Águias de Fogo
Águias de Fogo
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|---|---|
Logotipo da série | |
| Informações gerais | |
| Formato | série de televisão |
| Gêneros | ação aventura ficção |
| Criação | Ary Fernandes |
| Roteiristas | Ary Fernandes Fábio Novaes J.C. de Souza Pena Filho |
| Direção | Ary Fernandes |
| Elenco | Ary Fernandes Dirceu Conte Roberto Bolant Edson Pereira |
| Música por | Titulares do Ritmo |
| Tema de abertura | Águias de Fogo |
| Compositores | Divo Dacol Carlos Guerra |
| País de origem | |
| Idioma original | português |
| Temporadas | 1 |
| Episódios | 26 (lista de episódios) |
| Produção | |
| Produtor executivo | Ary Fernandes |
| Produtor consultivo | Força Aérea Brasileira (FAB) |
| Localização | Base Aérea de Cumbica |
| Editor | Luiz Elias |
| Duração | aprox. 22 min. |
| Empresas produtoras | Nestlé Produções Cine Televisão (PROCITEL) |
| Formato | |
| Câmera | câmera única |
| Formato de imagem | película cinematográfica P&B |
| Formato de áudio | mono |
| Exibição original | |
| Emissora | TV Tupi |
| Transmissão | 15 de março de 1968 – 30 de março de 1969[1] |
| Programas relacionados | |
| O Vigilante Rodoviário | |
Águias de Fogo é uma série televisiva brasileira, criada, produzida e dirigida pelo cineasta brasileiro Ary Fernandes com o patrocínio da Nestlé, que estreou em 15 de março de 1968 na TV Tupi, sendo finalizada em 30 de março de 1969.[1] A série narra as aventuras de um esquadrão fictício da Força Aérea Brasileira (FAB), que protege o espaço aéreo nacional.[1]
Sucedendo outra produção de Fernandes — O Vigilante Rodoviário, essa foi a segunda série produzida em película para televisão brasileira.[2]
As informações que constam dos arquivos da FAB serviram de inspiração para a criação dos argumentos dos episódios que retratam a busca e salvamento de acidentados[3] e outros exemplos de serviços realizados pela aviação militar no interior do país. Há também frequentes enfrentamentos contra espiões, agentes estrangeiros e terroristas, mostrados como os tradicionais vilões do cinema e dos quadrinhos.[2]
Elenco
[editar | editar código]Principal
[editar | editar código]|
Intérprete |
Personagem |
Nota [2] |
|---|---|---|
| Dirceu Conte | Major Ricardo | severo comandante do esquadrão |
| Ary Fernandes | Capitão César | líder das missões de campo |
| Ricardo Nóvoa | Tenente Celso | participou de quatro episódios |
| Roberto Bolant | Aspirante Fábio | piloto que sempre causa risos e broncas falando de garotas |
| Edson Pereira | Sargento Fritz | responsável pelas comunicações, afrodescendente especialista em capoeira |
Coadjuvantes
[editar | editar código]O seriado teve participações de atores consagrados da dramaturgia nacional, como também em início de carreira: Bete Mendes, Osmar Prado, Valentino Guzzo, Francisco Di Franco,[4] Sady Cabral, Ewerton de Castro, Jofre Soares, Nadia Tell, Astrogildo Filho, Ênio Gonçalves, Tony Cardi, Dora Castellar, entre outros.[5]
Episódios
[editar | editar código]O esquadrão especial da Força Aérea Brasileira (FAB) chamado Águias de Fogo defende a lei e a ordem nos céus do Brasil. Os integrantes da equipe usam helicópteros e aviões em missões de resgate ou no combate ao crime.[6]
Episódios
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Produção
[editar | editar código]Criação e desenvolvimento
[editar | editar código]Fernandes era apaixonado pela aviação desde criança, tanto que possuía brevê de piloto civil e pilotava aviões de pequeno porte desde 1962.[6] No início de 1966,[7] resolveu fazer uma série de televisão sobre o assunto, entrou em contato com a Força Aérea Brasileira (FAB) e começou a produzir um episódio piloto em 35 mm. Mas na pré-produção, depois de filmar alguns planos, o dinheiro acabou e resolveu engavetar o projeto.[8]
Em meio ao ano de 1967, quando Fernandes trabalhava na produtora Lynx Films, soube que o suíço Gilbert Valterio — que havia patrocinado anteriormente O Vigilante Rodoviário —, havia retornado ao Brasil e reassumindo suas funções como diretor na Nestlé.[9] Valterio o recebeu prontamente com sua ideia de produzir um novo seriado que narrava as aventuras de cinco aviadores militares,[10] depois de assistir ao material filmado.[11] Após negociações e orçamentos, a empresa aprovou a produção da série que durou cerca de onze meses, com filmagens realizadas de segunda e sexta-feira[12] entre os anos de 1967 e 1968, terminando com um total de 26 episódios.[10][6]
As filmagens foram realizadas utilizando uma câmera Cineflex com lentes Bausch & Lomb, adquirida no Rio de Janeiro.[11] Era uma produção modesta, com muita improvisação para superar as adversidades.[12] As cenas aéreas mostravam os pilotos voando, mas na verdade, os atores eram filmados dentro das cabines com as aeronaves ainda no chão[10][6] e os efeitos eram improvisados utilizando uma tela ao fundo e um extintor de CO2, que era usado para "fabricar" as nuvens, dando a impressão de que o avião realmente estava no ar.[10]
Protagonistas
[editar | editar código]Fernandes assumiu um dos papéis principais, planejado para ele mesmo por gostar de aviação, pela vantagem de estar entre o elenco e ter maior controle da produção e também pelo próprio ego de ator, pois já havia trabalhado como radioator, ator de teatro, televisão e de cinema na Companhia Cinematográfica Maristela.[13]
Os atores que interpretaram os militares foram: o próprio Ary Fernandes (Capitão César), Ricardo Nóvoa (Tenente Celso), Dirceu Conte (Major Ricardo), Roberto Bolant (Aspirante Fábio) e Edson Pereira (Sargento Fritz).[10] Mas após a produção de alguns episódios, o ator Ricardo Nóvoa teve um desentendimento no set das filmagens e saiu da série[10] para trabalhar na TV Cultura.[14] Fernandes optou por não substituí-lo, e a série passou a ter quatro personagens principais.[10]
Local das filmagens
[editar | editar código]O seriado recebeu apoio da Aeronáutica e cerca de 90% das filmagens foram realizadas na antiga Base Aérea de Cumbica[10] — atual Base Aérea de São Paulo (BASP).[5]

Dublagem
[editar | editar código]Na década de 1960, os filmes nacionais necessitavam ser dublados, pois não havia nitidez na captação de áudio nas filmagens externas. O estúdio Odil Fono Brasil, localizado em São Paulo, ficou responsável pelos efeitos sonoros e pela dublagem da série, onde nem sempre, o próprio ator conseguia dublar a si mesmo, então era escolhido outro profissional qualificado para fazer o trabalho,[15] como foi o caso do ator Francisco José, que na sua participação no seriado foi dublado por outro ator. Garcia Neto foi o responsável pela direção de dublagem dos episódios.[16]
Música
[editar | editar código]A música-tema do seriado, também chamada Águias de Fogo, foi composta por Divo Dacol e Carlos Guerra, sendo interpretada pelo sexteto Titulares do Ritmo,[5] integrado por deficientes visuais e um dos maiores conjuntos vocais brasileiros do período.[17]
Crossover
[editar | editar código]O episódio O Imprevisto, transmitido pela primeira vez em 1968, tem a participação especial de Carlos Miranda, revivendo o papel do inspetor Carlos, protagonista do seriado O Vigilante Rodoviário, também escrito e dirigido por Ary Fernandes. O capítulo reúne os personagens das duas produções nacionais em um crossover para socorrer uma menina que precisa de atendimento médico de urgência em um vilarejo remoto. Enquanto os oficiais resgatam a criança de helicóptero, o inspetor Carlos e o cão Lobo fazem a escolta da ambulância que irá levá-la para o hospital.[18]
Audiência
[editar | editar código]Devido a problemas no lançamento, o seriado, que era transmitido uma vez na semana, sofreu uma guerra de audiência com a novela Redenção, grande sucesso da TV Excelsior na época, que registrava cerca de 70% da audiência no eixo Rio-São Paulo.[10][6] Foi um erro grave de estratégia publicitária,[2] pois o público não deixaria de assistir a novela para ver a nova série, e não sendo possível competir no mesmo horário da novela diária, acabou por ser cancelada[19][10] com apenas 26 episódios, apesar de nos outros Estados do país ter sido um sucesso de audiência, pois passava em horários diferentes ao da novela.[20]
Outras mídias
[editar | editar código]Cinema
[editar | editar código]Posteriormente, a série teve alguns episódios compilados e transformados em dois longas-metragens: Águias em Patrulha e Sentinelas do Espaço, que foram exibidos nos cinemas de todo país.[10] Fernandes fazia a ligação entre os episódios, informando qual seria apresentado dizendo: "Ali se encontram os heróis da FAB, e agora vem 'tal história'". Essas inserções foram filmadas no IV Comando Aéreo (IV COMAR), no bairro do Ipiranga.[21]
Os filmes obtiveram relativo sucesso fora do eixo Rio-São Paulo, onde os personagens eram mais conhecidos do grande público.[21]
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Ano |
Filme |
Episódios |
Ref. |
|---|---|---|---|
| 1969 | Águias em Patrulha | O Contrabando; O Diplomata; O Rapto; A Viagem | [22] |
| 1971 | Sentinelas do Espaço | Mãe do Ouro; O Asilado; A Grande Revoada; Terra dos Índios | [22][23] |
Restauro
[editar | editar código]Em 2007, os negativos originais dos episódios foram selecionados para serem recuperados através de um programa de restauração da Cinemateca Brasileira em parceria com a Petrobrás.[24]
Reprises
[editar | editar código]Em 2010, o seriado foi reprisado pelo Canal Brasil por assinatura, sendo exibido todas as segundas às 20h30, com reapresentações nas terças às 15h30 e domingos às 11h.[10]
Em dezembro de 2021, a série restaurada estreou na programação da emissora pública TV Brasil nas quartas às 23h30,[25] com reapresentação em horário alternativo nas quintas às 4h45.[4]
Streaming
[editar | editar código]A série foi disponibilizada no aplicativo TV Brasil Play e pela Web TV.[4] Atualmente também está disponível nos serviços de streaming de vídeo sob demanda por assinatura: Looke, Prime Video e Apple TV+.[3][26][27]
Galeria de aeronaves
[editar | editar código]Ver também
[editar | editar código]Referências
- ↑ a b c «Águias de Fogo (1966)». InfanTV. 24 de setembro de 2016. Consultado em 20 de junho de 2025
- ↑ a b c d Galante, Alexandre (22 de agosto de 2016). «Seriado 'Águias de Fogo'». Poder Aéreo. Consultado em 23 de junho de 2025
- ↑ a b «Águias de Fogo - 1ª Temporada». Looke. N.d. Consultado em 6 de abril de 2025
- ↑ a b c «Série Águias de Fogo apresenta aventuras inéditas do esquadrão». EBC. 22 de fevereiro de 2022. Consultado em 19 de junho de 2025
- ↑ a b c SILVA NETO 2006, p. 176.
- ↑ a b c d e «Águias de Fogo § Bastidores». TeleDramaturgia. S.d. Consultado em 20 de junho de 2025
- ↑ SILVA NETO 2006, p. 334.
- ↑ SILVA NETO 2006, p. 169.
- ↑ SILVA NETO 2006, p. 173.
- ↑ a b c d e f g h i j k l Furquim, Fernanda (2 de agosto de 2010). «Canal Brasil Estreia Águias de Fogo». VEJA. Consultado em 7 de junho de 2020
- ↑ a b SILVA NETO 2006, p. 174.
- ↑ a b SILVA NETO 2006, p. 335.
- ↑ SILVA NETO 2006, p. 177.
- ↑ SILVA NETO 2006, p. 178.
- ↑ dos Santos, Marco Antônio (29 de junho de 2022). «A dublagem no cinema brasileiro § Baú da dublagem». Dublagem Brasileira. Consultado em 16 de setembro de 2025
- ↑ dos Santos, Marco Antônio (1 de maio de 2023). «Francisco José, a voz do Phantro em Thundercats § Entrevistas». Dublagem Brasileira. Consultado em 16 de setembro de 2025
- ↑ «Titulares do Ritmo marcaram a história da música brasileira § Cultura». Jornal da USP. 4 de maio de 2021. ISSN 2525-6009. Consultado em 25 de setembro de 2025
- ↑ «TV Brasil exibe crossover de Águias de Fogo com O Vigilante Rodoviário». TV Brasil. 17 de janeiro de 2022. Consultado em 1 de agosto de 2025
- ↑ SILVA NETO 2006, p. 180.
- ↑ SILVA NETO 2006, p. 181.
- ↑ a b SILVA NETO 2006, p. 182.
- ↑ a b SILVA NETO 2006, pp. 401-408.
- ↑ «Sentinelas do Espaço». Cinemateca Brasileira. N.d. Consultado em 2 de agosto de 2025
- ↑ Rodrigues, Petterson (30 de agosto de 2007). «Cinemateca Brasileira e Petrobras anunciam vencedores de projetos de restauração § Cultura». São Paulo: Agência Brasil. Consultado em 1 de julho de 2025
- ↑ «TV Brasil estreia seriado nacional Águias de Fogo nesta quarta (22/12)». EBC. 21 de dezembro de 2021. Consultado em 19 de junho de 2025
- ↑ «Águias de Fogo - 1ª Temporada». Prime Video. N.d. Consultado em 18 de setembro de 2025
- ↑ «Águias de Fogo». Apple TV+. N.d. Consultado em 18 de setembro de 2025
- Bibliografia
- SILVA NETO, Antonio Leão da (2006). Ary Fernandes: Sua Fascinante História (PDF). Col: Aplauso Perfil. São Paulo: Imprensa Oficial. 488 páginas. ISBN 8570605021
Ligações externas
[editar | editar código]- Séries de televisão de aventura do Brasil
- Séries de televisão de aventura da década de 1960
- Séries da Rede Tupi
- Programas de televisão do Brasil que estrearam em 1968
- Programas de televisão do Brasil encerrados em 1969
- Programas de televisão em língua portuguesa
- Séries de televisão sobre aviação
- Séries de televisão
- Força Aérea Brasileira