A Palavra Cerzida
A palavra cerzida é o primeiro livro de poesia publicado por Antônio Carlos de Brito (cujo pseudônimo é Cacaso), em 1967. Foi republicado em 2002 pela Cosac & Naify e pela 7 Letras em 2002, na coleção Ás de colete, que reúne as obras poéticas de vários escritores notáveis do período, como, por exemplo Chacal.[1] É considerado como um livro "tímido", ainda que bem recebido pelo crítico José Guilherme Merquior por ocasião de sua publicação.[2] Outros críticos afirmam que, apesar da diferença de tom entre esta obra e as posteriores do poeta, o livro é uma espécie de preparação para o que escreveria na década de 70, produção considerada sintomática da geração mimeógrafo.[3]
De fato, diferente das outras obras como Grupo escolar, Beijo na boca, Segunda classe, Na corda bamba e Mar de mineiro (que traziam poemas muito breves e irônicos), o livro traz poemas mais longos e de tom mais sério, incluindo poemas em formas tradicionais, como o soneto (Como, por exemplo, Chuva, com rimas[4]). A influência de poetas como Murilo Mendes, Cecília Meireles, Cassiano Ricardo e Carlos Drummond de Andrade ficam explícitas com epígrafes e dedicatórias ao longo de todo o livro. É dedicado a Carlos Ferreira de Brito, Wanda Aparecida de Brito, Antônio Carlos Jobim, Pixinguinha e Leilah Assumpção. Conta com 46 poemas, e é dividido em quatro partes desiguais.
Lista de poemas
[editar | editar código-fonte]O lado de dentro
[editar | editar código-fonte]- O pássaro incubado;
- Explicação do amor;
- Gameleira;
- O galo e o dia;
- A ostra;
- O samurai.
O triste mirante
[editar | editar código-fonte]- Em tempo de notícia;
- Transporte;
- Anulação;
- Madrigal para Cecília Meireles;
- Chuva;
- Cobrança;
- Clausura;
- Obrigação;
- Na morte de Augusto Frederico Schmidt;
- Engenharia;
- Marinha n. I;
- Presságio;
- Processo;
- Ária para cravo e flauta;
- Madrigal para um amor;
- Marinha irreversível.
A palavra de dois gumes
[editar | editar código-fonte]- Poética;
- Natureza-morta;
- O arlequim;
- O jardineiro;
- O mito;
- Fazendas;
- Integração da noite;
- Queixa submarina;
- Cântico do condenado;
- Fábula;
- Noturno maduro;
- Signo;
- Psicologia do eterno;
- Os elementos;
- Destruição;
- Gravuras da Sta. Marina;
- Banquete;
- Poemas brancos;
- A infância presente;
- Batismo no inferno;
- Barcarola;
- A um barbeiro, com amor.
O sono diurno
[editar | editar código-fonte]- Alucinações;
- Alegorias.
Referências
- ↑ Chacal. Belvedere. São Paulo: Cosac & Naify; Rio de Janeiro: 7 letras, 2007. Coleção Ás de Colete
- ↑ Transgressão da poesia Arquivado em 28 de maio de 2014, no Wayback Machine. p. 1
- ↑ "Nesse momento, é oportuno afirmar que toda a produção poética de Cacaso referente à década de setenta – a saber, Grupo Escolar, Beijo na Boca, Segunda Classe e Na Corda Bamba – pode ser lida como um “texto-testemunho” ou um “texto-sintoma”. (VIÑAR, 1992, p. 125). (…) Em A Palavra Cerzida, o poeta geômetra apurava suas facas precoces (…) acreditamos que o poeta de Grupo Escolar, menos do que sofrer uma metamorfose completa, já estava em pupa no primeiro livro." Poesia & Política Arquivado em 11 de julho de 2011, no Wayback Machine. p. 2-3.
- ↑ Cacaso. lero-lero (1967-1985). São Paulo: Cosac & Naify; Rio de Janeiro: 7 letras, 2002. Coleção Ás de Colete, p. 191