Saltar para o conteúdo

Águias de Fogo

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Águias de Fogo

Logotipo da série
Informações gerais
Formato série de televisão
Gêneros ação
aventura
ficção
Criação Ary Fernandes
Roteiristas Ary Fernandes
Fábio Novaes
J.C. de Souza
Pena Filho
Direção Ary Fernandes
Elenco Ary Fernandes
Dirceu Conte
Roberto Bolant
Edson Pereira
Música por Titulares do Ritmo
Tema de abertura Águias de Fogo
Compositores Divo Dacol
Carlos Guerra
País de origem  Brasil
Idioma original português
Temporadas 1
Episódios 26 (lista de episódios)
Produção
Produtor executivo Ary Fernandes
Produtor consultivo Força Aérea Brasileira (FAB)
Localização Base Aérea de Cumbica
Editor Luiz Elias
Duração aprox. 22 min.
Empresas produtoras Nestlé
Produções Cine Televisão (PROCITEL)
Formato
Câmera câmera única
Formato de imagem película cinematográfica P&B
Formato de áudio mono
Exibição original
Emissora TV Tupi
Transmissão 15 de março de 1968 (1968-03-15) – 30 de março de 1969 (1969-03-30)[1]
Programas relacionados
O Vigilante Rodoviário

Águias de Fogo é uma série televisiva brasileira, criada, produzida e dirigida pelo cineasta brasileiro Ary Fernandes com o patrocínio da Nestlé, que estreou em 15 de março de 1968 na TV Tupi, sendo finalizada em 30 de março de 1969.[1] A série narra as aventuras de um esquadrão fictício da Força Aérea Brasileira (FAB), que protege o espaço aéreo nacional.[1]

Sucedendo outra produção de Fernandes — O Vigilante Rodoviário, essa foi a segunda série produzida em película para televisão brasileira.[2]

As informações que constam dos arquivos da FAB serviram de inspiração para a criação dos argumentos dos episódios que retratam a busca e salvamento de acidentados[3] e outros exemplos de serviços realizados pela aviação militar no interior do país. Há também frequentes enfrentamentos contra espiões, agentes estrangeiros e terroristas, mostrados como os tradicionais vilões do cinema e dos quadrinhos.[2]

Principal

[editar | editar código]

Intérprete

Personagem

Nota [2]

Dirceu Conte Major Ricardo severo comandante do esquadrão
Ary Fernandes Capitão César líder das missões de campo
Ricardo Nóvoa Tenente Celso participou de quatro episódios
Roberto Bolant Aspirante Fábio piloto que sempre causa risos e broncas falando de garotas
Edson Pereira Sargento Fritz responsável pelas comunicações, afrodescendente especialista em capoeira

Coadjuvantes

[editar | editar código]

O seriado teve participações de atores consagrados da dramaturgia nacional, como também em início de carreira: Bete Mendes, Osmar Prado, Valentino Guzzo, Francisco Di Franco,[4] Sady Cabral, Ewerton de Castro, Jofre Soares, Nadia Tell, Astrogildo Filho, Ênio Gonçalves, Tony Cardi, Dora Castellar, entre outros.[5]

Episódios

[editar | editar código]

O esquadrão especial da Força Aérea Brasileira (FAB) chamado Águias de Fogo defende a lei e a ordem nos céus do Brasil. Os integrantes da equipe usam helicópteros e aviões em missões de resgate ou no combate ao crime.[6]

Episódios
  1. A Viagem
  2. O Rapto
  3. O Diplomata
  4. O Asilado (episódio recuperado)
  5. A Emergência
  6. A Zona de Perigo
  7. A Procura
  8. Mãe do Ouro
  9. A Trama
  10. A Competição
  11. O Invento
  12. O Aspirante
  13. Estação de Junção
  14. O Imprevisto (participação especial de Carlos Miranda como O Vigilante Rodoviário, ao lado do cão Lobo)
  15. O Agente
  16. Rádio Compasso
  17. A Grande Revoada (episódio perdido)
  18. Terra dos Índios (episódio perdido)
  19. Urânio 238
  20. Operação Tatu
  21. O Alvo
  22. Estação Clandestina
  23. Operação Rondon
  24. O Contrabando
  25. O Engraxate (episódio perdido)
  26. O Assalto

Produção

[editar | editar código]

Criação e desenvolvimento

[editar | editar código]

Fernandes era apaixonado pela aviação desde criança, tanto que possuía brevê de piloto civil e pilotava aviões de pequeno porte desde 1962.[6] No início de 1966,[7] resolveu fazer uma série de televisão sobre o assunto, entrou em contato com a Força Aérea Brasileira (FAB) e começou a produzir um episódio piloto em 35 mm. Mas na pré-produção, depois de filmar alguns planos, o dinheiro acabou e resolveu engavetar o projeto.[8]

Em meio ao ano de 1967, quando Fernandes trabalhava na produtora Lynx Films, soube que o suíço Gilbert Valterio — que havia patrocinado anteriormente O Vigilante Rodoviário —, havia retornado ao Brasil e reassumindo suas funções como diretor na Nestlé.[9] Valterio o recebeu prontamente com sua ideia de produzir um novo seriado que narrava as aventuras de cinco aviadores militares,[10] depois de assistir ao material filmado.[11] Após negociações e orçamentos, a empresa aprovou a produção da série que durou cerca de onze meses, com filmagens realizadas de segunda e sexta-feira[12] entre os anos de 1967 e 1968, terminando com um total de 26 episódios.[10][6]

As filmagens foram realizadas utilizando uma câmera Cineflex com lentes Bausch & Lomb, adquirida no Rio de Janeiro.[11] Era uma produção modesta, com muita improvisação para superar as adversidades.[12] As cenas aéreas mostravam os pilotos voando, mas na verdade, os atores eram filmados dentro das cabines com as aeronaves ainda no chão[10][6] e os efeitos eram improvisados utilizando uma tela ao fundo e um extintor de CO2, que era usado para "fabricar" as nuvens, dando a impressão de que o avião realmente estava no ar.[10]

Protagonistas

[editar | editar código]

Fernandes assumiu um dos papéis principais, planejado para ele mesmo por gostar de aviação, pela vantagem de estar entre o elenco e ter maior controle da produção e também pelo próprio ego de ator, pois já havia trabalhado como radioator, ator de teatro, televisão e de cinema na Companhia Cinematográfica Maristela.[13]

Os atores que interpretaram os militares foram: o próprio Ary Fernandes (Capitão César), Ricardo Nóvoa (Tenente Celso), Dirceu Conte (Major Ricardo), Roberto Bolant (Aspirante Fábio) e Edson Pereira (Sargento Fritz).[10] Mas após a produção de alguns episódios, o ator Ricardo Nóvoa teve um desentendimento no set das filmagens e saiu da série[10] para trabalhar na TV Cultura.[14] Fernandes optou por não substituí-lo, e a série passou a ter quatro personagens principais.[10]

Local das filmagens

[editar | editar código]

O seriado recebeu apoio da Aeronáutica e cerca de 90% das filmagens foram realizadas na antiga Base Aérea de Cumbica[10] — atual Base Aérea de São Paulo (BASP).[5]

Base Aérea de São Paulo em 2010. O local foi utilizado como locação da base militar do esquadrão na série

Na década de 1960, os filmes nacionais necessitavam ser dublados, pois não havia nitidez na captação de áudio nas filmagens externas. O estúdio Odil Fono Brasil, localizado em São Paulo, ficou responsável pelos efeitos sonoros e pela dublagem da série, onde nem sempre, o próprio ator conseguia dublar a si mesmo, então era escolhido outro profissional qualificado para fazer o trabalho,[15] como foi o caso do ator Francisco José, que na sua participação no seriado foi dublado por outro ator. Garcia Neto foi o responsável pela direção de dublagem dos episódios.[16]

A música-tema do seriado, também chamada Águias de Fogo, foi composta por Divo Dacol e Carlos Guerra, sendo interpretada pelo sexteto Titulares do Ritmo,[5] integrado por deficientes visuais e um dos maiores conjuntos vocais brasileiros do período.[17]

Crossover

[editar | editar código]

O episódio O Imprevisto, transmitido pela primeira vez em 1968, tem a participação especial de Carlos Miranda, revivendo o papel do inspetor Carlos, protagonista do seriado O Vigilante Rodoviário, também escrito e dirigido por Ary Fernandes. O capítulo reúne os personagens das duas produções nacionais em um crossover para socorrer uma menina que precisa de atendimento médico de urgência em um vilarejo remoto. Enquanto os oficiais resgatam a criança de helicóptero, o inspetor Carlos e o cão Lobo fazem a escolta da ambulância que irá levá-la para o hospital.[18]

Audiência

[editar | editar código]

Devido a problemas no lançamento, o seriado, que era transmitido uma vez na semana, sofreu uma guerra de audiência com a novela Redenção, grande sucesso da TV Excelsior na época, que registrava cerca de 70% da audiência no eixo Rio-São Paulo.[10][6] Foi um erro grave de estratégia publicitária,[2] pois o público não deixaria de assistir a novela para ver a nova série, e não sendo possível competir no mesmo horário da novela diária, acabou por ser cancelada[19][10] com apenas 26 episódios, apesar de nos outros Estados do país ter sido um sucesso de audiência, pois passava em horários diferentes ao da novela.[20]

Outras mídias

[editar | editar código]

Posteriormente, a série teve alguns episódios compilados e transformados em dois longas-metragens: Águias em Patrulha e Sentinelas do Espaço, que foram exibidos nos cinemas de todo país.[10] Fernandes fazia a ligação entre os episódios, informando qual seria apresentado dizendo: "Ali se encontram os heróis da FAB, e agora vem 'tal história'". Essas inserções foram filmadas no IV Comando Aéreo (IV COMAR), no bairro do Ipiranga.[21]

Os filmes obtiveram relativo sucesso fora do eixo Rio-São Paulo, onde os personagens eram mais conhecidos do grande público.[21]

Ano

Filme

Episódios

Ref.

1969 Águias em Patrulha O Contrabando; O Diplomata; O Rapto; A Viagem [22]
1971 Sentinelas do Espaço Mãe do Ouro; O Asilado; A Grande Revoada; Terra dos Índios [22][23]

Em 2007, os negativos originais dos episódios foram selecionados para serem recuperados através de um programa de restauração da Cinemateca Brasileira em parceria com a Petrobrás.[24]

Em 2010, o seriado foi reprisado pelo Canal Brasil por assinatura, sendo exibido todas as segundas às 20h30, com reapresentações nas terças às 15h30 e domingos às 11h.[10]

Em dezembro de 2021, a série restaurada estreou na programação da emissora pública TV Brasil nas quartas às 23h30,[25] com reapresentação em horário alternativo nas quintas às 4h45.[4]

Streaming

[editar | editar código]

A série foi disponibilizada no aplicativo TV Brasil Play e pela Web TV.[4] Atualmente também está disponível nos serviços de streaming de vídeo sob demanda por assinatura: Looke, Prime Video e Apple TV+.[3][26][27]

Galeria de aeronaves

[editar | editar código]

Ver também

[editar | editar código]

Referências

  1. a b c «Águias de Fogo (1966)». InfanTV. 24 de setembro de 2016. Consultado em 20 de junho de 2025 
  2. a b c d Galante, Alexandre (22 de agosto de 2016). «Seriado 'Águias de Fogo'». Poder Aéreo. Consultado em 23 de junho de 2025 
  3. a b «Águias de Fogo - 1ª Temporada». Looke. N.d. Consultado em 6 de abril de 2025 
  4. a b c «Série Águias de Fogo apresenta aventuras inéditas do esquadrão». EBC. 22 de fevereiro de 2022. Consultado em 19 de junho de 2025 
  5. a b c SILVA NETO 2006, p. 176.
  6. a b c d e «Águias de Fogo § Bastidores». TeleDramaturgia. S.d. Consultado em 20 de junho de 2025 
  7. SILVA NETO 2006, p. 334.
  8. SILVA NETO 2006, p. 169.
  9. SILVA NETO 2006, p. 173.
  10. a b c d e f g h i j k l Furquim, Fernanda (2 de agosto de 2010). «Canal Brasil Estreia Águias de Fogo». VEJA. Consultado em 7 de junho de 2020 
  11. a b SILVA NETO 2006, p. 174.
  12. a b SILVA NETO 2006, p. 335.
  13. SILVA NETO 2006, p. 177.
  14. SILVA NETO 2006, p. 178.
  15. dos Santos, Marco Antônio (29 de junho de 2022). «A dublagem no cinema brasileiro § Baú da dublagem». Dublagem Brasileira. Consultado em 16 de setembro de 2025 
  16. dos Santos, Marco Antônio (1 de maio de 2023). «Francisco José, a voz do Phantro em Thundercats § Entrevistas». Dublagem Brasileira. Consultado em 16 de setembro de 2025 
  17. «Titulares do Ritmo marcaram a história da música brasileira § Cultura». Jornal da USP. 4 de maio de 2021. ISSN 2525-6009. Consultado em 25 de setembro de 2025 
  18. «TV Brasil exibe crossover de Águias de Fogo com O Vigilante Rodoviário». TV Brasil. 17 de janeiro de 2022. Consultado em 1 de agosto de 2025 
  19. SILVA NETO 2006, p. 180.
  20. SILVA NETO 2006, p. 181.
  21. a b SILVA NETO 2006, p. 182.
  22. a b SILVA NETO 2006, pp. 401-408.
  23. «Sentinelas do Espaço». Cinemateca Brasileira. N.d. Consultado em 2 de agosto de 2025 
  24. Rodrigues, Petterson (30 de agosto de 2007). «Cinemateca Brasileira e Petrobras anunciam vencedores de projetos de restauração § Cultura». São Paulo: Agência Brasil. Consultado em 1 de julho de 2025 
  25. «TV Brasil estreia seriado nacional Águias de Fogo nesta quarta (22/12)». EBC. 21 de dezembro de 2021. Consultado em 19 de junho de 2025 
  26. «Águias de Fogo - 1ª Temporada». Prime Video. N.d. Consultado em 18 de setembro de 2025 
  27. «Águias de Fogo». Apple TV+. N.d. Consultado em 18 de setembro de 2025 
Bibliografia

Ligações externas

[editar | editar código]