências com países estrangeiros, bem como através de propostas de sanções ao governo norte-coreano. A relação entre os norte-coreanos e os americanos, entretanto, é extremamente tensa e ameaçadora, de ambos os lados, principalmente no início da década de 2000 quando a Coreia do Norte fora acusada pelo governo estadunidense de não cumprimento do que propunha o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP). Essa tensão se faz presente até os tempos atuais.

O terceiro país considerado diretamente interessado na discussão e no rumo que levará o programa de armamento nuclear de Kim Jong-un é a Coreia do Sul. Como citado acima, a Guerra da Coreia representou um momento de tensão entre as duas Coreias, de 1950 a 1953. Desde então, a relação das duas se faz de uma maneira complexa e de ameaças de um novo conflito. Além de se tratar de uma relação historicamente estabelecida, trata-se de uma relação geopolítica também. A Coreia do Sul faz fronteira com a Coreia do Norte, sendo uma capitalista e outra comunista, uma fortemente apoiada pelos Estados Unidos - a maior potência mundial consolidada nos tempos atuais - e a outra recebendo influência direta e quase que exclusiva da China - que representa a segunda maior potência econômica mundial, e segundo alguns especialistas, a futura potência global. Os americanos não somem desse contexto: como é possível perceber, nos últimos anos, vêm treinando soldados que montam guarda na Coreia do Sul para um possível conflito, o que torna o clima agressivo.

Acrescenta-se o Japão na lista dos atores que, na sua história de desenvolvimento se confrontaram com a presença da Coreia do Norte. O Japão, no contexto da Guerra Fria, disputou influência na região em contrapartida com a China, que se opunha e tentava estabelecer a sua própria influência no país asiático. Outro ponto que liga os japoneses a essa conjuntura é o pertencimento deles ao grupo de países do Leste Asiático, que se veem ameaçados e inseridos numa região tensionada, onde há desafios em manter o equilíbrio regional por conta dos conflitos tanto por influência (por parte da China e dos Estados Unidos), quanto por conta do programa nuclear norte-coreano, que desperta uma série de questões a serem discutidas em âmbito internacional.

=== Atores não diretamente interessados ===
Dentro do grupo de países que se envolvem no cenário do combate ao avanço do programa de armas nucleares de Kim Jong-un, estão aqueles que não se relacionam diretamente, mas aparecem pontualmente no desenrolar dos debates e situações.

Alguns países se fazem presentes - ainda que brevemente - por fazerem parte do grupo dos países do Leste Asiático e essa região ser extremamente tensionada e ameaçada por um novo conflito. São eles: Taiwan e Mongólia. Para além desse motivo, Taiwan conta com a influência militar dos Estados Unidos, na tentativa de prepará-los para um conflito, contribuindo para o aumento das tensões. Mais três nações que aparecem indiretamente ligados são a Rússia (antiga União Soviética), a Grã-Bretanha e a França. A primeira ocupa tal posição por ter sido protagonista do contexto de disputa de poder durante a Guerra Fria, atuando com forte influência comunista na Coreia do Norte. Ultimamente, a Rússia de Vladimir Putin tem se aproximado do governo norte-coreano, participando de reuniões com autoridades, mas, ainda não se sabe, no que se interessa exatamente essa aproximação (suspeita-se que seja pelo programa nuclear). A segunda e a terceira são mencionadas na esfera de discussão sobre o programa nuclear por terem assinado o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP) e por participarem de mesas redondas que visam conduzir a forma com que as potências lidarão com os avanços tecnológicos e testes de mísseis impulsionados pela Coreia do Norte.

=== Internacional geral ===
A fim de se analisar a forma como a comunidade internacional lida e reage aos avanços e testes com armamentos nucleares, discute-se este tema. Um dos principais organismos de discussão, planejamento e resolução de problemas e questões de âmbito mundial, senão o principal organismo, é a Organização das Nações Unidas (ONU). Posto isso, é importante que se insira os meios pelos quais a ONU utiliza para tratar o problema do avanço nuclear. Segundo as notícias que podemos acompanhar nos principais jornais e no site oficial da ONU, a mesma põe-se ao lado dos acordos discutidos através do Tratado de Não Proliferação. Conforme publicado no site oficial da ONU, em abril de 2019: "Em comunicado divulgado após o encontro, o Conselho de Segurança reafirmou apoio de seus membros ao Tratado [TNP]. Os membros também concordaram que a Conferência de Revisão será uma oportunidade para fortalecer o regime de não proliferação e desarmamento nuclear.[[:Ficheiro:///C:/Users/B35481/Downloads/Artigo Wikipédia - Anna Beatriz Bruna Fernanda e Luana.docx#%20ftn1|[1]]]"

Ainda segundo a matéria publicada, Izumi Nakamitsu, alta representante das Nações Unidas para Assuntos de Desarmamento, a ameaça de armas nucleares serem utilizadas “[...] é ‘maior do que já foi há gerações’, à medida que existe ‘competição em vez de cooperação”. Essa declaração evidencia a inquietação internacional para com o desenvolvimento cada vez mais avançado do uso de armamentos nucleares por atores como Irã e Coreia do Norte.

Um outro organismo que acionamos nesta questão é a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que participa ativamente na implementação do TNP, bem como na fiscalização da utilização de energia nuclear pelos países. Na mesma notícia, cuja fonte é o site da Organização das Nações Unidas, “[...] monitorar os programas nucleares do Irã e da Coreia do Norte está entre os principais itens da agenda da organização [da AIEA].” No caso norte-coreano, a AIEA atua por meio de satélites e informações abertas para o mapeamento de atividades que envolvem energia e armamento nuclear. A Agência Internacional de Energia Atômica cumpre um importante papel no auxílio para a utilização de energia nuclear para fins pacíficos, além de promover inspeções em possíveis bases de tecnologia nuclear.  
----[[:Ficheiro:///C:/Users/B35481/Downloads/Artigo Wikipédia - Anna Beatriz Bruna Fernanda e Luana.docx#%20ftnref1|[1]]]NAÇÕES UNIDAS BRASIL, Possibilidade de uso de armas nucleares é ‘maior do que já foi há gerações’, alerta ONU. Disponível em: <<nowiki>https://nacoesunidas.org/possibilidade-de-uso-de-armas-nucleares-e-maior-do-que-ja-foi-ha-geracoes-alerta-onu/</nowiki>>. Acesso em 15 de junho de 2019.

== Veja também ==
·        '''Segunda Guerra Mundial'''.

o  Disponível em: <[[Segunda Guerra Mundial|https://pt.wikipedia.org/wiki/Segunda_Guerra_Mundial]]>

·        '''Bombardeamentos de Hiroshima e Nagasaki'''.

o  Disponível em: <[[Bombardeamentos de Hiroshima e Nagasaki|https://pt.wikipedia.org/wiki/Bombardeamentos_de_Hiroshima_e_Nagasaki]]>

·        '''Coreia do Norte'''.

o  <Disponível em: [[Coreia do Norte|https://pt.wikipedia.org/wiki/Coreia_do_Norte]]>

·        '''Missões diplomáticas da Coreia do Norte'''.

o  Disponível em: <[[Missões diplomáticas da Coreia do Norte|https://pt.wikipedia.org/wiki/Miss%C3%B5es_diplom%C3%A1ticas_da_Coreia_do_Norte]]>

·        '''Bomba nuclear'''.

o  Disponível em: <[[Bomba nuclear|https://pt.wikipedia.org/wiki/Bomba_nuclear]]>

·        '''Bomba de hidrogênio'''.

o  Disponível em: <[[Bomba de hidrogénio|https://pt.wikipedia.org/wiki/Bomba_de_hidrog%C3%A9nio]]>

·        '''Bomba de nêutrons'''.

o  Disponível em: <[[Bomba de nêutrons|https://pt.wikipedia.org/wiki/Bomba_de_n%C3%AAutrons]]>

·        '''Tsar Bomba'''.

o  Disponível em: <[[Tsar Bomba|https://pt.wikipedia.org/wiki/Tsar_Bomba]]>

·        '''Teste nuclear'''.

o  Disponível em: <[[Teste nuclear|https://pt.wikipedia.org/wiki/Teste_nuclear]]>

·        '''Guerra Nuclear'''.

o  Disponível em: <[[Guerra nuclear|https://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_nuclear]]>

·        '''Bombardeio estratégico'''.

o  Disponível em: <[[Bombardeio estratégico|https://pt.wikipedia.org/wiki/Bombardeio_estrat%C3%A9gico]]>

·        '''Países com armamento nuclear'''.

o  Disponível em: <[[Países com armamento nuclear|https://pt.wikipedia.org/wiki/Pa%C3%ADses_com_armamento_nuclear]]>

·        '''Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares'''.

o  Disponível em: <[[Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares|https://pt.wikipedia.org/wiki/Tratado_de_N%C3%A3o_Prolifera%C3%A7%C3%A3o_de_Armas_Nucleares]]>

·        '''Agência Internacional de Energia Atômica'''.

o  Disponível em: <[[Agência Internacional de Energia Atómica|https://pt.wikipedia.org/wiki/Ag%C3%AAncia_Internacional_de_Energia_At%C3%B3mica]]>

== Referências Externas ==
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GUIA DO ESTUDANTE, Qual o papel das armas nucleares em conflitos políticos. Disponível em: <<nowiki>https://guiadoestudante.abril.com.br/blog/atualidades-vestibular/qual-o-papel-das-armas-nucleares-em-conflitos-politicos/</nowiki>>. Acesso em 15 de junho de 2019.

NAÇÕES UNIDAS BRASIL, Possibilidade de uso de armas nucleares é ‘maior do que já foi há gerações’, alerta ONU. Disponível em: <<nowiki>https://nacoesunidas.org/possibilidade-de-uso-de-armas-nucleares-e-maior-do-que-ja-foi-ha-geracoes-alerta-onu/</nowiki>>. Acesso em 15 de junho de 2019.


NUCLEAR THREAT INITIATIVE. ''North Korea Nuclear Chronology''. 2011. Disponível em: <<nowiki>https://media.nti.org/pdfs/north_korea_nuclear.pdf</nowiki>>. Acesso em 10 de junho de 2019.
Geólogos chineses confirmaram que em decorrência das várias explosões, especialmente a última por ter sido a mais forte, a área de testes sofreu diversos desmoronamentos, o que aumenta o risco de vazamento radioativo. Esse seria a principal razão pela qual o líder norte-coreano fechou as instalações.<ref>{{Citar web|url=http://www.apolo11.com/terremotos_globais.php?titulo=Estudo_indica_colapso_de_montanha_apos_teste_nuclear_norte_coreano&posic=dat_20180502-085549.inc|titulo=Estudo indica colapso de montanha após teste nuclear norte coreano|acessodata=2018-05-03|obra=www.apolo11.com|lingua=pt-br}}</ref><ref>{{Citar periódico|data=2018-04-26|titulo=Área de testes nucleares da Coreia do Norte sofreu desabamento, diz estudo|url=https://oglobo.globo.com/mundo/area-de-testes-nucleares-da-coreia-do-norte-sofreu-desabamento-diz-estudo-22629009|jornal=O Globo|lingua=pt-BR}}</ref>


REVERE, Evans J. R. ''Facing the facts'': Towards a new U.S North Korea Policy. Massachusetts: The Brookings Institution, 2013.
Finalmente a 24 de maio de 2018, os túneis escavados na montanha Mantap, que eram empregados nos testes nucleares foram destruídos com explosivos.<ref>{{Citar periódico|titulo=Coreia do Norte explode instalação de testes nucleares em meio a dúvidas sobre cúpula com Trump|url=https://extra.globo.com/noticias/economia/coreia-do-norte-explode-instalacao-de-testes-nucleares-em-meio-duvidas-sobre-cupula-com-trump-22711794.html|jornal=Extra Online|lingua=pt-BR}}</ref><ref>{{Citar periódico|titulo=Coreia do Norte destrói túneis de instalação de testes nucleares, diz mídia - Reuters - UOL Notícias|url=https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/reuters/2018/05/24/coreia-do-norte-destroi-tuneis-de-instalacao-de-testes-nucleares-diz-midia.htm|jornal=UOL Notícias|lingua=pt-BR}}</ref>{{referências|col=2}}


<ins>UOL, Coreia tem plutônio para uso em bomba, diz especialista dos EUA. Disponível em: <<nowiki>https://www.terra.com.br/noticias/mundo/coreia-tem-plutonio-para-uso-em-bomba-diz-especialista-dos-eua,6c289b40acd4b310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html</nowiki>>. Acesso em 19 de junho de 2019.</ins>
== Ligações externas ==


WIKIPÉDIA, Programa nuclear norte-coreano. Disponível em: <<nowiki>https://pt.wikipedia.org/wiki/Programa_nuclear_norte-coreano</nowiki>>. Acesso em 09 de junho de 2019.{{referências|col=2}}
* {{Link|1=pt|2=http://noticias.uol.com.br/ultnot/afp/2009/12/10/ult34u228435.jhtm|3=EUA e Coreia do Norte concordam com necessidade de retomar negociação nuclear}}
* {{Link|1=fr|2=http://www.korea-is-one.org/spip.php?article2897 |3= Corée du Nord : fin de partie pour les néoconservateurs américains}}


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Revisão das 11h11min de 25 de junho de 2019

Parte da série sobre
Programa nuclear norte-coreano
Portal da Coreia do Norte
O reator experimental de Yongbyon, de 5 MWe, que forneceu o combustível utilizado nas armas nucleares.

O programa nuclear norte-coreano começou a ser construído efetivamente a partir da Guerra da Coreia (1950-1953), que dividiu o norte e o sul coreanos. Antes da guerra ser deflagrada em 1950, houve alguns acontecimentos, como a perda do Eixo para os Aliados na Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Após a rendição do Japão, foi-se definido que as tropas estadunidenses ficariam com a parte sul da península coreana e os soviéticos com a região norte, formulando uma divisão que perdura até hoje. O nome da fronteira é chamado de Paralelo 38, pois foi a 38 graus acima de latitude que a União Soviética estabeleceu sua posse.  

Após a Segunda Guerra Mundial, o conflito da Guerra Fria foi formado, separando as sociedades em dois polos: EUA (capitalismo) e URSS (comunismo), de modo que a rivalidade e a disputa de hegemonia destes é visto com clareza no caso da Coreia do Sul (alinhado ao primeiro) e da Coreia do Norte (engajado inicialmente com o segundo). O cenário muda quando, em 25 de novembro de 1950, a China manda tropas em apoio ao Norte[1]. Esse fato em conjunto com a pouca participação da URSS no local fez com que Coreia do Norte e China se tornassem aliadas. A fronteira entre o território norte coreano e o chinês é perigoso para este último, que temem e evitam instabilidade[2].

Com o fim da Guerra da Coreia, de acordo com o governo norte-coreano, a produção de armas nucleares tornou-se uma resposta necessária contra a política externa agressiva dos Estados Unidos em oposição à Coreia do Norte. Por pressão da comunidade internacional, a Coreia do Norte assina o Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares (TNP) em 1985, sendo signatária do mesmo até 10 de janeiro de 2003, quando se retirou depois de ter sido acusada de conduzir um programa clandestino desde 1989. Entende-se que tal programa é referente ao uso indevido de reatores de energia elétrica.

Diante disso, os Estados Unidos afirma que a Coreia do Norte estava produzindo energia suficiente para trabalhar atomicamente com plutônio, que, por sua vez, pode contribuir para a criação de quase seis bombas nucleares[3]. Depois de várias rodadas de negociação com a participação da Coreia do Sul, do Japão, dos Estados Unidos, da Rússia e da China, o governo norte-coreano mostrou alguns sinais de mudança nas suas intenções de desenvolver armas nucleares. Em 9 de outubro de 2006, entretanto, o país realizou um teste nuclear e, em 25 de maio de 2009, houve um segundo teste, mais potente e sem ambiguidade sobre sua natureza. A partir de então, o país desenvolveu mais quatro testes – 12 de fevereiro de 2013, 6 de janeiro de 2016, 9 de setembro de 2016 e 3 de setembro de 2017.

Assim, a questão nuclear da Coreia do Norte é motivo de tensões nas relações diplomáticas com a Coreia do Sul, envolvendo, consequentemente, os Estados Unidos e o Japão, aliados dos sul-coreanos. Além destes, uma série de outros países se preocupam de com a potencialidade de destruição do programa nuclear norte-coreano.


[1]G1, Guerra da Coreia foi interrompida por cessar-fogo em 1953, mas nunca teve fim oficial. Disponível em: <https://g1.globo.com/mundo/noticia/guerra-da-coreia-foi-interrompida-por-cessar-fogo-em-1953-mas-nunca-teve-fim-oficial.ghtmL> Acesso em: 14 de julho de 2019

[2]CHEN, Yu-Hua. China and North-Korea: Still “Lips and Teeth”. The Diplomat, 2018.

[3]BBC Brasil, Coreia do Norte causa pânico ao sair de tratado nuclear. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2003/030110_coreiacb.shtml>. Acesso em: 14 de junho de 2019.

Histórico

A península coreana constituía um só país antes da invasão nipônica. A retirada do Japão fez com que o local ficasse dividido em dois: Coreia do Norte e Coreia do Sul, respectivamente apoiados pela União Soviética e pelos Estados Unidos. Tal conjuntura representou um reflexo do que estava por vir nas disputas da Guerra Fria.

O Partido Comunista da Coreia do Norte foi fundado em 1946, liderado por Kim Il-sung. Seu poder foi consolidado na Guerra da Coreia (1950-1953), e com ele vem também o juche – filosofia política norte coreana[1]. Somente dois anos depois que a República Popular Democrática da Coreia foi proclamada, culminando com a saída das forças soviéticas da região.

A partir de 1947, Coreia do Norte começou a desenvolver pesquisas e extrações de urânio para construção de material nuclear. As atividades tiveram uma pausa em consequência da guerra. Durante esse período, China se tornou uma grande aliada para os norte coreanos.

Coreia do Sul e Coreia do Norte assinaram o Armistício de Paz em 1953, mas o conflito não deixou de existir. De fato, ele se complicou. A influência da URSS e da China no Norte e dos Estados Unidos no Sul formaram uma camada de tensão sobre as decisões. Afirma-se isso por causa dos acordos posteriores firmados entre os norte-coreanos com os soviéticos e chineses.

Tanto União Soviética quanto China possuem um histórico de conflitos com os Estados Unidos. O fato de ambos terem uma ideologia comunista gerou um embate com o capitalismo norte-americano. Mais a fundo, vê-se barreiras econômicas aplicadas aos chineses. A URSS, por sua vez, teve uma guerra de poder bélico, econômico e político com os EUA por metade do século XX, no período que ficou conhecido como Guerra Fria.

Assim, os acordos estabelecidos entre os norte coreanos e os soviéticos, da década de 1950 até 1960, são referentes a pesquisas de matéria e tecnologia nuclear, cooperação nuclear, uso pacífico de energia e proteção bilateral entre ambos. Mais tarde, um acordo similar foi feito com a China. Essas negociações ficaram conhecidas como “tratados da amizade”.

As décadas de 1960 e 1970 são marcadas pelo avanço norte coreano nas armas nucleares. Encontram-se reservas de urânio, instalam-se reatores, começam a desenvolver pesquisas para construir mísseis, dentre outras medidas, o que representou uma grande ameaça aos países ao redor, principalmente para Coreia do Sul, China e Estados Unidos. A região industrial chinesa e sua capital (Pequim) é fronteiriça com a Coreia do Norte, logo, é de extrema importância para os chineses que se mantenha uma amizade comercial e política entre eles para se ter estabilidade.

Diante disso, China considera a Coreia do Norte como um buffer, isto é, um país estratégico localizado entre dois territórios, que pode atuar em processos de contenção (o que ajuda a impedir o avanço dos Estados Unidos)[2]. Como ambos possuem um regime não capitalista e os EUA possuem bases militares na Coreia do Sul, trata-se de uma ameaça constante. Esse alerta é visto também quando os americanos instalam armas na Coreia do Sul na década de 1960.

O temor pela nuclearidade norte coreana é constante. Em 1985, Coreia do Norte assina o Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares (TNP), que entrou em vigor em 1970. De certa forma, a tentativa de desarmar os países, o fim dos testes nucleares e a proposta de uso pacífico da energia atômica advindos do TNP não foram tão eficientes.

Ainda durante o período de permanência da Coreia do Norte no TNP, realizaram-se algumas tentativas de conciliação entre o que o Norte queria e o que as demais potências achavam melhor. Estas tentavam a todo custo fazer com que o governo norte-coreano aceitasse as inspeções nucleares por parte da AIEA, mas não obtinham sucesso. A situação mudou quando Kim Il-sung morreu e seu filho assumiu o poder: a conjuntura de fome da população aliada à sua falta de popularidade fez com que o mesmo aceitasse as propostas dos outros países, o que resultou na assinatura, em 1994, do Framework Agreement.

Tal acordo previa uma espécie de troca entre Estados Unidos e Coreia do Norte: o primeiro forneceria aid ao segundo no formato de envio de toneladas de óleo combustível e de dois reatores de água leve, que deveriam substituir os reatores moderados de grafite, ao segundo. Este, por sua vez, se comprometeria a frear o desenvolvimento de seu programa nuclear e realizar a substituição proposta pelo governo estadunidense. Para cumprir a sua parte nessa negociação, os EUA atuaram em um consórcio internacional junto ao Japão e à Coreia do Sul, intitulado Korean Energy Development Organization (KEDO). Mesmo assim, as atividades nucleares norte-coreanas não foram suspensas.

A pressão americana para que os norte coreanos acabassem com o seu programa nuclear perdurou desde a entrada até a saída da Coreia do Norte do TNP, em 2003[3]. Enquanto era assinante do Tratado, a Coreia do Norte continuou a produzir e a desenvolver projetos nucleares. Os Estados Unidos e outros países da comunidade internacional queriam ainda que o governo norte-coreano assinasse o acordo de proteção da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), mas aquele estabeleceu que assinaria tal acordo somente se os EUA retirassem as armas nucleares da Coreia do Sul, desmilitarizando a península na região da fronteira. Isso não aconteceu, logo, o acordo não foi assinado pelos norte-coreanos.

Tal acordo previa uma espécie de troca entre Estados Unidos e Coreia do Norte: o primeiro forneceria aid ao segundo no formato de envio de toneladas de óleo combustível e de dois reatores de água leve, que deveriam substituir os reatores moderados de grafite, ao segundo. Este, por sua vez, se comprometeria a frear o desenvolvimento de seu programa nuclear e realizar a substituição proposta pelo governo estadunidense. Para cumprir a sua parte nessa negociação, os EUA atuaram em um consórcio internacional junto ao Japão e à Coreia do Sul, intitulado Korean Energy Development Organization (KEDO). Mesmo assim, as atividades nucleares norte-coreanas não foram suspensas.

Em seguida, Estados Unidos tentaram resolver novamente a situação sugerindo novos acordos, mas a Coreia do Norte permanece com o posicionamento de que só aceitaria se os norte-americanos retirassem suas forças do território sul-coreano. O que não foi atendido, entretanto. Por causa dessas divergências, EUA deixam de mandar combustível ao país, agravando mais ainda a situação de miséria, e impõe sanções econômicas. Isso, somado a mais alguns conflitos com a Coreia do Sul, fez com que a Coreia do Norte lançasse o seu primeiro projétil de míssil.

Haviam suspeitas[4] por parte do governo americano, japonês e sul coreano de que a Coreia do Norte estaria produzindo clandestinamente armas nucleares enriquecidas com urânio. Tal fato os deixou apreensivos, levando-os a tentar engajar o país para evitar maiores problemas. Criou-se então uma série de encontros para tentar resolver a questão nuclear.

A saída da Coreia do Norte do TNP, em 2003, foi justificada pela constante agressividade norte-americana sobre o governo norte-coreano e pela forma com que os estadunidenses estavam impondo as normas da AEIA. Para conter maiores avanços, formou-se o Six Party Talks, uma negociação multilateral que envolveu China, Estados Unidos, Rússia, Japão, Coréia do Norte e Coréia do Sul, com o objetivo de encontrar um desfecho para o programa nuclear norte-coreano, especialmente pela via da desnuclearização.

Assim, depreendeu-se que a Coreia do Norte utiliza seus mísseis e armas nucleares como uma estratégia de defesa. Com isso, consegue impedir ataques e influências sobre seu regime político, principalmente dos Estados Unidos.

A partir de discussões e arranjos do Six Party Talks, China, Estados Unidos, Rússia, Coreia do Sul e Japão conseguiram formular o Statement of Principles (2005), um acordo que propunha a ausência de ataque norte-americano em território norte-coreano e o fornecimento de aid estadunidense em troca da renúncia do programa nuclear e a volta ao TNP por parte da Coreia do Norte. Esse acordo não foi para frente. O governo norte-coreano passou a testar mísseis de médio e logo alcance que tinham a capacidade de atingir o Japão e os Estados Unidos. A ONU condenou veemente esses testes promovidos pela Coreia do Norte.

Mais um encontro do Six Party Talks acontece e a Coreia do Norte decide desativar o seu principal reator em troca de combustível, em 2007. No ano seguinte, houve alegações chinesas e americanas de que o governo norte-coreano não estava cumprindo com o acordo. Coreia do Sul, descontente, pressionou o Norte pelo desmantelamento do programa nuclear, para então continuar oferecendo ajuda. Com isso, aconteceram mais testes de mísseis, de curto alcance dessa vez. O relacionamento das duas Coreias estava bastante abalado. As diversas tentativas do Six Party Talks falham e Coreia do Norte decide sair do grupo em 2009.

A chegada de Kim Jong-un ao poder é marcada pelo aumento de testes de mísseis e os muitos alertas da ONU sobre a região norte-coreana. São realizados testes subterrâneos, o que alerta ainda mais os países envolvidos. Obama, em seu governo, decretou que a Coreia do Norte estaria fora das condutas internacionais, sendo, portanto, um “Estado pária”. A partir de 2015, Coreia do Norte sinaliza que conseguiria miniaturas de armas nucleares e que tinha capacidade para produzir bombas de hidrogênio.

O avanço dessas bombas e da tecnologia termonuclear, aliada aos lançamentos de miniaturas bélicas, fizeram com que as sanções internacionais sobre a Coreia do Norte aumentassem. Consequentemente, o avanço na distância e potência dos mísseis norte-coreanos é significativa, causando apreensão na Coreia do Sul, nos Estados Unidos e no Japão.

Recentemente, no ano de 2018, o presidente norte-coreano resolveu reestabelecer relações com a Coreia do Sul e com os Estados Unidos. Houve um acordo de desnuclearização da península, em troca do desmantelamento do programa nuclear norte-coreano. De novo, o acordo não foi cumprido, de modo que o Norte manteve o desenvolvimento de mísseis de longo alcance e o seu programa ativo.

O recente encontro entre Trump e Kim Jong-un, sobre as mesmas questões nucleares, não ocorreu bem. A agressividade americana não foi bem vista pela delegação da Coreia do Norte. De certa forma, tal postura atrapalhou as negociações. Por outro lado, a relação entre Rússia e Coreia do Norte parece ter se estreitado, especialmente com o encontro entre Vladimir Putin e Kim Jong-un em abril de 2019. Vê-se um novo possível embate entre EUA e Rússia por poder.


[1]ALBERT, Eleanor. North Korean’s Power Structure. Council on Foreign Relations, 2018.

[2]CHEN, Yu-Hua. China and North-Korea: Still “Lips and Teeth”. The Diplomat, 2018.

[3]FONSECA, Leandro Dalalibera. TNP e o Regime Internacional de Não‐Proliferação: Desafios Contemporâneos. In: Conjuntura Global. V.2, n.1, p. 8-12. Curitiba: jan./mar., 2013.

[4] NUCLEAR THREAT INITIATIVE. North Korea Nuclear Chronology. 2011. Disponível em: <https://media.nti.org/pdfs/north_korea_nuclear.pdf>. Acesso em 20 de junho de 2019.

Descrição do problema

As armas, ou bombas, nucleares são consideradas o tipo de armamento mais poderoso que existe, podendo devastar cidades inteiras com a sua explosão. Isso se dá porque sua força é proveniente de reações nucleares, que acontecem no núcleo dos átomos. As armas nucleares têm sua capacidade medida por unidades chamadas “quiloton” e “megaton”. Há dois tipos de reações que geram as explosões das mesmas: por fissão (Bomba Atômica) ou por fusão dos núcleos atômicos (Bombas de Hidrogênio), sendo este último o tipo mais poderoso e destruidor. As bombas nucleares podem ser arremessadas por mísseis de navios cruzeiros, por mísseis de curto alcance, por submarinos, por aviões no ar ou até mesmo na terra[1].

Os mísseis existentes atualmente são capazes de carregar mais de 100 vezes o poder de explosão da bomba que atingiu Hiroshima em 1945. Embora os estragos de uma bomba nuclear ainda sejam precisamente indefinidos, especialistas afirmam que caso haja uma guerra nuclear no mundo, o estrago seria tão grande que tornaria impossível o crescimento de novas plantas, por exemplo, por causa da quantidade de poeira e carbono que as impossibilitariam de realizar fotossíntese. E isso extinguiria qualquer tipo de vida que habita no planeta[2].

A existência de armas nucleares gera uma desproporção entre os tipos de armas existentes no mundo. Não há como compará-la com qualquer outro tipo de meio militar atual, uma vez que é capaz de promover uma destruição total. A comunidade internacional, por sua vez, acredita que não existe razão que justifique um país ser destruído totalmente, e isso foi uma das causas que paralisou o uso de armamentos na Guerra Fria, uma vez que o custo operacional e de destruição seria muito grande caso tivessem utilizado essas armas. E esse é o principal motivo da Guerra Fria não ter se tornado “quente” com conflitos diretos, as grandes chances de destruição mútua desencorajaram os Estados envolvidos, que evitaram uma grande guerra explícita durante esses 40 anos que se atacaram indiretamente.

Sabe-se que caso houvesse uma guerra com todas as bombas nucleares atualmente existentes, de maneira ilimitada e absoluta, a vida na terra e todas as espécies que hoje conhecemos seriam totalmente extinguidas. Ou seja, as chances disso acontecerem são praticamente nulas. Porém a questão que hoje ameaça o mundo é quanto à utilização limitada e estratégica desse tipo de armamento, com alvos específicos. Como no caso de Hiroshima e Nagasaki, onde essas bombas foram utilizadas em locais estratégicos e destruíram grandes cidades. Embora na época, apenas os EUA detinham esse tipo de armamento muito desenvolvido, não havendo, portanto, a possibilidade de contra-ataque ou revanche imediata por parte dos países atingidos no mesmo nível bélico.

Atualmente, Coreia do Norte, EUA, China, França, Japão, Grã-Bretanha, Índia, Paquistão, Irã e Rússia são os possuidores de poder nuclear no mundo. Sendo assim, o uso desse tipo de armamento hoje em dia é um problema muito mais crítico do que na época da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), uma vez que há grandes chances de contra-ataque caso algum desses países venha a utilizar suas armas nucleares[1].

Nenhum tipo de armamento no mundo tem maior poder de destruição do que as armas nucleares, não há como controlar seu alcance de precipitação radioativa e nem a duração de seus efeitos. Essas bombas são capazes de destruir cidades instantaneamente, matar milhões de pessoas em minutos e prejudicar (e, posteriormente, levar a morte) mais pessoas a médio e longo prazo devido à exposição à radiação. Essas armas, além de extinguirem milhões de formas de vida do planeta de maneira imediata, também causam danos duradouros ao mundo. Tendo capacidade de paralisar profundamente o ecossistema, reduzindo as temperaturas da Terra e levando à escassez de alimentos no mundo. Por isso, as armas nucleares são consideradas as armas mais terríveis já existentes no mundo e fabricadas pelo homem.


[1]COMITÊ INTERNACIONAL DA CRUZ VERMELHA, Armas nucleares: Uma ameaça intolerável. Disponível em: <https://www.icrc.org/pt/document/armas-nucleares-uma-ameaca-intoleravel-para-humanidade>. Acesso em 16 de junho de 2019.

[2]BBC Brasil, Guerra nuclear: As novas armas que aumentam as chances de um conflito global. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/internacional-47200806>. Acesso em 15 de junho de 2019.

Principais desdobramentos

Historicamente, o programa nuclear da Coreia do Norte configura-se como um dos grandes centros de atenção e conflitos do mundo. O potencial destrutivo das armas que estão localizadas nas dependências norte-coreanas é alarmante e, não obstante, diferentes países buscarem via multilateralismo ou bilateralismo solucionar essa questão que tanto aparece nas agendas de segurança internacional. Mas quais foram os principais desdobramentos disso?

Em primeiro lugar, é necessário abordar a assinatura do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares (TNP) pela Coreia do Norte em 1985. Sinteticamente, esse tratado é baseado em três pilares: 1) Não-proliferação literal de itens bélicos, tanto em sentido horizontal quanto vertical; 2) Desarmamento; e 3) Permissão de uso da tecnologia nuclear apenas para fins pacíficos, como por exemplo, medicina e farmacêutica. Durante o período em que o governo norte-coreano foi signatário do TNP, a comunidade internacional viu positivamente a atitude da Coreia do Norte em integrar um acordo multilateral e buscou estabelecer propostas para o desmantelamento do programa nuclear norte-coreano, a exemplo do Four Party Talks (1998). Entretanto, o país sai do TNP oficialmente em 2003.

Nesse sentido, outros dois acordos importantes no escopo do programa nuclear foram os “tratados de amizade” assinados entre a Coreia do Norte com a China (1961) e com a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (1961) em 1961. Ambos tinham praticamente o mesmo nome (Treaty of Friendship, Cooperation and Mutual Assistance) e a mesma proposta, isto é, a ideia de que em caso de ataque armado ou estado de guerra em um dos dois países signatários, o outro deveria intervir na situação e fornecer auxílio e extensão militar independente de quem seja a nação ou o grupo de Estados que atacou primeiro. Com isso, a relação do governo norte-coreano com os chineses e os soviéticos intensificou-se.

Por esse ângulo de cooperação, o ano de 1994 foi muito importante. Nele, Coreia do Norte e Estados Unidos assinaram o Framework Agreement, uma iniciativa do governo de Bill Clinton. De acordo com as cláusulas do Framework, o governo norte-coreano realizaria o desmantelamento de seu programa nuclear, que nesse período já contava com reatores pesados, em troca da concessão de dois reatores de água leve de 1000 MW (que iriam substituir os reatores moderados e pesados) e do recebimento de 500 mil toneladas de óleo para combustível por parte de um consórcio internacional liderado pelos EUA. Com isso, o acordo conseguiu frear temporariamente elementos conhecidos do programa nuclear de Pionguiangue, conduzindo os Estados Unidos a encabeçar uma eventual extinção das armas nucleares da Coreia do Norte (REVERE, 2013, p. 3). Contudo, esse tratado não é bem-sucedido: ambas as partes alegam que a outra não cumpriu o que prometeu no documento.

Dois anos depois, em 1996, a Coreia do Norte protagonizou outra negociação interessante: o Four Party Talks. Este consistia na reunião de delegações da Coreia do Norte, da Coreia do Sul, da China e dos Estados Unidos para debater a desnuclearização da península coreana a partir da criação de um acordo de paz que substituísse o armistício formulado no final da Guerra da Coreia (1950-1953). Foram necessárias algumas rodadas de conversa para que esse novo tratado fosse confeccionado, mas os países não obtiveram êxito nessa empreitada, principalmente pela falta de consenso entre os mesmos. O governo norte-coreano exigiu que os EUA retirassem as suas tropas do território sul-coreano e que houvesse uma maior ponte entre Washington e Pionguiangue para a criação de projetos conjuntos[1].

Ademais, a relação entre norte-coreanos e estadunidenses passa por ainda mais atritos com a virada do século XX para o XXI. Em 2002, na gestão presidencial de George W. Bush, os Estados Unidos passam a classificar a Coreia do Norte como um dos países integrantes do “eixo do mal”, sendo, portanto, um Rogue State, isto é, um ator não-construtivo e não-confiável para negociações. Esta denominação, por sua vez, significava que a Coréia do Norte financiava atividades terroristas e passava a ter fast track na obtenção de sanções econômicas, o que serviu como estratégia para que o governo estadunidense conseguisse aliená-la de apoio popular e integração na comunidade internacional.

Com o passar do tempo, essa postura agressiva dos Estados Unidos deu lugar a um discurso de maior cooperação e engajamento. O grande exemplo de disso é o Six Party Talks (2003-2008), uma negociação multilateral que envolveu China, Estados Unidos, Rússia, Japão, Coreia do Norte e Coreia do Sul para tratar sobre o programa nuclear norte-coreano e a ameaça que o mesmo representava para o mundo. Com essa “conversa dos seis”, surgiram variadas rodadas de diálogo, ora mais próspero, ora mais estrépito. O principal documento advindo dessa multilateralidade foi o Statement of Principles (2005), um acordo acertado entre as delegações dos seis países participantes. Ele estabelecia três normas de conduta para a Coreia do Norte: 1) O abandono de suas armas nucleares e o seu programa nuclear; 2) O retorno a ser signatária do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares (TNP); e, por fim, 3) A permissão da realização de inspeções da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Em troca, o governo norte-coreano receberia a normalização de suas relações com o Japão e os Estados Unidos e a garantia de que não sofreria um ataque nuclear vindo dos EUA. Contudo, essas medidas são contestadas pouco tempo depois[2].

Por fim, é crucial ressaltar a abrangência e as atividades do programa nuclear da Coreia do Norte. O país conta com diversas instalações nucleares, sendo a usina de Yongbyon e a área de Punggye-ri os seus principais centros, que apresentam tecnologia e capacidade de utilização de urânio enriquecido, hidrogênio, plutônio, materiais radioquímicos gerais e outros elementos necessários para a fabricação de armas nucleares e termonucleares. Ao todo, o governo norte-coreano realizou seis testes de instrumentos bélicos nucleares, incluindo mísseis de longo alcance, bomba de hidrogênio e miniaturas de projétil: o primeiro, em 9 de outubro de 2006; o segundo, em 25 de maio de 2009; o terceiro, em 12 de fevereiro de 2013; o quarto, em 6 de janeiro de 2016; o quinto, em 9 de setembro de 2016; e, finalmente, o sexto, em 3 de setembro de 2017[3]. Esses eventos levaram a novas tentativas de conciliação com a Coreia do Norte e de desnuclearização da mesma, a exemplo da cúpula entre Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, e Kim Jong-un, líder da Coreia do Norte, em fevereiro de


[1]NUCLEAR THREAT INITIATIVE. North Korea Nuclear Chronology. 2011. Disponível em: <https://media.nti.org/pdfs/north_korea_nuclear.pdf>. Acesso em 10 de junho de 2019.

[2]Ibidem.

[3]Ibidem.

Cronologia

Os dados da presente cronologia são um compilado de informações adquiridas principalmente por meio de dois suportes: o dossiê North Korea Nuclear Chronology, publicado em 2011 pelo Nuclear Threat Initiative (NTI), e um conjunto de reportagens de diferentes veículos (G1, Estadão Internacional, Folha de São Paulo e BBC Brasil) em destaque na seção “Referências Externas”.

1941

A Central Televisiva da Coreia, localizada em Pionguiangue, atual capital da Coreia do Norte, sinalizou para a população que o Japão estava em processo de desenvolvimento de armas nucleares. Nesse período, em plena conjuntura da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o governo japonês já lançava as suas bases expansionistas e, inclusive, fez da península coreana parte ativa de seu domínio colonial. Tal recorte é importante porque, ao longo do tempo, determinados veículos de imprensa norte-coreanos veem no programa nuclear nipônico uma ameaça à integridade da Coreia e frequentemente acionam essa dimensão histórica como possível justificativa para o avanço dos testes nucleares.

1945

Em 8 de agosto de 1945, entre o lançamento das bombas atômicas Little Boy em Hiroshima (06/08/1945) e Fat Man em Nagasaki (09/08/1945) pelos Estados Unidos, o Japão realizou um teste nuclear próximo às cidades de Hamhung e Hamgyong Sul, centros costeiros que hoje localizam-se dentro do território da Coreia do Norte. Tal informação também foi transmitida pela Central Televisiva da Coreia.

Posteriormente, em 15 de agosto de 1945, Estados Unidos e União Soviética aceitam a rendição japonesa na península coreana em um acordo militar temporário no paralelo 38. Por conseguinte, tropas soviéticas passam a ocupar o norte da Coreia, ao passo que oficiais estadunidenses concentraram-se no sul da península, desenhando o quadro que viria a concretizar-se na eclosão da Guerra da Coreia cinco anos depois. Tal conjuntura ocorreu com o fim da Segunda Guerra Mundial, que resultou na vitória dos Aliados e na derrota do Eixo. O Japão, integrante deste segundo grupo, recuou de sua posição de metrópole frente a Coreia.

1946

Fundação do Partido Comunista da Coreia do Norte, sob a liderança de Kim Il-sung.

1947

A parte norte da península coreana recebe engenheiros e técnicos soviéticos, cujo objetivo era realizar procuras por reservas de urânio e outros minerais pesados. Como é de conhecimento comum, o urânio é uma das principais matérias prima para a confecção de uma bomba atômica. Logo, essa busca converte-se em extração e feitura de largas minas, que passaram a ser densamente importadas pela União Soviética. Conforme será visto a diante, essa exploração encontrou trégua durante a Guerra da Coreia (1950-1953).

1948

A República Popular Democrática da Coreia é declarada na região norte da península coreana. Essa proclamação resulta na saída dos militares soviéticos da região norte. Em setembro de 1948, ocorre o estabelecimento da Faculdade de Engenharia de Pionguiangue, responsável por avançar nas pesquisas em tecnologia nuclear, armas atômicas e maquinaria.

1950

Eclosão da Guerra da Coreia. Em 25 de junho de 1950, tropas do norte da península invadem a parte sul, que se declarou independente. Nesse ano, surgem rumores na imprensa coreana de que o presidente estadunidense Harry S. Truman planejava atacar a Coreia com bombas atômicas. Tais boatos fortaleceram-se após uma conferência do presidente Truman em 30 de novembro de 1950, na qual este indicou que o uso dessas armas foi “ativamente considerado” pelo governo dos Estados Unidos, apesar de sua grande potência destruidora.

1951

China começa a infiltrar-se no jogo político da Guerra da Coreia e envia cientistas para coletar material radioativo na parte norte da península coreana.

1953

Ano de assinatura do armistício que põe fim à Guerra da Coreia. Em 27 de julho de 1953, os líderes das partes sul e norte da península reúnem-se para assinar o documento, apesar da resistência do dirigente sul-coreano Rhee Syngman. O paralelo 38 é usado como referência para o estabelecimento de dois novos países com regimes distintos: Coreia do Norte (voltada para o comunismo) e Coreia do Sul (alinhada ao capitalismo).

1956

Coreia do Norte aproxima-se novamente da União Soviética e ambas estabelecem, em março de 1956, um acordo de pesquisa nuclear conjunta. Tal resolução previa o envio de alguns cidadãos norte-coreanos à URSS para um treinamento em tecnologia nuclear. Em 26 de março de 1956, Coreia do Norte torna-se membro do Instituto Central de Investigações Nucleares, localizado em Dubna, cidade soviética, cuja fundação estava inicialmente atrelada ao desenvolvimento de um centro de pesquisas nucleares para os países socialistas.

1958

Em janeiro de 1958, os Estados Unidos implantam artilharia, bombas e mísseis nucleares na Coreia do Sul. Nesse mesmo mês, a União Soviética auxilia financeiramente a Coreia do Norte no estabelecimento do Centro de Treinamento de Armas Atômicas.

1959

Em setembro de 1959, Coreia do Norte assina dois acordos importantes: um de cooperação nuclear com a China e outro de uso pacífico de energia nuclear com a União Soviética.

1960

Coreia do Norte inicia experimentos de energia atômica. Tal iniciativa ampliou-se com a cisão entre China e União Soviética, provocada pelos anseios de crescimento de ambos os países e pelo posicionamento chinês de não querer ser um país satélite soviético. Com isso, o governo norte-coreano estabelece uma série de fábricas voltadas para a produção de instrumentos de defesa, tais como automobilística, maquinaria, metalurgia e construção naval.

Além disso, é importante destacar que, entre 1960 e 1961, os Estados Unidos continham cerca de 600 armas nucleares na Coreia do Sul. Esse período foi marcado por suspeitas de espionagem estadunidense.

1961

Em 06 de julho de 1961, Nikita Khrushchev e Kim II-sung assinam o Treaty of Friendship, Cooperation and Mutual Assistance between the Union of Soviet Socialist Republics and the Democratic People's Republic of Korea em Moscou, então União Soviética. Tal tratado buscava estabelecer uma cooperação entre a URSS e a Coreia do Norte, na qual caso um dos dois países sofresse algum tipo de ataque armado, independente de quem atacou, o outro deveria conceder apoio e extensão militar.

Acordo similar ao supracitado foi concretizado cinco dias depois, em 11 de julho de 1961. Nesta data, representantes da China e da Coreia do Norte assinaram o Treaty of Friendship, Cooperation and Mutual Assistance between the People's Republic of China and the Democratic People's Republic of Korea. Assim como a disposição do dia 6, esse acordo também previa a cessão de assistência militar de um país caso o outro sofresse ataques de um ou mais Estados, estando dessa forma submetido a uma conjuntura de situação de guerra.

1964

Com apoio da China, Coreia do Norte realiza buscas por reservas de urânio por todo o seu território e encontra grandes depósitos do mesmo em seis cidades de três províncias diferentes: na província Hamgyong Norte, em Unggi-kun; na província Hamgyong Sul, em Hamhung; e, finalmente, na província Hwanghae Norte, em Haegŭmgang-ri, em Kosŏng-kun, em Kangwŏn e em P'yŏngsan-kun.

Em abril de 1964, com auxílio de técnicos da União Soviética, o governo norte-coreano inaugura o seu Complexo de Pesquisas Nucleares.

1965

Entre maio e junho de 1965, a Coreia do Norte finaliza a instalação do reator soviético IRT-2000, voltado para o uso de urânio enriquecido como combustível. Da mesma forma, a União Soviética fornece ao governo norte-coreano um modelo menor do reator montado a ser colocado no mesmo local do IRT-2000: a cidade de Yŏngbyŏn-kun. O reator maior é colocado em fase de teste por dois anos, entrando em funcionamento em 1967.

1966

Kim II-sung, líder norte-coreano, estabelece iniciativas para o desenvolvimento de instrumentos nucleares, especialmente mísseis. Parte dessa tecnologia é utilizada posteriormente para estudos nos ramos da indústria, medicina e pesquisa científica.

1970

A Coreia do Norte avança em suas pesquisas por reservas de urânio no seu território, sendo bem-sucedida em encontrar novos depósitos do mineral em outras cidades além daquelas exploradas em 1964. Além disso, o governo norte-coreano focaliza parte do trabalho de seus especialistas em uma versão própria do míssil Scud-B, da União Soviética. Esta arma tinha um alcance de cerca de 300 quilômetros e é testada 14 anos depois, em 1984.

1972

Ano da primeira grande tentativa de diálogo entre Coreia do Norte e Coreia do Sul em torno de uma possível reunificação. A divisão das duas Coreias, contudo, permanece.

1985

A Coreia do Norte assina o Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares (TNP). Os serviços de informação estadunidenses descobriram que um terceiro reator estava em construção.

1987

Início do desenvolvimento das versões norte-coreanas das armas nucleares Scud-C, Rodong-1, Taepodong-1, Musudan-1 e Taepodong-2. Em termos de alcance, respectivamente, temos a primeira com 500 quilômetros, a segunda com 1.300 quilômetros, a terceira com 2.500 quilômetros, a quarta com 3.000 quilômetros e a quinta, por fim, com 6.700 quilômetros. O processo de confecção desses itens concluiu-se em 1992.

1990

Ano marcado pelas pressões exercidas por diferentes países para que o governo norte-coreano assinasse o acordo de proteção da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), organização interna ao bojo das Nações Unidas. Em 5 de abril de 1990, os Estados Unidos demandaram uma postura de cooperação da Rússia para que a mesma engajasse a Coreia do Norte a frear o desenvolvimento de seu programa nuclear. Como resultado desse encontro, o Ministro de Relações Exteriores da Rússia e o Secretário de Estado norte-americano concordaram que a Coreia do Norte deveria assinar o referido acordo.

Entre 17 e 21 de setembro de 1990, a AIEA realizou o 34º encontro de sua Conferência Geral. Nela, 15 países demandaram que a Coreia do Norte assinasse o acordo de proteção de tal agência, dentre os quais estavam Estados Unidos, Japão e Rússia. Quase dois meses depois, em 2 de novembro de 1990, surgem rumores a partir da fala de um representante do Ministro de Relações Exteriores do Japão de que a Coreia do Norte estaria mais inclinada a assinar o acordo. Este indicou também que a AIEA haveria estipulado a realização de visitas no território norte-coreano para a ocorrência de inspeções nucleares, nos termos da negociação.

Todavia, em 16 de novembro de 1990, o Ministro de Relações Exteriores da Coreia do Norte fez uma declaração afirmando que a Coreia do Norte aceitaria assinar o acordo de proteção da AIEA dentro de duas condições: 1) a assinatura só aconteceria após a península coreana transformar-se em uma área livre de armas nucleares; e 2) os Estados Unidos garantiriam legalmente que não utilizariam tecnologia nuclear contra a Coreia do Norte. Tais exigências significavam não somente a paralisação do programa nuclear norte-coreano, mas também a retirada das armas nucleares dos EUA da Coreia do Sul, especialmente na região da fronteira militarizada do paralelo 38. O acordo não é assinado e as negociações continuam.

1991

Ano importante para as relações internacionais das duas Coreias: Coreia do Norte e Coreia do Sul tornam-se membras da Organização das Nações Unidas (ONU). Além disso, em 16 de julho de 1991, inicia-se o processo de assinatura do acordo de proteção da AIEA, que, apesar das dificuldades de implementação, já obtinha uma prévia pronta. A grande questão por trás de tal negociação, segundo parte da delegação norte-coreana que estava em diálogo com a AIEA, era a presença de armas nucleares dos Estados Unidos especialmente na Coreia do Sul, dado que representaria uma ameaça para a Coreia do Norte.

Em 30 de julho de 1991, o Ministro de Relações Exteriores da Coreia do Norte propõe um acordo de desnuclearização das duas Coreias, dando à península coreana um nuclear-free status. Essa proposta consistia na declaração conjunta de Seul, capital da Coreia do Sul, e Pionguiangue, capital da Coreia do Norte, de que seus países estavam livres de armas nucleares e no alerta aos demais países bélicos de que a península coreana não estaria mais com tensões de conflitos nucleares. Tal moção não seguiu integralmente adiante.

Em 1 de agosto de 1991, a Coreia do Sul respondeu à proposta da Coreia do Norte e sinalizou que iria considerar dialogar com a mesma em torno da questão nuclear. Todavia, essa iniciativa de cooperação tinha uma condição: o governo norte-coreano deveria aceitar inspeções internacionais completas (a exemplo daquelas já propostas pela AIEA no âmbito do acordo de proteção) em todas as suas bases nucleares.

Em 3 de agosto de 1991, o governo sul-coreano avança no discurso de 1 de agosto e anuncia uma proposta mais bem-elaborada acerca da desnuclearização. Esta referia-se a um plano dividido em 3 etapas: 1) Coreia do Norte permitiria a realização de inspeções em suas bases nucleares; 2) Coréia do Norte e Coreia do Sul iriam, juntas, formular uma declaração que desse à península coreana o patamar de nuclear-free; e, finalmente, 3) Participação de outros países em conversas e negociações multilaterais em um movimento de fornecer apoio às Coreias e sua desnuclearização. O dossiê North Korea Nuclear Chronology (2011) aponta que essa proposta tinha brechas para a realização das inspeções da AIEA e para a existência de um sistema no qual Coreia do Norte e Coreia do Sul liderariam inspeções bilaterais.

1992

No âmbito das negociações em torno da assinatura do acordo da Agência Internacional de Energia Atômica, a Coreia do Norte concorda com a realização de inspeções nucleares da AIEA, mas logo apresenta uma série de entraves para a plena concretização das mesmas. Em 4 de dezembro de 1992, por exemplo, na Reunião do Conselho de Governadores, 17 países demandam que o governo norte-coreano aceite incondicionalmente as inspeções da AIEA e inspeções simultâneas com a Coreia do Sul. O encontro acaba decidindo tratar o programa nuclear da Coreia do Norte como uma agenda separada no encontro do ano seguinte.

1994

O mês de janeiro de 1994 foi marcado por intensas negociações acerca das inspeções da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) nas instalações nucleares norte-coreanas. Em 21 de janeiro de 1994, a AIEA anuncia oficialmente que a Coreia do Norte havia rejeitado a realização das inspeções propostas pelo acordo de proteção, cuja finalidade seria a de assegurar que a Coreia do Norte não estaria mais desenvolvendo armas nucleares. Tal declaração fez com que diversos países, principalmente Estados Unidos e Coreia do Sul, procurassem negociar bilateralmente com o governo norte-coreano, exercendo pressão para que o mesmo permitisse a atuação da AIEA em seu território.

Em 1 de fevereiro de 1994, Kim Il-sung, presidente da Coreia do Norte, envia uma mensagem a Bill Clinton, presidente dos Estados Unidos. O conteúdo dessa correspondência expressava o desejo de Il-sung em cooperar com os Estados Unidos no sentido de aprofundar a relação entre os dois países e discutir a questão nuclear, garantindo que a Coreia do Norte não desenvolveria novas armas nucleares. Nesse período, surgiram boatos de que os Estados Unidos estavam preparando o envio de novos mísseis para a Coreia do Sul. Em resposta a esse pedido, o Senado dos Estados Unidos demanda que Clinton assuma uma postura mais agressiva em relação à Coreia do Norte, recomendando que o presidente buscasse apoio internacional para a realização de sanções econômicas em Pionguiangue.

Em 3 de fevereiro de 1994, Coreia do Norte anuncia à AIEA sua rejeição às inspeções nucleares e, consequentemente, ao acordo de proteção. No dia seguinte, Estados Unidos, apoiado por Inglaterra, França e Rússia, passam a recorrer à China para que o governo norte-coreano permitisse a atuação da AIEA em seu território, indicando que caso essa medida não seja tomada até o dia 21 de fevereiro de 1994, os EUA assumiriam uma postura mais agressiva e aplicariam sanções econômicas. O cenário de disputas e tensões permanece até o segundo semestre de 1994, quando ocorre uma reviravolta no cenário político norte-coreano.

Em 8 de julho de 1994, Kim Il-sung morre e seu filho, Kim Jong-il, assume o poder, mas não é reconhecido pela população como presidente da Coreia do Norte. Somado a isso, estava o quadro de fome que assolava os cidadãos norte-coreanos e que piorou a situação de miséria de muitos deles. Nesse cenário, o novo líder decide cooperar: em 21 de outubro de 1994, Estados Unidos e Coreia do Norte assinam o Framework Agreement, que previa a atuação de ambos os países para solucionar a questão nuclear norte-coreana. Assim, em troca da suspensão do programa nuclear norte-coreano, os Estados Unidos forneceriam aid à Coreia do Norte, em forma de um consórcio internacional, substituindo os reatores moderados de grafite desta por dois reatores de água leve de 1000 MW. Além disso, a Coreia do Norte receberia 500 mil toneladas de óleo para combustível. O acordo colapsa um tempo depois.

Em 16 de dezembro de 1994, surge o Korean Energy Development Organization (KEDO), o consórcio internacional formado por Estados Unidos, Japão e Coreia do Sul para financiar e construir os dois reatores de água leve previstos no Framework Agreement. Em 1996, o KEDO recebe duas doações importantes para a continuidade de suas ações: uma de 150 mil dólares das Filipinas e outra de 2 milhões de dólares da França. A base do KEDO estaria localizada no próprio território estadunidense, mais precisamente, em Nova York.

1996

A situação de fome e miséria na Coreia do Norte se agrava. Entre 24 e 29 de janeiro de 1996, uma delegação da Agência Internacional de Energia Atômica se encontra com representantes do Departamento Geral de Energia Atômica da Coreia do Norte em Pionguiangue. Nessa visita, a AIEA examina o complexo nuclear de Yongbyon e percebe que as atividades nucleares norte-coreanas não foram suspensas.

Em 5 de abril de 1996, a Coreia do Norte anuncia oficialmente que não reconheceria mais a zona desmilitarizada próxima ao paralelo 38, ponto referencial de separação entre as duas Coreias. A justificativa para tal medida estava no discurso do governo de que seu Exército estava tomando self-defensive measures. A Coreia do Sul respondeu, indicando que a iniciativa da Coreia do Norte era uma consequência direta do processo de “cessão” do programa nuclear advindo das cláusulas do Framework Agreement.

Em 16 de abril de 1996, Bill Clinton, presidente dos Estados Unidos, e Kim Young Sam, presidente da Coreia do Sul, propõem um Four Party Talks para substituir o armistício do paralelo 38 e buscar a assinatura de um acordo de paz. Esses talks seriam compostos por Coreia do Sul, Coreia do Norte, China e Estados Unidos. O governo norte-coreano se recusa a participar dessa negociação inicialmente, mas passa a integrar algumas rodadas de conversa posteriormente.

1998

Entre 16 e 21 de março de 1998, Estados Unidos, China, Coreia do Norte e Coreia do Sul se encontram para o segundo round de negociações do Four Party Talks. O objetivo desse encontro era chegar a um esboço do acordo de paz que substituiria o armistício assinado depois da Guerra da Coreia (1950-1953). Todavia, em postura similar à adotada em outras tentativas de cooperação, Coreia do Norte estabelece como condições de sua participação no novo acordo a retirada das forças estadunidenses do território sul-coreano e a estabilização das relações entre as capitais de Washington e Pionguiangue. O primeiro ponto, em particular, foi o principal eixo de discordância entre os países envolvidos.

Em 30 de março de 1998, o governo norte-coreano acusa os Estados Unidos de terem suspendido o suprimento do óleo garantido no Framework Agreement. Posteriormente, tal contestação é utilizada em tom de barganha em 14 de abril de 1998: a Coreia do Norte indica que interromperia as atividades de seu reator moderado de grafite se os EUA voltassem a enviar o combustível prometido. Esse quadro se agrava nos meses que se seguem, visto que os Estados Unidos não somente permaneceram com o posicionamento de não envio do óleo, como também colocaram uma série de sanções econômicas na Coreia do Norte.

Em 22 de junho de 1998, um submarino norte-coreano é capturado na costa da Coreia do Sul após ter ficado preso em redes de pesca. Com isso, o governo sul-coreano reforça o envio de tropas para as suas fronteiras, deixando o Exército em alerta para a eclosão de um possível conflito direto com a Coreia do Norte. Em adição a esse evento, em 31 de agosto de 1998, a Coreia do Norte realizou um teste de um projétil que sobrevoou o território japonês e caiu no Oceano Pacífico. O porta-voz da Coreia do Norte alegou que se tratava do teste de envio de um satélite, outros países, como o próprio Japão, indicaram que era um míssil.

2002

Em 29 de janeiro de 2002, o presidente estadunidense George W. Bush afirma que a Coreia do Norte faz parte do “eixo do mal”, junto com o Irã e o Iraque, descartando qualquer possibilidade de levar adiante o protocolo de intenções de 1994. A resposta a tal discurso foi negativa: a imprensa norte-coreana criticou profundamente o posicionamento estadunidense e alguns veículos viram a alegação de Bush como um insulto ao país. Em 30 de janeiro de 2002, oficiais do governo de Bush atestam que, apesar das declarações do presidente, os Estados Unidos não tinham intenções de atacar militarmente a Coreia do Norte. Segundo o especialista americano John Feffer:

A profunda desconfiança que os neoconservadores tradicionalmente alimentaram em relação à détente ou, no jargão de hoje, ao engagement, explica muita coisa sobre a política americana atual [em 2006] em relação à Coreia do Norte. A desconfiança em relação a tratados sobre o controle de armamentos firmados com a União Soviética nos anos 1970 encontra seu paralelo na rejeição do protocolo de intenções de 1994, que congelou a capacidade nuclear da Coreia do Norte em troca de incentivos econômicos e políticos que os partidários da linha dura afinal relutaram em conceder. A crença de que a expansão de relações comerciais fortaleceria a União Soviética - e o medo de que, paralelamente, esse comércio fortalecesse a China - se traduz atualmente numa relutância similar em estabelecer vínculos econômicos com a Coreia do Norte. E a exploração política dos direitos humanos como um divisor de águas para minar a distensão se reproduz hoje em tentativas semelhantes - nos Estados Unidos, no Japão e na Coreia do Sul - de ligar políticas de aproximação a melhorias na área dos direitos humanos [1]

Em 3 de abril de 2002, Coreia do Norte e Rússia assinam um acordo para intercâmbio científico no eixo temporal de 2002 a 2004. Dois meses depois, em 29 de junho de 2002, a Marinha da Coreia do Norte e da Coreia do Sul colidem na costa oeste da península, resultando na morte de 30 norte-coreanos e 4 sul-coreanos. Desse embate, ficou a suspeita de que a Coreia do Norte teria ativado os seus radares para a emissão de mísseis.

Em agosto de 2002, os Estados Unidos levantam a suspeita de que o Paquistão estaria auxiliando a Coreia do Norte em seu programa nuclear com o fornecimento de materiais, modelos e conhecimento técnico. Em 17 de outubro de 2002, funcionários da Central de Inteligência dos Estados Unidos indicaram que a Coreia do Norte havia obtido centrífugas de gás do Paquistão em troca de tecnologia de mísseis, relação que foi descrita por um desses profissionais como um “encontro perfeito de interesses”.

Em 12 de setembro de 2002, o presidente estadunidense George W. Bush afirmou ao Primeiro-Ministro japonês, com base em dados da Inteligência norte-americana, que a Coreia do Norte estava em um processo clandestino de desenvolvimento de armas nucleares enriquecidas com urânio. Essa revelação levou ao encontro de Japão, China e Coréia do Sul, em 17 de outubro de 2002, com o objetivo de discutir formas de engajar a Coreia do Norte no sentido de evitar a eclosão de um conflito militar e o teste dessas novas armas.

Entre 19 e 22 de outubro de 2002, Coreia do Norte e Coreia do Sul reúnem-se em seu Eight Inter-Ministerial Talks, em Pionguiangue. Nesse encontro, ambas discutiram diversos pontos de interesse comum, incluindo a questão nuclear: Coreia do Norte indicou que estaria inclinada a resolvê-la somente se os Estados Unidos modificassem a sua postura em relação aos norte-coreanos primeiro, em referência à fala do presidente Bush sobre o “eixo do mal”.

Em dezembro de 2002, técnicos norte-coreanos começam a realizar uma série de modificações na instalação nuclear de Yŏngbyŏn-kun: retiram selos, desativam o monitoramento de atividade radioquímica, reveem reatores, entre outros. Em 31 de dezembro de 2002, o embaixador da Coreia do Norte na Rússia afirmou que o país estava se preparando para se retirar do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares.

2003

Em 10 de janeiro de 2003, a Coreia do Norte retira-se do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares. Aparentemente, tal saída estaria vinculada à posição agressiva dos Estados Unidos em relação ao governo norte-coreano, tanto no estímulo à ação da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) quanto pela ameaça de emprego da força. Quatro dias depois, em 14 de janeiro de 2003, The Korean Central News Agency informou que a questão nuclear norte-coreana só seria resolvida através de convênios bilaterais entre a Coreia do Norte e os Estados Unidos. Essa posição foi reforçada pelo Ministro de Relações Exteriores norte-coreano, que, em 25 de janeiro de 2003, afirmou que o programa nuclear da Coreia do Norte não seria agenda do país em nenhum fórum multilateral.

Em 10 de abril de 2003, a AIEA reconhece oficialmente que a Coreia do Norte deixou de ser uma signatária do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares. Nos dias 23 e 24 do mesmo mês, Coreia do Norte, Estados Unidos e China iniciaram um debate trilateral em Pequim acerca do programa nuclear norte-coreano. Nele, a Coreia do Norte propôs frear o andamento de seu programa nuclear em troca do reconhecimento diplomático e de garantias de segurança e apoio econômico dos Estados Unidos. Aliado a isso, a delegação norte-coreana também sugeriu que as negociações bilaterais entre EUA e Coreia do Norte fosse sucedida a acordos multilaterais breves que incluíssem Coreia do Sul, China e Japão.

Em julho de 2003, a comunidade internacional fica em alerta novamente após a alegação, vinda da capital Pionguiangue, de que a Coreia do Norte já obtinha reservas de plutônio suficientes para a fabricação de bombas nucleares. À essa informação, aliou-se outro dado, divulgado também por Pionguiangue em outubro de 2003, de que as instalações norte-coreanas conseguiram via reprocessamento suporte para a produção de seis bombas.

Esse e outros indicativos do programa nuclear norte-coreano levaram à formulação do Six Party Talks, uma negociação multilateral que envolveu China, Estados Unidos, Rússia, Japão, Coréia do Norte e Coreia do Sul para solucionar a questão nuclear da Coreia do Norte. A primeira rodada de conversações do Six Party Talks aconteceu entre 27 e 29 de agosto de 2003 em Pequim, prolongando-se pelos anos seguintes, e tinha como meta inicial resolver os atritos entre os governos estadunidense e norte-coreano.

2004

Entre 23 e 26 de junho de 2004, ocorreu a terceira rodada de negociações do Six Party Talks. Nela, os Estados Unidos propuseram concessão de energia e garantias de segurança internacional em troca do desmantelamento do programa nuclear da Coreia do Norte. Em resposta, a delegação norte-coreana alertou que, caso os EUA não aceitassem o seu modelo de proposta, a Coreia do Norte realizaria um teste de arma nuclear. Além disso, a mesma ameaçou não participar da quarta rodada de conversações, estipulada para setembro de 2005.

Entre 20 e 21 de novembro de 2004, houve o encontro da Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico (APEC) no Chile. Por meio desse fórum, George W. Bush, presidente dos Estados Unidos, Roh Moo-hyun, presidente da Coréia do Sul, Junichiro Koizumi, primeiro-ministro do Japão, Hu Jintao, presidente da China e Vladimir Putin, presidente da Rússia, reafirmaram seu comprometimento em acabar com as ameaças do programa nuclear da Coreia do Norte via Six Party Talks.

2005

Em 10 de fevereiro de 2005, um membro do Ministério de Relações Exteriores da Coreia do Norte indicou que o país possuía armas nucleares para autodefesa. O mesmo afirmou também que a Coreia do Norte não iria mais participar das conversas do Six Party Talks devido ao tratamento internacional hostil que o governo norte-coreano vinha recebendo dos Estados Unidos.

Em 9 de julho de 2005, representantes da Coreia do Norte confirmam seu retorno e participação na quarta rodada do Six Party Talks, em resposta ao novo posicionamento dos Estados Unidos, que passou a reconhecer a Coreia do Norte como um Estado de direito e não mais como uma ameaça do “eixo do mal”. Além disso, o governo estadunidense concordou em realizar acordos bilaterais com a delegação norte-coreana no âmbito do Six Party Talks.

Nos dias 26 e 27 de julho de 2005, acontece a quarta rodada do Six Party Talks. O resultado da mesma é concretizado apenas em 19 de setembro de 2005, quando os seis países concordam com o Statement of Principles da negociação. Este referia-se a um conjunto de medidas e códigos de conduta, como o retorno da Coreia do Norte ao Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares, a abdicação da mesma de seu programa nuclear e a garantia de que os Estados Unidos forneceriam aid e não atacariam o território norte-coreano. Em 20 de setembro de 2005, Coreia do Norte exige a construção de um reator nuclear civil antes do desmantelamento de suas instalações previsto no acordo do dia anterior.

2006

Em 5 de julho de 2006, Coreia do Norte realiza testes com mísseis balísticos de médio e longo alcance sobre o Mar do Japão. Dentre essas armas, estava o Scud-C (médio alcance) o Rodong (médio/longo alcance) e o Taepodong-2 (longo alcance). Este último, por ser de longo alcance, poderia atingir os Estados Unidos, mas seu teste acabou falhando e resultou na queda do mesmo alguns segundos após o seu lançamento. Tal iniciativa foi duramente criticada pelo presidente George Bush, que classificou o episódio como uma “provocação”.

Em 3 de outubro de 2006, o Ministro de Relações Exteriores da Coreia do Norte realizou uma declaração oficial afirmando que o governo norte-coreano pretendia fazer um teste nuclear, mas não especificou quando. Seis dias depois, em 9 de outubro de 2006, o teste se concretizou, subterraneamente. Em sequência, o Conselho de Segurança da ONU convoca uma reunião de emergência para tratar do ocorrido e condena o teste da Coreia do Norte.

2007

Entre 8 e 13 de fevereiro de 2007, ocorre a terceira sessão da quinta rodada de negociações do Six Party Talks. Os integrantes dos seis países adotam um novo acordo, intitulado Initial Actions for the Implementation of the Joint Statement, cujo conteúdo consistia na suspensão do principal reator nuclear da Coreia do Norte, localizado em Yongbyon, em troca da concessão de 50.000 toneladas de óleo combustível para o governo norte-coreano. Esses procedimentos seriam acompanhados por inspeções da AIEA.

Em 14 de julho de 2007, fiscais da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) desembarcam na Coreia do Norte para a inspeção das instalações nucleares de Yongbyon. Os mesmos confirmam o fechamento da usina em 18 de julho de 2007. Nesse período, o primeiro carregamento das 50.000 toneladas de óleo prometidas chega no território norte-coreano, vindo da Coreia do Sul.

Em outubro de 2007, Coreia do Norte dá prosseguimento ao acordo aceito em fevereiro e se propõe a desativar mais três usinas nucleares. Entre 11 e 18 de outubro de 2007, um grupo de especialistas estadunidenses visita a Coreia do Norte para mapear suas instalações e estabelecer novas medidas de desmantelamento do programa nuclear. Ainda nesse mês, os presidentes das duas Coreias se encontram para finalizar oficialmente a Guerra da Coreia e discutir a militarização do paralelo 38.

2008

O mês de janeiro de 2008 é marcado por pressões da China e dos Estados Unidos sobre o governo norte-coreano. Ambos alegaram que a Coreia do Norte não havia cumprido o prazo de desmantelamento de seu programa nuclear, isto é, o final de 2007, estabelecido no Initial Actions for the Implementation of the Joint Statement de fevereiro de 2007.

Em fevereiro de 2008, o recém-empossado presidente da Coreia do Sul, Lee Myung-bal, indicou que só forneceria auxílio à Coreia do Norte se a mesma apresentasse a total extinção de seu programa nuclear e novos acordos de direitos humanos. Desse momento até abril de 2008, o relacionamento das duas Coreias piorou bastante, levando à realização de testes de mísseis de curto alcance norte-coreanos e à uma crise em fábricas conjuntas.

Em 26 de agosto de 2008, Coreia do Norte publicou um comunicado informando que havia suspendido o desmantelamento de suas instalações em Yongbyon e que estava considerando reiniciar as operações da mesma. Em 4 de setembro de 2008, o Ministro de Relações Exteriores da Coreia do Sul confirmou que o governo norte-coreano havia restaurado a usina de Yongbyon e o reator desta já estava em atividade.

Em 11 de outubro de 2008, os Estados Unidos retiram a Coreia do Norte do status de países terroristas após o governo norte-coreano ter concordado em desativar novamente a usina de Yongbyon. Além disso, a Coreia do Norte também havia sinalizado positivamente para a fiscalização das suas instalações nucleares por novos inspetores.

Entre 8 e 11 de dezembro de 2008, outra rodada de conversas do Six Party Talks é estabelecida em Pequim. O objetivo deste encontro era a formalização de um documento de verificação das informações nucleares da Coreia do Norte, mas o mesmo não é formulado. O governo norte-coreano, por sua vez, sinaliza que irá tornar mais lento o processo de fechamento de suas instalações nucleares em reação à ameaça dos Estados Unidos de suspender o auxílio de energia. Essa ameaça acaba se concretizando com o término da presente rodada do Six Party Talks e a não existência do documento requerido.

2009

Em 18 de janeiro de 2009, surgem boatos[1] de que a Coreia do Norte obtinha um largo estoque de plutônio, sendo, portanto, capaz de produzir cerca de cinco armas nucleares. Nesse mês, o governo norte-coreano sinalizou a suspensão de acordos políticos com a Coreia do Sul.

Em 5 de abril de 2009, Coreia do Norte realiza mais um teste e lança um foguete de longo alcance, que acaba caindo no Oceano Pacífico. Alguns países, como Coreia do Sul, a acusam de ter feito um teste de tecnologia nuclear, focado em mísseis de longo alcance. Poucos dias depois, o Conselho de Segurança da ONU condena esse novo teste e a Coreia do Norte alerta para a sua saída do Six Party Talks.

Em 26 de abril de 2009, o governo norte-coreano iniciou o reprocessamento de combustíveis na usina de Yongbyon, assim como a extração de plutônio e o desenvolvimento de outros materiais para a confecção de armas nucleares. As mesmas foram utilizadas em um novo teste subterrâneo, realizado em 25 de maio de 2009.

2010           

Em 21 de abril de 2010, o governo norte-coreano divulga um comunicado indicando que diminuiria a sua produção de armas nucleares em troca do seu reconhecimento, pela comunidade internacional, como um Estado de armas nucleares. Os Estados Unidos contestam essa afirmação e se recusam a fazer a declaração demandada pela Coreia do Norte.

Em 30 de maio de 2010, durante a conferência de reunião dos países signatários do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP), publicou-se uma declaração exigindo que a Coreia do Norte retornasse ao TNP e permitisse investigações da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

2011

Kim Jong-un, filho de Kim Jong-il, assume o poder e torna-se o líder da Coreia do Norte.

2012

Em 13 de abril de 2012, Coreia do Norte realiza mais um teste, dessa vez com o lançamento de um foguete sobre a base Tongchang-ri. Todavia, o teste fracassa devido à desintegração do mesmo pouco tempo depois da decolagem. O Conselho de Segurança da ONU levanta um alerta em relação ao território norte-coreano.

Em 12 de dezembro de 2012, o governo norte-coreano promove outro teste de foguete, sendo este bem-sucedido. O projétil lançado, intitulado Unha-3, consegue chegar à órbita e passa a ser observado pelos técnicos das instalações nucleares. A comunidade internacional considera esse evento como mais um teste realizado pela Coreia do Norte.

2013

Em 22 de janeiro de 2013, a ONU aumenta as sanções direcionadas à Coreia do Norte como forma de pressionar o desmantelamento de seu programa nuclear. Esse movimento fracassa, pois, em 12 de fevereiro de 2013, Coreia do Norte realiza o seu terceiro teste nuclear subterrâneo, utilizando uma miniatura das armas fabricadas em suas dependências nucleares.

Em 10 de abril de 2013, Coreia do Sul e Estados Unidos, através de suas capitais Seul e Washington, estreitam as suas relações a partir do estado de alerta que se estabelece na península coreana devido aos testes conduzidos pela Coreia do Norte. A situação se agrava no final do mês de agosto, quando uma foto de satélite revelou a reativação efetiva do reator de Yongbyon, o principal reator nuclear do governo norte-coreano.

2014

Em 26 de abril de 2014, o presidente estadunidense Barack Obama passa a rotular a Coreia do Norte como um Estado pária, isto é, um país cujo posicionamento é considerado fora das normas de conduta internacionais, seja por toda a comunidade internacional ou por alguns países que se sintam ameaçados.

2015

Em 20 de maio de 2015, Coreia do Norte confirma que suas instalações detém a capacidade de miniaturizar armas nucleares, conforme o teste de janeiro de 2013 demonstrou. Aliado a isso, o alerta da comunidade internacional aumenta novamente em 11 de dezembro de 2015, quando o governo norte-coreano insinua que as suas usinas obtinham tecnologia suficiente para desenvolver bombas de hidrogênio.

2016

Em 6 de janeiro de 2016, Coreia do Norte confirma as suspeitas deixadas em dezembro do ano anterior: seus técnicos realizam o quarto teste subterrâneo, dessa vez com uma bomba de hidrogênio. Esse teste é seguido do envio de um segundo satélite à órbita civil, ocorrido em 7 de fevereiro de 2016.

Em 2 de março de 2016, o Conselho de Segurança da ONU aplica novas sanções na Coreia do Norte. As mesmas não resultam no efeito esperado e, em 9 de março de 2016, o governo norte-coreano indica que as miniaturizações bélicas chegaram ao nível termonuclear.

Em 23 de abril de 2016, Coreia do Norte inicia o processo de lançamento de armas a partir de sua costa: o governo registra o lançamento de um míssil por um submarino norte-coreano. Tal procedimento obtém o desempenho desejado apenas em 24 de agosto de 2016.

Em 8 de julho de 2016, ocorre o debate acerca do estabelecimento do Terminal de Defesa Aérea para Grandes Altitudes (THAAD, em inglês) na Coreia do Sul. O THAAD consiste em um escudo de defesa antimísseis mobilizado pelos Estados Unidos na fronteira sul-coreana, cujo objetivo seria proteger o país contra um possível ataque vindo da Coreia do Norte. O THAAD começa a ser instituído fisicamente em 7 de março de 2017.

Em 5 de setembro de 2016, durante uma reunião das delegações do Grupo dos 20 (G-20) na China, o governo norte-coreano realiza mais um teste com o lançamento de três mísseis balísticos de médio alcance sob o Mar do Japão. A tal iniciativa, soma-se o quinto teste nuclear subterrâneo da Coreia do Norte, ocorrido em 9 de setembro de 2016.

2017

Em 12 de fevereiro de 2017, Coreia do Norte promove outro teste: um míssil balístico de 500 quilômetros de alcance é lançado no Mar do Japão. Tal procedimento é reforçado alguns dias depois, em 6 de março de 2017, quando técnicos norte-coreanos lançam quatro mísseis, a partir de Pionguiangue, com a justificativa de simular o alcance de tais armas em relação às bases militares dos Estados Unidos e do Japão.

Em 14 de maio de 2017, o governo norte-coreano lança um projétil no Mar do Japão que conseguiu percorrer 700 quilômetros. Todavia, estimou-se que a capacidade de alcance do míssil em questão era de 4.500 quilômetros, dado que deixou os países vizinhos à Coreia do Norte em alerta. Em 28 de julho de 2017, esse medo passa a ocorrer nos Estados Unidos com a projeção de um míssil da Coreia do Norte de 10.000 quilômetros de alcance, ou seja, uma arma que apresentava de fato a possibilidade atingir o território estadunidense.

Em 4 de julho de 2017, Pionguiangue, capital da Coreia do Norte, lança o míssil Hwasong-14, cujo alcance era de 6.700 quilômetros, capaz de chegar ao Alasca. Desse teste, são sucedidos mais quatro em 26 e 29 de agosto de 2017, referentes, respectivamente, a três mísseis de curto alcance e a um míssil que sobrevoou o território japonês e caiu no Oceano Pacífico, tendo percorrido um trajeto de 2.700 quilômetros.

Em 3 de setembro de 2017, Coreia do Norte realiza seu sexto teste nuclear: um teste de uma nova bomba de hidrogênio, cujas características a permitiram ser montada e transportadas nos mísseis de longo alcance testados anteriormente.

2018

Em 20 de abril de 2018, visando uma reaproximação com a Coreia do Sul e os Estados Unidos, o líder norte-coreano Kim Jong-Un determinou a suspensão dos testes com armas nucleares e mísseis de longo alcance e o fechamento da área de testes de Punggye-ri. Geólogos chineses confirmaram que, em decorrência das várias explosões, especialmente a última por ter sido a mais forte, essa região de testes sofreu diversos desmoronamentos, o que aumentou o risco de vazamento radioativo.

Em 24 de maio de 2018, os túneis escavados na montanha Mantap, que eram empregados nos testes nucleares, foram destruídos pelo governo norte-coreano com explosivos.

Em 12 de junho de 2018, o presidente estadunidense Donald Trump e o líder norte-coreano Kim Jong-un assinaram um acordo de desnuclearização da península coreana com o objetivo de alcançar paz e prosperidade entre as duas Coreias. Assim, tal negociação previa que, em troca do desmantelamento do programa nuclear norte-coreano, os Estados Unidos iriam suspender as suas atividades militares na Coreia do Sul, a exemplo do THAAD.

Em 4 de agosto de 2018, a ONU divulgou um relatório sinalizando que, apesar dos diálogos e do acordo estabelecido com o governo estadunidense, a Coreia do Norte continuava a ter o seu programa nuclear ativo e a desenvolver mísseis de longo alcance. Aliado a isso, o estudo da ONU mostrou que o governo norte-coreano estaria também rompendo com as sanções econômicas que foram estipuladas sobre o seu país.

2019

Em fevereiro de 2019, o presidente estadunidense Donald Trump e o líder norte-coreano Kim Jong-un se reuniram em Hanói, Vietnã, para a segunda cúpula de negociação entre os dois países. O encontro, todavia, terminou subitamente por dificuldade de diálogo entre as duas delegações, que se propuseram a discutir questões de interesse mútuo como a desnuclearização da península coreana e o possível desmantelamento do programa nuclear da Coreia do Norte. Esta alegou que os Estados Unidos agiram de forma grosseira e agressiva, sugerindo medidas que não condiziam com o projeto de governo norte-coreano. Exemplo disso foi o comunicado publicado pela KCNA, agência de notícias da Coreia do Norte, no qual um porta-voz do governo afirmou, em referência aos EUA, que “Quanto mais agirem de maneira desconfiada e hostil em relação à Coreia do Norte, mais feroz será nossa reação”.

Em 24 de abril de 2019, o líder norte-coreano Kim Jong-un desembarcou em território russo para encontro com o presidente da Rússia Vladimir Putin, em Vladivostok. Tal reunião foi a primeira exclusivamente entre os dois países e teve como agenda o programa nuclear da Coreia do Norte e o aprofundamento das relações e dos acordos bilaterais entre ambos. Antes do encontro, o canal japonês TV NHK divulgou ao público que Putin tinha interesse em abordar a retomada das rodadas de negociações do Six Party Talks, interrompidas em 2008, como um dos tópicos da conversa com Kim Jong-un.

Em 31 de maio de 2019, o jornal sul-coreano Chosun publicou uma matéria acusando o governo norte-coreano de ter executado o diplomata e ex-embaixador Kim Hyok-chol, responsável pelas negociações do segundo encontro entre Coreia do Norte e Estados Unidos que ocorreu em fevereiro de 2019. Como visto acima, a reunião não foi bem-sucedida: terminou antes do tempo estipulado e ambos os países não conseguiram chegar a um acordo acerca da desnuclearização da Coreia do Norte.


[1]UOL, Coreia tem plutônio para uso em bomba, diz especialista dos EUA. Disponível em: <https://www.terra.com.br/noticias/mundo/coreia-tem-plutonio-para-uso-em-bomba-diz-especialista-dos-eua,6c289b40acd4b310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html>. Acesso em 19 de junho de 2019.

Testes nucleares realizados pela Coreia do Norte
Sequência Data Potência estimada Ref
1 (Detalhes) 09 de outubro de 2006 < 1 quiloton [2][3]
2 (Detalhes) 25 de maio de 2009 4 quilotons [4][3]
3 (Detalhes) 12 de fevereiro de 2013 10 quilotons [5][3]
4 (Detalhes) 6 de janeiro de 2016 6 quilotons [6][3]
5 (Detalhes) 9 de setembro de 2016 10 - 20 quilotons [7][3]
6 (Detalhes) 3 de setembro de 2017 250 quilotons [8][3]

Repercussões

Diante do contexto do programa nuclear norte-coreano, alguns países ganham protagonismo na discussão e no interesse pelo desmantelamento do programa, que dividimos como atores interessados, e outros se envolvem no mesmo debate, porém com pouco protagonismo, de maneira indireta, a quem denominamos atores não diretamente interessados. Vejamos a seguir quais são os países que se inserem nesse contexto, bem como entender qual a relação que os mesmos estabelecem com a Coreia do Norte.

Atores interessados

A China aparece como um país que se relaciona de maneira extremamente direta com a questão do programa nuclear norte-coreano, assim como estabelece relações estreitas e mantém influência na Coreia do Norte. Através da dependência norte-coreana com a exportação e importação de manufaturas, minérios, petróleo, grãos, dentre outros produtos para e com a China, os chineses se preocupam com o avanço do programa nuclear, uma vez que os países estrangeiros pressionam a China e a veem como encarregada com a tentativa de desacelerar tal avanço. Outro ponto importante que liga a China de forma tão concreta à Coreia do Norte é o fato de ambas serem países fronteiriços, portanto, qualquer ameaça aos norte-coreanos, representa uma ameaça à China e ao território do sul da China, extremamente desenvolvido industrialmente e ponto chave para o comércio e sucesso chinês.

O próximo país que circunda todo o contexto do avanço do programa nuclear da Coreia do Norte é os Estados Unidos da América, que historicamente (mais especificamente após a Guerra Fria) é um dos mais interessados pelo combate ao regime comunista no mundo. No contexto da Guerra da Coreia, no início da década de 1950, o governo americano apoia e defende a Coreia do Sul, relação essa que se fortificou e se tornou ainda mais direta, com os Estados Unidos mantendo influência militar e ideológica no país. Juntamente à Coreia do Sul, os americanos estabelecem laços e fortificam o poderio militar de países como Japão e Taiwan, o que apresenta forte ameaça à Coreia do Norte, pela proximidade de ambos da região. Os Estados Unidos apresentam uma notável disposição pelo desmantelamento do programa nuclear, através de reuniões e conferências com países estrangeiros, bem como através de propostas de sanções ao governo norte-coreano. A relação entre os norte-coreanos e os americanos, entretanto, é extremamente tensa e ameaçadora, de ambos os lados, principalmente no início da década de 2000 quando a Coreia do Norte fora acusada pelo governo estadunidense de não cumprimento do que propunha o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP). Essa tensão se faz presente até os tempos atuais.

O terceiro país considerado diretamente interessado na discussão e no rumo que levará o programa de armamento nuclear de Kim Jong-un é a Coreia do Sul. Como citado acima, a Guerra da Coreia representou um momento de tensão entre as duas Coreias, de 1950 a 1953. Desde então, a relação das duas se faz de uma maneira complexa e de ameaças de um novo conflito. Além de se tratar de uma relação historicamente estabelecida, trata-se de uma relação geopolítica também. A Coreia do Sul faz fronteira com a Coreia do Norte, sendo uma capitalista e outra comunista, uma fortemente apoiada pelos Estados Unidos - a maior potência mundial consolidada nos tempos atuais - e a outra recebendo influência direta e quase que exclusiva da China - que representa a segunda maior potência econômica mundial, e segundo alguns especialistas, a futura potência global. Os americanos não somem desse contexto: como é possível perceber, nos últimos anos, vêm treinando soldados que montam guarda na Coreia do Sul para um possível conflito, o que torna o clima agressivo.

Acrescenta-se o Japão na lista dos atores que, na sua história de desenvolvimento se confrontaram com a presença da Coreia do Norte. O Japão, no contexto da Guerra Fria, disputou influência na região em contrapartida com a China, que se opunha e tentava estabelecer a sua própria influência no país asiático. Outro ponto que liga os japoneses a essa conjuntura é o pertencimento deles ao grupo de países do Leste Asiático, que se veem ameaçados e inseridos numa região tensionada, onde há desafios em manter o equilíbrio regional por conta dos conflitos tanto por influência (por parte da China e dos Estados Unidos), quanto por conta do programa nuclear norte-coreano, que desperta uma série de questões a serem discutidas em âmbito internacional.

Atores não diretamente interessados

Dentro do grupo de países que se envolvem no cenário do combate ao avanço do programa de armas nucleares de Kim Jong-un, estão aqueles que não se relacionam diretamente, mas aparecem pontualmente no desenrolar dos debates e situações.

Alguns países se fazem presentes - ainda que brevemente - por fazerem parte do grupo dos países do Leste Asiático e essa região ser extremamente tensionada e ameaçada por um novo conflito. São eles: Taiwan e Mongólia. Para além desse motivo, Taiwan conta com a influência militar dos Estados Unidos, na tentativa de prepará-los para um conflito, contribuindo para o aumento das tensões. Mais três nações que aparecem indiretamente ligados são a Rússia (antiga União Soviética), a Grã-Bretanha e a França. A primeira ocupa tal posição por ter sido protagonista do contexto de disputa de poder durante a Guerra Fria, atuando com forte influência comunista na Coreia do Norte. Ultimamente, a Rússia de Vladimir Putin tem se aproximado do governo norte-coreano, participando de reuniões com autoridades, mas, ainda não se sabe, no que se interessa exatamente essa aproximação (suspeita-se que seja pelo programa nuclear). A segunda e a terceira são mencionadas na esfera de discussão sobre o programa nuclear por terem assinado o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP) e por participarem de mesas redondas que visam conduzir a forma com que as potências lidarão com os avanços tecnológicos e testes de mísseis impulsionados pela Coreia do Norte.

Internacional geral

A fim de se analisar a forma como a comunidade internacional lida e reage aos avanços e testes com armamentos nucleares, discute-se este tema. Um dos principais organismos de discussão, planejamento e resolução de problemas e questões de âmbito mundial, senão o principal organismo, é a Organização das Nações Unidas (ONU). Posto isso, é importante que se insira os meios pelos quais a ONU utiliza para tratar o problema do avanço nuclear. Segundo as notícias que podemos acompanhar nos principais jornais e no site oficial da ONU, a mesma põe-se ao lado dos acordos discutidos através do Tratado de Não Proliferação. Conforme publicado no site oficial da ONU, em abril de 2019: "Em comunicado divulgado após o encontro, o Conselho de Segurança reafirmou apoio de seus membros ao Tratado [TNP]. Os membros também concordaram que a Conferência de Revisão será uma oportunidade para fortalecer o regime de não proliferação e desarmamento nuclear.[1]"

Ainda segundo a matéria publicada, Izumi Nakamitsu, alta representante das Nações Unidas para Assuntos de Desarmamento, a ameaça de armas nucleares serem utilizadas “[...] é ‘maior do que já foi há gerações’, à medida que existe ‘competição em vez de cooperação”. Essa declaração evidencia a inquietação internacional para com o desenvolvimento cada vez mais avançado do uso de armamentos nucleares por atores como Irã e Coreia do Norte.

Um outro organismo que acionamos nesta questão é a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que participa ativamente na implementação do TNP, bem como na fiscalização da utilização de energia nuclear pelos países. Na mesma notícia, cuja fonte é o site da Organização das Nações Unidas, “[...] monitorar os programas nucleares do Irã e da Coreia do Norte está entre os principais itens da agenda da organização [da AIEA].” No caso norte-coreano, a AIEA atua por meio de satélites e informações abertas para o mapeamento de atividades que envolvem energia e armamento nuclear. A Agência Internacional de Energia Atômica cumpre um importante papel no auxílio para a utilização de energia nuclear para fins pacíficos, além de promover inspeções em possíveis bases de tecnologia nuclear.  


[1]NAÇÕES UNIDAS BRASIL, Possibilidade de uso de armas nucleares é ‘maior do que já foi há gerações’, alerta ONU. Disponível em: <https://nacoesunidas.org/possibilidade-de-uso-de-armas-nucleares-e-maior-do-que-ja-foi-ha-geracoes-alerta-onu/>. Acesso em 15 de junho de 2019.

Veja também

·        Segunda Guerra Mundial.

o  Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Segunda_Guerra_Mundial>

·        Bombardeamentos de Hiroshima e Nagasaki.

o  Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Bombardeamentos_de_Hiroshima_e_Nagasaki>

·        Coreia do Norte.

o  <Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Coreia_do_Norte>

·        Missões diplomáticas da Coreia do Norte.

o  Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Miss%C3%B5es_diplom%C3%A1ticas_da_Coreia_do_Norte>

·        Bomba nuclear.

o  Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Bomba_nuclear>

·        Bomba de hidrogênio.

o  Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Bomba_de_hidrog%C3%A9nio>

·        Bomba de nêutrons.

o  Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Bomba_de_n%C3%AAutrons>

·        Tsar Bomba.

o  Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Tsar_Bomba>

·        Teste nuclear.

o  Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Teste_nuclear>

·        Guerra Nuclear.

o  Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_nuclear>

·        Bombardeio estratégico.

o  Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Bombardeio_estrat%C3%A9gico>

·        Países com armamento nuclear.

o  Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Pa%C3%ADses_com_armamento_nuclear>

·        Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares.

o  Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Tratado_de_N%C3%A3o_Prolifera%C3%A7%C3%A3o_de_Armas_Nucleares>

·        Agência Internacional de Energia Atômica.

o  Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Ag%C3%AAncia_Internacional_de_Energia_At%C3%B3mica>

Referências Externas

AGÊNCIA BRASIL, Putin quer retornar negociações de programa nuclear com Coreia do Norte. Disponível em: <http://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2019-04/putin-quer-retomar-negociacoes-de-6-partes-de-questao-norte-coreana>. Acesso em 12 de junho de 2019.

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BBC Brasil, A Coreia do Norte continua com seu programa nuclear apesar da aproximação dos EUA? Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/internacional-44692487>. Acesso em 12 de junho de 2019.

BBC Brasil, Cronologia: Coreia do Norte vive trajetória de desconfiança e tensão. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2009/05/090525_coreiacronologiag>. Acesso em 11 de junho de 2019.

BBC Brasil, Como é o sistema antimísseis que os EUA estão instalando na Coreia do Sul – e por que é tão polêmico. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/internacional-39207356>. Acesso em 12 de junho de 2019.

BBC Brasil, Guerra nuclear: As novas armas que aumentam as chances de um conflito global. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/internacional-47200806>. Acesso em 15 de junho de 2019.

BBC Brasil, O que se sabe sobre o programa nuclear da Coreia do Norte. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/internacional-41278289>. Acesso em 15 de junho de 2019.

BRITES, Pedro Vinícius Pereira. A QUESTÃO NUCLEAR NA PENÍNSULA COREANA: AS REFORMAS INTERNAS NA COREIA DO NORTE E OS DESAFIOS REGIONAIS. In: Boletim de Conjuntura Nerint. V. 1, n.1, p. 1-95. Porto Alegre: julho, 2016.

COMITÊ INTERNACIONAL DA CRUZ VERMELHA, Armas nucleares: Uma ameaça intolerável. Disponível em: <https://www.icrc.org/pt/document/armas-nucleares-uma-ameaca-intoleravel-para-humanidade>. Acesso em 16 de junho de 2019.

EL PAÍS BRASIL, A maior bomba atômica da Coreia do Norte deforma uma montanha e revela seus segredos. Disponível em: <https://brasil.elpais.com/brasil/2018/05/10/internacional/1525949636_119708.html>. Acesso em 16 de junho de 2019.

ESTADÃO, Ponto a ponto: as aproximações entre as duas Coreias – Internacional. Disponível em: <https://internacional.estadao.com.br/blogs/radar-global/ponto-a-ponto-as-aproximacoes-entre-as-duas-coreias/>. Acesso em 11 de junho de 2019.

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Referências