Abaye

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Abaye
Biografia
Morte
Atividades
rabino
Amoraim da Babilônia
Cônjuge
Choma (d)
Outras informações
Religão

Vista da sepultura.

AcharonímRishonimGueonimSavoraítaAmoraítaTanaítaZugot

Abaye (em hebraico: אביי) foi um rabino da época talmúdica, que viveu na Babilônia [בבל], conhecido como um amoraíta [אמורא] da quarta geração, nascido aproximadamente em 280; morreu em 339.[1]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Seu pai, Kaylil, era irmão de Rabbah bar Nahmani, um professor na Academia de Pumbedita. O nome verdadeiro de Abaye era Nahmani, como o de seu avô. Tendo ficado órfão muito jovem, foi adotado por seu tio, Rabbah bar Nahmani, que o apelidou de Abaye ("Paizinho"), para evitar confusões (talvez em respeito a seu pai) com o avô de mesmo nome; desde então ele ficou conhecido como Abaye, sem qualquer outro título. É um fato curioso ele ter perpetuado a memória de sua mãe adotiva, ao mencionar seu nome em muitas receitas populares e preceitos dietéticos, alguns dos quais parecem ser baseados em noções supersticiosas. Apresenta cada receita com a frase: "Minha mãe me disse". Os professores de Abaye foram: seu tio Rabbah e José bar Chama, que se tornaram, sucessivamente, presidentes da Academia Pumbedita. Quando José morreu em 333, essa dignidade foi conferida a Abaye, que a conservou até sua morte, cerca de cinco anos depois. Rabbah treinou-o na aplicação do método dialético para problemas halacháicos, e José, com seus conhecimentos das tradições populares, ensinou-lhe a apreciar o valor do conhecimento positivo.[2]

O grande destaque de Abaye, sem dúvida, era sua análise dialética das sentenças halacháicas, sendo, no entanto, superado a este respeito por Rava, com quem esteve estreitamente ligado desde a juventude. Devido às disputas entre esses amoraítas é que teve grande desenvolvimento o método dialético no tratamento das tradições halacháicas. Seus debates são conhecidos como os "Havayot d'Abaye ve'Rava" (Debates de Abaye e Rava), cujos assuntos foram então considerados como elementos essenciais do conhecimento talmúdico que, por um anacronismo foram pensados serem conhecidos por Yochanan ben Zakai, que viveu alguns séculos antes (Sucá 28a). Suas controvérsias halacháicas estão espalhadas por todo o Talmude Babilônico (Talmud Bavli). Com exceção de seis de suas decisões, os pareceres de Rava sempre foram aceitos como definitivos. Abaye ficava muito contente quando um dos seus discípulos terminava o estudo de um tratado do Mishná. Em tais ocasiões, ele sempre dava uma festa para seus alunos (Shabat 118b), embora não fosse rico, e o vinho nunca aparecesse sobre sua mesa. Sua disposição para trazer harmonia e sua piedade sincera estão bem expostas em suas máximas (Berachot 17a), dentre as quais está a seguinte: "Seja discreto no discurso; reprima sua ira; e mantenha a boa-vontade na relação com seus familiares, bem como com os outros, mesmo com estranhos no mercado local".[2]

Abaye exortou seus discípulos a se comportarem de tal forma a levar os outros ao amor de Deus (Yoma 86a). Na exegese bíblica, foi um dos primeiros a estabelecer uma linha de distinção entre o significado evidente do texto (peschat) e o sentido atribuído a ele pela interpretação do Midrash. Ele formulou a seguinte regra, de grande importância na exegese do Talmude (Sanhedrin 34a): "Um versículo da Bíblia pode se referir a diferentes assuntos, mas vários versículos diferentes da Bíblia não podem referir-se a um único e mesmo assunto". Ele defendeu o livro apócrifo Eclesiástico contra seu professor José. Ao citar dele um número de passagens edificantes, ele mostrou que ele não pertencia aos livros heréticos que são proibidos, e até mesmo levou o seu professor a admitir que as citações pudessem ser usadas por ele para fins homiléticos (Sanhedrin 100b). Possuidor de um vasto conhecimento da tradição, Abaye tornou-se o discípulo mais ávido de conhecimento do amoraíta palestino, Dimi, que trouxe para a Babilônia um perfeito tesouro de interpretações pelos amoraítas palestinos. Abaye considerou Dimi, um representante da Escola palestina, um exegeta bíblico qualificado, e costumava perguntar-lhe como este ou aquele versículo da Bíblia era explicado no "Ocidente", ou na Palestina. De suas próprias interpretações de passagens bíblicas, apenas algumas poucas, de natureza agádica, são preservadas; mas ele frequentemente suplementa, elucida, ou corrige os pareceres das antigas autoridades.[2]

Notas

  1. Encyclopædia Britannica (1911) entrada para «'Abaye» (em inglês). , volume 1, página 8 
  2. a b c Enciclopédia Judaica (1906) entrada para «Abaye» (em inglês) 

Referências

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  1. Isaac Lampronti, Pachad Yitzchak, s.v.
  2. Heilprin, Seder ha-Dorot, pp. 22-25
  3. Hamburger, R. B. T., 1883, part ii., s.v.
  4. Alexander Kohut, Aruch, s.v. (na qual é encontrada uma enumeração de todas as passagens do Talmude que contém o nome do Abaye)
  5. Bacher, Ag. Bab. Amor. s.v.
  6. Isaac Hirsch Weiss, Dor
  7. M. S. Antokolski in Ha-Asif, 1885, ii. 503-506, com notas de Straschun.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]